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A lei de gestão das florestas públicas

No documento Gestão de Florestas (páginas 67-71)

permanente e a reserva legal

Aula 14 A lei de gestão das florestas públicas

Nesta aula veremos os aspectos principais da legislação e sua importância para a conservação e uso sustentável dos recursos florestais.

Um dos grandes avanços na legislação ambiental brasileira foi o desenvolvi- mento da lei de gestão das florestas públicas, sancionada em 2006. Essa lei permitiu ao governo licitar e conceder áreas de florestas públicas para o uso sustentável de parte de seus recursos pela iniciativa privada ou por comuni- dades. Vamos conhecer mais sobre ela?

14.1 Princípios e objetivos da lei de gestão

das florestas públicas

Sancionada em 2 de março de 2006, a Lei n. 11.284 (BRASIL, 2006) trata da gestão de florestas públicas para a produção sustentável. A mesma lei ins- tituiu o Serviço Florestal Brasileiro, órgão sujeito ao Ministério do Meio Am- biente e responsável pela administração direta das florestas nacionais. Essa lei também criou o Fundo Nacional de Desenvolvimento Florestal, destinado a fomentar o desenvolvimento de atividades sustentáveis de base florestal no Brasil e a promover a inovação tecnológica do setor.

O artigo 2º, da Lei n. 11.284, estabelece os princípios e objetivos da gestão das florestas públicas, que constituem:

I. a proteção dos ecossistemas, do solo, da água, da biodiversidade e valores culturais associados, bem como do patrimônio público;

II. o estabelecimento de atividades que promovam o uso eficiente e racio- nal das florestas e que contribuam para o cumprimento das metas do desenvolvimento sustentável local, regional e de todo o País;

III. o respeito ao direito da população, em especial das comunidades lo- cais, de acesso às florestas públicas e aos benefícios decorrentes de seu uso e conservação;

IV. a promoção do processamento local e o incentivo ao incremento da agregação de valor aos produtos e serviços da floresta, bem como à diversificação industrial, ao desenvolvimento tecnológico, à utilização e à capacitação de empreendedores locais e da mão de obra regional;

V. o acesso livre de qualquer indivíduo às informações referentes à gestão de florestas públicas;

VI. a promoção e difusão da pesquisa florestal, faunística e edáfica, relacio- nada à conservação, à recuperação e ao uso sustentável das florestas;

VII. o fomento ao conhecimento e a promoção da conscientização da po- pulação sobre a importância da conservação, da recuperação e do ma- nejo sustentável dos recursos florestais;

VIII. a garantia de condições estáveis e seguras que estimulem investimen- tos de longo prazo no manejo, na conservação e na recuperação das florestas.

Portanto, conforme o disposto nos princípios da legislação, a gestão de flo- restas públicas visa, de modo geral, a conservação dos recursos florestais, incentivando o seu uso sustentável e o desenvolvimento socioeconômico das comunidades em torno das áreas florestais.

14.2 Concessões florestais

Com base na Lei n. 11.284, de 2006 (BRASIL, 2006), o poder público obteve a possibilidade de conceder a empresas e comunidades o direito de mane- jar florestas públicas para a extração de madeira e outros produtos. Essas concessões permitem a geração de benefícios socioambientais, seja para as populações que residem no entorno das florestas como para a sociedade em geral. Além de incentivar a manutenção da cobertura florestal e dos serviços prestados pela floresta, como regulação do ciclo hidrológico e do clima, a concessão de florestas permite outras melhorias, tais como o apoio à estruturação e à gestão das unidades de conservação, maior intervenção do estado nas áreas florestais e regularização das terras da região.

As concessões florestais seguem o Plano Anual de Outorga Florestal (PAOF), que identifica as áreas de florestas públicas que poderão ser concedidas a cada ano. Estabelecidas as florestas públicas passíveis de concessão, são

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elaborados os editais destinados ao processo de licitação. Nos editais de concessão são estabelecidos o objetivo da licitação, que indica os serviços e produtos que poderão ser explorados. O edital ainda deve conter informações a respeito da área e local das unidades destinadas ao manejo, bem como os critérios a serem empregados na análise das propostas dos concorrentes, as categorias de espécies de madeira e os preços mínimos que deverão ser pagos ao governo pela concessão.

Entretanto, antes do processo de licitação, a proposta de concessão deve ser discutida com a comunidade e órgãos públicos, afim de estabelecer acordos entre os interessados. Seguida essa fase, a licitação é aberta, sendo que empresas e comunidades podem concorrer. Os concorrentes apresentam então suas propostas, especificando as medidas que serão adotadas para cumprir as exigências sociais e ambientais, e também devem apresentar o valor disposto a pagar pela utilização dos recursos. Após o julgamento das propostas, os vencedores obtêm o direito de manejar a floresta durante um período de 40 anos.

14.3 Gestão de florestas comunitárias

As florestas públicas comunitárias são aquelas utilizadas ou habitadas por comunidades tradicionais, onde há a prática da agricultura familiar e assen- tamentos da reforma agrária. E como isso funciona no Brasil?

No Brasil, as florestas com essas características representam cerca de 136 milhões de hectares, representando 57% das florestas públicas nacionais, e apresentam grande importância social e econômica, visto que são fonte de renda para mais de dois milhões de pessoas (SFB, 2012).

Figura 14.1: Exemplo de população tradicional ocu- pando áreas de florestas comunitárias.

Fonte: www.brasil.gov.br

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No caso de florestas públicas ocupadas nos termos mencionados anterior- mente, caberá aos órgãos competentes a regulamentação do uso dessas áreas, seja por meio da criação de reservas extrativistas e reservas de desen- volvimento sustentável seja pela concessão de uso por meio de projetos de assentamento florestal, de desenvolvimento sustentável, agroextrativistas ou outros similares. As comunidades poderão também participar dos processos de licitações para a obtenção do direito de manejar de forma sustentável os recursos florestais, por meio de associações comunitárias e cooperativas.

Resumo

A lei de gestão de florestas públicas proporcionou avanços ao incentivar e conceder florestas sob domínio público ao manejo sustentável de seus recur- sos, seja pela iniciativa privada seja por associações comunitárias. Seguindo o Plano Anual de Outorga Florestal, são identificadas áreas onde o manejo é possível e, em seguida, destinadas à licitação. Dentre os avanços conse- guidos com essa lei está a possibilidade de compatibilizar a conservação da natureza, por meio da manutenção da cobertura vegetal sobre a área, com o desenvolvimento socioeconômico das regiões florestais do Brasil.

Atividades de aprendizagem

Você acredita que associações de comunidades tradicionais são capazes de concorrer com grandes empresas, inclusive multinacionais, nos processos de licitação de florestas públicas? Dê sua opinião e justifique sua resposta.

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