• Nenhum resultado encontrado

Revisão de Literatura

Observação 1 Resultados comparativos através do teste de comparação de proporções Observação 2–Letras distintas entre parênteses indicam diferença significante entre

6.2 LÍQUEN PLANO ORAL E LEUCOPLASIA

Os dados do presente estudo sugerem que, pelo menos nesta população estudada, os índices de prevalência de leucoplasia oral (0,8%) e líquen plano (0,3%) estão de acordo com estudos de população geral de outras partes do mundo ocidental (BOUQUOT et al 1986; AXELL, 1987; BOKOR-BRATIC, 2003; DELILBAŞI et al 2003). A grande variação produzida por alguns estudos que sugerem índices de prevalência mais elevados (GORSKY et al 1996) pode ser devido à falta de critérios de diagnóstico mais precisos, principalmente com relação ao líquen plano oral. O critério estabelecido para o presente estudo foi bastante rígido, sendo incluídos apenas aqueles que obtiveram confirmação histopatógica do diagnóstico clínico inicial. Foi sugerido, anteriormente, que o mesmo critério pode não ter sido aplicado à totalidade dos estudos anteriores. Ainda, o líquen plano possui, em sua etiopatogenia, forte influência do sistema imunológico, e doenças imunológicas parecem acometer pacientes caucasianos com mais freqüência. A cor da pele dos pacientes, no presente estudo, não foi fator determinante para o aparecimento das lesões, mas cabe ressaltar que a definição de padrões étnicos em nossa população, altamente miscigenada, pode deixar a desejar.

59

O fato de o líquen plano acometer, com maior freqüência, pacientes do gênero feminino corrobora com os achados de outros estudos (JAHANBANI, 2003), muito embora, apesar de apresentar uma tendência bastante forte (cinco pacientes do gênero feminino contra um do gênero masculino), não foi suficiente para demonstrar associação estatisticamente significante. A idade parece ser também um fator importante no aparecimento do líquen plano oral (JAINKITTIVONG, ANEKSUK, LANGLAIS, 2002). No presente estudo, cinco dos seis pacientes acometidos (83%) tinham mais de 30 anos de idade.

A presença de lesões foram analisadas em 2281 prontuários, ou seja, para quatro pacientes, não se conseguiu um diagnóstico conclusivo. A presença de leucoplasia foi observada em 19 indivíduos (0,8%), 13 do gênero feminino e 6 do gênero masculino. Vale ressaltar, contudo, que não houve diferença estatisticamente significante entre os gêneros. Foi possível observar também que a prevalência de leucoplasia aumentou com a faixa etária, demonstrando uma diferença significante entre as duas últimas faixas etárias (30 a 64 e 65 a 90) quando comparadas com cada um dos outros grupos etários. Ainda, houve diferença estatisticamente significante entre os indivíduos que consumiram álcool no passado, quando comparado com os que nunca consumiram. O mais importante, porém, foi observar que a maior prevalência foi registrada entre os que consumiam fumo no presente e menos elevada entre os que nunca consumiram, com diferenças significantes entre cada uma das categorias. Finalmente, a prevalência da lesão foi mais elevada entre os pacientes melanoderma, entretanto, sem diferenças significantes entre as três categorias desta variável. Ressalta-se que, devido à ocorrência de freqüência nula, deixou-se de aplicar teste estatístico comparativo com a faixa de 1 a 10 anos.

60

Em relação à presença de leucoplasia oral, na população estudada, foi possível observar que o gênero não parece ser importante no aparecimento destas lesões. Vale ressaltar que, neste grupo estudado, não foi estabelecido se os pacientes do gênero masculino, fumavam e/ou consumiam álcool com maior freqüência do que as pacientes do gênero feminino. Seria interessante, em estudos futuros, estabelecer se existe essa associação. Contudo, independente da variável gênero o consumo presente ou passado de tabaco e/ou álcool, demonstraram (VAN DER WAAL et al 1997, BOKOR –BRATIC, 2003) estar associado com o aparecimento de leucoplasia oral.

A variável cor da pele também não parece ser importante no aparecimento de leucoplasia oral (PETTI, 2003). A variação geográfica existente entre os diferentes estudos de prevalência pode ser devida aos hábitos das populações estudadas (REICHART et al 1996; SCHEIFELE, REICHART E DIETRICH, 2003). Desta forma, populações cujo hábito do fumo, em suas mais diversas modalidades, é mais comum, como, por exemplo, na Índia, índices alarmantes de leucoplasias e outras doenças potencialmente malignas são mais elevados.

O fumo parece ser o principal fator desencadeador das leucoplasias orais (SCHEPMAN et al 2001). No presente estudo, talvez até de forma surpreendente, somente uma minoria da população estudada declarou fazer uso presente ou passado do fumo, 593 de um total de 2257 (26%). Este parece ser o motivo pelo qual somente menos de 1% da população estudada seja portadora desta lesão.

61

A razão pela qual pacientes que nunca fumaram ou consumiram álcool no presente ou no passado e, ainda assim, serem portadores de leucoplasia oral, permanece obscura e não foi objetivo do presente estudo. Entretanto, é possível que outros fatores ou co-fatores sejam responsáveis pelo aparecimento da referida lesão. É possível que, em estudos futuros, seja avaliada a presença do papiloma vírus humano (HPV) através de captura híbrida ou através da reação de polimerização em cadeia (PCR).

Conclusões

63

7- CONCLUSÕES

Com base na literatura consultada e comparando-a com os dados obtidos do presente trabalho, e após discussão analítica, podemos afirmar que: estudos para se detectarem patologias fisiológicas do desenvolvimento são importantes, no sentido de que elas podem acarretar desordens estético-funcionais.

No caso dos grânulos de Fordyce, há comprometimento da estética quando estes se localizam no vermelhão dos lábios, e da função, pois existem relatos de alteração de paladar, com a predominância de gosto salgado na cavidade oral dos pacientes pesquisados. A ocorrência deste tipo de anomalia deve ser pesquisada, notificada e divulgada por ser uma alteração relativamente comum, principalmente entre indivíduos adultos do gênero masculino, a partir da quarta década de vida.

Neste mesmo estudo pode-se afirmar que o líquen plano oral e a leucoplasia são doenças com baixo índice de prevalência na população estudada

.

Os fatores de risco para o aparecimento de leucoplasias, no presente estudo, puderam ser verificados como sendo o fumo e o álcool.

Finalmente, tanto a leucoplasia quanto ao líquen plano oral parecem acometer, com maior freqüência, pacientes do gênero femenino a partir da quarta década de vida.

Referências

65

REFERÊNCIAS

ALAM, F.; HAMBURGER, J. Oral mucosal lichen planus in children. Int J Paediatr

Dent; v.11, n. 3,p.209-214, May. 2001.

ALLEN CM. Is lichen planus really premalignant?. Oral Surg Oral Med Oral Pathol

Oral Radiol Endod, v. 85, n. 4, p. 347, Apr. 1998.

AXELL, T. Occurrence of leukoplakia and some other oral white lesions among 20,333 adult Swedish people. Community Dent. Oral Epidemiol., v.15, n. 1, p. 46- 51, Feb 1987.

AXELL, T; RUNDQUIST, L. Oral lichen planus-a demographic study. Community

Dent. Oral Epidemiol., v.15, n. 1, p. 52-56, Feb 1987.

BAGÁN, J.V. RAMON C, GONZALEZ L, DIAGO M, MILIAN MA, CORS R, LLORIA E, CARDONA F, JIMENEZ Y. Preliminary investigation of the association of oral lichen planus and hepatitis C. Oral. Surg. Oral Med. Oral Pathol. Oral Radiol.

Endod., v. 85, n. 5, p. 532-536, May 1998.

BANOCZY, J.; RIGO, O. Prevalence study of oral precancerous lesions within a complex screening system in Hungary. Community Dent. Oral Epidemiol., v. 19, n. 5, p. 265-267, Oct 1991.

BIRMAN, E. G.; SILVEIRA, F. R. X. da; SAMPAIO, M. C. C. Prevalência de lesões da mucosa bucal em pacientes geriátricos. Rev. Fac. Odontol. F.Z.L, v.3 , n.1,p.17- 25, jan-jun, 1991.

BOKOR-BRATIĆ, M. The prevalence of precancerous oral lesions: oral leukoplakia.

66

BOKOR-BRATIĆ, M.; PIĆURIĆ I. The prevalence of precancerous oral lesions: oral lichen planus. Arch Oncol., v. 9, n. 2, p. 107-109. 2001.

BOKOR-BRATIC, M. Prevalence of oral leukoplakia. Med Pregl, v. 56, n. 11-12, p.552-555, Nov/ Dec. 2003.

BOUQUOT, J.E., GORLIN, R.J. Leukoplakia, lichen planus, and other oral keratoses in 23,616 white Americans over the age of 35 years. Oral Surg. Oral Med. Oral

Pathol., v. 61, n. 4, p.373-381, Apr. 1986.

CADUGO, M. A.; CHUA, M. G.; FELICIANO, M. A.; JIMENEZ, F.C. Jr.; UY, H. G. A preliminary clinical study on the oral lesions among the Dumagats. J. Philipp Dent.

Assoc., v. 50, n.2, p. 36-42. Sep/Nov.1998.

CAMPISI G, DI FEDE O, CRAX A, DI STEFANO R, MARGIOTTA V. Oral lichen planus, hepatitis C virus, and HIV: no association in a cohort study from an area of high hepatitis C virus endemicity. J Am Acad Dermatol; v.51, n.3, p. 364-370. Sep .

2004.

CARROZZO, M; GANDOLFO, S, CARBONE, M, COLOMBATTO, P, BROCCOLETTI, R, GARZINO,-DEMO, P, GHISETTI, V. Hepatitis C virus infection in Italian patients with oral lichen planus: a prospective case-control study. J. Oral

Pathol. Med., v. 25, n. 10, p. 527-533, Nov. 1996.

CECCOTTI, EDUARDO LUIS; SFORZA, RICARDO; BRUZZONE, RICARDO; CALB, IGNACIO; DABOUL, JORGE; BALESTRIERI, JORGE; GOLDSTEIN, SOFÍA; VENEGAS, SILVIA LAURA; RIVAS, HILDA. Leucoplasia hoy: una revisión. Rev.

Asoc. Odontol. Argent . v.9, n.5, p.420-429, oct.-dic. 2003.

CERRI, A; SILVA , C. E. X. S.R. Desvios de normalidade da cavidade buca.

http://www.guiaodonto.com.br/ver_artigo.asp?codigo=122l publicado em : 27/02/2005.

67

CHANG, F.; SYRJANEN, S.; KELLOKOSKI, J.; SYRJANEN, K. Human papillomavirus (HPV) infections and their associations with oral disease. J. Oral

Pathol. Med., v. 20, n.7, p. 305-317, Aug. 1991.

DALEY, T. Pathology of intraoral sebaceous glands. J. Oral Pathol. Med. v. 22, n.6, p.241-245, Jul. 1993.

DARWAZEH A. M.; PILLAI, K. Oral lesions in a Jordanian population. Int. Dent. J., v. 48, n.2, p.84-88, Apr. 1998 .

DELILBAŞI, C.; AKMAN, H.; REDZEP, E.; AKAL, U.K. Prevalence of Oral Precancerous Lesions in Selected Turkish Population. J. Med. Sci., v. 33, p. 39-42, 2003.

DIETRICH, T.; REICHART, P.A.; SCHEIFELE, C. Clinical risk factors of oral leukoplakia in a representative sample of the US population. Oral Oncol., v. 40, n. 2, p.158-163, Feb. 2004.

EDWARDS, P. C.; KELSCH, R. Oral lichen planus: clinical presentation and management. J. Can. Dent. Assoc., v. 68, n. 8, p. 494-499, Sep.2002.

EISEN, D. The clinical features, malignant potential, and systemic associations of oral lichen planus: a study of 723 patients. J. Am. Acad. Dermatol., v. 46, n. 2, p. 207-214, Feb. 2002.

EPSTEIN JB, WAN LS, GORSKY M, ZHANG L. Oral lichen planus: progress in understanding its malignant potential and the implications for clinical management.

Oral Surg Oral Med Oral Pathol Oral Radiol Endod., v. 96, n.1, p. 32-37, Jul.2003.

EPSTEIN, J.B.; GORSKY, M. Topical application of vitamin A to oral leukoplakia: A clinical case series. Cancer, v. 86, n. 6, p. 921-927, Sep. 1999.

68

ESPINOZA, I., ROJAS, R.; ARANDA, W.; GAMONAL, J. Prevalence of oral mucosal lesions in elderly people in Santiago, Chile. J. Oral Pathol. Med; v.32,n.,10, p.571-5. Nov. 2003 .

ESTRELA, C. Metodologia científica. In: _____Tipos de Estudos. 1 ed. São Paulo : Artes Médicas, cap. 8, p.123-143; 2001.

FIGUEIREDO, L.C.; CARRILHO, F.J.; ANDRAdE, H.F.; MIGLIARI, D.A. Oral lichen planus and hepatitis C virus infection. Oral Dis., v. 8, n. 1, p. 42-46, Jan. 2002.

GORSKY, M.; BUCHNER, A.; FUNDOIANU,-DAYAN, D.; COHEN, C. Fordyce granules in the oral mucosa of adult lsraeli Jews. Community Dent. Oral

Epidemiol., v.14, n.4, p.231-232, Aug,1986.

GORSKY, M, RAVIV, M, MOSKONA, D, LAUFER, M, BODNER, L. Clinical characteristics and treatment of patients with oral lichen planus in Israel. Oral Surg.

Oral Med. Oral Pathol. Oral Radiol. Endod., v. 82, n.6, p. 644-649, Dec 1996.

IKEDA, N.; ISHII, T.; IIDA, S.; KAWAI, T. Epidemiological study of oral leukoplakia based on mass screening for oral mucosal diseases in a selected Japanese population. Community Dent. Oral Epidemiol., v. 19, n. 3, p. 160-163, Jun 1991.

IKEDA, N. Prevalence study of oral mucosal lesions in a selected Cambodian population. Community Dent. Oral Epidemiol., v. 23, n. 1, p. 49-54, Feb 1995.

JAHANBANI, J. Prevalence of oral leukoplakia and lichen planus in 1167 Iranian textile workers. Oral Dis.,v. 9, n. 6, p.302-304, Nov. 2003.

JAINKITTIVONG, A.; ANEKSUK, V.; LANGLAIS, R.P. Oral mucosal conditions in elderly dental patients. Oral Dis., v. 8,n.4, p. 218-223, Jul.2002.

KOVAC-KOVACIC, M.; SKALERIC, U. The prevalence of oral mucosal lesions in a population in Ljubljana, Slovenia. J. Oral Pathol. Med., v.29, n.7, p.331-335, Aug. 2000.

69

LANDENBERGER, H.; SIEPMANN, K.; ROHRBACH, J. M. Hyperplasia of sebaceous glands (Fordyce’s disease) in an oral mucocutaneous graft: 45-year follow-up. Klin Monatsbl Augenheilkd., v.214, n.3, p.185-187, Mar. 1999.

LEE CH, KO YC, HUANG HL, CHAO YY, TSAI CC, SHIEH TY, LIN LM. The precancer risk of betel quid chewing, tobacco use and alcohol consumption in oral leukoplakia and oral submucous fibrosis in southern Taiwan. Br J Cancer., v.88, n.

3, p.366-72. Feb. 2003.

MARBACK, E. F.; GONZAGA, R. I.; RIGUEIRO, M. P.; MARTINS, M. C.; ERWENNE, C.M.. Fordyce nodules in a buccal membrane graft to the ocular surface.

Ophthal. Plast. Reconstr. Surg., v.l8, n.4, p. 308-309. Jul. 2002.

MARKOPOULOS, A.K.; ANTONIADES, D.; PAPANAYOTOU, P.; TRIGONIDIS, G. Malignant potential of oral lichen planus; a follow-up study of 326 patients. Oral

Oncol., v. 33, n. 4, p. 263-269, jul.1997.

MARTIN, M.D.; BROUGHTON, S.;DRANGSHOLT, M. Oral lichen planus and dental materials: a case-control study. Contact. Dermatitis, v. 48, n.6, p. 331-336, jun. 2003.

McCREARY, C.E.; McCARTAN, B.E. Clinical management of oral lichen planus. Br.

Documentos relacionados