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7.2 PERFIL MORAL DOS DOCENTES E DISCENTES DAS INSTITUIÇÕES

7.2.1 Juízo Moral dos docentes

Conforme a Tabela 1, é perceptível um elevado índice de professores no estágio III, à exceção dos professores da Instituição particular. No entanto, 42.9% dos docentes desta Instituição se encontram nesse mesmo estágio.

Tabela 1 – Classificação dos estágios morais dos professores das três instituições de ensino pesquisadas com a média modal dos respectivos estágios4

Federal Estadual Particular

Estág. Partic. Média Estág. Partic. Média Estág. Partic. Média

I - - I - - I - -

II - - II - - II - -

III 9(52,9%) 350 III 4(80%) - III 9(42,9%) 358

IV 8(47,1%) 405 IV 1(20%) - IV 12(57,1%) 410

V - - V - - V - -

Fonte: Pesquisa direta, 2005.

Isso evidencia que existe, entre os docentes das Universidades públicas e particulares estudadas, uma elevada preocupação com as relações interpessoais e afetivas, típicas do estágio III, ou seja, estágio que se caracteriza pela preocupação com a aprovação social e com interesses particulares em detrimento da orientação para a lei e a ordem. O indivíduo desse estágio ainda sente a necessidade de pertinência grupal, isto é, de ser querido, amado, respeitado, acolhido por familiares, amigos, alunos ou colegas de trabalho, ainda que para isso tenha que violar as leis vigentes da sociedade, ou mesmo normas e regras institucionais. O senso de

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pertinência desse estágio caracteriza-o como a moralidade do bom garoto e da boa menina.

Nesse sentido, o professor tende a raciocinar predominantemente, de maneira a se sentir respeitado, amado, segundo os seus critérios psicoafetivos e morais. A. proximidade do estágio II pode fazer com que ele apresente às vezes, juízos e/ou comportamentos típicos desse estágio e assim busque, em alguns momentos, usar a força ou imposição, por exemplo, em prol de algum ganho material.

Não obstante, importa ressaltar que nenhum professor se “encontra” no estágio II, ou seja, apresenta predominantemente raciocínios morais relativos a esse estágio de nível pré-convencional.

No estágio IV, há em média 50% dos professores da instituição federal eparticular , possuindo esta última maior índice que a primeira. Distintamente, a IES estadual demonstra apenas 20% de professores nesse estágio.

Verifica-se que há uma preocupação de pelo menos metade dos professores, de duas das três instituições de ensino pesquisadas, quanto ao estabelecimento da ordem social baseada nas leis vigentes. Isso denuncia um provável professor que prima por respeitar as regras fixadas pelo projeto pedagógico da Instituição e todas as demais referentes ao processo educacional brasileiro.

Diante de tais dados, cabe-nos a reflexão quanto à razão da maior incidência de professores no estágio IV na Instituição privadaem relação à Instituição pública federal e estadual.

Afinal, espera-se que nas instituições públicas haja docentes com juízo moral mais elevado levando-se em conta a maior probabilidade de elevado nível de capacitação teórico-prática, bem como de maior nível de politização.

Será que o percentual de professores de estágio IV que possuem maior titulação e maior faixa etária está na IES Particular? Ou será que a religiosidade ou gênero tem um poder sobre esses resultados? Primaremos discutir tais questões logo à frente.

estágios I, II e V. Com tais dados, percebe-se a presença de professores no nível convencional Kohlberguiano, típico da maioria dos adolescentes e adultos. Esses professores provavelmente, como enfatizado acima, têm a atitude não somente de conformidade às expectativas pessoais ou da ordem social, mas também de lealdade ao grupo, de manter, sustentar e justificar a ordem de forma ativa, identificando-se com os indivíduos e os grupos envolvidos.

Observa-se, o que é preocupante, a ausência de professores que raciocinem predominantemente no estágio V de nível pós-convencional, uma vez que nenhum professor apresentou esse estágio.

O estágio V caracteriza, distintamente dos estágios de nível convencional, mais particularmente o estágio IV, a concepção de que não existem regras fixas, pois estas são criadas pelo homem e são passíveis de serem construídas, desconstruídas, ou seja, aperfeiçoadas, em prol do bem comum. É o estágio do contrato social democrático, em que o indivíduo denota autonomia suficiente para agir baseado em princípios escritos e constitucionais, e não apenas em normas legais.

Assim, a ausência de professores que raciocinem, predominantemente, no estágio V denota a falta de autonomia moral, isto é, de agir baseado nos princípios que fundamentam as próprias leis, como justiça, cuidado, dignidade da pessoa humana, liberdade e igualdade etc. Entende-se que a flexibilidade do professor nesse estágio é muito maior que o dos estágios anteriores, uma vez que ele toma para si certas responsabilidades diante de conflitos que atentem contra a razão, o bom senso e a boa intenção.

O educador do estágio V se distingue dos estágios III e IV de nível convencional, já que, uma vez investido de maior autonomia, com base em princípios e não em regras, tem potencialmente maior comprometimento com a sensibilização e capacitação humana. É um professor que possivelmente ultrapassou a visão instrumentalista da educação, pois, ainda que valorize o domínio técnico ou o domínio do conhecimento, não o faz assim sem fundamentá-lo com base em valores humanos.

Além do mais, o docente do estágio V, ou seja, que raciocina predominantemente neste estágio, apresenta maior possibilidade ou potencialidade

de acolher os estudantes do estágio IV, afinal, estes, perante dilemas morais, se sentirão instigados ou atraídos por juízos morais que tenham como base princípios e não leis ou regras prescritivas e determinantes do comportamento.

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