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CAPITULO 2 O DIREITO À CIDADE: UMA CONSTRUÇÃO A PARTIR DO PLANEJAMENTO URBANO ATÉ A MOBILIDADE URBANA

2.4 LEGISLAÇÃO E POLÍTICA SOBRE MOBILIDADE URBANA

São vários os conceitos existentes sobre o que seria/é a mobilidade, para a presente pesquisa a compreensão sobre tal conceito se torna importante na medida em que é através da mobilidade que pensa a perspectiva do sistema de transporte e direito à cidade. O estudo sobre a construção da sociologia do corpo feminino é parte que complementa os estudos na pesquisar a mobilidade urbana pelo viés de gênero entendendo assim qual foi a função social da mulher dentro da história.

Os conceitos apresentados a seguir abordam a mobilidade de maneira universal sem distinções de sexo, porém na visão da pesquisadora a mobilidade aprece de maneiras diferentes para homens e mulheres pela construção histórica da violência de gênero podendo ser o espaço urbano palco das suas manifestações.

Para Sales (1997) a mobilidade está diretamente conectada nos deslocamentos diários das pessoas dentro do espaço. Já para Giannotti (2007) as novas tecnologias como uso de aplicativos, celulares e GPS levam pensar em de um novo jeito sobre a mobilidade pensando nas interações sociais e tecnológicas simultaneamente.

Para Harvey (2013) a mobilidade urbana passa a ser um componente essencial para a produção, pois é através da mobilidade que se terá garantia da circulação de mercadorias e de trabalhadores sendo este fornecido através do transporte coletivo.

A Política Nacional de Mobilidade Urbana desenvolvida pelo Ministério das Cidades, conceitua a mobilidade urbana atrelada a ideia de deslocamento dos indivíduos para realizar atividades dentro da cidade, por esse ponto de vista as cidades devem fornecer as condições para que os habitantes possam ter a mobilidade acessível (BRASIL, 2004).

A mobilidade pode ocorrer por meio de diversos tipos de transporte como: carros, bicicletas, bicicletas, patinetes, skate, escadas, caminhando, entre outros. São inúmeras as alternativas de transporte, mas a presente pesquisa investiga a mobilidade urbana através do transporte coletivo por meio de ônibus.

No ano de 2012 por meio da Lei Mobilidade Urbana nº12.587 de 2012 que institui a Política Nacional de Mobilidade Urbana, foram estabelecidos critérios e instituídos diretrizes para os transportes urbanos. Assim obrigando as cidades a construírem um Plano Diretor (PD) integrado ao Plano de Mobilidade Urbana (PMU) afim de garantir um crescimento sustentável e eficiente no deslocamento.

Existem vários mecanismos para que os municípios implementem os princípios e diretrizes e cumpram os objetivos estabelecidos na Lei. Ressalta- se, principalmente, o controle da demanda por viagens de automóveis e o estímulo ao uso de modos não motorizados e transporte público coletivo. Aliado ao uso de instrumentos de controle de demanda por viagens de automóveis é importante aumentar a oferta de serviços e infraestruturas com qualidade, segurança, acessibilidade e modicidade tarifária. Como exemplo, pode-se citar a oferta de rede cicloviária segura e bem sinalizada, calçadas acessíveis, transporte público confortável, confiável, acessível e com baixo custo aos usuários (POLÍTICA NACIONAL DE MOBILIDADE URBANA, 2012).

A criação da lei é um marco no direito à cidade pois inclui um maior acesso aos espaços das cidades, no ano de 2015 os Plano de Mobilidade Urbana passou a ser um requisito para receber recursos federais voltados para a mobilidade urbana.

A Política Nacional de Mobilidade Urbana também contempla princípios que devem ser norteadores ao se planejar a mobilidade urbana dentro das cidades são eles:

Acessibilidade universal;

Desenvolvimento sustentável das cidades, nas dimensões socioeconômicas e ambientais;

Equidade no acesso dos cidadãos ao transporte público coletivo;

Eficiência, eficácia e efetividade na prestação dos serviços de transporte urbano;

Gestão democrática e controle social do planejamento e avaliação da Política Nacional de Mobilidade Urbana;

Segurança nos deslocamentos das pessoas;

Justa distribuição dos benefícios e ônus decorrentes do uso dos diferentes modos e serviços;

Equidade no uso do espaço público de circulação, vias e logradouros; e Eficiência, eficácia e efetividade na circulação urbana (BRASIL, 2012).

A política surge para reduzir as desigualdades, melhorias na acessibilidade e mobilidade, visando um desenvolvimento aliado a sustentabilidade desse modo o artigo 6º da Lei da Mobilidade Urbana dispõe sobre a preferência do transporte não motorizado em detrimento do motorizado e o público coletivo em detrimento do individual motorizado. Assim a mobilidade urbana das cidades devem ser planejadas dando preferência ao transporte não motorizado, porém quando o transporte foi motorizado a prioridade é o transporte público coletivo.

No enfrentamento dos problemas ligados a vida urbana o transporte público coletivo pode ser uma alternativa para promover o direito à cidade com equidade e diminuir as desigualdades. Segundo Tavares e Dexheimer (2015), deve ser priorizado o transporte público coletivo (ônibus) sendo considerados um tipo de transporte que que pode promover uma maior mobilidade urbana em detrimento da capacidade de transportar um maior número de pessoas, preço da passagem e infraestrutura.

Um ônibus comum transporta em média a mesma quantidade de passageiros que 50 automóveis, o que justifica que os ônibus possuam um espaço exclusivo nas vias garantindo a fluidez de um número muito maior de passageiros com menor poluição do meio ambiente. A maior eficiência da operação do transporte coletivo, com o aumento da velocidade média, economia de tempo, combustível e outros insumos, diminui os custos da operação possibilitando redução de tarifa aos usuários. Os modos não motorizados de transporte favorecem a utilização do espaço urbano pelo cidadão. (BRASIL, 2012)

No dia 15 de setembro de 2015 a partir de uma Emenda Constitucional 90 do ano de 2015 passa a ser inserido o transporte como um direito social. Ao assegurar o transporte como direito, pode-se garantir acesso a trabalho, educação, lazer, permitindo que as pessoas possam exercer suas atividades cotidianas e uma vida

mais digna dentro das cidades, valorizando a mobilidade urbana. A construção do espaço urbano implica pensar em um sistema de transporte de qualidade proporcionando alternativas para a mobilidade urbana, no Brasil o transporte público coletivo é o serviço que busca reduzir os congestionamentos e democratizar as cidades.

2.5 A RELAÇÃO DAS MULHERES COM TRANSPORTE PÚBLICO COLETIVO E