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Juiz de Fora e o Espaço vivido dos moradores do Cesário Alvim

No documento taniadeoliveiraamaral (páginas 121-124)

Muitos lugares da área Leste de Juiz de Fora fazem parte do espaço vivido dos sujeitos da pesquisa, principalmente pela presença de familiares. Os sujeitos da pesquisa têm familiares que moram em algum dos bairros da Zona Leste, mas essa área da cidade carece de melhor infraestrutura e nela há poucos serviços disponíveis.

Não é apenas o Cesário Alvim que carece de serviços básicos. O comércio é muito deficitário, com pouca presença de bares, restaurantes e mercados. Entretanto, os moradores da Rua Cesário Alvim e das ruas mais próximas têm mais opções, pois há um mercado maior na Avenida Sete de Setembro, rua transversal à Cesário Alvim e lotérica no Jardim do Sol, bairro que fica próximo a Cesário Alvim. No Jardim do Sol, um bairro a cerca de um quilômetro acima na encosta, há uma pequena praça com uma quadra de futebol, alguns bancos para sentar, uma Igreja e alguns estabelecimentos comerciais como padaria, bar e um pequeno mercado. Mas os moradores das ruas mais afastadas têm que buscar esses serviços no centro ou andar até o Jardim do Sol. Frequentemente, preferem a primeira opção, pois vão

até lá para fazer uma atividade como, por exemplo, pagar uma conta na agência bancária e acabam comprando algum item que estava faltando em casa no mercado do centro.

Nesse sentido, a proximidade com o centro é um fator muito benéfico porque lá é possível encontrar o comércio mais variado da cidade, serviços em educação, saúde, bancos e etc. O centro faz parte do espaço vivido dos sujeitos da pesquisa, todos em algum momento acabam tendo que recorrer ao centro.

A cidade é um espaço que é produto da ação do homem sobre natureza, ela supõe trocas e o encontro de diversas pessoas. “A grande cidade é uma intervenção do homem sobre a Terra, um desenvolvimento circundando um ponto, um porto, um cruzamento, uma exploração mineral ou manufatureira (...). Em contrapartida, ela é por si só um certo horizonte geográfico” (DARDEL, 2011, p.27). Esse espaço, produto da intervenção do homem, dá possibilidades ou restringe a ação dos citadinos, esse horizonte pode ser promissor, ou miserável.

No caso de Juiz de Fora, as possibilidades da cidade se concentram, sobretudo no centro. O centro de Juiz de Fora é muito denso em serviços e ainda tem um papel central na vida urbana da cidade. Há um contingente de pessoas que passam pelo centro durante os dias úteis no horário comercial. O centro urbano dessa cidade ainda concentra uma quantidade enorme de serviços, o que acaba atraindo um grande número de pessoas.

A Zona Leste, em especial o Cesário Alvim, é um local em que o comércio e a oferta de serviços são escassos e também, devido à proximidade com o centro, segundo uma informante da pesquisa: “não dá certo o comercio na Rua Cesário Alvim”, nessa rua já foram abertos diversos estabelecimentos que acabaram fechando. Qualquer estabelecimento que for aberto nessa rua terá que concorrer com o comércio presente no centro, devido à proximidade com a área central; essa é uma das razões pela qual o comercio é tão escasso no bairro Cesário Alvim e entorno.

O centro de Juiz de Fora atrai moradores de todos os lugares de Juiz de Fora e até de cidade vizinhas, os serviços concentrados no centro são atrativo importante.

O centro de Juiz de Fora tem uma vida intensa em todos os dias do ano e atrai uma população diversificada em faixas etárias e de renda e com diferentes objetivos, seja a população juizforana ou a que vem da Zona da Mata Mineira ou de alguns municípios do Rio de Janeiro devido à proximidade com a cidade. O comércio em geral e as atividades de serviços se espalham por lojas e edifícios, estão presentes também nas galerias térreas, atendendo à população crescente (CHAVES, 2013, p. 90)

O centro também é um local de encontro para muitas pessoas que se deslocam até lá com a finalidade de encontrar amigos ou familiares.

A área central também é uma área de passagem de uma região da cidade para outra. Os ônibus urbanos levam até o centro de lá é preciso tomar outro ônibus para ira até um bairro mais distante.

No centro também se destacam os serviços de saúde oferecidos nas diversas clínicas, laboratórios, consultórios médicos; por esse motivo um dos sujeitos da nossa pesquisa se desloca sempre até o centro. É também é o local de trabalho de muitos dos moradores da cidade de Juiz de Fora, que atuam no comércio ou em outra atividade, três dos sujeitos da nossa pesquisa trabalham no centro de Juiz de Fora.

A partir da segunda metade do século XX as áreas centrais tem perdido importância devido ao aparecimento de subcentros. Mas em Juiz de Fora o núcleo central continua tendo um papel relevante. O núcleo central de Juiz de Fora forma um triângulo com o encontro das três principais vias da cidade, são elas: Avenida Getúlio Vargas, Avenida Barão do Rio Branco e Avenida Presidente Itamar Franco.

A cidade é um lugar apreendido através de símbolos, mas a cidade como um todo não faz parte do Espaço vivido dos citadinos. No caso da nossa pesquisa o núcleo central é o espaço vivido por todos os sujeitos da pesquisa.

O espaço vivido dos sujeitos da pesquisa se restringe, sobretudo, ao bairro-centro isso se deve, primeiramente, a proximidade do Cesário Alvim com o centro, isso ocorre também devido a funcionalidade histórica do centro de Juiz de Fora que vem concentrando uma série de serviços. Dessa maneira, para os que participaram desse trabalho o centro é um local importante, tanto que para eles um fator positivo do bairro em que moram é a sua localização próxima ao centro.

É preciso ressaltar que os sujeitos da pesquisa falaram mais sobre o lugar (o bairro), o espaço vivido é lembrado apenas a partir do centro, das Igrejas e das relações de parentesco, ou de amizade. Assim, acreditamos que o lugar é mais relevante nas suas vivências. O espaço vivido (centro) tem se tornado significativo devido aos serviços encontrados ali.

Devido às vivências na cidade, ela vai se tornando conhecida, assim ela vai adquirindo significado vai sendo apreendida através das experiências do cotidiano. “Eventualmente o que foi uma cidade estranha e desconhecida se torna um lugar familiar. O espaço abstrato, carente de significados exceto pela estranheza, torna-se um lugar concreto, cheio de significado. Muita coisa é apreendida, mas não por meio da instrução formal” (TUAN, 2013, p. 243).

Juiz de Fora e, sobretudo, o centro da cidade fazem parte do espaço vivido dos sujeitos da nossa pesquisa, por isso a cidade é apreendida por eles e adquire significados.

No documento taniadeoliveiraamaral (páginas 121-124)