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SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.3. Legislação Vigente

Diante de um assunto tão atual e preocupante do ponto de vista ambiental, o poder público vem buscando tomar medidas para normatizar, legislar e punir a quem, de maneira direta ou indireta, contribui para a degradação do meio ambiente pela disposição inadequada dos resíduos gerados, atribuindo responsabilidades aos municípios, bem como às indústrias, empresas e pessoas comuns, quando se trata do destino correto dos RSU.

Para tal, foi instituída a Lei Federal nº 11.445, de 5 de janeiro de 2007, que estabeleceu diretrizes nacionais para o saneamento básico, alterando as Leis n° 6.766, de 1979, 8.036, de 1990, 8.666, de 1993, 8.987, de 1995 e revogando a Lei n° 6.528, 1978. Essa lei define resíduos sólidos e inclui seu correto manejo e destino como princípio fundamental dos serviços públicos de saneamento básico e autoriza cobrança pelo serviço de limpeza pública por meio de taxa ou tarifas sob a alegativa de manter a salubridade ambiental.

Em 2010, foi instituída a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) pela Lei Federal 12.305 de 02 de agosto de 2010, dispondo sobre seus princípios, objetivos e instrumentos, bem como sobre as diretrizes relativas à gestão integrada e ao gerenciamento de resíduos sólidos, incluídos os perigosos, às responsabilidades dos geradores e do poder público e aos instrumentos econômicos aplicáveis. Essa lei altera inclusive a Lei Federal Lei no 9.605, de 12 de fevereiro de 1998, que dispõe sobre as sanções penais e administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, tratando-as como crime. Essa lei prevê, em seu artigo 54, que causar poluição pelo lançamento de resíduos sólidos em desacordo com leis e regulamentos é crime ambiental. Dessa forma, os lixões que se encontram em funcionamento estão em desacordo com as Leis nº 12.305/2010 e 9.605/98.

A PNRS reúne o conjunto de princípios, objetivos, instrumentos, diretrizes, metas e ações adotadas pelo Governo Federal, isoladamente ou em regime de cooperação com Estados, Distrito Federal, Municípios ou particulares, com vistas à gestão integrada e ao gerenciamento ambientalmente adequado dos resíduos sólidos. A Lei traz a exigência da elaboração dos Planos Estaduais de Resíduos Sólidos, bem como os Planos Municipais de Gestão Integrada e determina também as responsabilidades dos geradores e do poder público.

Essa Lei consagra um longo processo de amadurecimento de conceitos. Princípios como o da prevenção e precaução, do poluidor-pagador, da eco-eficiência, da responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida do produto, do reconhecimento do resíduo como bem econômico e de valor social, do direito à informação e ao controle social, entre outros. A Lei 12.305/10 estabelece uma diferença entre a definição de resíduo e rejeito em um claro estímulo ao reaproveitamento e reciclagem de materiais, admitindo a disposição final apenas dos rejeitos. Incluem entre os instrumentos da Política as coletas seletivas, os sistemas de logística reversa e o incentivo à criação e ao desenvolvimento de cooperativas e outras formas de associação de catadores de materiais recicláveis resguardados também por decretos.

A Lei 12.305/10, em seu art. 54, estabelece que “a disposição final ambientalmente adequada dos rejeitos, observado o disposto no § 1° do art. 9°, deverá ser implantada em até 4 (quatro) anos após a data de publicação desta Lei”. Isso significa que a disposição final ambientalmente adequada dos rejeitos teria um prazo até 02 de agosto de 2014, além ser parte da meta para os Planos de Estados e Municípios,

que devem prever desde a distribuição ordenada de rejeitos em aterros, de modo a evitar danos ou riscos à saúde pública, à segurança e a minimizar os impactos ambientais adversos, até a coleta seletiva. Atendendo a essa meta, apenas rejeitos deveriam ser destinados a aterros sanitários, sendo todo o restante que seja potencialmente aproveitável remetido à reutilização e à reciclagem. A Lei diz ainda que estados e municípios teriam um prazo de dois anos da publicação da lei para elaborar seus planos de gestão de resíduos sólidos, a fim de que tenham acesso aos recursos da União destinados a empreendimentos e serviços relacionados à limpeza urbana e ao manejo de resíduos sólidos.

A PNRS definiu, por meio do Decreto 7.404 de 2010, que os sistemas de coleta seletiva e de logística reversa priorizarão a participação dos catadores de materiais recicláveis, da mesma forma que os planos municipais deverão definir programas e ações para sua inclusão nos processos. Este decreto complementa um anterior, Decreto n° 5.940 de 2006, que instituiu a separação dos resíduos recicláveis descartados pelos órgãos e entidades da administração pública federal direta e indireta, na fonte geradora, e a sua destinação às associações e cooperativas dos catadores de materiais recicláveis.

A Lei nº 12.305/10 também tornou obrigatória a implantação de sistemas de logística reversa, trazendo dentre suas disposições uma relação de produtos e setores, para os quais tais sistemas devem ser disponibilizados. Os setores de embalagens de agrotóxicos, embalagens de óleos lubrificantes e pneus inservíveis contam com ações estruturadas para retorno dos materiais descartados, e têm se destacado no incentivo à logística reversa (ABRELPE, 2014).

Nos termos da Lei Federal nº 12.305/10, que instituiu a Política Nacional de Resíduos Sólidos, os RSU englobam os resíduos domiciliares, isto é, aqueles originários de atividades domésticas em residências urbanas e os resíduos de limpeza urbana, quais sejam, os originários da varrição, limpeza de logradouros e vias públicas, bem como de outros serviços de limpeza urbana (ABRELPE, 2014).

O Brasil instituiu ainda a Política Nacional sobre a Mudança do Clima (PNMC), por meio da Lei no 12.187/2009, que define o compromisso nacional voluntário de adoção de ações de mitigação com vistas a reduzir suas emissões de gases de efeito estufa (GEE) entre 36,1% e 38,9% em relação às emissões projetadas até 2020.

Segundo o Decreto no 7.390/2010, que regulamenta a PNMC, a projeção de emissões de gases de efeito estufa para 2020 foi estimada em 3,236 Gt CO2eq. Dessa forma, a

redução correspondente aos percentuais estabelecidos encontra–se entre 1,168 Gt CO2eq

e 1,259 Gt CO2eq, respectivamente, para o ano de 2014. (MCTI, 2014)