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CAPÍTULO II DOCUMENTOS OFICIAIS DA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

2.3 Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB)

A Lei de Diretrizes e bases da Educação (LDB) foi promulgada em 20 de dezembro de 1996 e tem por finalidade estabelecer as diretrizes e as bases da educação nacional. Foi elaborada para reunir em um só documento toda a legislação referente à educação no Brasil.

Considerando o tempo de tramitação no Congresso Nacional e as discussões em torno das propostas e substitutivos apresentados, a LDB conseguiu reunir a legislação pertinente da área, mas não conseguiu o consenso entre os militantes da causa educacional e os legisladores. Isso fez com que a redação final da lei contenha algumas regulamentações de forma superficial, deixando de fora importantes temas que não foram votados.

Sancionada em dezembro de 1996, [...] depois de um parto interminável e em meio a algumas satisfações e muitas insatisfações. Entre estas há também aquelas de estilo corporativista, voltadas a entupir a Lei com todas as possíveis defesas das classes e instituições [...]. Neste sentido, ao lado de

ranços que a Lei preserva, há avanços incontestáveis [...] (DEMO, 2008,

p.9-10, grifo do autor).

Segundo Demo (2008, p.10), a LDB apresenta avanços que podem ser creditados, em grande parte, à ação do Senador Darcy Ribeiro. E acrescenta que toda lei aprovada no Congresso Nacional sofre a influencia e a interferência de muitos interesses no assunto e um assunto que envolve interesses orçamentários e interfere em instituições públicas e privadas não teria muitas condições de aprovar um texto avançado no sentido de contemplar os sonhos dos educadores brasileiros.

Em seu artigo primeiro declara que “a educação abrange os processos formativos que se desenvolvem na vida familiar, na convivência humana, no trabalho, nas instituições de ensino e pesquisa, nos movimentos sociais e organizações da sociedade civil e nas manifestações culturais” (BRASIL, 1996). Isso posto, percebe-se a intenção do legislador em ordenar juridicamente a educação, tanto que complementa em seu parágrafo primeiro que “esta lei disciplina a educação escolar, que se desenvolve, predominantemente, por meio do ensino, em instituições próprias” (BRASIL, 1996).

O legislador define que a LDB deve inicialmente determinar as circunstancias em que a educação pode ocorrer e em que condições isso é possível, tendo como princípio o desenvolvimento do cidadão para a convivência na sociedade, fornecendo-lhe as condições necessárias para a sua independência financeira e cultural.

Em seu artigo segundo, a LDB define que “a educação, dever da família e do Estado, inspirada nos princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade humana, tem por finalidade o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho” (BRASIL, 1996). Coloca, pois, como objeto da educação a preparação das pessoas para o convívio social e sua preparação para a plena emancipação intelectual e financeira.

Segundo Demo (2008, p.68), a educação no Brasil está obsoleta e a “LDB não redime essa chaga, por mais que lance perspectivas inovadoras aqui e ali”. E apresenta que “a visão de educação não ultrapassa a do mero ensino, como regra” e complementa que “o texto está enredado numa verdadeira ‘salada terminológica’, redundando em linguagem e postura ultrapassadas, no todo” (DEMO, 2008, p. 68, grifo do autor).

Sobre a Educação a Distância, a LDB apresenta, em seu artigo 80 os fundamentos pelos quais são constituídas as bases legais para a sua execução e deixou a regulamentação para ser efetivada posteriormente. Diz o artigo, no caput, que “O Poder Público incentivará o desenvolvimento e a veiculação de programas de ensino a distância, em todos os níveis e modalidades de ensino, e de educação continuada” (BRASIL, 1996).

Cabe reconhecer que fica estabelecido o interesse claro por formas de educação a distância, embora dentro da salada terminológica típica, que confunde despreocupadamente educação e ensino. Todas as modalidades de “ensino” são permeáveis a esse tipo de aproveitamento tecnológico (DEMO, 2008, p.85-86, grifo do autor).

O parágrafo primeiro exige que as instituições interessadas façam o credenciamento perante a união. E escreve Demo (2008, p. 86) que se por um lado isso é um cuidado em torno da área, por outro ocorre certa dose de centralização.

O parágrafo terceiro postula que “as normas para produção, controle e avaliação de programas de educação a distância e a autorização para sua implementação, caberão aos respectivos sistemas de ensino, podendo haver cooperação e integração entre os diferentes sistemas” (BRASIL, 1996).

É inegável a inserção da tecnologia no setor educacional e de sua viabilidade como precursora de uma já considerada “antiga” modalidade educacional – a educação a Distância. Todavia,, somente com o resgate oferecido pela LDB 9394/96, há uma década, que apesar de todos os questionamentos e críticas sofridas por esta modalidade podemos, hoje, reafirmar sua importância e inegável importância ao sistema educacional (VASCONCELOS, 2008, p. 223, grifo da autora).

Ao longo da LDB (BRASIL, 1996) podem-se encontrar outros artigos com referências à educação a distância. Assim, no artigo trinta e dois, parágrafo quarto é definida a “excepcionalidade da EAD no ensino fundamental”, sendo admitida apenas como complementação da aprendizagem ou em situações emergenciais. Outro artigo, o de número quarenta e sete, em seu parágrafo terceiro, estabelece que “é revogada a obrigatoriedade da freqüência” de alunos e professores nos cursos desenvolvidos a distancia. E ainda pode-se notar que no artigo oitenta e sete, parágrafo terceiro, está estabelecida a obrigação de cada Município e, subsidiariamente, dos estados e da união, “de prover cursos presenciais ou a distância aos jovens e adultos insuficientemente escolarizados e de realizar programas de capacitação para todos os professores em exercício”, podendo para isto, utilizar os recursos da educação a distância.

Consoante a LDB, ficou atribuída ao Ministério da Educação a regulamentação dos aspectos fundamentais da educação a distancia. Dessa forma, o legislador garantiu ao poder central a influência definitiva em relação às demais disposições da área e que podem ser mencionadas. Primeiramente, o Ministério da Educação deve incentivar o desenvolvimento e a veiculação de programas de ensino à distância em todos os níveis e modalidades de ensino e de educação continuada. Que a educação a distância deve ser organizada com regime especial. Também caberá aos sistemas de ensino normatizar a produção, controle e avaliação de programas e autorizar seu funcionamento e que poderá haver cooperação e integração entre os diferentes sistemas. A educação a distância terá tratamento diferenciado, que incluirá tanto os custos reduzidos na transmissão por rádio e televisão, quanto a concessão de canais

exclusivamente educativos e a determinação de um tempo mínimo gratuito para o serviço público, em sistemas comerciais.

Varias alterações já foram efetivadas na LDB através de decretos e regulamentações, visando aperfeiçoar e ampliar o alcance do dispositivo legal. As regulamentações e determinações estão definidas em decretos e portarias editadas, que são apresentadas nos próximos tópicos.