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José Francisco Teles

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CAPÍTULO 2 – CIDADE: BREVE CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA

2.4. Aspectos Políticos

2.4.4. José Francisco Teles

José Francisco Teles50 nasceu no ano de 1944, na fazenda Cará, próximo à cidade de

Bela Vista de Goiás. Ele é um dos 15 filhos do casal, vem de uma geração tradicional e descendente dos doadores das primeiras glebas originárias do município. Era homem com um espírito promissor, teve um futuro cheio de complicações. Enfrentou vários tipos de doença, até os 15 anos de idade. Teve desacreditada a sua sobrevivência, mas superou as dificuldades com muita fé e vontade de viver. Boa parte de sua infância e juventude dedicou-se ao trabalho duro na roça, ao lado de seu pai e irmãos.

Em 1974 casou-se com Maria Lina Magalhães Teles e tiveram quatro filhos. Ao seu lado Maria Lina sempre foi seu braço direito, principalmente, à frente da prefeitura, como primeira-dama. Participou do cargo mais do que ele poderia lhe oferecer, colocando a mão na “massa” e trabalhando com garra sempre que fosse necessário.

A imagem a seguir, retrata a inauguração de 42 quilômetros de asfalto na GO – 020, que liga Bela Vista de Goiás a Goiânia, com o apoio do governador da época Ary Valadão. A obra a muito tempo desejada foi realizada, durante a administração do prefeito José Francisco. Podemos identificá-lo na imagem ao centro, está vestido com uma camisa branca, usa bigode. Por dois mandatos intercalados, esteve à frente da prefeitura da cidade. Seu primeiro mandato foi de 1977 a 1983, e o segundo foi de 1989 a 1992.

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José Francisco Teles é irmão de Benedita Alves dos Santos, ex-primeira–dama e esposa de Orismundo Peixoto.

A mesma imagem representa um momento de realização, tanto para o prefeito que também é um cidadão que angariou pedidos, apoios e recursos para a concretização do asfalto, quanto para toda a população belavistanse. A população há muitos anos reivindicava tal empreitada. Isso significava, de certa forma, uma nova era de progresso e modernidade para a cidade, pois facilitaria e agilizaria a ida até a capital.

IMAGEM 43: Foto Faria – Década de 1980 – Prefeito José Francisco e primeira-dama Maria Lina na inauguração do asfalto Bela Vista-Goiânia.

Podemos perceber que a imagem de número 43 não foi programada. Nota disso é o fato de nenhum dos retratados estarem olhando para a câmera. Além do mais, as pessoas que aparecem no fundo da imagem estão mais interessadas no evento que estava acontecendo. Observamos que mesmo distante, podemos identificar uma faixa, possivelmente em agradecimento, aos promotores de verbas para a solidificação do asfalto.

Esta mesma foto, mostra duas dimensões de leitura possíveis. Ao aproximar o foco identificamos as autoridades, ao fundo notamos parte do asfalto e uma mata sem possibilidades de perceber sua extensão. O porte esbelto do próprio prefeito que usa “... bigodes aparados e o relógio de pulso também contribuíram para um novo padrão estético entre os homens” (SCHAPOCHINIK, 1998, p.493), daquela época. O traje bem composto das mulheres e as joias discretas aparecem como um requinte feminino. A bolsa na mão direita da primeira-dama, os cabelos bem arrumados demonstravam adereços necessários para tal evento.

Percebemos o sinal do sol na imagem de número 43, a partir da expressão dos olhos acanhados dos retratados e nas sombras provocadas pelas mãos e rostos. Podemos afirmar que essa e tantas outras fotos “nos fornecem testemunho. Algo de que ouvimos falar, mas de que duvidamos, parece comprovado quando nos mostram uma foto” (SONTAG, 2004, p. 16).

Além do asfalto, outra realização que marca a administração do prefeito José Francisco é o fato de ele querer mudar o aspecto sombrio da cidade. Muitas pessoas que vinham de outras cidades destacavam Bela Vista como uma cidade escura. Arantes conta: “... minha primeira impressão não foi boa. A cidade era escura. Ao contrário de Pirenópolis, cuja terra é branca, a terra aqui é vermelha. As ruas eram estragadas, marcadas pelas rodas de carroças e pelos carros de bois...” (2007, p. 160).

José Francisco não só quis como conseguiu mudar o aspecto escuro, e aos poucos ia cobrindo a terra vermelha da cidade, com calçamento. As árvores deram uma aparência alegre e fresca. A cidade é arborizada, sustenta um ar mais saudável com menos poluentes. Arborizar já era uma das suas preocupações que tinha para com a cidade. A população tinha receio de que isso pudesse ser um problema das futuras gerações se não fossem tomadas providências, no sentido de arborizar a cidade.

IMAGEM 44: Foto Faria – Década de 1980 – Avenida Pedro Ludovico Teixeira

Nesse sentindo, o próprio ex-prefeito51disse-nos: “... a marca da minha administração foi justamente “mudar a cara” da cidade, acho que consegui o que eu imaginava, por exemplo,

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a construção da avenida, eu tinha uma vontade de mudar a cara dela. Eu achava horrível àquela ala de guerobeira no meio” (06.10.12). Segundo ele “hoje ela não está tão bonita como antigamente” (06.10.12).

Na imagem de número 44, podemos comprovar a afirmação de José Francisco. As árvores foram plantadas, com o intuito de que crescessem, paralelamente, de forma similar. Isso se confirma, quando observamos a homogeneidade das inúmeras árvores que sobem e descem a avenida. As pessoas com variados meios de transportes sobem-na e descem-na tranquilamente. Sevcenko ao citar Lima Barreto diz que “de uma hora para outra, a antiga cidade desaparece e outra surgiu como se fosse obtida por uma mutação de teatro” (1998, p. 545).

E foi assim que, o aspecto escuro também se transformou em luz. Ao observarmos a imagem de número 44, notamos que dos altos postes, resplandece a luz que clareia toda a avenida. Ocupam lugares em quase todos os bairros da cidade. A avenida se tornou um dos pontos de referência da cidade. Sua nova característica inspira alegria, conforto e comodidade. Visivelmente, notamos tal aspecto ao focalizarmos o olhar para a largura das ruas, na mesma imagem. Ali, não se vê sujeira. E, nem a terra vermelha espalhada por todos os lados. Há tranquilidade. Os carros estão estacionados, obedecendo às leis de trânsito. Todos estão parados do lado correto.

Olhando em meio às árvores na imagem de número 44, notamos um pedestre andando confortavelmente e de forma sossegada. Seu espaço também foi respeitado. Além das árvores, em toda extensão entre as ruas da avenida, há lugar reservado para o jardim. Possivelmente há de florir, na primavera. Nele, podemos ver bancos. Os acentos tornam-se um convite para o descanso, ali, a qualquer hora do dia. De acordo com Sevcenko a “... avenida, como se vê, opera como o principal índice simbólico da cidade, irradiando... os modernos globos elétricos da iluminação pública, os faróis dos carros e as mudanças profundas na estrutura da sociedade e cultura. (1998, p. 545)

Foram dez anos de administração e realizações consideráveis. Nessas duas gestões Antônio Faria foi um dos fotógrafos oficiais da prefeitura. No entanto, os dois últimos mandatos analisados, nessa pesquisa ele, já com quase 80 anos de idade, não mais retratava a cidade como antes. Outros fotógrafos foram aparecendo, as máquinas pessoais foram invadindo as casas e, aos poucos, ele foi deixando de ser tão requisitado como antes. Conseguimos duas fotografias da administração do prefeito Vandelan. Podem ter sido seus últimos trabalhos, feitos publicamente. Daí então, ele se restringiu a tirar fotografias de quem o procurasse, no seu ateliê.

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