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Os Estados são pessoas jurídicas de direito internacional que se formam para defesa dos interesses das comunidades de cidadãos que os integram. O impulso agregador radica, prima facies, na segurança de cada pessoa singular individualmente considerada e daqueles a quem, não tendo voz, ele possa chamar seus. Tratava-se – e trata-se ainda – de proteger a vida ou a integridade física e a propriedade, face às agressões externas e às investidas que, no quadro da comunidade a que cada pessoa pertence, são desferidas pelos seus pares.

Para o que nos interessa, a Constituição da República Portuguesa (adiante designada por CRP) declara Portugal, na conjugação dos seus artigos 1º68 e 2º69, como um Estado soberano. Na especificação das tarefas fundamentais do Estado, vertidas no artigo 9º do mesmo diploma, os constituintes não quiseram deixar de destacar nas duas primeiras alíneas, das oito que constituem a norma, aquilo que são, de facto, os interesses primeiros dos cidadãos, quais sejam o de “garantir a independência nacional “70 e o de “garantir os direitos e liberdades fundamentais”71.

Na forma tradicional, a defesa nacional constitui uma incumbência do Estado e “tem por objectivos garantir, no respeito da ordem constitucional, das instituições democráticas e das convenções internacionais, a independência nacional, a integridade do território e a liberdade e a segurança das populações contra qualquer agressão ou ameaça externas”, tal como se prescreve no artigo 273º da CRP. Na Lei de Defesa Nacional, aprovada pela Lei Orgânica n.º 1-B/2009, de 7 de Julho72, esta espécie de definição é vertida no n.º 1 do artigo 1º, ampliando-se, no n.º 2 do mesmo artigo, o conceito para abranger “o cumprimento dos compromissos internacionais do Estado no domínio

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“Portugal é uma República soberana, baseada na dignidade da pessoa humana e na vontade popular e empenhada na construção de uma sociedade livre, justa e solidária”.

69 “A República Portuguesa é um Estado de direito democrático, baseado na soberania popular, no

pluralismo de expressão e organização política democráticas, no respeito e na garantia de efectivação dos direitos e liberdades fundamentais e na separação e interdependência de poderes, visando a realização da democracia económica, social e cultural e o aprofundamento da democracia participativa”.

70 A alínea a) deste artigo 9º da CRP completa-se incluindo o segmento que, nesta nota, se sublinha:

“Garantir a independência nacional e criar as condições políticas, económicas, sociais e culturais que a promovam”.

71 A alínea b) deste artigo 9º da CRP completa-se incluindo o segmento que, nesta nota, se sublinha:

“garantir os direitos e liberdades fundamentais e o respeito pelos princípios do Estado de direito democrático”.

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Este diploma foi primeiramente publicado como Lei n.º 31-A/2009, de 7 de Julho, tendo sido posteriormente rectificado para Lei Orgânica n.º 1-B/2009, de 7 de Julho, pela Declaração de Rectificação n.º 52/2009, de 20 de Julho, que o republicou na íntegra.

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militar”73. A defesa militar do Estado é incumbência exclusiva das Forças Armadas, nos termos do artigo 275º da Constituição.

Na outra vertente, a CRP (artigo 272º, n.º 1) atribui à polícia as funções de “defender a legalidade democrática e garantir a segurança interna e os direitos dos cidadãos”. Vislumbram-se, aqui, dois planos de actuação das polícias, a segurança pública e a investigação criminal. No plano da conflitualidade jurídica dos cidadãos, prevê a Constituição (cfr. artigo 202º, n.ºs 1 e 274) e as leis (tais como o Código Civil ou o Código do Trabalho) a intervenção dos tribunais, no exercício da função jurisdicional, seja na jurisdição cível, do trabalho ou administrativa e fiscal. Prevê-a igualmente na jurisdição penal, mediada contudo pelo labor do Ministério Público e das polícias, no que tange à investigação criminal. O Ministério Público é a entidade judiciária com competência “para exercer a acção penal”75, tal como as polícias têm por função “defender a legalidade democrática e garantir a segurança interna e os direitos dos cidadãos”76. Importa densificar os conceitos de segurança interna e de investigação criminal e, para isso, vamos socorrer- nos de dois diplomas basilares, a Lei de Segurança Interna (adiante designada pela sigla LSI)77 e a Lei de Organização da Investigação Criminal (enunciado à frente pela sua sigla, LOIC)78. Dispõe o n.º 1 do artigo 1º que “segurança interna é a actividade desenvolvida pelo Estado para garantir a ordem, a segurança e a tranquilidade públicas, proteger pessoas e bens, prevenir e reprimir a criminalidade e contribuir para assegurar o normal funcionamento das instituições democráticas, o regular exercício dos direitos, liberdades e garantias fundamentais dos cidadãos e o respeito pela legalidade democrática.” Especificando e alargando o conceito, o n.º 3 do mesmo artigo estipula que “as medidas previstas na presente lei destinam-se, em especial, a proteger a vida e a integridade das

73 O texto da norma é o seguinte: “A defesa nacional assegura ainda o cumprimento dos compromissos

internacionais do Estado no domínio militar, de acordo com o interesse nacional.”

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“1. Os tribunais são os órgãos de soberania com competência para administrar a justiça em nome do povo. 2. Na administração da justiça incumbe aos tribunais assegurar a defesa dos direitos e interesses legalmente protegidos dos cidadãos, reprimir a violação da legalidade democrática e dirimir os conflitos de interesses públicos e privados.”

75 Integrando o n.º 1 do artigo 219º da CRP, que dispõe: “Ao Ministério Público compete representar o

Estado e defender os interesses que a lei determinar, bem como, com observância do disposto no número seguinte e nos termos da lei, participar na execução da política criminal definida pelos órgãos de soberania, exercer a acção penal orientada pelo princípio da legalidade e defender a legalidade democrática.“

76 Constante do n.º 1 do artigo272º da CRP: “A polícia tem por funções defender a legalidade democrática e

garantir a segurança interna e os direitos dos cidadãos.”

77 Aprovado pela Lei n.º 53/2008, de 29 de Agosto, rectificada pela Declaração de Rectificação n.º 66-

A/2008, de 28 de Outubro de 2008.

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Aprovada pela Lei n.º 49/2008, de 27 de Agosto, com a alteração introduzida pela Lei n.º 34/2013, de 16 de Maio.

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pessoas, a paz pública e a ordem democrática, designadamente contra o terrorismo, a criminalidade violenta ou altamente organizada, a sabotagem e a espionagem, a prevenir e reagir a acidentes graves ou catástrofes, a defender o ambiente e a preservar a saúde pública”. O conceito de segurança interna sobreleva o de segurança pública e inclui a investigação criminal. No Conselho Superior de Segurança Interna79, têm assento80 o Primeiro-ministro, que preside, os Vice-Primeiros-Ministros, os Ministros de Estado e da Presidência, se os houver, os Ministros da Administração Interna, da Justiça, da Defesa Nacional, das Finanças e das Obras Públicas, Transportes e Comunicações, os Presidentes dos Governos Regionais, os Secretários-Gerais do Sistema de Segurança Interna e do Sistema de Informações da República Portuguesa, o Chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas, dois deputados designados pela Assembleia da República por maioria de dois terços dos deputados presentes, desde que superior à maioria absoluta dos deputados em efectividade de funções e, também, o comandante-geral da Guarda Nacional Republicana, os directores nacionais da Polícia de Segurança Pública, da Polícia Judiciária e do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras e os directores do Serviço de Informações Estratégicas de Defesa e do Serviço de Informações de Segurança, a Autoridade Marítima Nacional, o responsável pelo Sistema de Autoridade Aeronáutica, o responsável pelo Sistema Integrado de Operações de Protecção e Socorro, o director-geral dos Serviços Prisionais. O Procurador-Geral da República pode participar nas reuniões, por iniciativa própria, sempre que o entenda ou a convite do presidente deste Conselho81. O presidente pode, ainda, “convidar a participar nas reuniões os ministros que tutelem órgãos de polícia criminal de competência específica e outras entidades com especiais responsabilidades na prevenção e repressão da criminalidade ou na pesquisa e produção de informações relevantes para a segurança interna, designadamente os dirigentes máximos de outros órgãos de polícia criminal de competência específica”82.

O Conselho Superior de Segurança Interna, enquanto “órgão interministerial de audição e consulta em matéria de segurança interna”83, que assiste o Primeiro-ministro “nomeadamente na adopção das providências necessárias em situações de grave ameaça à

79 De acordo com o artigo 11º da LSI, os outros dois órgãos que compõem o Sistema de Segurança Interna

são o Secretário-Geral e o Gabinete Coordenador de Segurança.

80 Em conformidade com o artigo 12º, n.º 2, da LSI. 81

Como se estipula no artigo 12º, n.º 4, da LSI.

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Como se prevê no n.º 6 do mesmo artigo 12º da LSI.

83 Estatuição do n.º 1 do artigo 12º da LSI.

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segurança interna”84, integra membros do Governo, representantes da Assembleia da República, dos Governos Regionais, das Forças Armadas, a que acresce a Autoridade Marítima Nacional85 e o Sistema de Autoridade Aeronáutica86, dos Serviços de Informações, dos órgãos de polícia criminal dotados de competência genérica, a que acresce o Serviço de Estrangeiros e Fronteiras87, do Sistema Integrado de Operações de Protecção e Socorro88 e dos Serviços Prisionais, a que se poderá juntar o Procurador-Geral da República89. O número de entidades que participam no sistema e a sua diversidade funcional aconselharam que se criasse um órgão - o Secretário-Geral do Sistema de Segurança Interna - com competências de coordenação, direcção, controlo e comando operacional no quadro do sistema (cfr. artigo 15º da LSI), definidas, respectivamente, nos artigos 16º a 19º da Lei de Segurança Interna.

Importa desagregar funções, em ordem a evidenciar a principal missão dos intervenientes neste Sistema, centrando-nos, sempre que possível, na prevenção e combate ao terrorismo e ao ciberterrorismo. A Lei de Organização da Investigação Criminal define, no seu artigo 1º, investigação criminal como “o conjunto de diligências que, nos termos da lei processual penal, se destinam a averiguar a existência de um crime, determinar os seus agentes e a sua responsabilidade e descobrir e recolher as provas, no âmbito do processo”. Não é despiciendo sublinhar que, “a direcção da investigação cabe à autoridade judiciária

84 Como se prevê no artigo 13º, n.º 1, da LSI.

85 Entende-se por autoridade marítima “o poder público a exercer nos espaços marítimos sob soberania ou

jurisdição nacional, traduzido na execução dos actos […] que contribuam para a segurança da navegação, bem como no exercício de fiscalização e de polícia”, tal como se estatui no artigo 3º do Decreto-Lei n.º 43/2002, de 2 de Março.

86 Pela Lei n.º 28/2013, de 12 de Abril (artigo 4º, n.º 1), a “Autoridade Aeronáutica Nacional é a entidade

responsável pela coordenação e execução das atividades a desenvolver pela Força Aérea na regulação, inspeção e supervisão das atividades de âmbito aeronáutico na área da defesa nacional.”

87 O SEF é, de acordo com o disposto no artigo 1º, n.º 1, da sua lei orgânica, aprovada pelo Decreto-Lei n.º

252/2000, de 16 de Outubro, “um serviço de segurança […] que, no quadro da política de segurança interna, tem por objetivos fundamentais controlar a circulação de pessoas nas fronteiras, a permanência e atividades de estrangeiros em território nacional, bem como estudar, promover, coordenar e executar as medidas e ações relacionadas com aquelas atividades e com os movimentos migratórios.”

88 “O SIOPS visa responder a situações de iminência ou de ocorrência de acidente grave ou de catástrofe”,

como se estipula no artigo 1º, n.º 2, do Decreto-Lei n.º 134/2006, de 25 de Julho. Este diploma, mas não esta norma, foi objecto de duas alterações legislativas, levadas a cabo pelos Decretos-Lei n.ºs 114/2011 e 72/2013, respectivamente, de 30 de Novembro e 31 de Maio.

89 O Procurador-Geral da República preside à Procuradoria-Geral da República e compete-lhe “dirigir,

coordenar e fiscalizar a actividade do Ministério Público e emitir as directivas, ordens e instruções a que deve obedecer a actuação dos respectivos magistrados”, nos termos do disposto nos artigos 12º, n.ºs 1, alínea a) e n.º 2, alínea b), do Estatuto do Ministério Público, neste se dispondo (artigo 1º e 2º, n.º 1), igualmente, que “o Ministério Público representa o Estado, defende os interesses que a lei determinar, participa na execução da política criminal definida pelos órgãos de soberania, exerce a acção penal orientada pelo princípio da legalidade e defende a legalidade democrática, nos termos da Constituição, do presente Estatuto e da lei” e “goza de autonomia em relação aos demais órgãos do poder central, regional e local”.

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competente em cada fase do processo” e que esta autoridade é assistida na investigação pelos órgãos de polícia criminal”, nos termos dos n.ºs 2 e 3 do artigo 2º da LOIC90. Esta solução prende-se com a natureza de órgão de soberania (cfr. artigo 110º da CRP) que é atributo dos tribunais, a que está conferida “competência para administrar a justiça”, tal como se estipula no artigo 202º, n.º 1, da Constituição. Aliás, compete ao Ministério Público “dirigir a investigação criminal, ainda quando realizada por outras entidades”, sendo esta instituição judiciária “coadjuvada pelos órgãos de polícia criminal” no exercício destas funções, como se prescreve no artigo 3º, n.ºs 1, alínea h) e 3, do Estatuto do Ministério Público91. A Lei de Organização da Investigação Criminal enuncia os órgãos de polícia criminal de competência genérica, nas três alíneas do n.º 1 do artigo 3º: a Polícia Judiciária, a Guarda Nacional Republicana e a Polícia de Segurança Pública. Os restantes órgãos de polícia criminal “possuem competência específica”, nos termos do n.º 2 do mesmo artigo 3º. A uns e a outros compete “coadjuvar as autoridades judiciárias na investigação”, bem como “desenvolver as acções de prevenção e investigação da sua competência ou que lhes sejam cometidas pelas autoridades judiciárias competentes”92.

Dispõe o artigo 7º, n.º 2, da LOIC, que “é da competência reservada da Polícia Judiciária, não podendo ser deferida a outros órgãos de polícia criminal, a investigação dos […] crimes” de “organizações terroristas e terrorismo” (alínea l). No n.º 3 do mesmo artigo e diploma, dispõe-se: “é ainda da competência reservada da Polícia Judiciária a investigação dos seguintes crimes, sem prejuízo do disposto no artigo seguinte: l) Informáticos e praticados com recurso a tecnologia informática (alínea l) e os com ele conexos (alínea o).

Na fase de inquérito, o Procurador-Geral da República, ouvidos os órgãos de polícia criminal envolvidos, “defere a investigação de um crime referido no n.º 3 do artigo anterior a outro órgão de polícia criminal desde que tal se afigure, em concreto, mais adequado ao bom andamento da investigação” e, designadamente, quando as condições para a realização da investigação não ofereçam dificuldades de monta, de acordo com a previsão do n.º 193 do artigo 8º. Mas já assim não será (cfr. n.º 5 do mesmo artigo e

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Era já essa a solução constitucional constante do artigo 202º, n.º 3, da CRP, em que se dispõe: “No exercício das suas funções os tribunais têm direito à coadjuvação das outras autoridades.”

91 O Estatuto foi aprovado pela Lei n.º 47/86, de 20 de Agosto, tendo a Lei n.º 60/98, de 27 de Agosto,

aditado o n.º 3 ao artigo 3º, a que, no texto, se faz referência.

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Em conformidade com o artigo 3º, n.º 4, da LOIC.

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Ou seja, na redacção das quatro alíneas deste normativo, quando (a) existam provas simples e evidentes, na acepção do Código de Processo Penal; (b) est ej am verif icados os pressupost os das f ormas especiais de processo, nos

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diploma) se “a investigação assum[ir] especial complexidade por força do carácter plurilocalizado das condutas ou da pluralidade dos agentes ou das vítimas” (a), se os factos [tiverem] sido cometidos de forma altamente organizada ou assum[ir]em carácter transnacional ou dimensão internacional (b) ou, ainda, se a investigação reque[rer], de modo constante, conhecimentos ou meios de elevada especialidade técnica (c).

Nesta conformidade, prevê o artigo 2º, n.º 2, da Lei n.º 37/2008, de 6 de Agosto94, que a Polícia Judiciária (adiante designada por PJ) “prossegue as atribuições definidas na presente lei, nos termos da Lei de Organização da Investigação Criminal e da Lei Quadro da Política Criminal.” Para além das atribuições em sede de prevenção e detecção criminal previstas no artigo 4º do diploma, estabelece-se que “as competências da PJ respeitantes à investigação criminal são as definidas na Lei de Organização de Investigação Criminal”.

Dispõe o artigo 6º da LOIC que “é da competência genérica da Guarda Nacional Republicana e da Polícia de Segurança Pública a investigação dos crimes cuja competência não esteja reservada a outros órgãos de polícia criminal e ainda dos crimes cuja investigação lhes seja cometida pela autoridade judiciária competente para a direcção do processo, nos termos do artigo 8.º”.

Para além desta competência no domínio da investigação criminal95, a Guarda Nacional Republicana (adiante designada por GNR) tem outras atribuições, como sejam as constantes das alíneas b), i) e j) do n.º 1 do artigo 3º da Lei 63/2007, de 6 de Novembro96, de que se destacam a de “garantir a ordem e a tranquilidade públicas e a segurança e a protecção das pessoas e dos bens”, a de “proteger, socorrer e auxiliar os cidadãos e defender e preservar os bens que se encontrem em situações de perigo, por causas provenientes da acção humana ou da natureza” e a de “manter a vigilância e a protecção de pontos sensíveis, nomeadamente infra-estruturas rodoviárias, ferroviárias, aeroportuárias e portuárias, edifícios públicos e outras instalações críticas”.

De forma semelhante, a Polícia de Segurança Pública (de seguida mencionada por PSP) tem, para além da competência para investigar crimes, atribuições de outra ordem, de que se salientam as referidas nas alíneas b), i) e j) do n.º 1 do artigo 3º da Lei n.º 53/2007,

t ermos do Código de Processo Penal; (c) Se t rat e de crime sobre o qual incidam orient ações sobre a pequena criminal idade, nos t ermos da Lei de Pol ít ica Criminal em vigor; ou (d) a invest igação não exij a especial mobil idade de act uação ou meios de el evada especial idade t écnica” .

94 Diploma que aprovou a orgânica da Polícia Judiciária. 95

Cfr. artigo 3º, alínea e) do diploma orgânico da GNR.

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O diploma, que aprovou a orgânica da GNR, foi objecto de correcção pela Rectificação n.º 1-A/2008, de 04 de Janeiro.

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de 31 de Agosto, que aprovou a orgânica desta força de segurança. Uma vez que estas atribuições têm a mesma exacta descrição das que acima foram transcritas para a GNR, não se justificará, aqui, proceder a esta remissão para o parágrafo anterior.

Este núcleo de funções, tradicionalmente associado a estas duas entidades, permite denominá-las forças de segurança e enquadra-las na actividade de polícia de segurança, por oposição às de polícia administrativa e judiciária. A GNR é uma “força de segurança de natureza militar, constituída por militares organizados num corpo especial de tropas” que integra os “sistemas nacionais de segurança e protecção”, estipulando-se que “as forças da Guarda são colocadas na dependência operacional do Chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas, através do seu comandante-geral, nos casos e termos previstos nas Leis de Defesa Nacional e das Forças Armadas e do regime do estado de sítio e do estado de emergência”, nos termos dos n.ºs 1 e 2 do artigo 1º e n.º 2 do artigo 2º do diploma orgânico da GNR. A PSP é, por sua vez,” uma força de segurança, uniformizada e armada”, cujas atribuições são, “em situações de normalidade institucional”, ” as decorrentes da legislação de segurança interna e, em situações de excepção, as resultantes da legislação sobre a defesa nacional e sobre o estado de sítio e de emergência”, em conformidade com o disposto nos artigos 1º, n.º 1 e 3º, n.º 1, do seu diploma orgânico.

“Aos serviços de informações incumbe assegurar, […], a produção de informações necessárias à salvaguarda da independência nacional e à garantia da segurança interna”, como se estabelece no artigo 2º, n.º 2, da Lei n.º 30/84, de 05 de Setembro97. O diploma define as bases gerais do Sistema de Informações da República Portuguesa (adiante designado por SIRP) e integra, para além dos serviços de informações (Serviço de Informações Estratégicas de Defesa e Serviço de Informações de Segurança), o Conselho Superior de Informações, o Secretário-Geral do Sistema de Informações da República Portuguesa e, com competências fiscalizadoras, o Conselho de Fiscalização do Sistema de Informações da República Portuguesa e a Comissão de Fiscalização de Dados do Sistema de Informações da República Portuguesa, como consta das alíneas e), f), b), d), a) e c), do artigo 7º.

Dispõe o artigo 20º da Lei Quadro do Sistema de Informações da República Portuguesa “o Serviço de Informações Estratégicas de Defesa é o organismo incumbido da

97 A Lei n.º 30/84, de 5 de Setembro, alterada pelas Leis n.ºs 4/95, de 21 de Fevereiro, 15/96, de 30 de Abril,

e 75-A/97, de 22 de Julho, foi republicada na íntegra, em anexo, com as alterações aprovadas pela Lei Orgânica n.º 4/2004, de 06 de Novembro, constitui a Lei Quadro do Sistema de Informações da República Portuguesa.

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produção de informações que contribuam para a salvaguarda da independência nacional, dos interesses nacionais e da segurança externa do Estado Português”. O artigo 21º da Lei Quadro estipula que “o Serviço de Informações de Segurança é o organismo incumbido da produção de informações que contribuam para a salvaguarda da segurança interna e a prevenção da sabotagem, do terrorismo, da espionagem e a prática de actos que, pela sua

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