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Jornalistas não podem deixar o cavalo passar encilhado Por Carlos Wagner em 17/09/2019 na edição

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Publicado originalmente no blog Histórias Mal Contadas

Entre os gaúchos do interior, há um dito popular que vem varando o tempo: “Cavalo encilhado (com sela) não passa duas vezes”. É a maneira de dizer que, quando a vida nos apresenta uma boa oportunidade, devemos aproveitá-la, pois ela pode não se oferecer novamente.

Vou falar sobre dois cavalos encilhados (ou seja, duas oportunidades) que estão passando. O primeiro diante das pequenas e médias empresas de comunicação (jornais, rádios e sites) do interior do Brasil. Para montá-lo, no entanto, estas precisam qualificar os seus conteúdos para atender seus leitores e ouvintes, principalmente aqueles que foram abandonados pelas grandes empresas de comunicação, que agora concentram suas atenções praticamente apenas às demandas das populações das regiões metropolitanas.

O segundo cavalo encilhado está se apresentando para os jovens que estão saindo das faculdades de comunicação e encontram um mercado de trabalho que já não oferece mais o emprego de carteira assinada nas redações dos grandes jornais, rádios e TVs, mas que exige deles o desafio de montar o seu próprio negócio.

Vamos ao primeiro dos cavalos encilhados, que passa pela necessidade dos jornais e rádios do interior de Brasil em qualificar os seus conteúdos. Vou citar um exemplo de cobertura: as queimadas da Floresta Amazônica. É o que chamamos de notícia “globalizada”. Ela interessa ao mundo todo, porque a região influencia o clima ao redor do planeta. E para os brasileiros em particular, porque a comunidade internacional pode atribuir os danos à irresponsabilidade do governo federal e retaliar com o fechamento de mercados para os nossos produtos, principalmente proteínas vegetais e animais produzidas pelo agronegócio. As médias e pequenas empresas de comunicação do interior do Brasil, hoje, estão publicando o material distribuído pelas agências de notícia. Esses conteúdos não preenchem as necessidades dos seus leitores. Por que? Um exemplo: a maior parte da região que está queimando foi povoada por migrantes do sul do Brasil, principalmente gaúchos, a partir dos anos 1970. As grandes, médias e pequenas empresas de agronegócio são de famílias sulistas. Portanto, muitos moradores do interior gaúcho têm interesse na Amazônia e precisam saber com precisão o que está acontecendo.

Aqui temos o problema. Essas médias e pequenas empresas de comunicação do interior do Brasil não têm dinheiro para montar uma equipe e enviá-la para uma cobertura na Floresta Amazônica. Por outro lado, seu leitor precisa dessa informação pelos laços familiares e econômicos que mantém com a região que está queimando. Se ele não encontrar essa informação no jornal local ou no noticiário da rádio, é uma questão de tempo para cancelar a assinatura.

Vou fazer um parêntese. Comecei a trabalhar em jornal nos anos 1970, na área de circulação, que era o setor encarregado de entregar os exemplares aos assinantes e de colocar o jornal nas bancas. Foi ali que ouvi dos veteranos a expressão “câncer na máquina”, usada pelo pessoal da circulação para dizer que o jornal estava perdendo relevância e seus leitores estavam indo embora. Portanto, “estava com os dias contados”. Lembro-me de ter ouvido de um cara, na época considerado o guru da circulação de jornais no Brasil, que uma empresa de comunicação começa a fechar uma década antes.

Voltando à história, vou falar sobre o segundo cavalo encilhado, que é a oportunidade que temos de nos organizar em pequenas empresas de conteúdo, produzirmos pacotes de cobertura e oferecermos para essas empresas. Temos dois fatos a nosso favor: há uma enormidade de profissionais calejados que foram demitidos das redações nos últimos anos. E também dezenas de jovens que estão sendo despejados no mercado pelas faculdades. Se unirmos os conhecimentos dos velhos repórteres com a facilidade de operar as novas tecnologias dos jovens, temos como fazer uma cobertura de alta qualidade a um preço baixo.

Lembro duas coisas: a primeira é que os repórteres que cobrem as guerras ao redor do mundo são quase sempre freelancers. Quando estive na Guerra Civil de Angola (1975 a 2002), na África, conversei muito com os repórteres frilas. Eles trabalhavam em grupo. E, do dinheiro que ganhavam, reservavam uma parte para financiar a próxima cobertura. Um estilo de vida muito legal.

O segundo fato que vou lembrar aos meus colegas é que não existe mais emprego. Se quisermos continuar na profissão, temos que nos organizar e aproveitar as oportunidades que se apresentam. Nós vivemos de contar histórias. E por sermos um país continental, histórias é que não faltam nas terras brasileiras. O país se perfila entre os maiores produtores de alimentos – proteínas animal e vegetal – do mundo. Temos uma abundância de conflitos acontecendo em santuários ecológicos entre fazendeiros e sem-terra, índios e garimpeiros, ambientalistas e grileiros. Nas grandes cidades, como o Rio de Janeiro, é só chutar uma pedra e sai uma boa história. Não podemos deixar o cavalo passar encilhado. É simples assim.

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Carlos Wagner é jornalista.

21 – Adoro Cinema

Emmy 2019: Confira as apostas do AdoroCinema

Por Katiúscia Vianna — 18/09/2019 às 08:20

Game of Thrones? Veep? Fleabag? Chernobyl? Olhos que Condenam? Black Mirror? Quem leva a melhor?

O champanhe está esfriando e os famosos dão retoques finais em seus figurinos, pois a contagem regressiva para o Emmy 2019 já começou. Nesse momento, seriadores de todo o mundo se reúnem para apostar quais serão os grandes vencedores do Oscar da TV, então o AdoroCinema não poderia ficar fora dessa, não é mesmo?

Depois de matérias especiais com o panorama geral das disputas de drama, comédia e minissérie; surge a lista oficial da redação, com nossas principais previsões para o prêmio da Academia de Artes e Ciências Televisivas. Afinal, existe vida além de Game of Thrones?

O Emmy Awards 2018 vai acontecer no dia 22 de setembro. Fique ligado na cobertura do AdoroCinema aqui no site e em nossas redes sociais!

Sharp Objects

Escape at Dannemora Chernobyl

Olhos que Condenam Fosse/Verdon

Se tem uma categoria que mudou ao longo da temporada, é essa. Por abranger candidatos entre junho de 2018 e maio de 2019, o favoritismo se tornou uma dança das cadeiras. Num ano onde a tradicional American Horror Story foi desqualificada do gênero, Sharp Objects e Escape at Dannemora disputavam a estatueta, mas a atenção dos votantes foi voltada para dois novatos na disputa.

Tanto Chernobyl e Olhos que Condenam têm qualidades suficientes para abocanhar o troféu. Estão indicadas em roteiro e direção; contam trágicas histórias reais de forma emocionante, com elenco competente e tiveram impacto midiático. Sem falar que representam as duas companhias mais indicadas da noite: HBO (137) e Netflix (118), respectivamente. Correndo por fora, ainda surge Fosse/Verdon (FX), abordando a vida de Hollywood que tanto é agraciada por prêmios tradicionais como o Emmy.

Num olhar racional, Chernobyl sairia na frente por estar concorrendo em 19 categorias. Porém, When They See Us (no original) traz uma realidade mais próxima da vida dos votantes, ainda presente na sociedade norte-americana. O apoio de nomes poderosos como Oprah Winfrey também ajuda.

Quem (provavelmente) vai ganhar: Olhos que Condenam Quem pode ser a zebra da vez: Chernobyl

Quem deveria ganhar: Sharp Objects MELHOR TELEFILME

Black Mirror: Bandersnatch Deadwood - O Filme Brexit

Meu Jantar com Herve Rei Lear

Essa briga costuma ser mais difícil para os brasileiros, já que nem sempre os projetos chegam até nossa terrinha, mas pode ficar tranquilo, pois os favoritos são dois conhecidos por aqui. Sabendo usar as regras da Academia a seu favor, Black Mirror levou tal categoria nos últimos dois anos, por episódios queridinhos como San Junipero e U.S.S. Callister. Por mais revolucionário que seja, Bandersnatch não parece carregar o mesmo nível de popularidade.

Por outro lado, cresce a influência de Deadwood - O Filme, finalização elogiada para uma série com adoradores leais. Se a HBO já tem tradição na categoria, também é bom perceber

como o telefilme tem outras sete indicações, mostrando ser adorada em diferentes setores da indústria. E como nem os nomes de Benedict Cumberbatch, Peter Dinklage e Anthony Hopkins consegue salvar os outros candidatos, é mais uma treta entre Netflix e HBO mesmo.

Quem (provavelmente) vai ganhar: Deadwood - O Filme Quem pode ser a zebra da vez: Black Mirror: Bandersnatch Quem deveria ganhar: Deadwood - O Filme

MELHOR ATOR EM SÉRIE LIMITADA OU TELEFILME Mahershala Ali (True Detective)

Jared Harris (Chernobyl)

Jharrel Jerome (Olhos que Condenam) Sam Rockwell (Fosse/Verdon)

Benicio del Toro (Escape at Dannemora) Hugh Grant (A Very English Scandal)

Numa lista cheia de nomes influentes, não fique surpreso se a pessoa mais desconhecida levar a melhor... Revelado em Moonlight, Jharrel Jerome traz uma performance brutal em Olhos que Condenam, com algumas vantagens: é o único dos cinco protagonistas da série de Ava DuVernay que interpreta o mesmo personagem em ambas fases da história. E, justamente por isso, tem um episódio solo para contar os dramas de Korey Wise; o último e muito elogiado capítulo da minissérie.

Apenas meses após ganhar seu segundo Oscar por Green Book, Mahershala Ali também é forte candidato, mas seu nome forte o suficiente para carregar uma True Detective apagadinha? Já Jared Harris realmente é aclamado por sua performance em Chernobyl e ainda conta com o argumento de merecimento, após ser esnobado em Mad Men, The Crown e The Terror. Porém, não tem um episódio de destaque como Jerome, a ponto de separá-lo do restante do elenco.

Paralelamente, del Toro, Rockwell (ambos oscarizados) e Gustin também foram elogiados por seus trabalhos, mas suas séries perdem favoritismo diante de candidatos mais recentes e populares. Timing é essencial na vitória, meus caros.

Quem (provavelmente) vai ganhar: Jharrel Jerome Quem pode ser a zebra da vez: Jared Harris Quem deveria ganhar: Jharrel Jerome

MELHOR ATRIZ EM SÉRIE LIMITADA OU TELEFILME Michelle Williams (Fosse/Verdon)

Patricia Arquette (Escape at Dannemora) Amy Adams (Sharp Objects)

Aunjanue Ellis (Olhos Que Condenam) Niecy Nash (Olhos Que Condenam)

Certas vezes, nos bolões, você precisa ser ousado. Considerando que Big Little Lies só entra na competição de 2020, parecia que tudo estava perfeito para Amy Adams, graças a um trabalho primoroso em Sharp Objects. Mas o tempo passou, o azar da moça em premiações seguiu e a série não manteve sua força — basta ver como Patricia Arquette levou a melhor no início do ano, após uma transformação física impressionante em Escape at Dannemora.

Por sua vez, Arquette está duplamente indicada (aqui e em atriz coadjuvante). Ao mesmo tempo que isso reforça os elogios para seu talento, também pode confundir votantes. Abre caminho para Michelle Williams, vitoriosa no premio da crítica e já bem aclamada no circuito, onde muitos veriam isso como a chance de premiar a atriz já quatro vezes indicada ao Oscar. Ainda mais por interpretar um ícone de Hollywood que não recebeu o reconhecimento merecido.

Então, se alguém tem chances de derrotar Arquette é ela, mesmo com a força de Olhos que Condenam, pois Nash e Ellis podem dividir os votos (sendo que nenhuma das duas deveria ser creditada como atriz principal, apesar dos bons trabalhos). Para King, a indicação já é uma vitória, validando seu talento, até então visto apenas pelo público teen.

Quem (provavelmente) vai ganhar: Michelle Williams Quem pode ser a zebra da vez: Patricia Arquette

Quem deveria ganhar: Amy Adams ou Michelle Williams

MELHOR ATOR COADJUVANTE EM SÉRIE LIMITADA OU TELEFILME Asante Blackk (Olhos Que Condenam)

Paul Dano (Escape At Dannemora) John Leguizamo (Olhos Que Condenam) Stellan Skarsgård (Chernobyl)

Ben Whishaw (A Very English Scandal) Michael K. Williams (Olhos Que Condenam)

Como citamos acima, a regra básica do bolão é "quando algo concorre consigo mesmo", divide os votos. A única exceção é quando um dos indicados é capaz de ofuscar os outros. Mas o que fazer quando não sabemos se um realmente brilha mais que o amiguinho? Já veterano no Emmy, Michael K. Williams nunca venceu, mas é bem elogiado por Olhos que Condenam. Se Leguizamo fica apagado diante de tal performance, o mesmo não pode ser dito de Asante Blackk, uma das grandes revelações da minissérie, aos 17 anos de idade. Fora da competição interna, será difícil enfrentar o favoritismo de Ben Whishaw — vencedor do Globo de Ouro e Bafta por A Very English Scandal, trazendo todo o aclamar por produções britânicas na disputa. Por fim, Skarsgård até poderia se beneficiar pela

vontade de premiar Chernobyl em alguma categoria, enquanto o bom trabalho de Dano é (infelizmente) esquecido perto dos colegas mais famosos.

Quem (provavelmente) vai ganhar: Ben Whishaw? Michael K. Williams? Joga "cara ou coroa"!

Quem pode ser a zebra da vez: Asante Blackk Quem deveria ganhar: Ben Whishaw

MELHOR ATRIZ COADJUVANTE EM SÉRIE LIMITADA OU TELEFILME Patricia Arquette (The Act)

Patricia Clarkson (Sharp Objects) Emily Watson (Chernobyl) Margaret Qualley (Fosse/Verdon)

Marsha Stephanie Blake (Olhos Que Condenam) Vera Farmiga (Olhos Que Condenam)

Olha Patricia Arquette ai de novo! A Hulu foi mestre em colocá-la como atriz coadjuvante por The Act, garantindo que ambas protagonistas conseguissem indicações. E ela tem mais uma boa chance por tal minissérie, mesmo que sua transformação seja menos drástica que a apresentada em Escape at Dannemora.

Só que ela terá que enfrentar a xará Patricia Clarkson, já vencedora de dois Emmys por Six Feet Under. Se tem algo que manteve sua força em Sharp Objects, é o quanto desgostamos de sua Adora Crelin (tanto que nunca deu espaço para indicação de sua filha na ficção, a revelação Eliza Scanlen, em outras competições), que lhe rendeu um Globo de Ouro. Mas sabe pra quem ela perdeu no SAG? Para Arquette. Por Dannemora. Ai, minha cabeça está doendo.

E nunca deixe de considerar Emily Watson, veterana que faz sua aguardada estreia no Oscar da TV; enquanto Olhos que Condenam comprova novamente sua popularidade com duas indicadas — uma delas, estrela de cinema. Já Qualley é um nome em ascensão. Seria cedo demais já apostar nela? Sim.

Quem (provavelmente) vai ganhar: Patricia Clarkson Quem pode ser a zebra da vez: Patricia Arquette Quem deveria ganhar: Patricia Clarkson

22 – Instrumental SESC Brasil

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