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A jurisdição é outro ponto de relevo, pela sua extrema importância na seara processual, pois se trata de um instituto munido de realizar os ditames inerentes à atividade jurídica, qual seja a pacificação social de conflitos.

Contudo, por meio de referida atividade exercida, viabiliza a demonstração de seu poder com uma envergadura cogente e impositiva para os administrados.

Destarte, a jurisdição é concebida como poder, função e atividade, institutos interligados para a execução da lei. Pois, a força que tem para se fazer impositiva sua decisão, assim, revela seu poder, caso contrário, não teria o condão de ampla abrangência e respeito.

Ao mesmo tempo, paralelo ao poder está a sua função expressa pelos órgãos estatais encarregados de aplicação da lei, em prol da pacificação de conflitos interindividuais. Já no que concerne à sua atividade, a relação é com o complexo de atos realizados pelo juiz. Sendo que a função, atividade e poder somente serão visualizados quando se tem um processo em condições legítimas, devido à sua estrutura, dessa forma, teve o devido processo legal. Segundo (CINTRA, GRINOVER e DINAMARCO, 2008, p. 147).

No que tange à função da jurisdição, é cediço e basilar entendê-la como um mecanismo de alcance para a harmonia social, ou seja, sua razão de ser unicamente se vincula ao atendimento de solucionar os conflitos, assim, o ápice é a concretude de tal feito, de modo que deixa evidente a sua persecução aliada aos textos legislativos, para tanto, Dinamarco (1998, p. 159) aduz:

Assim a jurisdição, como expressão do poder político. Saindo da extrema abstração consistente em afirmar que ela visa à realização da justiça em cada caso e, mediante a prática reiterada, à implantação do clima social de justiça, chega o momento de com mais precisão indicar os resultados que, mediante o exercício da jurisdição, o Estado se propõe a produzir na vida da sociedade. Por esse aspecto, a função jurisdicional e a legislação estão ligadas pela unidade do escopo fundamental de ambas: a paz social.

Não obstante, a função da jurisdição só consegue a sua concretude e um alcance amplo graças ao poder que lhe é investido, segundo Santos (1998, p. 71), será dividido em três esferas: decisão, coerção e documentação:

O poder de decisão [...] consiste no poder de conhecer, prover, recolher os elementos de prova e decidir. Compreende-se nesse poder tanto o de decidir definitivamente a lide, pela atuação da vontade da lei ao caso (decisões de mérito), como o de decidir quanto aos limites e modos do exercício da própria atividade jurisdicional. Ali o juiz atua a lei material; aqui a lei processual. O poder de coerção se manifesta flagrantemente no processo de execução, quando se trata de compelir o vencido ao cumprimento da decisão. Mas também exerce-o o juiz nos processos de conhecimento e cautelares, como quando ordena intimações de partes e testemunhas, determina desentranhamento de documentos, comina ou aplica penas. Finalmente, o poder de documentação, eu resulta da necessidade de representação por escrito dos atos processuais.

Então, quanto a esta explanação, verifica-se que o poder da jurisdição está abarcado de atributos, quais sejam a decisão, coerção e documentação, que são propiciadores de tamanha força para conseguir gerenciar e organizar a atividade judicial.

Pois, ao conceber um poder decisório se reconhece a potencialidade de analisar, averiguar ou escolher os elementos necessários, para que possam formar toda a contextualização e proporcionar provas robustas para se proferir uma decisão.

Já em relação à coerção, nota-se que conforme decisão proferida, de uma atividade reconhecidamente legítima como é a jurisdicional, seu poder não seria tão forte se não pudesse ser imposto e acatado, como é o viés da coerção, principalmente, no caso dos processos de execução e cautelar. Pois, a simples declaração de que se tem direito não é o suficiente para que a outra parte promova a sua efetividade.

Ao que ocorre com a documentação, é de se valorar a transposição dos atos processuais para conhecimento, então, uma vez que estão documentados estão em perfeito estado de apreciação, e do material necessário para o que se pleiteia. Assim, o poder de documentação é uma exteriorização para deslindar o que ocorre a tramitação processual. Sendo cediço que, a cada litigante envolvido no conflito, ao fazer a alegação de um fato, deve demonstrar a sua veracidade, senão vejam as palavras de (CINTRA, GRINOVER e DINAMARCO, 2008, p. 70).

Dessa forma, a jurisdição que o Estado exerce somente se configura pelo fenômeno da substituição, que é uma de suas características, assim, tamanho poder da atividade jurisdicional só encontra guarida por causa da ocorrência da substituvidade, pois caso contrário, não se tinha razão em provocar o Poder Judiciário, conforme pudesse resolver de pronto pela parte. Como assevera Santos (1998, p. 70):

Diversamente, a jurisdição é uma atividade secundária substitutiva, porque se exerce em substituição à atividade das partes, que seria a atividade primária. Realmente, a atividade das partes em conflito se substitui pela do juiz, a fim de compô-lo e resguardar a ordem jurídica. O juiz nunca é parte no conflito, mas um terceiro estranho a este.

Contudo, a potencialidade da jurisdição também está ligada aos princípios que lhe regem, devido ao sustento que esses lhe proporcionam, como se observa que na maioria das vezes é um princípio mais valorado e respeitado do que a própria

norma, ocasião em que se faz a exposição dos princípios da jurisdição, quais sejam: investidura, indelegabilidade, inevitabilidade, inafastabilidade, juiz natural, inércia, aderência ao território. Quanto à investidura, o autor Gaio Júnior (2008, p. 33) sintetiza que:

Determina que a jurisdição somente será exercida por quem tenha sido regularmente investido da autoridade de juiz. Neste sentido, a investidura da autoridade de juiz se faz por dois meios distintos:- por concursos de provas e títulos para o ingresso na carreira de juiz de 1º grau (art. 93, inciso I); - pelo quinto constitucional para o ingresso de advogados e membros do Ministério Público no cargo de juiz nos tribunais colegiados de 2º grau de jurisdição (art. 94 da CF).

Portanto, falar de investidura é fazer referência à atividade substitutiva do Estado, por uma via legítima de reconhecimento aos que estão em perfeita aptidão para concretizá-la.

No que tange ao princípio da indelegabilidade, concebe-se que é dada à jurisdição a um Poder, o Judiciário, não pode haver o repasse para outro Poder exercê-la, pois sua atividade típica é dirimir os conflitos, como Meirelles (2007, p. 60- 61) assevera: “[...] a função precípua do Poder Judiciário é a aplicação coativa da lei aos litigantes (função judicial)”

Ainda complementa Santos (1998, p. 72), que a função primordial do Poder Judiciário é conteúdo de matéria constitucional, para firmar o preceito de que os Poderes Estatais: Legislativo, Executivo e o Judiciário, apresentam independência e harmonia, para que possam exercer suas atividades sem qualquer subordinação, no entanto, somente se atentando para que não haja a invasão de esferas:

O juiz exerce a função jurisdicional por delegação do Estado e não poderá delegá-la a outrem, mas deverá exercê-la pessoalmente. Rege a matéria a regra proibitiva implicitamente contida no art. 2º da Constituição Federal, que dispõe: “São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário.

Quanto ao princípio da aderência ao território, tange ao episódio de que a jurisdição limita a atuação de seus agentes, para fins de organizar o atendimento aos jurisdicionados, portanto, a jurisdição deve ser exercida dentro do território fixado ao juiz, e caso esteja fora de sua circunscrição territorial não exerce a jurisdição, passando a ser um cidadão particular. É como explica (SANTOS, 1998, p. 72).

de imposição que exerce perante os jurisdicionados, pois sem qualquer privilégio ou prejuízo, todos os membros sociais estão abarcados pelos comandos da lei. É como Cintra, Grinover e Dinamarco (2008, p. 155) preceituam: “[...] sendo uma emanação do próprio poder estatal soberano, impõe-se por si mesma, independentemente da vontade das partes”.

Para o princípio da inafastabilidade é sublime o entendimento do artigo 5º, XXXV, da Constituição Federal (BRASIL, 1988), de que não pode o Judiciário se opor de apreciar as demandas que lhe chegam. Assim, não pode o juiz se escusar de um julgamento, por motivos de obscuridades da lei ou mesmo lacuna. Pois, a lei lhe confere meios que possam integrar e sanar tais vícios, sejam eles: a equidade, analogia, princípios gerias de direito e costumes. De acordo com (GAIO JÚNIOR, 2008, p. 35).

Já para o princípio do juiz natural, tem-se que a investidura para o julgamento dos conflitos não se realizarão com caráter de pessoalidade, isto é, não há criação de um corpo judicial para se resolver um conflito específico, o denominado Tribunal de Exceção. Dessa forma, com a figura do juiz natural se garante um veredito eximido de parcialidade, como assinala Alvim (2007, p. 162):

O primeiro deles é de que somente é juiz aquele integrado no Poder Judiciário, na conformidade do que esteve prescrito em leis anteriores ao caso que seja por ele decidido. É o princípio do juiz natural. Desta forma, na sistemática constitucional, juízes são aqueles que legalmente, ocupem os cargos nos juízos e tribunais, constitucionalmente previstos (CF, art. 92, I a VII), cujos cargos tenham sido legitimamente criados, pela legislação própria e infraconstitucional.

Então, para se explanar acerca da inércia, revela-se que não cabe e nem é permitido ao Poder Judiciário procurar lides para resolver, mas tão somente apreciar as que lhe são expostas pelas partes, portanto, seja pela inviabilidade ou para não comprometer com a imparcialidade dos juízes, as parte devem provocar a jurisdição para receberem a devida apreciação de sua pretensão, como fala Alvim (2007, p. 163):

Nessas condições, para que seja acionada a jurisdição, faz-se essencial a atividade da parte ou do interessado no processo civil. Depois, desenvolve- se o processo por impulso oficial (art.262). Isto quer dizer que não é necessária a cada momento a presença da parte para requerer o andamento da causa, que se dá oficialmente (embora não de forma total-v. art. 267, I e III). De quando vez, no entanto, as partes devem requerer a prática de atos específicos ou tomar outras providências para a movimentação do processo.

Desta maneira, cabe pontuar que a jurisdição sendo uma atividade, função ou poder do Estado deve atender aos seus jurisdicionados da melhor forma possível, então, necessária é a distribuição territorial entre os sujeitos responsáveis por promovê-la, com a especificação do trato para cada matéria.

Com esse seguimento, passa-se ao tópico tipos de processo, que está entre uma dessas consecuções atribuídas aos órgãos e juízes.

2.2 TIPOS DE PROCESSO

Como já exposto, as considerações sobre processo, bem como sobre jurisdição, tem-se subsídios que possam facilitar a captação quanto ao presente tópico, uma vez que são temas de intrínseca relação. Portanto, para melhor exercício da atividade jurisdicional, com utilização da via processual, a divisão de processo é um procedimento tendente a facilitar o trato para com as lides. Como assinala Marinoni (2001, p.67): “A tutela específica deve ser pensada em face das diversas situações de direito substancial carentes de tutela.”

Destarte, o sistema processual brasileiro divide conforme a finalidade da matéria: conhecimento, execução e cautelar. Para tanto, Montenegro Filho (2008, p. 9) explica sobre o primeiro:

O processo de conhecimento é formado a partir do exercício do direito de ação pelo autor; através da apresentação da petição inicial em juízo (qualificando-se como pressuposto de constituição do processo), dando enseja á citação do réu (que de igual modo assume a condição de pressuposto de constituição do processo), abrindo-lhe ensejo para a apresentação da defesa, nas espécies possíveis da contestação, das exceções de incompetência relativa, de impedimento e de suspeição, da reconvenção e da impugnação ao valor da causa.

Como o próprio nome denominado, o processo de conhecimento é utilizado para que se leve ao juízo, meios capazes de fazer o convencimento das alegações feitas, para o pleito de um direito. Destarte, precisa-se fazer a colação de provas que respaldem as afirmações, pois não basta aclamar sem mostrar ao juiz a razão de assistir posição favorável ao pedido. Contudo, o juiz faz a cognição dos fatos pautando seu veredito nas provas apresentadas, que foram robustas e

contundentes.

Nesse panorama, observa-se que há audiências de instrução e julgamento, para o colhimento das provas colacionadas aos autos, como depoimento pessoal das partes, inquirição de testemunhas, perícias, apresentação de documentos, entre outras. Isso, para que possa o magistrado concluir a lide.

Assim, o itinerário para se chegar à sentença, que não extingue o processo, todavia encerra a fase de cognição, e tendo a certificação do direito material seja favorável ao pleiteante ou até ao réu, caso haja resistência acarretando na frustração dessa certificação, resta, em fase de execução, ao representante judicial intervir, para que o direito seja realizado. Como aduz (MONTENEGRO FILHO, 2008, p. 10).

Já o processo em sua forma cautelar exige que, o autor apresente ao juízo, um pleito respaldado por uma situação de possível lesão, mas sendo que tal hipótese apresente brevidade quanto à ocorrência de um dano, caso o pleito não seja atendido, assim, o autor pode trazer em seu pedido provas que não estão robustas, mas deve apresentar fatos, que no momento, possam valorar a procedência do pedido, dada a necessidade, em comparação das provas que lhe recaem.

Portanto, como explica Cintra, Grinover e Dinamarco (2008, p. 317), em sede de cautelar, a busca é para que mal maior seja evitado, contudo, não se tem toda dilação probatória como ocorre no processo de conhecimento:

A atividade cautelar foi preordenada a evitar que o dano oriundo da inobservância do direito fosse agravado pelo inevitável retardamento do remédio jurisdicional (periculum in mora). O provimento cautelar funda-se antecipadamente na hipótese de um futuro provimento jurisdicional favorável ao autor (fumus boni iuris): verificando-se os pressupostos do

fumus boni iuris e do periculum in mora, o provimento cautelar opera

imediatamente, como instrumento provisório e antecipado do futuro provimento definitivo, para que este não seja frustrado em seus efeitos.

Dessa forma, visualiza-se que para se conceder o pleito em ordem cautelar, deve o demandante mostrar que os trâmites normais, quando do trato da matéria, seja pelo tempo que se juntará as provas aos autos, ou o juiz despachar, outra parte ser citada, são medidas que possam acarretar na demora, nesse contexto, aborda Nogueira (2001, p. 230):

Na tutela cautelar, no entanto, se está simplesmente, sem antecipação do convencimento de mérito, protegendo possível direito do autor, em caso de prosperar ação principal, para que não seja inviabilizada, resultado inexecutável. Há, pois, de haver fundado receio que uma das partes possa causar prejuízo grave ou irreparável à outra. A decisão sobre o direito material, por conseguinte, deve ser postulada na ação principal, não na tutela cautelar.

Contudo, atrasar o percurso dos autos até a procedência da medida, pode representar um trabalho em vão posteriormente, se considerar o atraso como irreversível para que a tutela demanda seja efetivada.

Para tanto, para que o juiz acelere tais etapas a demanda deve apresentar dois pressupostos, quais sejam: a fumaça do bom direito e o perigo na demora. Pois, no decorrer da atividade jurisdicional o magistrado sempre se deparará com pleitos desesperados por medidas urgentes, no entanto, na imprecisão de decidir se um ou outro merece uma tutela urgente, o julgador se furtará por atender esses dois requisitos, pois, é preferível transigir com os institutos a negar a prestação justa, incumbida ao Estado, uma vez que todos lhe recorrem para defesa de direitos e interesse. Conforme (THEODORO JÚNIOR, 2004, p. 480).

Interessante é a observação de que no processo cautelar se tem um único procedimento, pois o conhecimento e a execução ocorrem juntamente, sem que possa distinguir uma fase da outra, para que a tutela de urgência implementada, desse modo, sem que haja a separação, devido o interesse ser um só. Assim é que demonstram (CINTRA, GRINOVER e DINAMARCO, 2008, p. 342).

E por último, o processo de execução, o qual é tratado como uma atividade jurisdicional de concretude, devido nesse âmbito não se procura provar a quem o direito é assistido, dispensando a farta dilação probatória que é essencial ao processo de conhecimento, e sim na execução de uma decisão proferida em sede de conhecimento, em momento anterior, a qual reconheceu o pleito, portanto, é um momento de satisfação, como Assis (2009, p. 13) aduz:

Daí porque o provimento condenatório outorga ao vitorioso uma autorização especial para executar. É o titulo executivo. Embora tenha sido eliminado o princípio expresso, não há dúvidas de que, nesses casos, permanece implícito porque um cumprimento (art. 475-N) e a execução (art.585)- palavras que têm a mesma significação- Têm lugar sempre com base num dos títulos previstos na lei. Seja como for, a nova técnica legislativa permite distinguir duas espécies de execução: mediata e imediata.

oportunidade cabe expor que cada processo tem sua atividade predominante, sem deixar de realizar, em alguns momentos, as atividades pertinentes aos outros processos. Contudo, sem significar usurpação.

2. 3 PROCESSO DE EXECUÇÃO

No tópico anterior houve uma pequena dissertação acerca do processo de execução, em decorrência disso, será necessário expor alguns aspectos desse momento processual. Contudo, primeiramente, deve-se tomar conhecimento de seu surgimento. Para tanto, Theodoro Júnior (2007, p. 6) expõe que:

O direito processual civil do final do século XX deslocou seu enfoque principal dos conceitos e categorias para funcionalidade do sistema de prestação de tutela jurisdicional. Sem desprezar a autonomia científica conquistada no século XIX e consolidada na primeira metade do século XX, esse importante ramo do direito público concentrou-se, finalmente, na meta da instrumentalidade e, sobretudo, da efetividade. [...]. Nessa ótica de encontrar a efetividade do direito material por meio dos instrumentos processuais, o ponto culminante se localiza, sem dúvida, na execução forçada, visto que é nela que, na maioria dos processos, o litigante concretamente encontrará o remédio capaz de pô-lo de fato no exercício efetivo do direito subjetivo ameaçado ou violado pela conduta ilegítima de outrem.

Portanto, é pertinente relacionar que a importância do momento de execução é o objetivo propulsor do interesse do litigante, ao mover a demanda. Pois antes o simples reconhecimento por uma decisão que declare um direito, sem que se tenha a sua execução, não coloca o demandante em posição de total satisfação. Nesse contexto, é como se a execução conseguisse fazer a ligação do mundo abstrato, que se vislumbra o processo, com a realidade do pleiteante.

Destarte, grifa-se que a execução é conceituada como uma fase que opera no sentido de providenciar o pleito aclamado, consequentemente deixa o vencedor em contato com o que lhe interessa. Como doutrina Assis (2009, p. 4): “dá-se o nome de execução àquelas operações que, em decorrência da natureza do provimento reclamado e obtido pelo vitorioso se destinam a entregar-lhe o bem da vida.”

Como de sabença, com o ajuizamento da execução, a pretensão maior do exequente é ter o efetivo alcance do “bem da vida”. Assim, o objetivo da execução é

conceder ao litigante o exercício do seu direito, entendido esse como o “bem da vida”. Tal satisfação se realiza no mundo dos fatos e não na simples declaração ou constatação do direito.

Conforme Theodoro Júnior (2007, p. 8), no direito antigo de origem românica, a execução se procedia da seguinte forma:

O exercício do direito de ação fazia-se, primeiramente, perante o praetor (agente detentor do imperium), e prosseguia em face do iudex (um jurista, a quem o praetor delegava o julgamento da controvérsia-iudicium) [...] Dentro desse prisma, somente por meio de outra ação se tornava possível obter a tutela da autoridade pública (imperium) para levar a cabo a execução do crédito reconhecido pelo iudex, quando o devedor não se dispunha a realizá-lo voluntariamente. Daí a existência da acto iudicati, por meio da qual se alcançava a via executiva.

Ora, observa-se que no direito antigo, o pleiteante não desfrutava de posição muito favorável, pois se por um lado o devedor, dificilmente, cumprirá o comando executivo de forma espontânea, por outro, era necessário instaurar dois processos, sendo um para reunir elementos probatórios acerca da existência do direito do pleiteante, em que, uma vez findo sendo reconhecido o pleito, ficaria o demandante apto para demandar nova ação perante o órgão executor, portanto, outro processo, a fim de obter a concretude do direito, por meio da sua execução.

Dessa forma, do momento que se acionava a via processual até chegar ao tempo de gozar seu direito significava um longo roteiro. Sendo que muitas vezes, desnecessário o usufruto do direito, haja vista o seu perecimento ou mesmo a extinção de sua finalidade. Assim, razão para que houvesse mudanças, com intuito

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