Nos últimos anos, as empresas brasileiras têm buscado atender, através da
adoção de inovações tecnológicas e organizacionais, a um mercado que exige bens e
serviços em padrão de competitividade mundial.
Diante deste novo quadro, mudanças devem se processar concomitantemente
ou antecipadamente na realidade educacional do País. Vislumbra-se a necessidade de
formação de profissionais de Nível Superior com visão que alie o conhecimento da
realidade industrial a uma base técnica, que lhes permita propor criticamente soluções,
através da criação e/ou desenvolvimento de novas técnicas ou sistemas organizacionais,
compatíveis com o atual estágio de inserção do País na dinâmica da economia
contemporânea.
Além dos pré-requisitos acima citados, atualmente interessa às empresas o
profissional que globalize conhecimentos, ou seja, que pense na estratégia e no
planejamento do negócio; que saiba negociar com clientes, fornecedores e empregados;
e que seja capaz de adaptar modelos e sistemas. Dentro deste contexto, a proposta da
criação do Curso de Graduação em Engenharia Civil volta-se basicamente à formação de
profissionais com este perfil.
Desse modo, a estrutura curricular do curso de Engenharia Civil está voltada
para uma formação mais generalista, preparando um profissional de Nível Superior capaz
de atuar em quase todos os setores da atividade, atendendo ao processo de
modernização atual.
Em concordância com as tendências do mercado de trabalho, recente estudo
da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, realizado pelo Departamento de
Engenharia Civil, cujo objetivo prospecta a cadeia produtiva da construção do país, no
período entre 2003 e 2013, cadeia esta pertencente ao Construbusiness brasileiro, mostra
que o setor da construção civil além de desempenhar importante papel econômico
(representa 15,5% do Produto Interno Bruto – PIB nacional) possui um significativo papel
social, pois emprega 6% da população economicamente ativa, índice este que faz do
setor o mais empregador do país e está na linha direta de combate ao déficit habitacional.
Segundo a Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (SEADE), a taxa
de crescimento de vínculos empregatícios na construção civil na região de governo de
Votuporanga, de 2009 para 2010, foi de cerca de 11%; sendo que, considerando apenas
26% a área do município, este crescimento foi bem mais acentuado que o índice regional,
atingindo cerca de 57%. Abaixo, tabela com informações da Relação Anual de
Informações Sociais (RAIS) do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) sobre a
construção civil na região.
Tabela 6 – Informações da Relação Anual de Informações Sociais.
CONSTRUÇÃO CIVIL 2 Quantidade % Setor Total de trabalhadores %
Construção de edifícios 1.547 1,82
Obras de Infraestrutura 1.271 1.49 3.356 3,95 Construção 538 0,63
Fonte: RAIS 2008.
O mercado está aquecido em todo o país e a expectativa é melhorar ainda
mais nos próximos anos. O bom momento atual é reflexo do crescimento da economia e
de projetos do governo federal como o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e
o Programa Minha Casa Minha Vida, que aumentou a oferta de imóveis, o que beneficia o
bacharel da área. Para os próximos anos, a demanda pelo profissional deve aumentar, já
que dois grandes eventos serão sediados no país: a Copa do Mundo, em 2014, e os
Jogos Olímpicos, em 2016. A necessidade de grandes construções como portos, canais,
barragens implicam numa demanda de tempo que levam de quatro a cinco anos para ficar
prontas. A construção civil é o setor que mais absorve esse profissional e o aquecimento
do mercado imobiliário nos últimos anos segue influenciando a grande procura pelo
mesmo.
Em recentes estudos pode-se perceber a importância, em âmbito nacional, da
formação de engenheiros. O Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (IEDI)
lançou o estudo "A Formação de Engenheiros no Brasil: Desafio ao Crescimento e à
Inovação", que mostra os problemas na formação de engenheiros no País. A pesquisa
destaca a baixa escolaridade superior brasileira e a concentração de alunos nas
universidades em cursos das áreas de educação, ciências sociais, direito, economia e
administração e registra que apenas 5,1% dos egressos brasileiros cursam engenharia.
As principais conclusões deste estudo acerca da situação da engenharia no Brasil são as
seguintes:
1) Há uma forte e crescente demanda por profissionais de engenharia no
Brasil, que é detectado não pelos estudos econômicos mais gerais, em função das
metodologias adotadas, mas pelo dia a dia das empresas e de suas dificuldades
concretas no mercado de trabalho.
2) A formação em engenharia tem um impacto amplo sobre muito setores e
atividades e não se restringe apenas às atividades típicas de engenharia de cada
setor/atividade.
3) Esse problema está relacionado à deficiência quantitativa da formação de
engenheiros, em especial na graduação, mas muito possivelmente (o que não é
investigado aqui) também se relaciona com a qualidade dos egressos em engenharia.
4) A situação brasileira em termos de engenheiros por habitantes é
especialmente precária e insustentável comparativamente a qualquer outro país
desenvolvido ou no mesmo estágio de desenvolvimento do Brasil.
5) O quadro brasileiro se explica pela baixa escolaridade superior, mas também
é fortemente agravado pelo perfil dos egressos da graduação e pós-graduação, em que o
percentual de engenheiros é baixo e decrescente.
O estudo destaca ainda que apesar do número absoluto de egressos
apresentar crescimento constante, seu percentual no total da formação superior tem se
reduzido sistematicamente. Esse perfil de expansão está calcado na participação
crescente do setor educacional privado e em parte explica o decréscimo da engenharia no
conjunto do sistema de ensino superior e também a mudança do perfil da própria
engenharia, em que perdem peso as áreas tradicionais de elétrica, eletrônica, mecânica,
química e civil, cursos que sabidamente exigem maior infraestrutura e investimentos mais
elevados.
O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), por sua vez, divulgou um
estudo
5sobre a Escassez de Engenheiros no Brasil no qual informa que se o país
mantiver seu ritmo de crescimento em torno de 5% ou mesmo aumentá-lo e se não
houver mudança no índice de migração dos egressos para outras áreas a demanda por
profissionais no mercado será maior do que a oferta.
Do ponto de vista das instituições públicas que ofertam o curso de Engenharia
Civil no Estado de São Paulo, a região fica restrita a duas instituições estaduais e, uma
federal, localizadas em Ilha Solteira
6, Bauru
7e São Carlos
8, respectivamente (Figura 9). A
implantação de um curso de Engenharia Civil pelo IFSP traz para a região a possibilidade
de oferecer: ensino público de qualidade, qualificação profissional específica aos
egressos dos cursos técnicos da instituição, fortalecimento do setor da construção civil,
vinda de recursos financeiros nacionais e de instituições estrangeiras em forma de
parcerias numa região do Estado onde o desenvolvimento econômico se justifica
conforme os dados mostrados nos itens 3.2 e 3.3 deste projeto.
Figura 7 – Distribuição dos cursos de Engenharia Civil no Estado de São Paulo nas Instituições Públicas Estaduais e Federais.
Fonte: KAIMOTI, Naiara L. A. Desenho sobre base. http://www.igc.sp.gov.br/produtos/regioes_adm.html. Acesso em 29/03/2012.
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Radar nº 12 – Mão de Obra e Crescimento. IPEA - 15/03/2011. 6 Localizada a 167 Km de Votuporanga. 7 Localizada a 295 Km de Votuporanga. 8 Localizada a 306 Km de Votuporanga.
No documento
PROJETO PEDAGÓGICO DE CURSO. Engenharia Civil
(páginas 38-42)