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Legislação

No documento A Cidade e (é) o Palco (páginas 46-62)

2.3. A área de intervenção

2.3.2. Legislação

Entreato

Entreato, em um musical, é uma pequena cena que antecede a continuação do enredo após o intervalo.

Nessa lógica, antes de se propor a intervenção para a área, tendo apresentado o referencial teórico que embasa esse trabalho, sendo eles o problema das cicatrizes urbanas na cidade de São Paulo e a ascensão do gênero do Teatro Musical que necessita de espaços que comportem suas produções e que fomentem e democratizem essa cultura na cidade, neste capítulo a intenção será estudar algumas obras análogas à proposta, programas que dialogam com a proposta a ser desenvolvida, em escala demasterplanou até mesmo em pequenas soluções arquitetônicas ou de materiais aplicados no projeto.

Para isso, foram buscados espaços culturais, nacionais e internacionais, que têm como função atender à uma determinada demanda das artes ou como uma nova obra arquitetônica se relaciona com alguma preexistência.

Serão analisados tópicos como o conceito desenvolvido pelo autor da obra, sua inserção urbana como forma de articulação com o sítio a qual se insere, o programa utilizado que os fazem relevantes como referência para a proposição e, por fim, realizada uma análise crítica da pertinência com o objetivo do projeto a ser desenvolvido.

De modo a se aproximar mais da proposta de projeto e programa a ser desenvolvido, foram realizadas pelo autor duas visitas técnicas. Sob a perspectiva dos espaços para ensaio e criação, a primeira visitada foi à SP Escola de Teatro, na unidade do Brás, próxima ao lugar de intervenção, também na Avenida Rangel Pestana.

A respeito de um espaço na cidade que atenda às demandas das artes, para os profissionais, e que funcione como um espaço livre e de transição para as pessoas, foi visitada a Praça das Artes, no centro de São Paulo.

Obras análogas

“A utilização de referenciais

projetuais como instrumento para alimentar o processo criativo do projeto foi o recurso encontrado para sustentar esse percurso. Dessa forma, num percurso lógico, os produtos das análises desses referenciais, ou seja, as diretrizes projetuais, depois são

contextualizadas no lugar escolhido para a obra, com seu público-alvo, e considerada a rigidez do sistema construtivo adotado, conduzem a concepção do projeto que

materializa formas espaciais próprias [...].”

Considerado o primeiro e maior centro de artes do mundo, o Lincoln Center abrange a escala da quadra na cidade de Nova York e contempla a distribuição do programa de forma conectada por uma praça pública que forma o complexo, se assemelhando com a ideia da proposição deste trabalho.

Projetado por uma equipe de arquitetos com a gênese nos planos de renovação urbana de Robert Moses para o bairro historicamente carente de San Juan Hill, na década de 1960, o espaço abriga a Metropolitan Opera, a ...Orquestra Filarmônica e o Balé de

... Nova York, o Teatro do

Estado de Nova York, a Escola de Música Julliard, a Biblioteca Pública de Artes Cênicas, a Sociedade Cinematográfica, o Damrosch Park (uma concha acústica implantada em um espaço livre) e sendo ambos conectados pela Praça Josie Robertson (Figura 106).

Essa implantação, na escala da quadra, que contempla os vários segmentos artísticos de Nova York e funcionando como uma grande praça para a cidade traz uma relação de harmonia que influenciará o partido arquitetônico da proposição que...

será elaborada (Figura 107).

Inserção Urbana e Programa

Localização: Nova York/NY, Estados Unidos Ano: entre 1962- 1968

Área: 66.000m²

Figura 106: Praça Josie Robertson com os prédios que compõem o Complexo. Foto: TourismMedia, acesso em: abr2022.

1. Metropolitan Opera House 2. Filarmônica Hall

3. Balé da Cidade de Nova York 4. Vivian Beaumont Theater 5. Julliard School

6. Praça Josie Robertson

7. Parque Damrosch(Concha Acústica) 8. Biblioteca Pública de Artes Cênicas

9. Sociedade Cinematográfica do Lincoln Center 10. Escola americana de Balé

Figura 107: Implantação do Lincoln Center na quadra e diagrama da disposição do programa e fluxos no interior da área. Sem escala. Fonte: Landmark West, adaptado pelo autor. Acesso em: abr 2022.

Legenda

Edifícios que compõem o Complexo Área pública Leito carroçável Fluxo peatonal

3 2

4

5 7

6 1

8

9

10

A m s t e r d a n A v e n u e

W65thStreet

W62thStreet

C o l u m b u s A v e n u e

W66thStreet

Implantação Sem escala

0 50 100m

Planta –Pav. Térreo Sem escala

0 10 20m

Programa

Localização: São Paulo/SP

Ano: 1929 (Inauguração), 2001 (Restauro) Projeto original: autor desconhecido Projeto Arquitetura: Aflalo & Gasperini

Projeto Restauro: Haroldo Gallo e Marcos Carrilho Arquiteto Área: 6.044m²

No caso do Teatro Renault, o programase torna referência por ser um antigo cinema reabilitado para atender às demandas do Teatro Musical enquanto infraestrutura. Na Figura 109 ao lado, a cor branca destaca a fachada e foyer, tombados como bem cultural, que foram restaurados enquanto a plateia, palco e camarins foram totalmente

reconstruídos e ... adaptados às normas vigentes. Estratégias que acontecerão na proposta para o antigo Cine Piratininga.

Toda a plateia recebeu um estudo acerca da inclinação para curva de visibilidade e a caixa cênica foi reconstruída, uma vez que o Teatro Musical necessita de grandes espaços para acontecer.

Corte Transversal Sem escala

Av. Brigadeiro Luís Antônio

0 10 20m

Legenda

Ambiente tombado Área reformada e adaptada Figura 109: Planta do pavimento térreo e Corte transversal do atual Teatro Renault, adaptado pelo autor. Fonte: ASSUNÇÃO, OBELENIS e UEHARA, 2012, p. 07 e 08.

Figura 108: Fachada do Teatro Renault e bilheteria do pdio. Foto: Lucas Sant’Anna, 2022.

A plateia e o palco foram totalmente reconstruídos. A sala foi projetada para atender às normas vigentes de acessibilidade e conforto, além de receberem tratamento acústico nas paredes. O teatro se assemelha às grandes casas de espetáculos da Broadway em palco e plateia.

Figura 110 e 111: Foyer do atual Teatro Renault. Foto: MRossi, 2013.

Figura 112: Foyer do atual Teatro Renault. Foto: Arnaldo Pappalardo e Divulgação Abril, 2011.

Plateia e Palco

O foyer e a fachada receberam projeto de restauro. Os mesmo são tombados, originais de 1929. Uma crítica que pode ser feita é a respeito do pequeno tamanho em relação à capacidade da casa, fazendo com que o saguão fique superlotado.

Foyer

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Figura 113 e 116: Foyer do atual Teatro Renault. Foto: MRossi, 2013.

Materialidade

Localização: Blancafort, Espanha Ano: 2014

Projeto: Guillem Carrera Área: 650m²

O projeto abriga uma residência e um centro educacional aos idosos, porém o foco desta análise é acerca da implantação volumétrica organizada a partir de tornar a edificação bela e vistosa quando observada de fora e aconchegante por dentro.

O muro de contenção recebeu revestimento em pedra natural enquanto as paredes são em concreto aparente e panos de vidro recuados da fachada.Tais materiais são bastante viáveis plasticamente e não precisam...

de manutenção frequente.

O concreto, considerado um material frio, é compensado pelos acabamentos quentes – madeira, aço corten e pedra, além da vegetação.

A madeira no interior, além de trazer esse aconchego é propícia para a prática das artes, tornando-se ideal para a proposta, além de funcionar como contraste em relação à preexistência do Cine Piratininga com uma arquitetura contemporânea e minimalista.

O antigo galpão era um grande depósito de tonéis e uma destilaria de álcool que foi adaptado para receber um novo uso de cunho cultural, abrigando um teatro, salas de ensaio, restaurante e ressignificar o espaço a qual está inserido na cidade, fazendo com que o público também tome posse da área livre no lote.

Com caráter de contraste, as intervenções na arquitetura preexistente foram executadas em

metal na cor vermelha, (Figura 117) de maneira a identificar pelo caráter de distinguibilidade o que é ou não original no edifício. Essa estratégia não produz o falso histórico de Brandi e respeita a passagem do edifício no tempo.

Esse respeito com o preexistente deverá acontecer na proposição deste trabalho, mesmo o prédio não sendo reconhecido como bem cultural.

Materialidade

Localização: Piracicaba/SP Ano: 2012

Projeto: Brasil Arquitetura Área: 2.850m²

Figura 117: Teatro Erotídes de Campos com destaque para o que é intervenção

na preexistência.

Foto: Nelson Kon, 2012.

Figura 118: Concreto aparente e vidro dominam a fachada.Foto: Adrià Goula, 2014.

Uma antiga fabrica em desuso que recebe um projeto de retrofit atrelado à construção de um anexo no intuito de atender a um equipamento publico de uso cultural.

O projeto dialogara com a proposta de intervenção uma vez que trata das diretrizes citadas acima, muito semelhantes às do objeto de estudo.

Sua forma arquitetônica servirá como referência como um volume dividido em duas partes, sendo seu térreo publico e dois blocos que vão atender ao programa de caráter diferentes, embora complementares.

Volumetria

Localização: São Paulo/SP Ano: 1986

Projeto: Lina Bo Bardi Área: 23.570m²

0 5 10m Figura 120: Planta esquemática de um dos níveis do Bloco Esportivo.

Projeto de Lina Bo Bardi.

Fonte: Laboratory of Architecture

#3, 2017.

As passarelas que conectam um bloco ao outro e são o grande apelo estético proporcionarão ao projeto uma nova possibilidade de apropriação do espaço: seja com arte, seja com vida.

A ideia e abrir o ângulo do trançado das mesmas, de modo que gere

alguns espaços de encontro e estimule relações. Porem, como o grande elemento do edifício que e, terá seu valor traduzido com uma cor de destaque: a mesma a ser utilizada em outros pontos específicos do projeto, criando uma identidade visual.

Figura 121: Croqui preliminar inspirado na referência. Fonte:

Elaborado pelo autor, jun 2022.

Figura 119: Sesc Pompeia.

Foto: Acervo do autor, abr/2019.

O sistema estrutural do antigo Cine Piratininga se faz protagonista no projeto do edifício, não pelo fato de se encontrarem expostos, mas por traçarem um percurso ritmado desde seu acesso principal e ainda dentro da sala de espetáculos, trazendo uma sensação de imponência à obra.

No antigo foyer, a seção circular dos pilares se mantém até os dias atuais, enquanto nos andares superiores uma seção tradicional, de geometria retangular, é adotada. Na plateia, os pilares robustos nas laterais ...

das frisas carregam a ...

identidade do espaço.

Sistema Estrutural

Localização: São Paulo/SP Ano: 1943

Projeto: Rino Levi Área: 1.200m²

Figura 122: Sala de espetáculos do antigo Cine Piratininga vista do balcão.

Foto: acervo do autor, abr 2022.

0 10 20m Figura 123: Malha estrutural do Cine Piratininga. Fonte: Elaborado pelo autor com base no levantamento realizado por Paula Dal Maso, 2022.

No trecho de acesso à sala, região do foyer e salas comerciais, a malha acontece de maneira densa, uma vez que sustenta a torre residencial de 10 andares acima.

No projeto proposto, o sistema estrutural do anexo a ser construído será referenciado pela preexistência do Cine Piratininga, se utilizando do mesmo concreto armado com uma malha de pilares circulares no térreo, na intenção de fazer uma menção ao projeto de Rino Levi que fundamenta o projeto enquanto arquitetura.Ainda no anexo e demais construções, a estrutura será

metálica, de modo a contrastar com o existente.

Nas áreas de intervenção na preexistência, o sistema estrutural deverá receber uma análise acerca das patologias existentes para sua recuperação e, em trechos a serem demolidos e reconstruídos, utilizar de uma malha independente, porém semelhante à residual e destacada para evidenciar que não pertence ao projeto original de Levi enquanto forma.

Visita Técnica

Sobre o projeto

Inaugurada em 2010, a primeira unidade da SP Escola de Teatro (Figura 124) fica localizada em um prédio histórico no bairro do Brás, centro expandido da cidade. Erguido em 1913 e tombado como patrimônio histórico, o edifício já abrigou a Escola Normal do Brás, onde estudaram nomes como a escritora Pagu e a apresentadora Hebe Camargo.

O escopo do projeto contemplou o restauro e adequação do edifício com o intuito de preservação do prédio e instalação da SP Escola de Teatro.

No contexto urbano a qual está inserido, carente de espaços culturais, este equipamento de uso público traz a perspectiva da inserção da cultura no cotidiano do bairro e de seus frequentadores de modo a promover a cultura, arte e educação.

Visita Técnica

Foi realizada no dia 14 de abril de 2022 uma visita técnica às instalações da SP Escola de Teatro pelo autor, com o objetivo de se aproximar a um programa voltado ao fomento da cultura no bairro do Brás e conhecer seu caráter enquanto espaço físico.

A figura 125 apresenta um croqui de estudo elaborado pelo autor a respeito da setorização da distribuição do programa pelo edifício, garantindo acesso mais livres às dependências de caráter público, como a Biblioteca, Auditório e o Acervo Antônio Abujamra, enquanto no primeiro pavimento ficam algumas salas de aula e no último, o setor pedagógico, de acesso mais restrito.

A seguir será apresentada a planta do pavimento térreo e um corte esquemático transversal, disponibilizado pelo escritório responsável pelo projeto.

Data da visita: 14 de abril de 2021

Localização: Av. Rangel Pestana , 2041 –Brás, São Paulo/SP Ano: 1913 (inauguração), 2010 (restauro)

Projeto original: Manuel Sabater

Projeto de Restauro: Faccio Arquitetura Área: 3.3600m²

Figura 124: Fachada da SP Escola de Teatro, unidade Brás. Foto: acervo do autor, abr 2022.

Figura 125: Croqui sobre a setorização da escola, sem escala.

Fonte: elaborado pelo autor, abr 2022.

Setorização e Fluxos

Legenda

Acesso Público Acesso Restrito aos alunos/professores Leito carroçável

Figura 128: Croqui a mão realizado na visita.

Fonte: Elaborado pelo autor, abr 2022.

Percepções

Embora o prédio tenha sido adaptado para atender às demandas da Escola de Teatro, durante a visita técnica realizada foi possível observar detalhes arquitetônicos em diferentes escalas que impactarão nas decisões a serem tomadas a respeito da proposição deste trabalho.

As salas maiores (17.25m x 5.90m e pé direito de 4.80m) foram adaptadas para receberem as aulas de corpo, uma vez que são necessários espaços para comportar grandes turmas e, no caso de ensaios, grandes elencos. Muitas delas receberam cortinas blackout para

controlar a luz natural e o piso linóleo para suavizar o impacto.

As menores (6.00m x 8.50m) possuem cadeiras universitárias, caixa de som, lousa, projetor, notebook e telão, para atender às demandas de uma aula.

As salas de aulas técnicas possuem pia, armários, prateleiras, para dar suporte ao trabalho e ordem às coisas.

Legenda

Acesso ...

Planta –Pav. Térreo

Projeto (original): Manuel Sabater | Restauro: Faccio Arquitetura

Corte Transversal Esquemático

Projeto (original): Manuel Sabater | Restauro: Faccio Arquitetura

Térreo 1º Pavimento 2º Pavimento

Recepção Sala de Produção Administração

Biblioteca Gerência de Produção Direção Administrativa Auditório Copa Funcionários Coordenação de Extensões Acervo Antônio Abujamra Técnicas de Palco Secretaria pedagógica

Ateliê de costura Acervo Cenografia Coordenação pedagógica

Figurino Cenografia Extensão cultural

Marcenaria Dramaturgia Projetos especiais

Ateliê geral Iluminação Comunicação

Contrarregragem Sonoplastia Direção pedagógica

Circo Humor Cursos de Extensão

Copa Alunos/Descompressão Sanitários Atuação / Sala Multiuso

Sanitários Dramaturgia Sanitários

Apoio Limpeza Tecnologia da Informação

Pátio

0 10m

Figura 126: Planta do pavimento térreo com a intervenção do escritório Faccio Arquitetura. Fonte:

Portifólio digital Faccio Arquitetura, acesso em

abr 2022.

Figura 127: Corte Esquemático transversal do edifício, adaptado pelo autor, sem escala.

Fonte: Portifólio digital Faccio Arquitetura, acesso em abr 2022.

Tabela 04: Distribuição do programa do edifício elencado por pavimento, a partir do levantamento realizado pelo autor em visita técnica. Fonte: Elaborado pelo autor, abr 2022.

AV. RANGEL PESTANA

129 –Sala de aula de Teatro, piso com linóleo e janelas com cortinas blackout. Foto: acervo do autor, abr 2022.

130Acervo de Figurinos. Foto: acervo do autor, abr 2022.

131Biblioteca com mesas e notebooks disponíveis para acesso. Foto: acervo do autor, abr 2022.

132 –Ateliê de marcenaria. Foto: acervo do autor, abr 2022.

133Ateliê geral. Foto: acervo do autor, abr 2022.

134Auditório, visto do fundo da plateia Foto: acervo do autor, abr 2022.

As salas de acervo recebem todo material produzido pelos aprendizes que foram utilizados em práticas experimentais de teatros e que podem ser usadas novamente por outros alunos. Tudo é catalogado e separado por ordem de espetáculos para facilitar sua consulta.

A biblioteca existente recebe livros e

mídias digitais e estão disponíveis para consulta pelos alunos e pela população em geral, mediante agendamento prévio.

Ainda nesse ambientes, há mesas redondas com cadeiras para leitura no lugar e também computadores com acesso à internet disponíveis.

Os ateliês são grandes e todos possuem locais para armazenamento de materiais e mesas de apoio para fabricação de peças em geral. Há também bastante luz natural que entra e facilita o trabalho.

O auditório foi construído como um anexo à edificação existente. Ele atende à NBR 9050/20 e comporta 148 espectadores

que podem ser tanto alunos da SP Escola de Teatro, como a comunidade. Sua infraestrutura é baixa no sentido técnico de espetáculos, não havendo varas cênicas ou iluminação própria, deixando o espaço fadado à peças experimentais ou conferências e palestras do âmbito acadêmico.

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Visita Técnica

Sobre o projeto

A Praça das Artes pode ser definida como um complexo educacional/cultural que promove a requalificação urbanística do centro velho da cidade de São Paulo, com um térreo livre que interliga a avenida São João, a rua Conselheiro Crispiniano e o Vale do Anhangabaú.

O conjunto arquitetônico em concreto aparente (Figura 135) se organiza em volumes que abrigam as atividades dos corpos artísticos eruditos do Theatro Municipal, como as Orquestras Sinfônica Municipal e Experimental de Repertório, Corais Lírico e Paulistano, Balé da Cidade, Escolas de Música e de Dança, Centro de Documentação, Administração, além de áreas de convivência, exposições, restaurante e estacionamento. Integrado ao programa do edifício está o restauro do Conservatório Dramático e Musical Municipal.

Visita Técnica

No dia 21 de abril de 2022, uma visita técnica foi realizada pelo autor ao complexo artístico da Praça das Artes, no intuito de estabelecer relações pessoais acerca do programa e vivenciar suas relações urbanísticas na cidade.

Ao observar o seu programa e sua inserção no contexto urbano, é possível estabelecer uma semelhança com o Lincoln Center, em Nova York, pois é um espaço projetado para abrigar e atender às demandas dos corpos artísticos de caráter erudito. A proposição a ser elaborada visa a ter seu programa semelhante à Praça das Artes, mas que atenda ao Teatro Musical em São Paulo.

Sua área de terreno é formada por lotes que se interligam no miolo da quadra em meio à uma paisagem caótica, que se assemelha com a área de intervenção deste trabalho e motivo da escolha como vista técnica.

Data da visita: 21 de abril de 2021

Localização: Av. São João, 281 –Centro, São Paulo/SP (principal) Ano: 2012

Projeto: Brasil Arquitetura Área: 28.500m²

Figura 135: Entrada da Praça das Artes pela Rua Conselheiro Crispiniano. Foto: Nelson Kon, 2012.

Inserção Urbana

Legenda

Lote Praça das Artes Entorno Theatro Municipal

Figura 136: Inserção da Praça das Artes no contexto urbano. Fonte: elaborado pelo autor, abr 2022.

0 50m

Legenda

Corpos Artísticos Eruditos Escolas Apoio/Administração Conservatório Centro de Documentação Restaurante Fruição Pública

Fonte: Brasil Arquitetura, 2012.

Figura 138: Diagrama da distribuição dos usos na Praça das Artes, sem escala. Fonte: Brasil Arquitetura, 2012.

Percepções

O espaço foi projetado para atender às demandas das artes eruditas do Theatro Municipal, bem como suas apresentações. No dia da visita, o encerramento da mesma era prestigiar um recital de cordas na sala do Conservatório, porém, estava acontecendo uma festa no Vale do Anhangabaú, que passou a receber eventos neste caráter pela primeira vez após sua reforma, e fez com que o evento na Praça das Artes fosse transferido para a cúpula do Theatro Municipal devido à sala não ser preparada acusticamente e o barulho no Vale interferir no som do recital, logo na qualidade da apresentação.

O edifício dos corpos artísticos eruditos é composto por 12 andares com salas de ensaio da orquestra sinfônica municipal, orquestra experimental de repertório, óperas, coral lírico, coral paulistano e o balé da cidade.

O volume das escolas possui 05 andares que abrigam a Escola de Música e Dança do município de São Paulo, áreas administrativas e um restaurante. No volume ao lado, de 07 andares, há uma ampliação das áreas para a escola e ainda

o Auditório e ainda a Discoteca Oneyda Alvarenga.

O prédio de Apoio/Administração abriga 13 andares com áreas de apoio às escolas e áreas administrativas nos últimos quatro pavimentos.

O edifício restaurado do Conservatório possui uma sala de exposições em seu térreo e uma sala de concertos no primeiro pavimento.

O Centro de Documentação recebe todo o acervo técnico e partituras de todos os segmentos e seu acesso é público, previamente agendado.

A laje foi desenvolvida com um sistema de “laje flutuante” para amortecer o impacto e evitar a transmissão de vibração às salas vizinhas, solução interessante uma vez que várias atividades acontecem ao mesmo tempo e o ideal é que uma não interfira na outra, mas que aconteçam ao mesmo tempo.

Figura 137: Croqui da implantação na quadra, sem escala.

Figura 138: Diagrama dos Usos nos volumes

Figura 139: Croqui a mão realizado na visita.

Fonte: Elaborado pelo autor, abr 2022.

140 –Acesso pela Rua Conselheiro Crispiniano. Foto: Nelson Kon, 2012.

141Vista de dentro do lote para a Avenida São João. Foto: Nelson Kon, 2012.

142Fachada na Avenida São João com destaque para o prédio do Conservatório. Foto: Nelson Kon, 2012.

143 –Sala de aula com destaque para as aberturas ao fundo. Foto: Nelson Kon, 2012.

144Centro de Documentação. Foto: Nelson Kon, 2012.

145Sala de Concertos do Conservatório com as cadeiras em disposição de plateia. Foto: Nelson Kon, 2012.

O térreo do edifício é totalmente livre, garantindo a fruição pública pelo interior do lote, por meio dos volumes de concreto aparente que são dispostos pelo terreno.

Como análise crítica, pode-se destacar a falta de área permeáveis e de vegetação no interior do projeto,

acar-retando um caráter bastante brutalista à obra com as empenas de concreto e aberturas dinâmicas em vidro.

Sua arquitetura contrasta com o prédio antigo do Conservatório, tombado pelo patrimônio histórico como bem cultural, e suas instalações também fazem parte do Complexo.

Os espaços internos são amplos para atender os grandes elencos e turmas dos cursos de fomento às artes. As salas receberam um tratamento no piso adequado para os impactos e as aberturas em vidro trazem um novo ambiente às salas de aula tracionais. A sala que recebe o Centro de Documentação possui seu

acesso público, porém realizado perante agendamento e ajuda na preservação da memória das artes eruditas. A Sala do Conservatório foi adaptada para receber as apresentações realizadas esporadi-camente, pois sua programação funciona em concordância com a do Theatro Municipal de São Paulo.

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No documento A Cidade e (é) o Palco (páginas 46-62)

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