• Nenhum resultado encontrado

Língua e identidade nacional

Língua e identidade nacional: perspectiva histórica Língua e identidade nacional: perspectiva simbólica

Língua, cultura e identidade nacional Língua, multilinguismo e identidade nacional

De entre os diferentes elementos que são mobilizados na construção das identidades nacionais está a língua, cuja relevância para esse processo pode ser inferida quer pela frequência das referências, quer pela intensidade dos discursos de associação entre língua e a ideia de nação e nacionalismo. O fato de a língua consistir num dos poucos critérios que podem ser inferidos objetivamente (Hobsbawm, 2012) parece contribuir para o cenário em que a língua ganha relevância e destaque no processo de construção identitário.

Neste capítulo, parte-se de uma reflexão sobre o papel da língua na construção dos nacionalismos europeus numa perspectiva histórica. Hobsbawm situa sua importância num dado período, registrando uma mudança na percepção dos nacionalismos a partir de 1870, que conduz à afirmação de um nacionalismo linguístico ou etnolinguístico. Anderson (2006), por sua vez, destaca o papel das línguas de imprensa e a importância do seu desenvolvimento no contexto do capitalismo industrial que se afirma nos séculos XIX e XX.

A seguir, explora-se a relação entre língua e identidade nacional numa perspectiva simbólica, isto é, a ideia de língua como símbolo, como ícone de uma nação, como elemento de referência e de identificação. A língua como símbolo, numa sociedade onde os sistemas simbólicos adquirem cada vez mais importância, e o papel da mídia na construção, transmissão e disseminação desses símbolos são alguns dos temas desenvolvidos.

Prosseguindo com a reflexão, analisa-se a relação entre língua e o conceito de cultura, os quais, muitas vezes, aparecem sobrepostos ou, ao menos, num contexto de interdependência. A língua como limite do mundo, isto é, como limite da possibilidade de conhecimento, ou como elemento condicionante e conformador do indivíduo e da sua visão de mundo são algumas das abordagens discutidas. Em complemento a elas, estuda-se a noção de língua como portadora e transmissora de cultura, desempenhando papel central na criação, manutenção e disseminação de uma suposta cultura nacional, no âmbito da qual as identidades são construídas.

50

Por fim, o papel da língua na construção das identidades europeias é analisado no contexto do multilinguismo, no qual a moeda corrente deixa de ser a língua em sua unicidade e passa a ser a língua em sua diversidade – que é, então, valorizada e interpretada como uma mais-valia para o projeto europeu. Mas, se no contexto da interação entre os diferentes países que constituem hoje a União Europeia, a diversidade linguística é interpretada como valor, em outros, como no contexto das migrações, com as tensões e pressões linguísticas que este encerra, tais discursos de valorização nem sempre prevalecem, promovendo uma certa confusão e instabilidadeno interior do sistema.

O objetivo deste capítulo é identificar e explorar algumas das diferentes perspectivas de análise da relação entre língua e identidade nacional que possam contribuir para a reflexão sobre o tema no contexto europeu atual. Pretende-se também, com tal esforço, construir um pano de fundo contra o qual se possa pensar a posição de Portugal, no que diz respeito às questões identitárias que afloram das discussões sobre o novo acordo ortográfico, que será objeto da segunda parte desta pesquisa.

Língua e identidade nacional: perspectiva histórica

Embora a língua como fator de identidade ou de identificação seja um elemento recorrente em muitos dos discursos sobre os nacionalismos, seu papel pode ser – e tem sido – questionado. O que se discute não é tanto a existência de uma relação entre língua e nação, mas sim sua natureza e suas transformações ao longo do tempo. Pensando-se numa relação de causa-efeito, são as línguas que dão origem às nações ou são as nações que criam as línguas? Nesse contexto, quando falamos em língua, de que língua falamos: dos vernáculos orais ou escritos, das línguas administrativas dos antigos impérios coloniais, das línguas de cultura, línguas de imprensa, línguas nacionais?

Para refletir sobre tais questionamentos, parte-se do pensamento de Anderson (2006: 71-73), que, ao discorrer sobre a importância das línguas para os nacionalismos, ou melhor, sobre a importância das línguas para a construção de uma consciência nacional, destaca o papel desempenhado pelas línguas de imprensa. Segundo o autor (ibidem: 42-43), a formação de uma consciência nacional é indissociável de um contexto bastante específico: a combinação, que ele caracteriza como “explosiva”, entre o capitalismo (como modo de produção), a imprensa (como tecnologia de comunicação) e a diversidade linguística.

51

O capitalismo, com sua dependência da formação de mercados de consumo e de mão- de-obra para a produção em massa, promove a concentração de pessoas e torna cada vez mais necessária a comunicação entre elas. Novas tecnologias de comunicação são desenvolvidas e a adoção de uma língua comum, num contexto de coexistência de línguas diversas, torna-se necessária e economicamente vantajosa.

Com o desenvolvimento da imprensa, a língua passa a configurar um espaço ampliado de comunicação e compreensão mútuas ou, como afirma Anderson (2006: 72), campos de trocas e comunicação unificados em torno da língua, agora situada abaixo do latim, mas acima dos vernáculos orais, numa referência à criação daquilo que ele chamou de línguas de imprensa, já mencionadas acima.

Nesse contexto, e em decorrência dele, a língua ganha uma certa fixidez, característica do registro escrito e da pretensão de compreensão por um público heterogêneo e alargado. Do mesmo modo, novas relações de poder atreladas às línguas são construídas, ou seja, as línguas de imprensa são também configuradas como línguas de poder, concorrendo, em alguma medida, com as línguas administrativas. Essas novas línguas irradiam sua força pela sociedade, favorecendo aqueles indivíduos e grupos cujos vernáculos são alçados à categoria de língua de imprensa ou que dela se aproximam e que, por esse motivo, ganham prestígio face aos demais.

Como parte desse processo, multiplicam-se as publicações de gramáticas, vocabulários e estudos comparados, que mobilizam um número cada vez maior de especialistas e estudiosos, empenhados no desenvolvimento, na classificação e na organização das línguas em famílias e grupos. Anderson (2006: 71), citando Seton-Watson, identifica o século XIX, na Europa, como sendo a “era dourada” dos filólogos, gramáticos, lexicógrafos e literatos.

A escolha, definição e padronização de uma língua de imprensa não é indiferente ao processo de construção das línguas nacionais. Pelo contrário, as línguas de imprensa contribuem para esse processo ao atribuir prestígio a uma certa língua em detrimento de outras, que, consequentemente, acabam por ganhar maior estabilidade e conquistar maior número de falantes – tornam-se, assim, candidatas preferenciais ao posto de língua nacional e, nesse sentido, as precursoras das mesmas.

Para Hobsbawm, as línguas nacionais são construídas ao longo da constituição das nações propriamente ditas, num processo de forte cariz político-ideológico que pode envolver diferentes estratégias – a partir, por exemplo, de uma suposta correção ou padronização de línguas pré-existentes ou mesmo de sua invenção. Esse pensamento contraria o mito da nação como força natural e latente, adormecida durante séculos, ou seja, como uma consciência

52

coletiva em vias de se emancipar, reafimando seu caráter de artefato cultural e de produto de um dado contexto social, histórico e situado que aflora a partir do final do século XVIII na Europa:

The politico-ideological element is evident in the process of language-construction which can range from the mere ‘correction’ and standardization of existing literary and culture- languages, through the formation of such languages out of the usual complex of overlapping dialects, to the resuscitation of dead or almost extinct languages which amounts to virtual invention of new ones. For, contrary to nationalist myth, a people’s language is not the basis of national consciousness but, in the phrase of Einar Haugen, a ‘cultural artifact’. (Hobsbawm, 2012: 111)

Mas a existência de uma língua nacional, de acordo com Hobsbawm, nem sempre foi essencial para o processo de construção das nações. Para o autor, durante a fase inicial dos nacionalismos (de 1780 a 1870 aproximadamente), a língua não constitui um fator decisivo de identificação nacional. Ele cita, entre outros, o exemplo da França à época da Revolução Francesa, onde 50% dos franceses não falavam francês e apenas 12 ou 13% eram capazes de falar a língua “corretamente” (2012: 60).

No período subsequente, no entanto, as línguas rapidamente assumem relevância. Retomando o caso francês, logo após a revolução, tem início um movimento de uniformização linguística, excepcional para a época, no entender de Hobsbawm. Essa política de difusão e afirmação da língua francesa é mais uma evidência de que, no princípio dos nacionalismos, falar a língua nacional não foi um critério relevante para a afirmação de uma nacionalidade – no caso, a francesa. No entanto, aderir a ela posteriormente, ou seja, falar o francês, torna-se, progressivamente, pré-requisito obrigatório para o exercício da cidadania e para a identificação nacional:

The French insistence on linguistic uniformity since the Revolution has indeed been marked, and at the time it was quite exceptional. (…) But the point to note is, that in theory it was not the native use of the French language that made a person French – how could it when the Revolution itself spent so much of its time proving how few people in France actually used it? – but the willingness to acquire this, among the other liberties, laws and common characteristics of the free people of France. In a sense acquiring French was one of the conditions of full French citizenship (and therefore nationality) as acquiring English became for American citizenship. (Hobsbawm, 2012: 21).

As línguas são, assim, mobilizadas para a causa nacional, num movimento que marca a transformação dos nacionalismos de uma fase inicial, caracterizada por Hobsbawm (apud Smith, 2001: 121) como sendo a do nacionalismo das massas, cívico e democrático, que se

53

desenvolve no período entre 1830 e 1870, para uma nova forma de nacionalismo: o nacionalismo etnolinguístico, que se afirma entre 1870 e 1914.

Segundo Hobsbawm (2012), as línguas, cujas origens são difíceis de precisar, mas que, invariavelmente, remetem para um passado longínquo e incerto, prestam-se na perfeição às estratégias de enraizamento das nações nesse passado distante: constituem uma espécie de

prova de existência e capacidade de sobrevivência, assim como um atestado do seu direito ao reconhecimento público como nação com o estatuto de Estado e todos os direitos a ele

inerentes.

Essa afirmação de antiguidade, típica da nação moderna recém-criada, embora represente um paradoxo e, mais do que isso, um equívoco, como defende Hobsbawm, é recorrente. Fundamenta-se numa concepção da nação como resultado de um desenvolvimento natural e progressivo, lento e duradouro, que se desenrola quase que à revelia da indústria humana. A nação ganha, assim, a força dos fenômenos naturais que há muito tempo e em larga escala subjugam a vontade do homem:

We should not be misled by a curious, but understandable, paradox: modern nations and all their impedimenta generally claim to be the opposite of novel, namely rooted in the remotest antiquity, and the opposite of constructed, namely human communities so ‘natural’ as to require no definition other than self-assertion. (Hobsbawm, 1994: 76).

A existência de uma língua nacional e os discursos em torno dela tornam-se, assim, fundamentais para os nacionalismos e a construção das nações, como indica o movimento das elites locais no sentido de adquirir proficiência em tais línguas. Essas elites, em geral criadas e educadas nas línguas de prestígio – ou seja, nas línguas administrativas e de cultura – nem sempre dominavam os vernáculos. No momento em que o domínio da língua local é alçado à condição de prova de uma nacionalidade, é preciso encontrar uma explicação para tal deficit. Segundo Anderson (2006), a justificativa para tal falta era o estado de dormência em que vivia e sobrevivia a nação, uma espécie de sono cujo despertar se dá ao longo do século XIX.

Anderson, no mesmo sentido de Hobsbawm, também identifica uma transformação no papel da língua para os nacionalismos. Segundo ele, se, num primeiro momento, as línguas não são percebidas como fator de identificação nacional, atreladas a um dado grupo ocupante de um território específico, num momento posterior passam a operar como verdadeiras barreiras naturais, separando comunidades nacionais sob o domínio dos antigos impérios: “os vernáculos ‘não civilizados’ começaram a ter a mesma função política que o Oceano

54

Atlântico desempenhara anteriormente: ou seja, a de “separar” as comunidades nacionais subjugadas dos antigos reinos dinásticos” (Anderson, 2006: 257).

Outro fator que contribui para a construção das identidades nacionais em torno da unidade linguística é a realização dos censos. Como afirma Anderson (2006), no final do século XIX, os censos, que a princípio tinham por objetivo quantificar o número de indivíduos pagadores de impostos ou aptos para a atividade militar – deixando de fora, assim, mulheres e crianças, por exemplo –, passam a se organizar em torno de outros critérios de classificação. Religião, etnia e língua são incluídos ou realçados à medida que o império se especializa e multiplica suas funções, ampliando, ao mesmo tempo, a máquina administrativa para dar conta dos novos sistemas de educação, saúde, administração da justiça, policiamento, etc.

Essas transformações seguem sempre a lógica dos realizadores dos censos que, segundo Anderson, gira em torno de uma quase obsessão pela completude e pela ausência de ambiguidade, impossíveis de serem efetivamente aplicadas. Cria-se, assim, uma espécie de ficção onde as categorias listadas são entendidas como únicas, claras, distintas e isentas de zonas cinzentas e de indefinições: “(t)he fiction of the census is that everyone is in it, and that everyone has one – and only one – extremely clear place” (Anderson, 2006: 166).

Nesse novo desenho, a inclusão da língua como categoria de classificação e objeto de quantificação nos censos é bastante debatida, como afirma Hobsbawm. Segundo o autor, no congresso internacional de estatística de 1860, sua inclusão é considerada opcional, cabendo a cada Estado analisar sua relevância e optar ou não por ela. Em 1873, no entanto, passar a ser expressamente recomendada (Hobsbawm, 2012: 97).

Portanto, se a língua, naquele momento, não era ainda um critério essencial de identificação nacional para alguns Estados, tal cenário se modifica com sua inclusão no censo, quando grupos passam a se identificar e diferenciar a partir dela como nunca haviam feito antes. Desenvolve-se, em torno da língua, uma certa consciência ou percepção da identidade e da diferença, de pertença a um grupo maioritário ou minoritário, da partilha de uma posição de vantagem ou desvantagem no interior dos impérios:

What nobody quite appreciated was that asking such a question would in itself generate linguistic nationalism. (...) In truth, by asking the language question censuses for the first time forced everyone to choose not only a nationality, but a linguistic nationality. The technical requirements of the modern administrative state once again helped to foster the emergence o nationalism (…). (Hobsbawm, 2012: 100).

55

Um outro desdobramento da inclusão das línguas como categoria nos censos relaciona-se com a associação da língua e suas estatísticas a outros critérios de classificação simultaneamente adotados, como etnia, religião, estatuto sócio-econômico entre outros, trazendo à tona relações de poder que antes poderiam passar despercebidas e criando novos pontos de contato e ligação, assim como de conflitos.

Especialmente a partir de 1830 e até o final do século XIX, as línguas paulatinamente ganham destaque como critério de nacionalidade, configurando uma espécie de nacionalismo linguístico. Falar a língua torna-se critério de identificação nacional e também de reconhecimento público como membro integrante de uma nacionalidade específica. O amor à língua se confunde com o amor à nação. Proteger e afirmar a língua torna-se sinônimo de proteger e afirmar a nação. A língua é entendida como sendo a alma da nação, e não o resultado de uma construção historicamente situada e de tradições inventadas:

Yet the ‘national language’ is rarely a pragmatic matter, and still less a dispassionate one, as is shown by the reluctance to recognize them as constructs, by historicizing, and inventing traditions for, them. Least of all was it to be pragmatic and dispassionate for the ideologists of nacionalism as it evolved after 1830 and was transformed towards the end of the century. For them, language was the soul of a nation, and, as we shall see, increasingly the crucial criterion of nationality. (Hobsbawm, 2012: 95).

Nesse sentido, vale ainda destacar o papel da língua na construção das chamadas nações tardias: Alemanha e Itália. Unificadas na segunda metade do século XIX, em ambos os casos, a língua – ou seja, o alemão e o italiano, respectivamente – desempenha papel crucial como fator de identidade, embora não fosse, à época, utilizada pela grande maioria das pessoas quer num caso quer noutro. Mais do que meras línguas administrativas, o alemão e o italiano eram línguas de cultura e de valor literário, consistindo, segundo Hobsbawm (2012: 103), no único elemento que fazia daqueles indivíduos alemães ou italianos. Essa mesma ideia é defendida por Blommaert & Verschueren que, ao citarem o exemplo alemão, identificam a língua como sendo virtualmente o único recurso de identificação nacional possível:

The German quest for a nation-state was considerably facilitaded by the spread of German dialects across a large part of Europe. Though only few people actively used a common language of culture, politically the geographical area in question had been so fragmented that language was not only a useful, but virtually the only possible, focus for unity. Moreover, by the time of German unification in the second half of the nineteenth century, European nationalism was taking a linguistic turn (expressed, i.a., in the insertion of a language question in national censuses). (Blommaert & Verschueren, 1992: 364).

56

Essa centralidade do papel da língua caracteriza os nacionalismos linguísticos, que giram em torno, não só da língua como símbolo de uma identidade nacional, mas especialmente da língua de educação e de administração, isto é, da língua adotada pelos sistemas de educação pública e pelos governos – “linguistic nationalism was and is essentially about the language of public education and official use” (Hobsbawm, 2012: 96).

Em tal cenário, a transformação do papel da língua está intrinsecamente relacionada com a construção das chamadas línguas nacionais, ou seja, de uma língua comum a todos os membros de uma dada nação, que permite a comunicação mas também a identificação recíproca, a partilha de valores e cultura, o sentimento de pertença e, do mesmo modo, mas em sentido inverso, a delimitação, a marcação da diferença e a instauração da suspeita face à imaginação do outro.

Mas, se, na construção das línguas nacionais, prevalecem os discursos de atribuição de relevância às suas funções comunicativa e cultural, Hobsbawm aponta em direção oposta, identificando as questões de poder, status, política e ideologia como sendo centrais ao desenvolvimento dos nacionalismos linguísticos: “(a)t all events problems of power, status, politics and ideology and not of communication or even culture, lie at the heart of the nationalism of language” (Hobsbawm, 2012: 110).

Nesse contexto, vale ainda destacar que o processo de construção das línguas nacionais só se torna possível com o desenvolvimento concomitante da imprensa e dos sistemas de educação de massas (Hobsbawm, 2012: 10), que simultaneamente promovem e dependem da literacia numa dada língua, agora de cariz nacional, padronizada e prestigiada. Mais uma vez, o capitalismo representa a força propulsora desse processo, com sua dependência de mercados ampliados e meios de comunicação e circulação desenvolvidos e a consequente demanda cada vez maior por literacia.

A ampliação do papel da literacia em tal cenário também é destacada por Gellner (1994) em sua reflexão sobre a modernidade, caracterizada, segundo ele, pela transformação da vida social e econômica, por maior mobilidade e pela emancipação do proletariado industrial. De acordo com o autor, as instituições da modernidade, com seu aparato econômico, de governo e educação, requerem novas literacias, favorecendo, assim, a língua de poder, que passa a representar uma espécie de passaporte para se alcançar a cidadania em sua plenitude (ibidem: 60).

Em resumo, a modernização das sociedades, marcadas por um maior desenvolvimento e dependência tecnológica e dos meios de produção em massa, cria novas exigências, entre elas, uma demanda cada vez maior pela literacia na língua nacional, que precisa ser

57

devidamente apropriada, não só no âmbito da oralidade, como no da escrita. Essa nova

Documentos relacionados