• Nenhum resultado encontrado

O Laicato e a Jornada Mundial dos Pobres

No documento AGENDA FORMATIVA. Tempo de esperançar (páginas 87-89)

O Dia mundial dos pobres não é um episódio, é um momento de provocação, de resistência, de convivência, de se incomodar, de lutar, de reconhecer na presença dos mais necessitados a presença de Deus na História e que quer vida digna indistintamente.

Estender a mão ao pobre, teológica, pastoral e politicamente, significa pensar nos interesses e na proximidade dos empobrecidos; na sua situação de penúria e que está sendo banalizada no Brasil e agravada pela pandemia. Estender a mão ao pobre é um gesto polí- tico, humano, fraterno, transformador, especialmente no momento em que as mãos se fecham porque ficam contando o lucro. As mãos que se abrem aos irmãos é para transformar, para partilhar.

Conviver é não ter privilégios, é estar e lutar junto. Eu não posso falar para o pobre esperar a transformação e a revolução chegarem. Betinho nos falava que quem tem fome, tem pressa, por isso dar alimento para o pobre não atrasa a revolução. Dar um prato de comida significa que junto vem a garantia de assistência básica, de direitos, de dignidade. Com uma mão eu estendo para dar a comida ao pobre, com a outra mão eu luto para que a pobre- za diminua e desapareça.

Se não temos espaço no nosso coração, nas nossas comunida- des, para os mais frágeis, vulneráveis, esquecidos, marginalizados, doentes, estaremos traindo a nossa fé, traindo o reinado de Deus.

Jesus fala, no evangelho de Mateus, 25, das necessidades bá- sicas da vida: comer, beber, a saúde, a liberdade, o acolhimento, a verdade. Esse é o grande desafio de quem enfrenta um sistema como o nosso: reconhecer a presença de Deus na História e que se dá na pessoa do descartado, como diziam os profetas.

O Dia mundial dos pobres é dia de resistir, de maneira empo- brecida, sem armas, desarmados; resistirmos pela fé, pela força da palavra, do testemunho de amor, de luta pela justiça e pela verdade. Por isso, nesse Dia do Pobre, que antecede o domingo da soleni- dade de Cristo Rei, não celebrem Jesus como um rei poderoso, mas amoroso; como rei impositivo, mas rei compassivo, empobrecido, despojado e desvalido. Olhem para a cruz e vejam o trono de Jesus. “Quando foi que te reconhecemos, Senhor? E o Rei responderá: Eu garanto a vocês: todas as vezes que vocês fizerem isso a um dos menores dos meus irmãos, foi a Mim que o fizeram”. (Mt 25,40).

Padre Júlio Lancelotti Lives CNLB: O Laicato e a Jornada Mundial dos Pobres.

Provocação do Papa Francisco

"Estende a mão ao pobre" é, pois, um convite à responsabilidade, sob forma de empenho direto, de quem se sente parte do mesmo destino. É um encorajamento a assumir os pesos dos mais vulneráveis,

como recorda São Paulo: "Pelo amor, fazei-vos servos uns dos outros. É que toda a Lei se cumpre plenamente nesta única palavra: ama o teu próximo como a ti mesmo. (...) O Apóstolo ensina que a liberdade que nos foi dada com a morte e ressurreição de Jesus Cristo é, para cada um de nós, uma responsabilidade para colocar-se ao serviço dos outros, sobretudo dos mais frágeis. Não se trata duma exortação facultativa, mas duma condição da autenticidade da fé que profes- samos". Mensagem para o IV Dia Mundial do Pobre

Intenções do Papa Francisco para cada mês de 2021 As pessoas que sofrem de depressão

Rezemos para que as pessoas que sofrem de depressão ou de esgotamento encontrem em todos um apoio e uma luz que as abra para a vida.

Conversando

O brilho dos cristãos leigos e leigas

Há quem diga: “Falta para muitos fazer o laicato brilhar”. Não vamos nos subestimar; nós somos criaturas amadas por Deus e não é o pecado que vai tirar o nosso brilho d'Ele. É momento de começamos a abrir nosso olhar para esse brilho de Deus escondi- do em nós e é isto que nos vai levar à salvação e vai nos possibilitar começarmos a agir.

Essa ação deve vir de uma espiritualidade encarnada em Jesus Cristo, que tem duas vertentes: seguir o Cristo da carne, que é o

da relação amorosa e misericordiosa com os outros, e o Cristo da cruz, que é o do sofrimento, do enfrentamento. Seguir a Cristo, que é uma pessoa concreta, não uma ideia e nem uma ideologia. Mas é preciso cuidar das duas partes que há em nós: corpo e espírito. Somos humanos com espírito porque senão seriamos cadáveres.

A graça do batismo, a oração, o seguimento a Jesus, entendendo o seu Evangelho, é que nos levará a ações com brilho. Mas cuidado para que o brilho não vire estrelismo dentro da pastoral, da liturgia, da Igreja enfim, porque daí não seria mais brilho, ele estaria ofuscado e se perderia a dimensão do serviço, porque estamos aqui para servir.”

Lives CNLB:

O Brilho dos Cristãos Leigos e Leigas

Questões que nos interpelam

14/11 Dia Mundial do Pobre

As nossas comunidades são hospitais de campanha, conforme diz o Papa Francisco? São ilhas de misericórdia num mundo de indiferen- ça e egoísmo? Os excluídos, descartados, têm espaço nas comunida- des, não só espaço para ficar na fila esperando ver se vão conseguir o cartão da cesta básica, mas têm espaço de conversa, de acolhida, de participação? Os pobres, os descartados são conhecidos, reconheci- dos e acolhidos, têm espaço de convivência nas nossas paróquias?

Nesse momento, nossas comunidades têm que ter uma rede enorme de solidariedade para que ninguém da comunidade fique privado de alimentação ou de medicação, daquilo que é necessário para sobreviver, inclusive o afeto, a presença, o carinho das pessoas.

Como é que os empobrecidos estão participando, sentindo esse dia deles? Como a sua comunidade, o seu movimento, você em particular, convive, resiste, luta, se incomoda e é provocado a essa questão nesse Dia do pobre e dia do Cristão Leigo e Leiga, cuja vocação primeira é a missão de transformar o mundo segundo o Evangelho?

Lives CNLB:

O Laicato e a Jornada Mundial dos Pobres.

Recordando

“O renascimento da humanidade começou de uma mulher. As mulheres são fontes de vida! Não obstante, são continuamente espezinhadas, espancadas, violentadas, obrigadas à prostituição e a privar a vida que trazem no seio. Toda a violência infligida à mulher é uma profanação de Deus, nascido de mulher. A salvação da humanidade veio do corpo de uma mulher. O nível da nossa hu- manidade mede-se pelo modo com que tratamos o corpo de uma mulher. (Homilia de 01/01/2020)

Meditar essa fala do Papa nos reporta ao triste fato de que com a pandemia aumentou o número de feminicídio. É muito triste, muito cruel, o assassinato de uma mulher pelo fato de ser mulher. “Ainda há um caldo dessa cultura presente na sociedade, no sentido de que a mulher que desobedece merece ser duramente e cruelmente castigada. Não se torna adequado nesse caso falar em crime passional, em paixão, em amor, mas sim nessa necessidade de afirmação de uma masculinidade baseada na posse e no domí- nio do outro, no caso, a mulher, que somente muito recentemente se tornou sujeito para os olhos da lei e da sociedade”. Mariana Bazzo/ Brasil de Fato (07/02/2020)

Lembrando ainda

No documento AGENDA FORMATIVA. Tempo de esperançar (páginas 87-89)

Documentos relacionados