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5. PROCEDIMENTOS E LEGISLAÇÕES INTERNACIONAIS E DO BRASIL

5.2. Procedimentos e Legislações do Brasil

5.2.1. Legislação Federal

De acordo com a Constituição Federal do Brasil de 1988, artigo 225o, “todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao poder público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações”. Conforme parágrafo 3o, “as condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, às sanções penais e administrativas, independente da obrigação de reparar os danos causados.

São apresentadas a seguir algumas leis que estão sendo aplicadas no assunto áreas contaminadas:

A Lei Federal nº 6.938/81, que estabelece a Política Nacional do Meio Ambiente, regulamentada pelo Decreto n° 99.274/90 introduz instrumentos de planejamento ambiental e

determina a responsabilização e penalidades para casos de poluição como: recuperação de áreas degradadas e, ao poluidor, a obrigação de recuperar e / ou indenizar os danos causados. Esta Lei estabeleceu a responsabilidade civil objetiva no Brasil, isto é, independente da existência de culpa, o poluidor (todo aquele que direta ou indiretamente causar dano) é responsável e obrigado a indenizar ou reparar os danos causados ao meio ambiente e a terceiros, cabendo ao Ministério Público da União e dos Estados a legitimidade para propor ação de responsabilidade civil e penal.

Quanto à questão da responsabilização ambiental destacam-se os seguintes artigos: Artigo 4º, inciso VII, onde é “imposto ao poluidor e ao predador, a obrigação de recuperar e/ou indenizar os danos causados e, ao usuário, da contribuição pela utilização de recursos ambientais com fins econômicos”.

Artigo 14º, por intermédio do qual “o não cumprimento das medidas necessárias à preservação ou correção dos inconvenientes e danos causados pela degradação da qualidade ambiental sujeitará os transgressores”, aos incisos I (à multa simples ou diária) e IV (à suspensão de sua atividade).

Parágrafo 1º – “Sem obstar a aplicação das penalidades previstas neste artigo, é o poluidor obrigado, independentemente de existência de culpa, a indenizar ou reparar os danos causados ao meio ambiente e a terceiros, afetados por sua atividade. O Ministério Público da União e dos Estados terá legitimidade para propor ação de responsabilidade civil e criminal por danos causados ao meio ambiente”.

Artigo 15º – Além de multas, o poluidor, segundo este artigo 15o, também está sujeito a cumprir pena de reclusão.

Artigo 18º, parágrafo único, “as pessoas físicas ou jurídicas que, de qualquer modo, degradarem reservas ou estações ecológicas, bem como outras áreas declaradas como de relevante interesse ecológico, estão sujeitas às penalidades descritas no artigo 14º ”.

De acordo com BENJAMIN (1998), esta lei não se desviou do princípio geral da solidariedade passiva, a qual estabelece que, se houver mais de um autor causador do dano, todos responderão solidariamente pela reparação.

A Lei Federal nº 7.347/85, conhecida como Lei da Ação Civil Pública, criou a ação de responsabilidades por danos causados ao meio ambiente, ao consumidor e outros interesses difusos e coletivos, que pode ser proposta pelo Ministério Público, pelas pessoas jurídicas de

direito público (União, Estados, Distrito Federal e Municípios), pelas entidades autárquicas, empresas públicas, fundações, sociedades de economia mista ou por associações civis constituídas há pelo menos um ano. Por meio desta Lei, em havendo condenação em dinheiro, a indenização pelo dano causado reverterá ao Fundo para Reconstituição de Bens Lesados, regulamentado pelo Decreto Federal nº 92.302/86, o qual ainda poderá receber doações de pessoas físicas ou jurídicas, nacionais ou estrangeiras. Esta lei corrobora a validade legal de um instrumento importante, que é o termo de ajustamento de conduta, como citado no artigo 5o, parágrafo 6º.

Artigo 5o parágrafo 6º -“Os órgãos públicos legitimados poderão tomar dos interessados compromisso de ajustamento de sua conduta às exigências legais, mediante cominações, que terá eficácia de título executivo extrajudicial”.

A Lei Federal nº 7.797/89, referente ao Fundo Nacional de Meio Ambiente - FNMA, foi criada com o objetivo de desenvolver os projetos que visem o uso racional e sustentável de recursos naturais, incluindo a manutenção, melhoria ou recuperação da qualidade ambiental no sentido de elevar a qualidade de vida da população brasileira. Esse Fundo, regulamentado pelo Decreto nº 3.524/00, é constituído de dotações orçamentárias da União, recursos resultantes de doações, contribuições em dinheiro, valores, bens móveis e imóveis, recebidos de pessoas físicas, rendimentos de qualquer natureza, que venha a auferir como remuneração decorrente de aplicação do seu patrimônio.

São consideradas prioritárias as aplicações de recursos financeiros em projetos nas áreas de controle ambiental, dentre outros.

Os recursos do FNMA deverão ser aplicados por meio de órgãos públicos dos níveis Federal, Estadual e Municipal ou de entidades privadas cujos objetivos estejam em consonância com os objetivos do Fundo Nacional de Meio Ambiente, desde que não possuam, as referidas entidades, fins lucrativos.

Conforme MILARÉ (2004), o Fundo referente à Lei Federal nº 7.347/85 disciplina a Ação Civil Pública de responsabilidades por danos causados ao meio ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico e turístico, sendo os recursos provenientes de condenações em ações civis públicas ambientais. O Fundo Nacional de Meio Ambiente

referente à Lei nº 7.797/89 tem seus recursos advindos de dotações orçamentárias e doações. Desse modo os fundos não podem ser confundidos.

A Lei Federal nº 9.605/98, trata sobre as Sanções Penais e Administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente ou Lei dos Crimes Ambientais, onde a pessoa jurídica, autora ou co-autora da infração ambiental, pode ser penalizada, chegando à liquidação da empresa se ela houver sido criada ou usada para facilitar ou ocultar um crime ambiental. Os valores arrecadados em pagamento de multas serão revertidos ao Fundo Nacional do Meio Ambiente (Decreto Federal nº 3.524/00), ou ao Fundo Naval (Decreto Federal nº 20.923/32), ou aos Fundos estaduais ou municipais de meio ambiente, ou correlatos, conforme dispuser o órgão arrecadador. Ainda através do artigo 54º da Lei dos Crimes Ambientais, “quem causar poluição de qualquer natureza em níveis tais que resultem ou possam resultar em danos à saúde humana, ou que provoquem a mortandade de animais ou a destruição significativa da flora”, implica na “Pena de reclusão, de um a quatro anos”, e também “em multa, infração administrativa”, prevista no artigo 41° do Decreto Federal nº 3.179/99 da Lei n° 9.605/98.

Por outro lado, a punição pode ser extinta quando se comprovar a recuperação do dano ambiental e, no caso de penas de prisão de até quatro anos, a possibilidade de aplicar penas alternativas.

É necessário que os fundos financeiros e os instrumentos legais existentes sejam mais bem divulgados e aplicados para conhecimento da sociedade.

A Resolução Federal nº 273/00, do Conselho Nacional do Meio Ambiente - CONAMA; regulamenta as atividades de postos revendedores de derivados de petróleo e de outros combustíveis para fins automotivos, empreendimentos apontados como potencialmente poluidores. Conforme artigo 8º, “a responsabilidade pela reparação dos danos oriundos de acidentes ou vazamentos de combustíveis é dos proprietários, arrendatários ou responsáveis pelo estabelecimento e / ou equipamentos e sistemas, a partir da ocorrência do evento”.

Para as áreas contaminadas por atividades de revenda de derivados de petróleo e de outros combustíveis para fins automotivos é aplicada a responsabilidade solidária.

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