• Nenhum resultado encontrado

Julgando a evidência

No documento Livro Epidemiologia básica WHO (páginas 112-115)

Infelizmente, não existe um critério totalmente confiável para determinar se uma asso- ciação é causal ou não. A inferência causal deve ser feita com base nas evidências dis- poníveis: a incerteza sempre existirá. Quando se toma uma decisão, deve-se dar peso adequado a diferentes estudos. Ao se avaliar os diferentes aspectos da causalidade, apresentados, a existência de clara relação temporal é essencial. Uma vez que isso tenha sido estabelecido, os maiores pesos serão dados para plausibilidade biológica, consistência e relação dose-resposta. A possibilidade de que uma associação seja cau- sal, aumenta quando diferentes tipos de evidência levam à mesma conclusão.

Evidências de estudos bem delineados são muito importantes, especialmente se eles foram realizados em diferentes localidades. O uso mais importante da informa- ção sobre a causalidade de doenças e agravos está na área da prevenção, que será discutida em maiores detalhes nos próximos capítulos. Quando a cadeia causal é es- tabelecida com base em dados quantitativos oriundos de estudos epidemiológicos, as decisões sobre prevenção não serão controversas. Em situações onde a causalidade não é bem estabelecida, mas a prevenção do desfecho tem grande impacto sobre a saúde pública, o princípio da precaução poderá ser aplicado para que sejam adotadas medidas preventivas.

Questões para estudo

5.1 O que é inferência causal?

5.2 Qual é o significado de ”hierarquia de causas”? Liste os componentes dessa hierarquia para uma determinada doença.

5.3. Use os dados da Tabela 1.2 para calcular as frações atribuíveis da exposição ao tabaco e ao asbesto para a incidência de câncer de pulmão. Se as frações forem somadas, o resultado será maior do que 100%. Explique por que isso é importante para a avaliação de estratégias preventivas. Que outras informa- ções são necessárias para se calcular o risco atribuível na população para cada uma das duas exposições?

Capítulo 5 – Casualidade em epidemiologia 97

5.4. Liste os critérios geralmente utilizados para avaliar a natureza causal de uma associação.

5.5. Uma associação estatisticamente significativa foi observada em um estudo de casos e controles que avaliou a associação entre o uso de uma droga para tratar a asma entre jovens e morte por asma. Que informações adicionais você neces- sita antes que de recomendar o abandono do uso da droga?

5.6. Durante o surto de uma severa doença neurológica de causa desconhecida, os familiares dos pacientes sugeriram que a causa seria o óleo de cozinha adulte- rado de uma marca específica. Baseado nos critérios de causalidade apresenta- dos na Tabela 5.1, o que você tentaria demonstrar primeiro? Qual delineamento seria mais apropriado? Em que estágio você interviria, caso o acúmulo de evi- dências sugerisse que o óleo poderia ser a causa?

5.7. Porque a análise de série temporal de associações em curto prazo entre uma exposição ambiental (tal como temperatura elevada) e mortalidade é considera- da um método aceitável para avaliar causalidade?

5.8. O que é uma metanálise e que condições são necessárias para que seja aplica- da a um conjunto de estudos?

5.9. Combinando os dados das figuras 5.8 e 5.9 pode-se calcular uma relação de do- se-resposta para renda e cardiopatia isquêmica mediada pelo consumo de fru- tas e vegetais. Assumindo que os quintis superiores e inferiores da Figura 5.8, para consumo de frutas e vegetais, correspondem aos dois decis superiores e inferiores na Figura 5.9, qual seria o risco relativo combinado para cardiopatia isquêmica no quintil superior versus o quintil inferior, para o consumo de frutas e vegetais em uma população? Sugira ações de saúde pública que possam re- duzir o risco adicional para os grupos de nível socioeconômico menor.

Referências

1. Rothman KJ, Greenland S. Causation and causal inference in epidemiology. Am J Public Health 2005;95:S144-50.

2. Marmot MG. The importance of psychosocial factors in the workplace to the development of disease. In: Marmot MG, Wilkinson RG, eds. Social determinants of health. New York, Oxford University Press. 1999.

3. Marmot M. Social determinants of health inequalities. Lacet 2005;365:1099-104. 4. Hosseinpoor AR, Mohammed K, Majdzadeh R, Naghavi M, Abolhassani F, Sousa A, et al.

Socioeconomic inequality in infant mortality in Iran and across its provinces. Bull World Health Organ 2005;83:837-44.

5. Armstrong T, Bonita R. Capacity building for an integrated noncommunicable disease risk factor surveillance system in developing countries. Ethn Dis 2003;13:S13-8.

6. Kjellstrom T, van Kerkhoff L, Bammer G, McMichael T. Comparative assessment of trans- port risks — how it can contribute to health impact assessment of transport policies. Bull World Health Organ 2003;81:451-7.

7. Introduction and methods – Assessing the environmental burden of disease at national and local levels. Geneva, World Health Organization, 2003. (http://www.who.int/quanti- fying_ehimpacts/publications/en/.

8. Briggs D. Making a difference: indicators to improve children’s environmental health Gene- va, World Health Organization, 2003.

9. Weed DL. Causal criteria and Popperian refutation. In: Rothman JK, ed. Causal Inference. Massachusetts, Epidemiology Resources Inc. I988.

10. Smoking and health: report of the advisory committee to the Surgeon General of the Pu- blic Health Service (PHS Publication No. 1103). Washington, United States Public Health Service, 1964.

11. Hill AB. The environment and disease: association or causation? Proc R Soc Med 1965;58:295-300.

12. Mcmichael AJ, Campbell-Lendrum DH, Corvalan CF, Ebi KL, Githeko AK, Scheraga JD, et al. Climate change and human health, risks and responses. Geneva, World Health Orga- nization, 2003.

13. Smith PG. The epidemics of bovine spongiform encephalopathy and variant Creutzfeldt- Jakob disease: current status and future prospects. Bull World Health Organ 2003;81:123- 30.

14. Tong S, Baghurst P, McMichael A, Sawyer M, Mudge J. Low-level exposure to lead and children’s intelligence at ages eleven to thirteen years: the Port Pirie cohort study BMJ 1996;312:1569-75.

15. Meyer PA, Pivetz T, Dignam TA, Homa DM, Schoonover J, Brody D. Surveillance for elevated blood lead levels among children in the United States, 1997 – 2000. MMWR 2003;52:1- ZI.

16. Canfield RL, Henderson CR, Cory-Slechta DA, Cox C, Jusko TA, & Lanphear BP. Intellectual impairment in children with blood lead concentrations below 100 ug/l. N Engl J Med 2003;348:1517-26.

17. Wright NJ, Thacher TD, Pfitzner MA, Fischer PR, Pettifor JM. Causes of lead toxicity in a Nigerian city. Arch Dis Child 2005;90:262-6.

18. Sacks HS, Berrier J, Reitman D, Ancona-Berk VA, Chalmers TC. Meta-analysis of randomi- zed controlled trials. N Engl J Med 1987;316:450-5.

19. Jadad AR, Cook DJ, Jones A, Klassen TP, Tugwell P, Moher M, et al. Methodology and reports of systematic reviews and meta-analyses: a comparison of Cochrane reviews with articles published in paper-based journals. JAMA 1998;280:278-80.

20. LittleJ, Cardy A, Munger RG. Tobacco smoking and oral clefts: a meta-analysis. Bull World Health Organ 2004;82:213-8.

21. Samet JM, Dominici F, Curriero FC, Coursac I, Zeger SL. Fine particle air pollution and mortality in 20 US cities. N Engl J Med 2000;343:1742-9.

22. Bell ML, Dominici F, Samet JM. A meta-analysis of time-series studies of ozone and mor- tality with comparison to the national morbidity, mortality and air pollution study. Epide- miology 2005;16:436-45.

23. Rose G. Sick individuals and sick populations. Int J Epidemiol 1985;14:32-8.

24. The World Health Report. Reducing risks, Promoting Healthy Life. Geneva. World Health Organization, 2002.

25. Department for food, environmental and rural affairs. National food survey 2000. Lon- don, The Stationery Office, 2001.

26. Robertson A, Tirado C, Lobstein T, Jermini M, Knai C, Jensen JH, et al., eds. Food and health in Europe: a new basis for action. WHO Regional Publications. European Series, No 96. Copenhagen, World Health Organization. 2004.

27. Pearce NE. The ecologic fallacy strikes back. J Epidemiol Community Health 2000;54:326- 7.

28. Pearce N, Hensley MJ. Beta agonists and asthma deaths. Epidemiol Rev 1998;20:173- 86.

29. Grandjean P, Bailar J, Gee D, Needleman HL, Ozonoff DM, Richter E, et al. Implications of the precautionary principle in research and policy-making. Am J Ind Med 2004;45:382- 5.

Capítulo 6

Epidemiologia e prevenção:

No documento Livro Epidemiologia básica WHO (páginas 112-115)