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4 - Do Génie des langues às Comunidades Imaginadas: a relação entre língua, nação e Estado.

Para se discutir a relação contemporânea entre os conceitos de língua, nação e Estado, é interessante buscar a sua origem ao longo do tempo, investigando como a concepção de língua sempre esteve muito relacionada aos grupos sociais, às suas práticas políticas e à identificação dos indivíduos com suas comunidades. As definições do conceito de nação e do conceito de Estado também serão discutidas neste capítulo a fim de melhor entender a construção de um projeto de identidade nacional pelos países, principalmente ao longo dos séculos XIX e XX na Europa ocidental.

Inicialmente, será apresentado o conceito de génie, termo francês para designar uma essência própria e inata às línguas e que se manifestaria através de suas estruturas como um conjunto de características estéticas e morais particulares.

Em seguida, os conceitos de nação e Estado - e suas práticas através da relação Nação- Estado- serão estudados na tentativa de compreender sobre que discursos os Estados elaboram seus projetos de nação e como e por quais meios se dá a construção das identidades nacionais. Por fim, a discussão será aplicada ao estudo de caso aqui investigado, com o objetivo de entender como os países magrebinos desenvolveram seus projetos de nação pós-coloniais e quais os papéis atribuídos às línguas árabe, berbere e francesa nesse contexto.

4.1 Ŕ A ideia de um “génie” e a concepção de língua

No século XIII, o escritor Dante Alighieri já evocava em seus escritos a existência de um caráter essencial às línguas, algo que lhes seria próprio e individual. Ele buscou entre os

muitos “falares vulgares” italianos o que poderia, na sua opinião, representar o papel do que chamou de “vulgare illustre20”, o falar do povo que bem configurasse características muito

particulares e essenciais da sua gente. O Latim Clássico nessa época ainda era a língua da cristandade ocidental e de prestígio, entretanto já perdia força e espaço para os chamados “falares vulgares”, oriundos de um latim “mal falado” por aqueles que não faziam parte de uma restrita elite intelectual. Apenas no Renascimento é que a individualidade das línguas será um tema mais investigado e discutido, ganhando forma a ideia de idioma. Esse período humanista se interessará pelas diferenças culturais entre os homens e novas camadas sociais que não falavam o Latim começarão e também escreverão em língua vulgar e materna. Uma perspectiva completamente nova na época, representando uma grande mudança do ponto de vista linguístico e social. A Europa ainda se confrontará com novas realidades linguísticas e coloniais encontradas nas Américas e na Ásia com as grandes navegações.

Nesse período, a individualidade das línguas ou “idiomas” será configurada como um conjunto de qualidades estéticas e morais. Ao latim clássico estavam relacionados os valores de nobreza, clareza, beleza, honestidade e graça. Du Bellay, em seu livro “vulgarisme humaniste”21, diz que as línguas possuem um je ne scay quoy (je ne sais quoi22), considerando a língua francesa a primeira língua vulgar à qual seria atribuída uma personalidade particular e qualidade estética superior ao mesmo tempo. A expressão génie de la langue só entrará em vigor no século XVII, fazendo sua primeira aparição em um discurso na Academia Francesa, recentemente fundada, em 1635. O termo génie, empréstimo latino, designa uma qualidade espiritual inata e uma criatividade particular da língua e não própria aos seus locutores.

20

TRABANT in: MESCHONNIC, 2000.

21

Idem nota 4

22

Até então o génie de uma língua era tratado somente como uma impressão de intelectuais, mas na primeira metade do século XVII, Condillac, filósofo francês, introduz o tema através do discurso científico, tentando capturar a essência da língua de maneira objetiva e estrutural, desejando dar fim à abstração e à impressão que representavam o termo e precisá- la linguisticamente. John Locke também discursou sobre o assunto, considerando que a língua influenciaria nosso modo de ver o mundo e, como filósofo, deveria “lutar” contra esta nuvem que encobre os olhos diante da “verdade universal”. Condillac não se deixa influenciar por esses dois discursos em vigor na época - o conceito impreciso de génie e as inquietações filosóficas em busca da verdade Ŕ e decide investigar objetivamente o conceito. Ele tenta mais claramente definir o lugar linguístico do génie de uma língua e explicitar quais traços permitiriam reconhecer a sua individualidade. O discurso em vigor na época atribuía à língua francesa qualidades tais como doçura dos sons, claridade dos conceitos e das construções sintáticas e a vivacidade de estilo. Condillac tentou definir mais precisamente o lugar estrutural do génie, argumentando que ele estaria dividido em duas partes: na sintaxe das frases (sua organização) e, sobretudo, na semântica, cada língua teria em particular uma combinação de ideias que a diferenciaria das outras. Suas conclusões não nos apontam definições contundentes, mas se mostraram um marco decisivo para com uma objetivação mais linguística sobre as línguas a partir de um caminho mais descritivo de suas estruturas das línguas. Tema esse que será caro ao linguista alemão Humboldt no século XIX.

Humboldt, por sua vez, preconizou o estudo de todas as línguas do mundo a fim de melhor conhecer o espírito humano, pois a investigação da riqueza da alma humana, ao contrário do que pensava Locke, seria condição para se descobrir a verdade. Ou seja, visões variadas do mundo nos levariam ao conhecimento da verdade universal.

A ambiguidade da ideia de génie - condição natural ou condição cultural Ŕ foi estabelecida por ele em dois termos, que são: personalidade da língua e estrutura da língua. A

personalidade consistiria em uma individualidade misteriosa. A estrutura, termo utilizado também pelos linguistas modernos, é descritiva, a fim de se atingir a personalidade. Mas ela também teria algo de natural, pois a organização dos termos e das frases obedece a leis autônomas. A língua se impõe forte às gerações como um conjunto de leis e padrões que os indivíduos herdam da coletividade. Mas mesmo sendo uma herança do grupo social, da nação, o falante pode mudar a língua que fala, podendo ir contra esta força de imposição. Para Humboldt, esse confronto com a força da língua do grupo social é que daria personalidade a ela, como acontece com os escritores e seus grandes textos, os filósofos e os cientistas. O confronto não cria abismos, mas sim uma ação recíproca entre o indivíduo e esta força. Por isso, Humboldt diz que a estrutura é o aspecto exterior da língua e a sua personalidade é interna, sendo a gramática e o dicionário somente “o seu esqueleto morto”. Assim, para ele, a língua só é viva no seu uso, o que lhe dá personalidade. O objetivo maior do estudo das línguas seria os textos literários, dividindo as investigações em dois domínios: a linguística (para as línguas vivas) e a filologia (para as línguas mortas), nascendo então uma visão um pouco mais próxima das áreas de estudos linguísticos que temos hoje. Entretanto, a tônica da Linguística do século XIX foio trabalho histórico-comparativo entre línguas, descrevendo-as e classificando-as a partir de seus traços estruturais comuns, construindo famílias genéticas como a das línguas indo-europeias, diferentemente do trabalho de busca do que era peculiar e próprio às línguas. A busca pelos traços individuais começou a ser vista como um trabalho subjetivo e pouco científico.

O conceito de língua não é algo fácil de ser definido, pois muitos são os questionamentos e pontos de vista sobre esta abstração que nomeamos “língua”. A primeira observação a seu respeito sempre parte da condição de sua natureza dupla - biológico ou cultura, fazendo-a um objeto de estudo tão complexo em que é difícil a separação do que é sistêmico e linguístico do que é social, político, ideológico e cultural. Para entendê-la,

inevitavelmente fazemos um recorte dentro das suas infinitas complexidades e, assim, atribuímos a este recorte uma personalidade, como afirma BAGNO (2011, p.357):

“Não há remédio: para se falar de uma língua, é preciso construí-la, fabricá-

la, forjá-la, dar um nome a ela, atribuir-lhe propriedades, características, personalidade, índole. E esse é um trabalho empreendido não somente pelo linguista, em suas pretensões de objetividade científica, mas também (e talvez sobretudo) pelos falantes comuns, em suas práticas de higiene verbal, de mitificação e mistificação coletiva dos bens simbólicos, de construção do imaginário social acerca da própria cultura a que pertence e dos mitos de

origem que lhes dão raízes históricas e memória comum.”

Uma língua é sempre dinâmica, variável e flexível dentro da intimidade de uma comunidade, sendo transformada em uma instituição digna de culto e adoração ao passar por um processo de padronização, que a retira de seu estado “natural”. A construção de uma norma-padrão é limitada, unificadora e homogeneizante, pois estabelece leis e códigos de conduta, tendo por símbolos maiores a gramática e o dicionário, além da escola como principal vetor de difusão. A partir disso, a língua em si é confundida com a norma-padrão, perdendo o seu caráter variante e livre, identificando-se como algo exterior ao indivíduo23.

A escolha da norma-padrão parte de critérios políticos que se ajustem ao projeto político de uma sociedade, sendo geralmente a língua falada na região onde se concentra o poder que ganhará status de língua oficial de um país. Ela será objeto de uma codificação, tornando-se assim um construto social associado a um grupo e seu território. Ela também será confundida com o vernáculo e será chamada de variante, mas em seu princípio está a estagnação de um modelo de correção linguística que precisa ser seguido e adorado como objeto. A sua relação com o poder é clara e evidente, sendo parte integrante e declarada de um projeto político.

23

BAGNO (2011, p.360) apresenta a ideia de “hipóstase”, que tem por fundamento a atribuição de um caráter concreto e objetivo a algo abstrato, configurando-se em um equívoco cognitivo. A língua construída passa a ser vista como a própria língua.

“A relação entre língua e poder não se oculta, não se dissimula. Pelo contrário, se declara explicitamente: „A língua sempre foi companheira do império’[...] o projeto da gramática é claramente político[...]”24

Línguas como o inglês, o francês e o alemão passaram por um alto nível de padronização, extremamente idealizado. A padronização dificulta a compreensão de que língua é algo muito mais fluido e instável do que se pensa. A cultura do monolinguismo é resultado desse processo homogeneizador e vai de encontro com a necessidade da nação de criar uma coesão identitária, através da legitimação da norma convencionada. MILROY (2011,p. 76-77):

“[...] tenho de passar a considerar uma característica essencial da própria

ideologia Ŕ a necessidade de mostrar que a língua padrão é uma variedade legítima da língua. É um dos aspectos mais interessantes da ideologia, sobretudo porque essa legitimidade tem sido construída, não apenas por meio do consenso na população geral, mas pelos esforços dos próprios linguistas profissionais.

A valorização de uma variedade dita padrão leva necessariamente a desvalorização de outras variedades, considerando-se a primeira legítima e a outras ilegítimas. Ao se associar a norma-padrão ao Estado-Nação25, o prestígio daquela será realizado através de uma historicização. Atribui-se à língua uma história respeitável, uma ancestralidade, um continuum

ao longo do tempo, o que teria permitido o seu cultivo e lapidação. É imaginada também uma pureza, evitando sua degradação-corrupção, sendo apenas os empréstimos aceitos para mostrar o seu caráter “flexível”. É a partir dessas premissas, que o árabe será resgatado nos projetos de nação pós-coloniais do Magrebe a fim de afastar toda a presença colonial francesa e restituir, assim, uma cultura dita original. Como se esta não fosse passível de influências geradas pelo contato linguístico-cultural no período colonial, ou mesmo ao longo de sua existência.

24

BAGNO (2011, p.369) Ŕ o autor cita a gramática castelhana de Nebrija (1492) como exemplo de projeto político na reconquista da península ibérica pelos espanhóis e na conquista de novas terras no período das grandes navegações.

25

A língua árabe se apresenta como um claro exemplo de confusão entre a norma-padrão e a ideia de língua dinâmica e variável. O que chamamos de árabe está fundamentado na língua escrita e no livro sagrado do islamismo (árabe clássico), não sendo a mesma língua da vida prática dos indivíduos, e nem sequer a mesma de um país ao outro. A sua nomeação como uma única língua faz parte da construção de uma identidade de uma irmandade árabe, que se pensa como única, partilhando crenças e valores, apesar das enormes diferenças e distâncias do ponto de vista linguístico. Quebrar essa visão é romper com uma unidade política e com mitos de origem que fundam a nação.

As línguas em suas formas padrão foram configuradas ao mesmo tempo em que os Estados-Nações também foram sendo criados, servindo como ligação entre os seus cidadãos e como identidade para se diferenciar das outras comunidades.

4.2 - A formação do conceito de nação e de Estado

É necessário fazer a separação dos conceitos de Estado e nação e os diferentes sentidos atribuídos aos dois dentro da tradição jurídica. LAGARDE (2008, p.70) define o Estado como uma estrutura essencialmente administrativa operada em um dado território, sendo articulado verticalmente Ŕ hierarquizado Ŕ e horizontalmente Ŕ extensão do poder a todos os domínios e pontos do território. A nação se define sobre outra lógica. Ela é fundamentalmente uma coletividade de indivíduos com a “vocação” de se organizar e assentada em um dado território. Esta é uma visão bem clássica sobre o conceito, pois o assentamento em um território não é regra geral. A palavra nação vem do latim natio, que está ligada também à

nascere, ou seja, sua essência tem a ver muito mais com uma ideia de filiação genética.

Ainda para LAGARDE, cabe ao Estado operar os diferentes dispositivos necessários para a realização dessas características. O Estado se apresenta como a figura representativa

dos interesses da nação, de onde ele tira Ŕ segundo o modelo francês Ŕ sua legitimidade. Assim, temos uma nação para cada Estado, ou seja, uma configuração da relação Nação- Estado.

O autor também apresenta três tipologias possíveis de nação dentro da tradição jurídica:

1) A nação política que repousa sobre a vontade política comum de partilhar um destino em comum;

2) A nação cultural que se funda sobre a etnia, a cultura, a língua e pelas raízes comuns;

3) A nação jurídica que consiste na reunião de pessoas que estão ligadas pelo direito ao Estado. A interação entre os três tipos geram quatro modelos possíveis:

A) Se as três definições coincidem, tem-se um Estado nacional coeso;

B) Quando a nação jurídica coincide com a nação cultural, mas não com a política, tem-se um ar nacionalitário compreendendo mais de um Estado;

C) Se a nação jurídica e a política coincidem, mas não a cultural, tem-se um Estado plurinacional que apresenta aspectos conflituosos;

D) Se a nação jurídica não coincide com nenhuma das duas outras, tem-se um estado plurinacional estável.

Segundo o autor, as relações aqui apresentadas podem mudar de acordo com as dinâmicas políticas internas de cada comunidade, não configurando assim em modelos estáticos. Entretanto, podemos contestar as suas apreciações no que se refere à estabilidade e à coesão, ou ainda à instabilidade em função da homogeneidade dos caracteres de um estado nacional, pois os conflitos sociais, as lutas de classe nesse cenário e os antagonismos identitários foram completamente ignorados. Na nossa visão, o Estado moderno deve ser o que garante o direito à diversidade em suas múltiplas manifestações.

O caso magrebino poderia ser pensado a partir de dois modelos: Argélia e Marrocos se aproximariam do caso C, pois apesar dos interesses políticos comuns desses países, pelo menos dois grupos estão em conflito nos seus cenários linguístico-culturais Ŕ a comunidade árabe e a comunidade berberofone. A Tunísia, como possui uma comunidade cultural e política mais homogênea segue próxima ao modelo A, apresentando mais coesão na sua tipologia como nação. Este modelo também se refere ao caso da França, em que a relação Nação-Estado se presume finalizada.

O prestígio do Latim como língua sagrada e elitista começa a mudar verdadeiramente a partir do século XVI, apesar de uma distinção já bem evidente entre um latim culto e aquele usado na vida cotidiana ainda no Império Romano. Porém, a convergência de diversos fatores, entre eles o da Reforma religiosa, contribuiu enormemente para que os vernáculos ganhassem espaço, sobretudo na impressão dos textos sagrados e nos textos oficiais e administrativos. Foi a tradução da bíblia para um falar médio, ou seja, para uma língua que fosse de fácil leitura para uma grande parte dos potenciais leitores (com suas diversas variantes e vernáculos) do mercado editorial europeu, que permitiu uma valorização e consolidação dos falares ditos vulgares. A impressão de livros foi uma das primeiras empresas capitalistas de grande sucesso na Europa ocidental. Em paralelo, desde o Renascimento, as monarquias começam a utilizar os vernáculos nos escritos administrativos, mas essas línguas ainda não tinham o caráter nacionalista que possuem hoje. A concepção de Estado Nacional só se consolidará em meados do século XVIII e início do XIX. O declínio do latim como língua de prestígio, os vernáculos que começam a ganhar terreno e a busca de um mercado mais amplo de leitores influenciaram decisivamente a possibilidade de se imaginar a Nação. As variedades de línguas começam a ganhar prestígio, tornando-se de extrema importância com a expansão dos territórios.

No século XIX, com a nova configuração sociopolítica que se estabelece entre um Estado central e seus cidadãos na Europa ocidental, aquele se servirá da língua para criar um meio de aproximação e de pertencimento à Nação, assim como tomará decisões sobre a língua para o que se refere à administração pública. Para isso, os Estados precisaram criar símbolos, tradições, folclores que justificassem e alimentassem o sentimento de pertencimento à Nação por seus habitantes. Assim, uma ampla generalização e unificação linguística foram realizadas por alguns Estados europeus nesse período, sobretudo a França (modelo de inspiração), através da opressão das variantes e línguas regionais e a imposição de uma língua única e oficial que representaria a todos. A escola obrigatória foi o principal canal para a realização desse processo, com a finalidade de expandir o bom uso da língua, permitindo o surgimento de gramáticas e dicionários baseados na língua escrita, modelo de correção linguística. Segundo BEREMBLUM (2003, p.41):

“A cidadania podia ser conquistada pela adoção da língua unificada,

nacional, oficial. Assim, a língua tornou-se um elemento essencial na

construção da nacionalidade”.

Na verdade, não era o uso da língua francesa que tornava a pessoa um francês, mas sim a voluntariedade de utilizá-la, como uma atitude cidadã de pertencimento à Nação. Para o cientista político Benedict Anderson, a nação é uma comunidade política imaginada, soberana e limitada, consequência de uma visão capitalista editorial, onde a língua, assim como outros fatores (território, religião e raça) será o ponto de coesão que sustentará o mito de uma unidade (ANDERSON, 2002,p.57):

“nous pouvons dire que la convergence du capitalisme et de la technologie de l‟imprimerie sur la diversité fatale des langues humaines a ouvert la

possibilite d‟une nouvelle forme de communauté imaginée qui, dans as morphologie moderne, a crée les conditions de la nation moderne.”26

O autor cita Ernest Gellner, estudioso do nacionalismo, que acreditava que nações eram inventadas onde elas não existiam. Entretanto, para Anderson, a palavra invenção pode assimilar um sentido de falsidade, por isso sua preferência pelos termos “criada” e “imaginada”. Ela é imaginada porque os seus membros acreditam estar conectados por uma gênese e história em comum, criando assim a ideia de pertencimento e de uma identidade nacional. A nação é limitada porque existem os limites físicos para além dos quais existe outra nação, assim como nenhuma nação se imagina contígua a outra. Ela é imaginada soberana porque nasceu em uma época em que a ideia do direito divino foi desconstruída pelo Iluminismo e pela Revolução. E por fim, a nação é pensada como uma comunidade, pois ela é sempre concebida como um grupo de pessoas que vivem e trabalham juntas de maneira

No documento – PósGraduação em Letras Neolatinas (páginas 35-59)

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