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4.4 LEGISLAÇÃO DE RCD VIGENTE

No documento Logística reversa na construção civil (páginas 52-56)

Os RCD são oriundos de reformas, reparos e demolições de estruturas e estradas, remoção de vegetação e escavação de solos, pequenas obras e em obras de demolição. Esses materiais podem ser: “tijolos, blocos cerâmicos, concreto em geral, solos, rochas, metais, resinas, colas, tintas, madeiras e compensados, forros, argamassa, gesso, telhas, pavimento asfáltico, vidros, plásticos, tubulações, fiação elétrica entre outros”, estes resíduos também são chamados de entulhos de obra (CONAMA Resolução no 307).

O CONAMA Resolução Nº307 justifica seu propósito considerando a viabilidade técnica e econômica da produção e a utilização de RCD, responsabilizando os responsáveis pela geração dos RCD quando depositados em locais inadequados e o uso de materiais oriundos da reciclagem de resíduos da Construção Civil para o benefício de uma gestão integrada atendendo as questões de interesse público, deixando clara a necessidade de definir critérios e procedimentos que possibilitem que a gestão seja feita, organizando e disciplinando as ações necessárias para minimizar dos impactos ambientais.

O material oriundo do beneficiamento de RCD, ou seja, o agregado reciclado pode ser aplicado em obras de edificação, de infraestrutura, em aterros sanitários ou outras obras de engenharia, desde que apresentem características técnicas.

De acordo com o CONAMA Resolução Nº307, os geradores de RCD podem ser pessoas físicas, jurídicas, públicas ou privadas, responsáveis por alguma atividade ou empreendimento que gere esses resíduos.

Os transportadores podem ser pessoas, físicas, jurídicas, responsáveis pela coleta e transporte dos RCD do gerador até as áreas de destinação ou reciclagem desde que esta estejam licenciados para esse tipo de operação.

O gerenciamento dos RCD visa reduzir, reutilizar (sem a transformação do material) ou reciclar (reaproveitar o material depois de transformado), incluindo planejamento, responsabilidades, práticas, procedimentos e recursos para desenvolver e implementar as ações necessárias.

O resíduo quando submetido a operações ou processos que deem novas condições para que possam ser usados como matéria prima ou produto é definido como beneficiamento.

Para uma manipulação e destinação correta foram estabelecidas quatro categorias de resíduos, que são:

Classe A - são resíduos que podem ser reutilizados ou reciclados como agregados: de construção, demolição, reformas e reparos de pavimentação e de obras de infraestrutura, solos oriundos de terraplanagem, componentes cerâmicos (tijolos, blocos, telhas, placas de revestimento entre outros.), argamassa, concreto e blocos de concreto;

Classe B - são resíduos recicláveis para outras finalidades, como: plásticos, papel, papelão, metais, vidros, madeiras e gesso;

Classe C - são resíduos que ainda não foram desenvolvidas tecnologias ou aplicações economicamente viáveis para que possam ser reciclados ou recuperados;

Classe D - são resíduos perigosos como: tintas, solventes, óleos e outros ou aqueles que estejam contaminados e que são oriundos de reformas e reparos de clínicas radiológicas, instalações industriais e outros, telhas e materiais que contenham amianto ou outros produtos nocivos à saúde.

A classificação de resíduos será melhor detalhada no capítulo 5.

O aterro de resíduos de classe A é uma área onde serão empregadas técnicas de destinação desse tipo de resíduo no solo, visando à preservação de materiais segregados de forma a possibilitar seu uso futuro ou da área, adotando princípios de engenharia para enclausurá-los ao menor volume possível, sem que haja danos à saúde pública e ao Meio Ambiente.

A regularização dos procedimentos do Plano de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil (PGRCC) ocorrerá depois de definido o modelo de gestão adequado e que sejam explícitas as atividades de geração transporte e sua destinação. Dessa forma, cada município fica obrigado a elaborar seu plano de gerenciamento de resíduos da Construção Civil, tendo como objetivo principal a redução dos volumes produzidos atualmente.

O PGRCC de um estabelecimento público ou privado é destinado para o recebimento de resíduos volumosos gerados pela Construção Civil e que foram coletados por empresas privadas, usado a triagem dos resíduos recebidos, eventual transformação e posterior remoção para destinação correta (SINDUSCON-MG, 2008).

De acordo com o Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de Minas Gerais (SINDUSCON-MG, 2008), o PGRCC precisará:

- Estar incluso as diretrizes técnicas e os procedimentos para os Projetos de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil que serão preparados pelos grandes geradores, incluindo as responsabilidades de todos os responsáveis por gerarem resíduos;

- O cadastro das áreas públicas ou privadas, que são capazes de receberem, fazerem a triagem e o armazenamento temporário de pequenos volumes, de acordo com a capacidade da área urbana municipal;

- A regulamentação de processos de licenciamento e de disposição final de resíduos das áreas de beneficiamento;

- A regulamentação da disposição dos resíduos de construção em áreas não licenciadas;

- O incentivo ao uso dos resíduos que podem ser reutilizáveis ou que possam retornar ao ciclo produtivo como materiais reciclados;

- O estabelecimento de critérios para cadastramento de transportadores; - As ações educativas, de fiscalização e controle de agentes que visam reduzir a geração de resíduos e que possibilitem sua segregação.

Os PGRCC deverão contemplar as seguintes etapas:

I - Caracterização: o gerador é o responsável por identificar e quantificar os resíduos;

II - Triagem: deverá ser realizada, pelo gerador na origem, ou nas áreas devidamente destinadas e licenciadas, de acordo com as classes de resíduos estabelecidas pela Resolução;

III - Acondicionamento: o gerador deve garantir o isolamento dos resíduos gerados até o transporte, assegurando as condições de reutilização e de reciclagem nos casos que forem possíveis;

IV - Transporte: deverá ser realizado de acordo com as normas técnicas vigentes para o transporte de resíduos;

Os RCD não poderão ser jogados em aterros de resíduos sólidos urbanos, em áreas de "bota fora", em encostas, corpos d'água, lotes vazios e em áreas protegidas por Lei.

Os RCD deverão ser transportados após triagem da seguinte forma:

Classe A: deverão ser reutilizados ou reciclados como agregados ou enviados para aterro de resíduos classe A para usos futuros;

Classe B: deverão ser reutilizados, reciclados ou encaminhados a áreas de armazenamento temporário, disponibilizados para uso ou reciclagem futura;

Classe C e D: deverão ser armazenados, transportados e destinados de acordo com as normas técnicas específicas.

O quadro 9 mostra os procedimentos a serem seguidos pelo Poder Público e os geradores de RCD.

Quadro 9 – Poder Público X Geradores de Resíduos da Construção Civil

Responsáveis Procedimentos

Poder Público

Elaborar, implantar o PGRCC para pequenos geradores.

Finalizar a disposição de RCD em aterros de resíduos domiciliares e em áreas de “bota fora”.

Cadastrar áreas públicas ou privadas aptas a receber os RCD.

Elaborar e incentivar planos de educação e treinamento de agentes envolvidos. Definir critérios para o cadastramento dos transportadores.

Proibir a disposição de RCD em áreas não licenciadas. Geradores de

Resíduos da Construção Civil

Elaborar e implementar as Diretrizes para os PGRCC (grandes geradores) que contemplem as etapas estabelecidas no Art. 9º da Resolução.

Os geradores de RCD são responsáveis pelos resíduos que produzem, como também pelos resultantes da remoção de vegetação e escavação do solo.

Devem ter como objetivo prioritário a não geração de resíduos e secundariamente, a educação, a reutilização, a reciclagem e a destinação final.

No documento Logística reversa na construção civil (páginas 52-56)