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Kalinne Suaedy de Almeida Carvalho Cândido Aylana Layssa Medeiros Borges

Introdução

A água é um elemento de fundamental importância para os seres vivos, uma vez que, sem ela não é possível sobreviver no planeta Terra. Conforme Barros e Amin (2008, p. 68) aproximadamente 97,5% da água encontram-se nos mares e oceanos, sendo que apenas 2,5% correspondem à água doce encontrada em rios, lagos e pântanos; e em estado sólido nas geleiras e icebergs. Portanto, uma quantidade mínima de água doce encontra-se disponível na superfície terrestre e vem sendo utilizada pelos animais e seres humanos.

Se a água é indubitavelmente necessária à vida e se a quantidade disponível para uso nas atividades antrópicas é tão pequena, entende-se que os fatores determinantes do desperdício da água estão intrinsecamente ligados a falta de informação do homem, no que se refere ao uso desse recurso natural de maneira consciente. Acerca do uso da água nas atividades humanas, se destaca que:

É tão grande sua utilização, que esta não se restringe mais aos aspectos intrínsecos à substância humana, pois na atualidade surgem novas necessidades econômicas de consumo, levando à exploração desse elemento natural por meio da criação de técnicas complexas de captação, de distribuição e de comercialização. (BENEVIDES, 2011, p. 14).

Aqui são mencionadas mais algumas atividades, com distintas finalidades, que dependem da água para serem desenvolvidas. Entre elas tem-se o abastecimento para consumo humano, a dessedentação de animais, a irrigação, a aquicultura, o paisagismo, a navegação, a geração de energia e a indústria (MORAES; JORDÃO, 2002, p. 370; NASCIMENTO, 2011, p. 38; SILVA; SILVA; PIRES, 2014, p. 3617).

Estima-se que a água consumida na agricultura corresponda a cerca de 70% da disponibilidade total, em algumas regiões. Indicando que existe a necessidade de se introduzir tecnologias que resultem na redução desse uso, as quais devem incluir eliminação do desperdício, reúso e reciclagem da água (TUNDISI, 2008).

No entanto, o poder dominante que prioriza os interesses próprios em detrimento das riquezas naturais acaba influenciando fortemente na distribuição da água no planeta, tendo contribuído para a “grave crise desse recurso […] uma crise a nível nacional e mundial” (MARTÍNEZ, 2014, p. 1). Nesse contexto, o cres- cimento populacional humano é outro fator influenciador, pois em consequência disso tem-se um aumento da demanda pela água.

No sertão nordestino a preocupação com os recursos hídricos é mais acen- tuada, devido à escassez de chuvas de uma forma geral, além da concentração das mesmas em poucos meses do ano. Vale mencionar que “a maior parte da região Nordeste do Brasil se situa dentro da zona semiárida, com grandes problemas para a sociedade e para os ecossistemas naturais, decorrentes das secas periódicas” (SILVA et al., 2011, p. 132).

A seca no Nordeste é um problema sociopolítico e não apenas climático, que tem afetado a população sertaneja de maneira tremenda desde tempos históricos. Várias tentativas de amenizar esse problema já foram feitas, dentre as quais podem ser citadas a açudagem, a retirada de água do lençol freático por meio de poços artesianos e a construção de cisternas e de adutoras. Também nos últimos anos foram iniciadas as obras para a transposição das águas do Rio São Francisco, “[…] que é, na realidade, o maior e o mais importante recurso hídrico do semiárido nordestino” (VALE, 2006, p. 60).

Mas, de acordo com Rebouças (2003, p. 344), o problema de “abastecimento de água no mundo tem sido expressado em termos de gerenciamento”. Ingerência no gerenciamento da água deve ocorrer por falta de informações e entendimento, por parte dos setores responsáveis pelo abastecimento e pela forma de consumo. Sendo assim, um elemento fundamental para a gestão dos recursos hídricos é a educação ambiental, uma vez que muitas pessoas utilizam a água como se ela fosse um recurso ilimitado.

Problemas de abastecimento de água para a população humana em muni- cípios do Nordeste são comuns e atuais. Toma-se como exemplo, neste trabalho, a comunidade chamada Serra dos Brandões, localizada no município de Picuí, estado da Paraíba. Salienta-se que o abastecimento de água da comunidade é feito do açude do Narciso, cuja capacidade é de aproximadamente 600.000 m³ de água, sendo realizado por meio de carros pipa, no ano de 2014.

Nesse contexto, uma problemática recorrente se refere à dificuldade dos carros pipa em abastecerem todas as casas da comunidade, em razão da existência de uma sequência de agendamentos para atender as necessidades da população. Entende-se que parte desse problema é de competência da gestão pública e parte é de competência da população.

Considerando a responsabilidade dos gestores municipais quanto às formas para o abastecimento de água, elucida-se que existe algo sendo encaminhado.

[…] a construção do sistema da adutora que será responsável pelo abastecimento de água da comunidade de Serra dos Brandões, a partir do açude Narciso. Uma obra executada pela Prefeitura Municipal de Picuí, em parceria com o Governo do Estado da Paraíba, por meio do Pacto Solidário pelo Desenvolvimento Social da Paraíba (PICUÍ, 2014, p. 1). Também é de competência da gestão pública promover discussão e opor- tunidades de aprendizagem da população em relação ao uso racional da água, já da parte dela cabe a participação nas discussões e decisões, além da adoção de práticas que resultem no uso racional desse recurso.

Considerando-se que o ambiente escolar constitui um espaço de convivência social e de aprendizado de forma sistematizada dos saberes e práticas sociais, com- preende-se que, por tais características esse espaço se configura como adequado para ensinar e aprender sobre o uso consumo consciente da água. Acredita-se que tal aprendizado pode resultar em práticas sustentáveis tanto dentro da escola quanto na família ou em qualquer outro espaço em que os alunos atuem ou venham atuar.

Referencial teórico