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Legislação em Portugal

No documento Rui Tiago Fernandes dos Reis (páginas 34-37)

2.2 Tratamento de Águas Residuais

2.2.1 Legislação em Portugal

Em Portugal, no que diz respeito à legislação relativa ao tratamento de águas residuais, o primeiro regulamento adotado a nível nacional, foi a Diretiva 91/271/CEE do Conselho das Comunidades Europeias, relativa ao tratamento e descarga de águas residuais urbanas e descarga de águas residuais de determinados setores industriais. Esta diretiva foi executada, de modo a ditar as regras que os Estados Membro da Comissão Europeia deveriam respeitar, com o objetivo de proteger o ambiente dos efeitos negativos das descargas de águas residuais. Nesta diretiva são definidos os requisitos para as descargas das estações de tratamento de águas residuais (Tabela 2.2 e Tabela 2.3). Em ambos os casos serão aplicados os valores de concentração ou a percentagem mínima de redução, sendo apenas necessário cumprir um dos dois requisitos.

Tabela 2.2 – Requisitos para as descargas das estações de tratamento de águas residuais (Diretiva 91/271/CEE)

Parâmetros Concentração (Requisito 1) Percentagem de redução mínima (Requisito 2) (1

) Carência bioquímica de

oxigénio (CBO5 a 20 oC) sem

nitrificação (2)

25 mg/L O2 70 – 90

40 nos casos previstos do artigo 4º Carência química de oxigénio

(CQO)

125 mg/L O2 75

Total de partículas sólidas em suspensão

35 mg/L (3)

35 nos casos previstos np nº2 do artigo 4º (e.p superior a 10 000) 60 nos casos previstos no nº2 do artigo 4º (e.p de 2000 a 10 000)

90 (3)

90 nos casos previstos np nº2 do artigo 4º (e.p superior a 10 000 70 nos casos previstos no nº2 do artigo 4º (e.p de 2000 a 10 000) (1) Redução em relação à carga de afluente.

(2) O parâmetro pode ser substituído por outro: carbono orgânico total (COT) ou carência total de oxigénio (CTO), se for possível estabelecer uma relação entre a CBO5 e o parâmetro de

substituição.

(3) Este requisito é facultativo.

Tabela 2.3 – Requisitos para as descargas de águas residuais urbanas em zonas sensíveis sujeitas a eutrofização (Diretiva 91/271/CEE)

Parâmetros Concentração (Requisito 1) Percentagem de redução mínima (Requisito 2) (1)

Fósforo Total 2 mg/L P (10 000 – 100 000 e.p.)

1 mg/L P (mais de 100 000 e.p.) 80

Azoto total (2) 15 mg/L N (10 000 – 100 000 e.p.)

10 mg/L N (mais de 100 000 e.p.) (3) 70 - 80 (1) Redução em relação à carga de afluente.

(2) Por azoto total entende-se a soma do total de azoto-Kjeldahl (N orgânico+NH3), azoto de nitratos

(NO3) e azoto de nitritos (NO2). Este requisito é facultativo.

(3) Alternativamente, a média diária não poderá exceder 20 mg/L N. Este requisito refere-se a uma temperatura de água igual ou superior a 12 oC, durante o funcionamento do reator biológico da

instalação de tratamento de águas residuais. Em substituição do critério da temperatura poderá utilizar-se um critério de limitação do tempo de funcionamento que tenha em conta as condições climáticas locais. Esta alternativa aplica-se no caso em que seja possível demonstrar que se cumpre o disposto na alínea D), nº 1, do anexo I, da Diretiva 91/271/CEE do Conselho, de 21 de Maio.

O Decreto-Lei nº 152/97 de 19 de Junho transpõe para o direito interno a Diretiva 91/271/CEE, do Conselho, de 21 de Maio de 1991, no que diz respeito ao tratamento de águas residuais urbanas. Os requisitos instituídos pela Diretiva 91/271/CEE em relação às descargas das estações de tratamento de águas residuais, inclusive nas zonas sensíveis não foram alterados na transposição para o Decreto-Lei nº 152/97, estando ainda em vigor no presente. No dia 9 de Novembro de 1998 é aprovado o Decreto-Lei nº 348/98 e no dia 22 de Junho de 2004 é

aprovado o Decreto-Lei nº 149/2004, os quais fazem pequenas alterações ao Decreto-Lei nº 152/97, principalmente no que diz respeito à identificação das zonas sensíveis para descargas. Além da legislação implementada como instrumento direto de regulação e gestão das águas residuais urbanas, há que realçar outros documentos que têm tido grande influência nesta área. No ano de 2000 é aprovado o Plano estratégico de Abastecimento de Água e de Saneamento de Águas Residuais (PEAASAR). Este plano foi elaborado para vigorar entre os anos de 2000 a 2006, tendo sido reconhecida a sua importância nos progressos verificados durante este período no âmbito do abastecimento de água e de saneamento de águas residuais. Apesar de os progressos efetuados, subsistiam problemas por resolver, o que aliado ao novo ciclo de fundos comunitários (2007-2013), consubstanciado pelo Quadro de Referência Estratégico Nacional (QREN), justificaria uma nova estratégia (PEAASAR II, 2007). Em 2007 é dado a conhecer o PEAASAR II. Um dos principais pressupostos da base de conceção deste plano foi a articulação com outros documentos de relevo nacional no domínio dos recursos hídricos, entre os quais se destacam (PEAASAR II, 2007):

 A Lei da Água (Decreto-Lei nº 58/2005, de 29 de Dezembro) que transpôs para o direito nacional a Diretiva Quadro de Água (DQA), a qual é desde a data da sua elaboração (2000) o principal instrumento da Política da União Europeia, relativa à água;

 A Lei da Titularidade dos Recursos Hídricos (Decreto-Lei nº 54/2005, de 15 de Novembro);  O Plano Nacional da Água (Decreto-Lei nº 112/2002, de 17 de Abril).

O PEAASAR II definiu novos objetivos e medidas de otimização, a serem implementadas durante os anos de 2007 a 2013, medidas essas que visaram reforçar as infraestruturas do setor, promovendo a sustentabilidade e a continuidade e qualidade dos serviços prestados. (PEENSAAR 2020, 2015) O balanço efetuado no final deste plano, em relação ao saneamento de águas residuais apresentou aspetos positivos e negativos. As medidas adotadas permitiram um aumento bastante significativo na qualidade das águas balneares e um aumento notório da qualidade das restantes massas de água. Em contrapartida o objetivo operacional principal não foi cumprido, dado que no ano de 2013, a percentagem de população servida com sistemas públicos de abastecimento era inferior a 90% (PEENSAAR 2020, 2015). Durante o período em que o PEAASAR II esteve em vigor foi promulgado o Decreto-Lei nº 198/2008, de 8 De Outubro, o qual alterou o Decreto-Lei nº 152/97, de 19 de Junho, na redação que lhe foi dada pelo Decreto-Lei nº 348/98, de 9 de Novembro e o Decreto-Lei nº 149/2004, de 22 de Junho. No dia 30 de Abril de 2015, foi aprovado através do Despacho nº 4385/2015 do Gabinete do Secretário de Estado do Ambiente, o “PENSAAR 2020 - Uma nova estratégia para o setor de abastecimento de águas e saneamento de águas residuais”. Este documento é resultado do balanço do PEAASAR II, do diagnóstico da situação de referência e da visão, objetivos, metas e cenários que definem o quadro estratégico para o período entre os anos de 2014 e 2020. O

novo plano tem como visão “Um setor ao serviço da população e da economia do País que presta serviços de qualidade e sustentáveis em termos ambientais, económico-financeiros e sociais”. Para sustentar a nova visão, são definidos no PENSAAR 2020 os seguintes objetivos estratégicos (PENSAAR 2020, 2015):

 Proteger o ambiente e melhorar da qualidade das massas de água;  Melhorar a qualidade dos serviços prestados;

 Otimizar e efetuar uma gestão eficiente dos recursos;  Garantir a sustentabilidade económico-financeira e social;

 Assegurar as condições básicas para que os problemas transversais ao setor possam ser resolvidos.

A partir destas linhas de ação, espera-se que nos próximos anos haja uma focalização na gestão dos ativos, no seu funcionamento e na qualidade de serviços prestada. Este enfoque irá justificar o esforço realizado pelo País nos últimos anos, no reforço da infraestruturação afeta ao abastecimento de água e saneamento de águas residuais (PENSAAR 2020, 2015).

Em relação á legislação, entrou recentemente em vigor o Decreto-Lei nº 133/2015, de 13 de Julho, que alterou o Decreto-Lei nº 152/97, de 19 de Junho. As respetivas modificações verificadas dizem respeito à classificação e delimitação de zonas sensíveis no território português. Constata-se que ao longo dos anos as mudanças registadas nos Decretos-Lei, referem-se sempre à classificação das zonas sensíveis, o que vem atender à necessidade de realizar revisões periódicas destas zonas, algo que foi imposto pela Diretiva nº 91/271/CEE, do Conselho, de 21 de Maio de 1991.

No âmbito do saneamento de águas residuais há que realçar, que todos os documentos mencionados têm sido de extrema importância, no apoio ao cumprimento da legislação e regulamentos, afetos ao setor.

No documento Rui Tiago Fernandes dos Reis (páginas 34-37)