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Em 1974, numa época de intensos debates académicos e transformações sociais no campo do género, da sexualidade e da expressividade e sociabilidade juvenis, num cenário em que floresciam manifestações, reivindicações e contraculturas “utópicas” e “alternativas”, Georges Balandier publica Anthropo-logiques (1985 [1974]), num esforço de estabelecer as bases de uma antropologia da modernidade. Nesta obra Balandier posiciona a emergência dos feminismos e das “culturas juvenis” nas sociedades ocidentais no quadro de uma reflexão antropológica mais ampla que busca os princípios organizadores de todas as sociedades, e afirma que a idade e o sexo dão à sociedade a sua infraestrutura mais profunda, menos vulnerável do que a resultante da produção da vida material e do confronto das classes sociais.

No que toca à idade, Balandier parte da análise do “problema dos jovens” nas sociedades modernas, afirmando que nos países desenvolvidos “a juventude inquieta e fascina” (1985:86). Este “problema” dá coloração a todas as outras reflexões, projetos e especulações sociais, sendo a escola, o comércio, a cultura, a moda, a política, a religião e o sexo reformulados em função das recusas, incitativas, demandas e contestações juvenis. Com efeito, para este autor quando as sociedades tomam consciência da sua natureza problemática e encontram dificuldades em assegurar a sua continuidade, em assegurar a aprendizagem social, os seus os processos de socialização são postos em causa e questiona-se a sua “juventude”. Desta forma a crítica das relações de idade transforma-se em crítica alargada da sociedade.

Na sua análise Balandier baseia-se nos traços gerais que definem a problemática juvenil nas sociedades ocidentais da época, em particular na sociedade norte-americana, salientando como aspetos dominantes a incerteza na definição dos grupos de idade, o distanciamento nas relações entre as gerações e a entropia dos sistemas de socialização. Associa estas mudanças ao movimento constante das sociedades modernas, em contínua expansão técnica e urbana, e defende que esse processo afeta em particular a adolescência, o grupo de idade menos definido e mais perturbado, um estado caracterizado pela ambiguidade, pela espera, e pela hesitação na transição entre a infância e a idade adulta (1985:136). Enfim, a aquisição da maturidade social parece cada mais contestável em sociedades cada vez mais complexas, e os jovens vivem numa

situação de incerteza crescente, já que os processos iniciáticos que asseguram a inserção na ordem social e cultural dos adultos tendem a desaparecer. Os modelos e os projetos propostos pela geração adulta já não são aceites e esta perde a sua função de orientação e a sua autoridade. As instituições que asseguram a socialização, particularmente as que organizam a educação, perdem a sua eficácia e contribuem para retardar a entrada na vida adulta. Neste contexto, a formação realiza-se cada vez mais entre pares, num quadro de relações cada vez mais horizontais e menos associado às relações verticais entre gerações sucessivas.

Segundo este autor, os jovens desligam-se dos grupos de pertença até agora tidos como “naturais” e buscam viver a sua situação coletivamente, em quadros sociais que lhes são próprios. Assim desenha-se uma sociedade jovem no seio da sociedade global, autonomizada ao ponto de parecer separada e em tensão constante com o “mundo adulto”, definida cada vez mais em termos culturais através da expansão das “culturas juvenis”. Para Balandier este processo parece reconstituir inconscientemente as classes de idade estudadas pelos antropólogos, mas com a diferença de resultar da iniciativa das novas gerações e não de um sistema social que assegura progressivamente a sua integração. Aqui a questão das relações geracionais é central, pois exprime claramente um problema da reprodução social. Assim, o “problema dos jovens” mostra como a ordem social é indissociável da ordem das classes de idade, e como estas não são um nível arcaico no seio das sociedades modernas. E revelam ainda que a crise social, no seu ponto extremo, se “diz” também na linguagem da idade (1985:137).

Uma das influências determinantes nesta análise de Balandier é a obra Culture and Commitment, de Margaret Mead (1970), que postula um novo cenário pós- industrial em que os jovens já nada teriam a aprender com as gerações anteriores mas apenas com os seus pares, e onde seria a eles que estaria reservada a construção cultural do futuro (ver capítulo 1). Se as análises de Balandier e de Mead parecem exagerar o distanciamento entre as gerações e hipervalorizar as “culturas juvenis” como produtoras de “novas sociedades”, elas têm contudo o valor de colocar os jovens no centro da análise antropológica das sociedades modernas e de tomar as suas inquietações e as suas expressões como pontos de partida para a compreensão das rápidas transformações socioculturais da modernidade. E com efeito, é justamente este o objetivo de uma antropologia contemporânea da juventude, ou melhor, de uma antropologia da

contemporaneidade que coloque os jovens no centro dos processos de mudança e continuidade (cf. Durham 2004, Cole e Durham 2008).

Juventude, sociedade e cultura

“The spectacle of a younger generation diverging ever more widely from the standards and ideals of the past, cut adrift without the anchorage of respects home standards or group religious values, terrified the cautious reactionary, tempted the radical propagandist to missionary crusades among the defenceless youth, and worried the least thoughtful among us” (Mead 1973:1)

É sem dúvida pela obra Coming of Age in Samoa, justamente da autoria de Margaret Mead, publicada em 1928, que os jovens entram na análise antropológica. E ocupam desde logo um lugar “problemático”, pois com esta pesquisa Mead procura contribuir para o debate já na época intenso na sociedade americana sobre o desvio juvenil e a natureza da adolescência. Em 1905 o psicólogo americano Stanley Hall publicara o primeiro grande tratado dedicado à adolescência postulando-a como uma etapa natural na vida humana, uma moratória social marcada pela instabilidade emocional, entre o idealismo e a rebelião, prévia à vida adulta. Influenciado pelo Darwinismo em voga à época, Hall desenvolve uma “teoria da recapitulação” segundo a qual a estrutura genética da personalidade incorporaria e repetiria a história do género humano, sendo a adolescência correspondente a um estádio dominado pelo instinto, entre a selvajaria e a civilização (Feixa 1999).

Para Carles Feixa esta obra veio instituir uma perspetiva sobre a adolescência que se manteve dominante até à atualidade, uma visão da adolescência como uma fase universal e inevitável do desenvolvimento humano, entre a dependência infantil e a plena inserção social, uma fase de crise e conflito, ou como afirmava Hall, uma época de “tempestade e estímulo” (storm and stress) (1999:16). Mas para Feixa, o trabalho de Hall não fez mais do que “descobrir” e dar legitimidade científica a uma realidade social emergente, nomeadamente o processo de extensão da juventude como etapa de semidependência nos países ocidentais nos finais do século XIX, fruto da expulsão dos jovens do mercado de trabalho, da extensão da escolaridade obrigatória e do serviço militar, da nuclearização da família e do surgimento de instituições orientadas especificamente para a juventude (Feixa 1996 e 1999).

É justamente numa linha de crítica à ideia universal da adolescência como “tempestade e estímulo” que se situa a obra de Mead de 1928. No prefácio Franz Boas marcava desde logo o tom:

“When we speak about the difficulties of childhood and of adolescence, we are thinking of them as unavoidable periods of adjustment through which every one has to pass. The whole psycho-analytical approach is largely based on this supposition. (…) The results of her [M. Mead] painstaking investigations confirm the suspicion long held by anthropologists, that much of what we ascribe to human nature is no more than e reaction to the restraints put upon us by our civilization” (1973:iv).

Inserida na tradição relativista da antropologia cultural americana, Margaret Mead procura demonstrar a relevância da cultura na definição dos comportamentos e emoções humanas, contrariando o determinismo biológico e racial vigente nas ciências psicológicas do início do século XX:

“I wrote this book as a contribution to our knowledge of how much human character and human capacities and human well-being of young people depend on what they learn and on the social arrangements of the society within which they were born and reared” (1973:xi).

Face à aparente desestabilização e aos crescentes “desvios” com que se caracterizavam os adolescente da época, preocupando os pais e educadores americanos e facilitando generalizações de caráter moral ou naturalista, Mead procura contrapor a dúvida antropológica, o primado da cultura e a plasticidade do ser humano. E abre a sua pesquisa colocando a questão: “serão estas dificuldades decorrentes de ser adolescente, ou de ser adolescente na América?” (1973:3).

Mead parte para a ilha de Talu, na Samoa Americana, no Pacífico Sul, com o objetivo de testar cientificamente o efeito da civilização sobre o desenvolvimento humano na fase da puberdade, pondo assim à prova a sua hipótese sobre a relatividade do período “tempestuoso” da adolescência através do contraste da cultura de Samoa com civilização americana. Para tal recorre à pesquisa etnográfica prolongada, o único método que para a autora possibilita o estudo do desenvolvimento humano na sua articulação com o contexto social. Durante nove meses permanece em Samoa, centrando a sua pesquisa sobre um grupo de 50 raparigas adolescentes, e dedica a sua análise aos aspetos que considera centrais para compreender as características da adolescência, nomeadamente as estruturas e relações familiares, as relações sexuais, as

relações de amizade e de lealdade e ainda as responsabilidade individuais das adolescentes (segundo a autora estes seriam também os aspetos causadores de maior perturbação nas adolescentes americanas).

Ao longo da obra Mead (1973) descreve com detalhe as relações estabelecidas entre as adolescentes entre si, com os rapazes adolescentes (em particular as relações sexuais), com as crianças mais novas e com os familiares mais velhos (em especial no seio do grupo familiar, que é alargado), assim como com outros membros da comunidade (entre pessoas e famílias de diferente estatuto social), e a forma como estas relações e respetivas responsabilidades se vão alterando (ou não) à medida que as adolescentes envelhecem e se tornam mulheres maduras. Tais dados permitem-lhe concluir que entre as adolescentes samoanas a adolescência não representa um período de crise ou tensão mas antes de desenvolvimento harmónico e gradual, ao contrário do que se passa na sociedade americana.Para a autora, são assim as diferenças existentes entre civilização de Samoa e a civilização americana que justificam tal diferença na vivência da adolescência.

Em contraste com a sociedade americana, Mead (1973) salienta na cultura samoana os aspetos que considera determinantes para uma experiência da adolescência menos “tempestuosa”: uma atitude mais casual face à vida e um maior evitamento do conflito; uma desvalorização das diferenças de personalidade e uma falta de especialização do afeto (ausência de relações individualizadas e emocionalmente intensas entre pais e filhos, entre cônjuges ou entre amigos); um reduzido número de escolhas (ocupacionais, familiares, ideológicas) permitidas aos indivíduos ao longo das suas vidas; um quadro moral que toma a sexualidade como natural, livre e prazerosa e uma vivência do nascimento e da morte como acontecimentos naturais, familiares e não dramáticos; e finalmente uma ausência de necessidade de poupança e de ostentação e a inexistência de distinção entre trabalho, lazer e processos educativos. Todos estes aspetos contrastariam assim com uma cultura americana que favoreceria o conflito e a intensidade e exclusividade das relações interpessoais, que exigiria escolhas constantes, que estabeleceria um quadro moral rígido, mas também ambíguo, em torno da sexualidade, que dramatizaria os acontecimentos vitais e que estabeleceria uma necessidade de acumulação e um distanciamento artificial entre lazer, trabalho e aprendizagem.

As conclusões de Mead têm um claro objetivo de fornecer, à luz da comparação cultural, uma crítica dos processos educativos na cultura americana da época. No final da obra conclui a autora que a América tem pago um elevado preço pela sua cultura heterogénea e em rápida mudança, um preço manifesto na criminalidade e delinquência crescentes, nos conflitos da juventude, no aumento das neuroses e na ausência de uma tradição coerente. Como resposta a antropóloga apela a uma tolerância universal e a uma valorização das possibilidades de escolha entre diferentes formas de vida no seio da heterogeneidade cultural americana, defendendo finalmente uma educação que prepare os jovens para essas mesmas escolhas (1973:130-38).

Coming of Age in Samoa torna-se uma obra de referência, que viria a ser extremamente influente não apenas no campo dos estudos sobre adolescência e juventude, mas na antropologia em geral. Para Marcus e Fischer (1986), com este livro Margaret Mead assume-se como o modelo pioneiro da crítica cultural sob a bandeira do relativismo. Não apenas Mead realiza, na esteira de Boas, uma crítica epistemológica ao racismo, reforçando o primado da cultura e refutando os modelos de desenvolvimento de origem europeia (Cole e Durham 2008), como também desenvolve uma crítica cultural à ideologia dominante na sociedade americana da época sobre a natureza da adolescência e sobre os princípios que deveriam reger a educação das crianças e adolescentes. E fá-lo de forma claramente didática, através da justaposição cultural entre Samoa e América, “desfamiliarizando” e “desnaturalizando” os processos educativos e de desenvolvimento humano (Marcus e Fischer 1986), e mostrando como ser adolescente na América não é o mesmo que ser adolescente noutro lugar do mundo.

Marcus e Fischer (1986) chamam a atenção, contudo, para as limitações da crítica cultural de Mead, feita de forma marcadamente impressionista e informal, já que os elementos culturais americanos em que baseia a sua comparação são obtidos não através de uma investigação etnográfica equivalente à realizada em Samoa, mas a partir de impressões gerais e fontes académicas secundárias. E alertam ainda para o facto deste exercício de crítica cultural, assim realizado, ter como efeito uma excessiva simplificação dos samoanos, descritos de forma descontextualizada apenas para fins comparativos. Porém, já antes destas críticas o antropólogo australiano Derek Freeman (1983) havia duramente criticado o trabalho de Mead, defendendo que a autora teria construído uma imagem demasiado idílica da cultura samoana, condicionada pelos seus próprios pressupostos ideológicos e pelo caráter fragmentado do seu trabalho de campo.

Na linha de uma antropologia biológica, Freeman (1983) contrapõem aos relatos harmoniosos de Mead a sua visão da sociedade samoana, marcada pela conflitualidade e pela tensão, presente em particular na dependência familiar dos jovens e na hierarquia social.

Após a publicação da obra de Freeman, desenvolveu-se uma polémica intensa que envolveu no debate figuras de relevo da antropologia dos anos 1980, atualizando, segundo Feixa, a pergunta clássica: “como interatuam natureza e cultura na definição social das idades?” (1996:5). Mas para este autor as questões inicias de Mead, e de Boas, mantêm-se pertinentes para uma “antropologia da juventude”: a juventude é uma condição natural? Podem generalizar-se a outras culturas os traços da juventude ocidental? (1999:18)

Juventude como construção cultural

A constituição de uma antropologia da juventude radica desde logo no questionamento sobre a natureza do seu objeto: poder-se-á definir a juventude como uma categoria universal? Segundo Durham (2000) dois estudos fundamentais marcaram uma agenda de pesquisa, não obstante as críticas que lhes foram feitas: se a antropóloga Margaret Mead (1973 [1928]) mostra como a adolescência é vivida de forma diferente segundo o contexto e posição social, o historiador Philippe Ariès (1988 [1961]) vem questionar a própria existência da infância e da adolescência na Europa Medieval. Antropologia e história confluem assim numa crítica à universalidade das categorias de idade, mostrando como estas adquirem significado apenas no seio de contextos sócio- históricos específicos. Com efeito, a partir da segunda metade do século XX os historiadores têm vindo a estudar com profundidade a forma como as mudanças nas estruturas da economia, da família, das comunidades e do Estado ao longo do século XVIII e XIX se manifestaram na infância e juventude e como estas categorias se tornaram ao mesmo tempo mais ambíguas e mais focadas pela atenção moral e disciplinar da comunidade e do Estado (Durham 2000).

Neste contexto, a obra de Ariès A Criança e a Vida Familiar no Antigo Regime (1988 [1961]) é central. Nela o historiador mostra que na civilização medieval europeia não era tomada em conta a passagem entre o mundo da infância e o dos adultos; esta transição não era marcada por ritos de iniciação ou pela educação, tornando-se difícil

identificar, no Antigo Regime, uma fase da vida equivalente à juventude atual. Segundo Ariès, na sociedade medieval a infância correspondia apenas à idade de maior fragilidade, de ausência de autossuficiência, sendo posteriormente a criança inserida e socializada no mundo dos adultos, compartilhando com eles jogos e ofícios, num contexto que privilegiava as sociabilidades coletivas (rua, igreja, mercado, vizinhos, jogos, festas) e não as familiares (nesta época o sentimento familiar era débil). Só a partir do século XVII, mas em especial no decurso do processo de industrialização dos séculos XVIII e XIX, este modelo viria a transformar-se em função do progressivo desenvolvimento e generalização da instituição escolar e da gradual nuclearização e moralização da família. Estas mudanças, primeiro afetando as classes burguesas mas depois generalizando-se às classes operárias, resultariam assim numa perda das antigas sociabilidades coletivas e na consequente polarização entre a vida familiar e o trabalho. Só então surgiriam na Europa as noções de infância e de adolescência.

Diversas críticas foram feitas às teses de Ariès, em particular sobre a existência frequente de grupos de jovens nas sociedades medievais europeias, com funções rituais, festivas e de controlo da moralidade, mas que foram desaparecendo até ao século XVIII por ação dos poderes religiosos, militares e civis (Zemon-Davis 1971, cit. in Feixa 1999:33). Contudo o próprio Ariès chama a atenção para o facto destes grupos não serem constituídos em função da idade mas por indivíduos solteiros, um fator determinante numa sociedade camponesa onde a “casa” e a “herança” jogavam um papel fundamental na linha entre dependência e emancipação (Ariès 1973, cit. in Feixa 1999:33). Com efeito, o mesmo autor lembrara já que nas sociedades medievais da península ibérica o termo que mais se aproximava ao de “jovens” era “moços”, atribuído tanto a menores de idade, como a solteiros ou a serventes, relativamente independente da idade cronológica (Ariès 1973, cit. in Feixa 1999:31).

Assim, se com Mead a antropologia havia já questionado a universalidade da experiência tumultuosa da juventude, a história, com Ariès, vem mostrar a relatividade e a contingência da própria categoria. Consequentemente, numa perspetiva antropológica a juventude aparece claramente como uma “construção cultural”, relativa no tempo e no espaço e função do contexto social. Sintetizando, Feixa (1999) afirma que a juventude é organizada por cada sociedade como a transição entre a infância e a idade adulta, mas os seus conteúdos e formas são muito variáveis. Mesmo que este processo tenha uma base biológica, o que é antropologicamente mais relevante é a perceção social destas

mudanças e as suas repercussões para a comunidade. Os conteúdos atribuídos à juventude dependerão dos valores associados a este grupo de idade e aos ritos que marcam os seus limites:

“Para que exista la juventud, deben existir, por una parte, una serie de condiciones sociales (es decir, normas, comportamientos e instituciones que distingan a los jóvenes de otros grupos de edad) y, por otra parte, una serie de imágenes culturales (es decir, valores, atributos y ritos asociados específicamente a los jóvenes). Tanto unas como otras dependen de la estructura social en su conjunto, es decir, de las formas de subsistencia, las instituciones políticas y las cosmovisiones ideológicas que predominan en cada tipo de sociedad” (Feixa 1999:18).

O mesmo autor lembra que, face aos dados etnográficos existentes sobre múltiplas “sociedades primitivas”, a duração e mesmo a existência da juventude é algo que se apresenta como problemático. O único que partilham estas sociedades é o valor dado à puberdade como ponto fundamental no curso da vida, essencial para a reprodução da sociedade no seu conjunto (Feixa, 1999). E recorre a Lévi-Strauss (1971, cit. in Feixa 1999:20) para mostrar que a visão da adolescência como segundo nascimento está presente em muitas sociedades primitivas, revelando a necessidade de não deixar ao cuidado da natureza o transcendental momento de ingresso na vida adulta. Para os rapazes a puberdade assegura a formação de agentes produtivos e para as raparigas assegura a formação de agentes reprodutivos, sendo estas transições frequentemente marcadas por termos e rituais que passam a reconhecer os jovens (maioritariamente os rapazes) como seres “pessoais”, membros plenos do grupo (1999:20). Mas as diferenças entre as sociedades são muitas: a iniciação pode coincidir com a puberdade e ou ser

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