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Legislação relativa a métodos de análise e critérios de desempenho

1. Introdução

1.3. O peixe na alimentação humana

1.3.6. Legislação relativa a métodos de análise e critérios de desempenho

Segundo o Regulamento (CE) Nº 333/2007 da comissão de 28 de março de 2007 que estabelece métodos de amostragem e de análise para o controlo oficial dos teores de chumbo, cádmio, mercúrio, estanho na forma inorgânica, 3-MCPD e benzo(a)pireno nos géneros alimentícios existem muitos procedimentos específicos satisfatórios para a preparação das amostras que podem ser utilizados para efetuar o controlo dos contaminantes metálicos em peixe e consideram-se satisfatórios os que se encontram descritos na norma CEN Foodstuffs — Determination of trace elements — Performance criteria, general considerations and sample preparation (EN 13804:2013) sem prejuízo de outros poderem ser igualmente válidos (CE, 2007). Existem muitas outras normas publicadas, referentes a métodos de análise de alimentos (EURL, 2012), no entanto outros métodos poderão ser igualmente válidos.

Relativamente ao desempenho de métodos analíticos e à interpretação de resultados é necessário garantir a qualidade e a comparabilidade dos resultados analíticos originados por laboratórios aprovados para o controlo oficial de metais. Para o efeito, devem usar-se sistemas de garantia da qualidade e, especificamente, aplicar métodos validados em conformidade com procedimentos e critérios de desempenho comuns e garantir a rastreabilidade relativamente a normas comuns ou acordadas em comum. Ainda é exigido que os laboratórios oficiais de controlo sejam acreditados em conformidade com a norma

ISO 17025 e os laboratórios autorizados terão de participar num programa externo internacionalmente reconhecido de avaliação e acreditação do controlo de qualidade. Além disso, os laboratórios autorizados devem provar a sua competência participando regularmente e com êxito em programas de comprovação de capacidade conhecidos ou organizados pelos laboratórios de referência nacionais ou comunitários (CE, 2002, 1996).

Em Portugal existe um Laboratório Nacional de Referência (LNR) aprovado para o controlo oficial de metais em peixes, o Instituto Português do Mar e da Atmosfera, como se pode verificar no site da European Union Reference Laboratory (EURL, 2016a). Estes laboratórios têm de participar em testes de comparação interlaboratoriais (EURL, 2016b). O European Union Reference Laboratory (EURL) suporta os LNR através da organização dessas comparações interlaboratoriais para a determinação de elementos químicos em alimentos de origem animal, como é o caso do peixe.

A legislação não é clara quanto à obrigatoriedade do cumprimento da legislação na análise de outros elementos em peixe, cingindo-se apenas aos contaminantes abordados no Regulamento (CE) Nº 1881/2006.

No Regulamento (CE) Nº 333/2007 da comissão de 28 de março de 2007 que estabelece métodos de amostragem e de análise para o controlo oficial dos teores de chumbo, cádmio, mercúrio, estanho na forma inorgânica, 3-MCPD e benzo(a)pireno nos géneros alimentícios é apresentada a legislação que estabelece os métodos de amostragem e de análise para o controlo oficial dos teores dos elementos/compostos mencionados (CE, 2007). Este regulamento foi posteriormente alterado pelo Regulamento (UE) Nº 836/2011 da comissão de 19 de agosto de 2011 que altera o Regulamento (CE) Nº 333/2007 que estabelece métodos de amostragem e de análise para o controlo oficial dos teores de chumbo, cádmio, mercúrio, estanho na forma inorgânica, 3-MCPD e benzo(a)pireno nos géneros alimentícios (CE, 2011b) e pelo Regulamento (UE) 2016/582 da comissão de 15 de abril de 2016 que altera o Regulamento (CE) Nº 333/2007 no que diz respeito à análise do arsénio na forma inorgânica, chumbo e hidrocarbonetos aromáticos policíclicos e a certos critérios de desempenho da análise (CE, 2016b). Na parte C dos referidos regulamentos está apresentada a legislação referente à etapa de preparação das amostras e análise, assim como os critérios de desempenho da análise. Os métodos validados internamente devem respeitar os critérios de desempenho mencionados na Tabela 4.

Tabela 4 – Critérios de desempenho para métodos de análise de chumbo, cádmio e mercúrio em peixe.

Parâmetro Critério

Seletividade Sem interferências matriciais ou espectrais

Repetibilidade 𝐻𝑂𝑅𝑅𝐴𝑇𝑟 menos de 2

Reprodutibilidade 𝐻𝑂𝑅𝑅𝐴𝑇𝑅 menos de 2

Limite de deteção = três décimos do LQ

Limite de quantificação

Chumbo Teor máximo no peixe enquadra-se no ≥ 0,1 mg/kg ≤ um quinto do teor máximo

Cádmio e mercúrio Teor máximo é < 0,100 mg/kg Teor máximo é ≥ 0,100 mg/kg ≤ dois quintos do teor

máximo

≤ um quinto do teor máximo

Uma vez que na legislação europeia (da qual Portugal é estado-membro) apenas são apresentados limites máximos para três contaminantes metálicos em peixe, também é apenas apresentada legislação no que diz respeito aos métodos de amostragem, análise e critérios de desempenho para estes três elementos. Esta abordagem poderá ser estendida a outros elementos; no entanto, os critérios de desempenho relativos aos limites de deteção e quantificação ficam restritos aos elementos presentes no Regulamento (CE) Nº 1881/2006.

Como se pode observar na Tabela 4, a precisão do método é avaliada através do cálculo

do valor de 𝐻𝑂𝑅𝑅𝐴𝑇𝑟 e 𝐻𝑂𝑅𝑅𝐴𝑇𝑅, que dizem respeito à razão entre o desvio padrão relativo

(coeficiente de variação) calculado a partir dos resultados obtidos em condições de repetibilidade (𝑟) ou reprodutibilidade (𝑅) e o desvio padrão relativo estimado a partir da equação de Horwitz, na concentração de interesse. A repetibilidade (𝑟) diz respeito a 66% da reprodutibilidade (𝑅) (CE, 2007; Thompson, 2000).

As equações de Horwitz são equações de precisão generalizada independentes do analito e da matriz e apenas dependentes da concentração para a maioria dos métodos de análise de rotina. O desvio padrão relativo (DRP) estimado a partir da equação de Horwitz é obtido de acordo com o indicado na Tabela 5, tendo em conta a concentração da amostra (𝐶).

Tabela 5 – Desvio padrão relativo estimado a partir da equação de Horwitz, na concentração de interesse. 𝐶 < 1,2 × 10−7 𝐷𝑃𝑅 = 0,22% Equação 1 Equação de Horwitz modificada 1,2 × 10−7≤ 𝐶 ≤ 0,138 𝐷𝑃𝑅 = 2𝐶−0,15 Equação 2 Equação de Horwitz

Basicamente o valor de 𝐻𝑂𝑅𝑅𝐴𝑇 é um critério de performance, em que se compara o coeficiente de variação obtido com o coeficiente de variação sugerido por Horwitz.

No que se refere aos métodos validados internamente, pode utilizar-se, como alternativa, uma abordagem “de adequação à finalidade” para se avaliar a adequabilidade desses métodos para o controlo oficial. Os métodos adequados para o controlo oficial têm de produzir resultados cuja incerteza-padrão combinada de medição (𝑢) seja inferior à incerteza-padrão de medição máxima, calculada pela fórmula seguinte (CE, 2007):

𝑈𝑓 = √(𝐿𝐷/2)2+ (𝛼𝐶)2

Equação 3 Onde:

𝑈𝑓 representa a incerteza-padrão de medição máxima (µg/kg). 𝐿𝐷 representa o limite de deteção do método (µg/kg).

𝐶 corresponde à concentração em causa (µg/kg).

𝛼 é um fator numérico cuja utilização depende do valor de 𝐶 (CE, 2007).

Estes critérios de desempenho, apresentados na legislação europeia, foram tidos em conta na realização deste trabalho, tendo-se estendido a presente legislação à determinação de outros elementos em peixe.