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Antes de analisar os leis que proíbem ou traduzem o uso de estrangeirismos na publicidade, deve-se ter em mente que estes já estariam descartados segundo a Constituição Brasileira, em seu artigo 5°, tem-se os principais parágrafos que abordam o assunto:

[...]IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato; IX – é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença;

XLI – a lei punirá qualquer discriminação atentatória dos direitos e liberdades fundamentais;

LIV – ninguém será privado da liberdade ou de bens sem o devido processo legal;

LXXI – conceder-se-á mandado de injunção sempre que a falta de norma regulamentadora torne inviável o exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania.11

Segundo o artigo 5° da Constituição Brasileira, seguindo os principais parágrafos que podem ser relevados quando o assunto é uma ou mais leis que “interferem” na forma de expressão do cidadão que faz uso de estrangeirismos na publicidade brasileira, tem-se que manifestar o pensamento é portanto livre, há liberdade de expressão do que se bem entende,sendo assim, é vedado o anonimato, não podendo haver nenhum tipo de discriminação que infrinja os direitos humanos e liberdades fundamentais, além disso,

11

Fonte:Senado Federal. Constituição da República Federativa do Brasil. Disponível em:

<http://www.senado.gov.br/legislacao/const/con1988/con1988_05.10.1988/art_5_.shtm> Acesso em: 13 de novembro de 2014.

ninguém será privado da liberdade ou de bens sem o devido processo legal e um mandado de injunção será concedida sempre a falta de norma.

Com isso, essa lei pune qualquer discriminação à expressão intelectual, artística, científica ou comunicativa que independe de censura ou licença. A mesma será utilizada para o exercício de direitos e liberdade constitucionais e dos privilégios que independem da nacionalidade, da soberania e da cidadania.

O artigo 5° da Constituição Brasileira tem como direitos e garantias fundamentais a igualdade perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros que residem no Brasil o direito a vida, liberdade, igualdade, segurança e propriedade.

Tendo em mente o que diz o artigo 5° da Constituição Brasileira, dos Direitos e Garantias Fundamentais, que envolve os deveres e direitos individuais e coletivos, veremos agora as leis que moldam o uso de estrangeirismos na publicidade brasileira, começando pela lei carioca n° 5033/09.

4.2.1 LEI N° 5033/09

Apesar do que diz o artigo 5°da Constituição Brasileira, (artigo que já foi citado anteriormente) o jornal Folha de São Paulo anunciava que: a publicidade carioca acaba por ter que seguir a Lei 5033/09, autoria do vereador Sérgio Monteiro (PCdoB), sancionada pelo ex- prefeito Eduardo Paes, que exige atradução de termos estrangeiros, . A multa para quem descumprir a lei é de R$5 mil reais, em caso de reincidência, a multa pode dobrar e o infrator terá o alvará cassado. Fabio Grellet lembra ao jornal Folha de São Paulo: “Nada de “sale‟, “off” ou “delivery”. As peças publicitárias do Rio de Janeiro só podem usar palavras estrangeiras se tiverem tradução e em letras do mesmo tamanho”. 12

Vejamos a Lei n° 5033/09 de 19 de Maio de 2009 na íntegra, assunto que causou polêmica e foi repercutido nos maiores jornais brasileiros:

Art. 1º Torna-se obrigatório que as propagandas expostas em todo o

território municipal, que tenham em seu conteúdo palavras em outros idiomas, possuam tradução.

Parágrafo Único - A tradução a que se refere o art. 1º deve ser do mesmo

tamanho que as palavras em outro idioma expostas na propaganda.

Art. 2º O descumprimento do disposto nesta Lei implicará ao infrator: I - multa de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) na primeira ocorrência;

12

Fonte: Folha de São Paulo. Lei obriga tradução de palavras estrangeiras em publicidade. Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/educacao/2009/05/569267-lei-obriga-traducao-de-palavras-estrangeiras-em-

II - dobrada em caso de reincidência; III - suspensão do Alvará.

Art. 3º O valor das multas previstas no art. 2º desta Lei deverá ser reajustado

anualmente pela variação do Índice de Preços ao Consumidor Amplo Especial-IPCA-E apurado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística-IBGE, acumulado no exercício anterior, sendo que, no caso de extinção desse índice, será adotado outro criado por legislação federal e que reflita a perda do poder aquisitivo da moeda.

Art. 4º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.

EDUARDO PAES, Prefeito DO RIO de 20.05.2009.13

Refletindo os artigos da lei 5033/09, percebe-se que a lei: só é válida no município do Rio de Janeiro, obriga a tradução de palavras estrangeiras em letras do mesmo tamanho que as letras das palavras estrangeiras expostas. A lei é clara quanto aos valores de multa, tem-se que na primeira ocorrência a multa é de R$ 5.000,00 (cinco mil reais), em caso de reincidência a multa é dobrada, ou seja, a multa é de R$ 10.000,00 (dez mil reais) e se ocorre novamente há a suspensão do Alvará. E ainda, os valores das multas devem ser reajustados anualmente conforme a variação dos preços ao consumidor.

Essa lei foi criada na intenção de trazer igualdade da compreensão para pessoas que falam o mesmo idioma e que não tem o mesmo conhecimento linguístico de outros idiomas, para que não haja incompreensão da mensagem, nem propaganda enganosa. Através desta, o ex-vereador autor da Lei 5033/09, Sérgio Monteiro, acredita que será possível obter compreensão para toda a população brasileira, que em fatos reais, é dividida em questões educacionais.

Então, quando se tem igualdade como prioridade, pode-se trazer a este entendimento o artigo 5° da Constituição Brasileira para reflexão, juntamente com as críticas abordadas no segundo capítulo sobre o uso de estrangeirismos na língua portuguesa falada no Brasil, mais especificamente no tópico 3.4 Críticas ao Uso de Estrangeirismos.

Tem-se a conceituação de Alves (2007) que as pessoas que empregam estrangeirismos que são facilmente reconhecidos como palavras estrangeiras têm consciência que esta palavra se trata de uma palavra estrangeira, e que a compreensão do uso dessa palavra pode não ser totalmente clara e que é de conhecimento do emissor não ser interpretado corretamente, por isso em muitos textos a unidade léxica estrangeira vem acompanhada da própria tradução ou significação equivalente a da língua vernácula, o que acaba por igualar a compreensão de quem lê. (ALVES, 2007)

13

Fonte: Jus Brasil. Legislação: Lei 5033/09. Disponível em:

<http://cm-rio-de-janeiro.jusbrasil.com.br/legislacao/874302/lei-5033-09?ref=topic_feed> Acesso em: 13 de novembro de 2014.

Vejamos a seguir outra lei brasileira que tem semelhante justificativa e corresponde ao uso de estrangeirismos na publicidade.

4.2.2 LEI N° 156/2009

Não é só no estado do Rio de Janeiro que uma lei foi criada e aprovada para exigir tradução de termos na publicidade. No Rio Grande do Sul, a Assembleia dos Deputados também aprovou uma lei que proíbe o uso de estrangeirismos na escrita publicitária sem que estejam acompanhados de suas devidas traduções. Como anunciava o jornal Folha de São Paulo:

Os deputados do Rio Grande do Sul aprovaram uma lei para banir o bullying, o spam, o pizzaiolo e qualquer outro vocábulo estrangeiro sem estar acompanhado tradução nas propagandas e documentos oficiais do Estado. Aprovada por 26 votos a 24, a lei foi proposta pelo deputado Raul Carrion (PC do B) e institui a obrigatoriedade da do uso de expressões em português no lugar das estrangeiras "em todo documento, material informativo, propaganda, publicidade ou meio de comunicação através da palavra escrita" no Estado. Ainda caberá ao governador Tarso Genro (PT) sancionar ou vetar a lei. O principal alvo da regulamentação são estrangeirismos que poderiam ser facilmente substituídos por palavras em português, como os anúncios que trazem o termo "sale" no lugar de "liquidação", mas a lei vai além. 14

A Lei 156/2009, de autoria Raul Carrion, pretende tornar compreensíveis os termos que tenham tradução, já os que não tiverem tradução poderão ser utilizados normalmente.Essa medida foi tomada para que haja melhor compreensão da informação que se quer passar, para aqueles que falam o idioma português e não tem conhecimento de outro idioma, dessa forma, a compreensão é de todos os falantes da língua portuguesa falada no Brasil.

Essa lei segue de acordo com a Lei 5033/09 do Rio de Janeiro que foi citada anteriormente, pois obriga a tradução dos termos estrangeiros em letras do mesmo tamanho da mesma forma, porém existem diferenças entre essas leis publicitárias brasileiras.

Vejamos a lei na íntegra a Lei 156/2009 para refletir as diferenças que existem entre a Lei 5033/09do Rio de Janeiro e a Lei 156/2009 do Rio Grande do Sul:

14

Fonte: Folha de São Paulo. Assembleia gaúcha aprova lei proibindo estrangeirismo na escrita. Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2011/04/906578-assembleia-gaucha-aprova-lei-proibindo-

Art. 1º Institui a obrigatoriedade da tradução de expressões ou palavras estrangeiras para a línguaportuguesa, em todo documento, material informativo, propaganda, publicidade ou meio de comunicação através da palavra escrita no âmbito do Estado do Rio Grande do Sul, sempre que houver em nosso idioma palavra ou expressão equivalente. § 1º – Nos casos excepcionais, em que não houver na língua portuguesa palavra ou expressãoequivalente, o significado ou tradução da palavra ou expressão estrangeira deverá estar escrito, com o mesmo destaque, subseqüentemente a sua utilização no texto.

§ 2º - A tradução a que se refere o caput deste artigo deve ser do mesmo tamanho que as palavrasem outro idioma expostas no documento, material informativo, propaganda, publicidade ou meio de comunicação em questão.

Art. 2o Todos os órgãos, instituições, empresas e fundações públicas deverão priorizar na redaçãode seus documentos oficiais, sítios virtuais, materiais de propaganda e publicidade, ou qualquer outra formade relação institucional através da palavra escrita, a utilização da língua portuguesa, nos termos desta lei.

Art. 3º Esta Lei poderá ser regulamentada para garantir sua execução e fiscalização e para definiras sanções administrativas a serem aplicadas àquele, pessoa física ou jurídica, pública ou privada, que descumprir qualquer disposição desta lei.

Art. 4o Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação. Porto Alegre, 03 de agosto de 2009.

Deputado(a) Raul Carrion.15

Podem-se observar vários pontos em comum entre as duas leis de diferentes estados brasileiros. Em seu site oficial, Raul Carrion explica justificativa e expõe sua opinião acerca dos estrangeirismos na língua portuguesa falada no Brasil. Carrion (2009) fala que assistimos atualmente a uma acelerada descaracterização da língua portuguesa, com o uso desnecessário de estrangeirismos que têm tradução e equivalentes consagrados. (CARRION, 2009)

Os estrangeirismos têm grande importância na comunicação, pois, fazem parte da língua, contribuíram para a formação da mesma e ainda agem em prol do avanço tecnológico que envolve a globalização e a unificação de culturas a partir das maiores potencias econômicas atuais. São empregados de forma formal e informal, em todos os ambientes em que haja comunicação. Fazem parte da evolução da língua portuguesa, da mesma forma que contribuíram e contribuem com a sua formação, são também, sinônimos de embelezamento e cultura, quando são apropriadamente aplicados. (FARACO, 2001)

Esses termos podem ser facilmente substituídos por palavras em português quando há uma tradução, caso contrário, é possível conseguir um termo equivalente dentro da língua portuguesa e até mesmo, a criação de um. (FARACO, 2001)

15

Fonte: Site oficial do deputado estadual Raul Carrion: http://www.raulcarrion.com.br/pl156_09.asp Acessado em: 30.05.2015.

Tem-se então neste capítulo os estrangeirismos na prática brasileira, onde estão sendo aplicados e seus devidos exemplos reais e atuais, assim como também, os estrangeirismos na publicidade e as duas leis acerca do uso.

Percebe-se que ainda há muita divergência quando o assunto é o emprego de estrangeirismos na língua portuguesa em diversas áreas, quanto mais na publicidade que tem alcance internacional e que influencia até a fala das pessoas. (FARACO, 2001)

Pudemos observar as questões que envolvem as Leis brasileiras de uso de estrangeirismos na publicidade brasileira: Lei 5033/09do Rio de Janeiro e a Lei 156/2009 do Rio Grande do Sul, na qual pudemos comparar com o artigo 5° da Constituição Brasileira dos Direitos Humanos, que evidencia a igualdade e a liberdade de expressão. Refletimos todos esses pontos acerca de exemplos reais e atuais tirados da mídia brasileira que estão em ANEXOS.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Em nossa pesquisa refletimos o uso de estrangeirismos na língua portuguesa falada no Brasil e as duas leis de uso de estrangeirismos na publicidade brasileira.

Este trabalho teve como objetivos: refletir o modo como os estrangeirismos estão sendo usados e criticados; compreender as leis que determinam a aplicabilidade desses termos na publicidade brasileira e entender como a globalização e o avanço tecnológico interferem juntamente com a publicidade na evolução da língua portuguesa falada no Brasil.

Pudemos refletir os objetivos de estudo citados acima, inicialmente, através do estudo de iniciação da língua e suas diferentes definições conceituadas por diferentes gramáticos e linguistas, assim como, também, através da demonstração de diferentes conceitos de estrangeirismos, definições, características, origens, estudos, diferenciações, críticas ao uso desses termos na língua portuguesa falada no Brasil e, posteriormente, o uso dos estrangeirismos na publicidade e as duas leis brasileiras de uso: lei 5033/09 e a lei 156/2009.

Com o descobrimento do Brasil pelos portugueses, juntamente com a colonização e a imigração de povos de outras nações, tem-se inicialmente que os idiomas falados no Brasil eram os idiomas das tribos indígenas, o que mudou a partir da chegada dos portugueses que trouxeram a língua portuguesa, língua que posteriormente sofreu influências de idiomas africanos, indígenas, francês, italiano, alemão, espanhol etc, completando, assim, um idioma único: a língua portuguesa brasileira. Essa reflexão foi alcançada através de uma longa pesquisa em gramáticas, livros especializados, artigos, jornais científicos, propagandas,

dicionários específicos, leis na íntegra, mídias e em qualquer outra forma em que houvesse a expressão de um estrangeirismo na língua portuguesa brasileira. Dentre tantas formas influentes na atual sociedade que vivemos, optamos por escolher a que consideramos mais abrangente por atuar em diversas mídias, de maneira visual e/ou auditiva; a publicidade.

Apesar do estudo da língua ser extremamente extenso por envolver fatores de evolução da humanidade, o que corresponde a todo o processo da formação do sistema linguístico, desde a iniciação da formação da linguagem mais primordial já existente, até passar por séculos de evolução e chegar ao que temos concreto hoje, que ainda segue em constante mudança evolutiva causada pelo uso e necessidade de seus próprios falantes. Tentamos sintetizar ao máximo o conteúdo de pesquisa que correspondesse ao tema deste trabalho de pesquisa, o que significa que de maneira nenhuma estivemos perto de esgotá-lo.

Primeiramente, de que forma o contato entre diferentes povos interfere na evolução da língua portuguesa falada no Brasil? A globalização fez com que a cultura brasileira fosse formada de diversas culturas, por questões histórico-sociais, que envolvem influências portuguesas, espanholas, italianas e indígenas, africanas, tanto em questões culturais quanto na língua falada.

O contato entre diferentes povos interfere diretamente na evolução de uma língua, pois palavras são cultura e o contato direto de várias culturas resulta na miscigenação de palavras entre diversas línguas. Os estrangeirismos na língua portuguesa são parte desta, já que a mesma é resultado de outras línguas e culturas, tratando-se assim de uma língua miscelânea (FILHO, 2000). Com isso, não existe língua desacompanhada de sua referência histórica, assim como: língua portuguesa (Portugal), língua francesa (França), língua inglesa (Inglaterra) etc. (BECHARA, 2009)

Tendo em vista que a língua está em constante evolução, dessa forma o conjunto de unidades lexicais de uma língua espelha a experiência humana acumulada e traços das práticas sociais e culturais. Com todo o processo tecnológico, científico e de globalização que estamos passando, a língua portuguesa ganhou novos léxicos e signos lexicais. (GIL, 2009) Para entender melhor uma língua e suas variantes, é preciso conhecer sua estrutura, mesmo que em sua forma mais básica, de léxicos e lexemas ou, até mesmo de forma mais completa, observando também todos os fatores externos, como o encontro com outros idiomas. (TURAZZA, 2001)

O tempo fez com que a linguagem evoluísse e se tornasse a língua concreta, através da significação de palavras que foram mudadas e adaptadas durante os anos por seus próprios falantes, se adaptando ainda melhor a cada realidade de cada época. O que vemos hoje é nada

mais que o resultado de uma sociedade globalizada, que tende a cada vez mais ter contato direto com outras culturas e absorver de certa forma a cultura de outro país, que possui outro idioma, na forma de palavras. (TERRA, 2008)

Prosseguindo com as reflexões acerca da pesquisa realizada neste trabalho, tem-se a partir dos objetivos, das análises e comparações a reflexão da seguinte pergunta: Como estão sendo usados os estrangeirismos na língua portuguesa falada no Brasil? Vemos que essas palavras emprestadas estão em toda a sociedade, através de propagandas, músicas, redes sociais, mídias, músicas etc. Atualmente para estar realmente inserido na sociedade, precisa- se conhecer, entender e saber como usar esses novos termos que estão crescendo cada vez mais, principalmente nas profissões tecnológicas. O uso de diversos termos emprestados envolve conhecimento de tecnologias e outros idiomas. O resultado dessa exigência do mercado de trabalho é o uso de palavras estrangeiras em situações não tão necessárias. Na publicidade, no jornalismo, na moda e nas áreas tecnológicas, os estrangeirismos dominam de forma crescente. O uso de outros idiomas cresce e muito, principalmente o uso do inglês, que é a língua considerada universal atualmente. (FARACO, 2001) Como foi possível observar nos ANEXOS selecionados e na canção Samba do Approach de Zeca Baleiro, na qual o compositor brinca com palavras da língua inglesa.

E finalmente, como as leis brasileiras vêem os estrangeirismos na publicidade brasileira? Refletimos que o uso de estrangeirismos não preocupa apenas gramáticos e linguístas. O uso desnecessário e de forma errônea desses estrangeirismos, causa interpretação errada do verdadeiro sentido da expressão e, com isso, uma falha na comunicação. Nem todos os falantes conhecem palavras estrangeiras. (BECHARA, 2009).

Apesar dos debates sobre o uso de estrangeirismos entre gramáticos e linguistas, para Faraco (2001) esses empréstimos não ameaçam a integridade da língua portuguesa. A ideia de purismo se prende a fundamentos que não podem ser considerados, pois a língua portuguesa teve em sua formação a influência de vários idiomas, estrangeirismos que apesar da mudança fonética e escrita e adaptação com aportuguesamento, fazem parte da nossa língua e continuarão sendo usados. (FARACO, 2001)

Para Filho (2000) os empréstimos nunca prejudicaram a identidade cultural de uma língua, o que quer dizer que uma língua não tem o poder de ameaçar a integridade sistemática ou o conjunto sistemático que é aquela língua que está fazendo empréstimos de outras línguas. Já Alves (2007) esclarece que as pessoas que empregam estrangeirismos que são facilmente reconhecidos como palavras estrangeiras têm consciência que esta palavra se trata de estrangeira e que a compreensão da aplicabilidade que essa palavra pode ter pelo emissor por

seus respectivos receptores pode não ser totalmente clara e que é de conhecimento do emissor não ser interpretado corretamente, por isso em muitos textos a unidade léxica estrangeira vem acompanhada da própria tradução ou significação equivalente a da língua vernácula. (ALVES, 2007)

É simplesmente o que as leis exigem, a tradução ou a equivalência da unidade estrangeira com letras do mesmo tamanho para que haja compreensão de todos que falam a língua portuguesa, independente de níveis de conhecimento de outras línguas. As leis vêem os estrangeirismos como termos que podem ser facilmente não compreendidos por todos os falantes do português brasileiro.

Este trabalho permitiu refletir parte da evolução da língua quanto ao uso de estrangeirismos, o modo como estão sendo usados e criticados e como as leis publicitárias delimitam o uso dos mesmos. Poderíamos ainda ter feito mais análises de uso de estrangeirismos na prática, como, por exemplo, estrangeirismos que são ao mesmo tempo falsos cognatos, listas dos estrangeirismos que entraram nos dicionários brasileiros nos últimos anos, listas com os estrangeirismos que passaram a ser escritos sem itálico segundo a reforma ortográfica e entre tantos outros, porém nos mantivemos na atual pesquisa, com o tempo que tivemos e recursos que estavam ao nosso alcance. Aos que pretenderem continuar essa interessante pesquisa, sejam bem-vindos a formação de um olhar perceptivo que fará

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