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UNIVERSIDADE DO GRANDE RIO Prof. José de Souza Herdy UNIGRANRIO DAIANE DA SILVA GUERRA SUSAN OLIVEIRA TRINDADE

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UNIVERSIDADE DO GRANDE RIO “Prof. José de Souza Herdy”

UNIGRANRIO

DAIANE DA SILVA GUERRA SUSAN OLIVEIRA TRINDADE

USO DE ESTRANGEIRISMOS NA LÍNGUA PORTUGUESA: ESTUDO SOBRE PUBLICIDADE E LEIS

RIO DE JANEIRO 2015

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DAIANE DA SILVA GUERRA SUSAN OLIVEIRA TRINDADE

USO DE ESTRANGEIRISMOS NA LÍNGUA PORTUGUESA: ESTUDO SOBRE PUBLICIDADE E LEIS

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Universidade do Grande Rio “Prof. José de Souza Herdy” como parte dos requisitos básicos na obtenção do grau de Licenciatura Plena em Letras Português e Inglês.

Orientador:

Prof. Dr. Márcio Luiz Correa Vilaça

RIO DE JANEIRO 2015

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DAIANE DA SILVA GUERRA SUSAN OLIVEIRA TRINDADE

USO DE ESTRANGEIRISMOS NA LÍNGUA PORTUGUESA: ESTUDO SOBRE PUBLICIDADE E LEIS

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Universidade do Grande Rio “Prof. José de Souza Herdy” como parte dos requisitos básicos na obtenção do grau de Licenciatura Plena em Letras Português e Inglês.

Área de concentração:

Linguística e Língua Portuguesa.

Aprovadas em________________de_________________de____________.

Banca Examinadora:

__________________________________ Prof. Dr. Márcio Luiz Correa Vilaça Universidade do Grande Rio

_____________________________________ Prof. Lilia Aparecida Costa Gonçalves

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RESUMO

O presente trabalho visa refletir o uso de estrangeirismos na língua portuguesa falada no Brasil, assim como também, o uso desses termos na publicidade brasileira e algumas das leis de uso dos mesmos. Inicialmente, através do estudo de iniciação da linguagem/ língua e suas diferentes definições e origens, as variações linguísticas, os estudos do léxico: lexicologia e lexicografia e a formação do léxico. Posteriormente, com as definições e características de estrangeirismos, diferenciação de empréstimo, possíveis origens, e ainda, críticas ao uso na língua portuguesa falada no Brasil. Por último, tem-se o estudo dos estrangeirismos na prática, como estão usados na publicidade brasileira e as respectivas leis. O assunto abordado é extenso em fatores históricos e humanos, por esta razão, este trabalho dará ênfase apenas ao uso de estrangeirismos na língua portuguesa falada no Brasil: leis publicitárias, porém, sem intenção de esgotá-lo. Mostrando assim parte da modificação do léxico brasileiro, tendo como objeto de estudo a própria língua que convivemos frequentemente e que conheceremos um pouco mais através deste trabalho.

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ABSTRACT

The essay aims to a deep thought about the use of foreign words in Portuguese, initially through the initiation study of language, its different definitions and origins, its linguistics variations, the study of lexicon: lexicology, lexicography and lexicon formation. After, with the definitions and characteristics of foreign words, differentiation of loanwords, its possible origins, and still, critics to its practical use at Portuguese spoken in Brazil. Finally, the study of foreign words applied on a daily basis in Brazilian publicity, and its respective laws. The subject approached is extensive on historical and human factors, therefore, this paper will give emphasis only to the use of foreign words at the Portuguese spoken in Brazil: publicity laws, yet, without any intention of exhausting it. Pointing part of the modification of Brazilian lexicon, using the language we all live with and the language we will discover a little more as an object of study.

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SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO...7 2 LINGUAGEM E LÍNGUA...10 2.1 ORIGENS E DEFINIÇÕES...10 2.2 VARIAÇÃO LINGUÍSTICA...14 2.3 LEXICOLOGIA E LEXICOGRAFIA...16 2.4 A FORMAÇÃO DO LÉXICO...18 3 ESTRANGEIRISMOS...20 3.1DEFINIÇÕES E CARACTERÍSTICAS...21 3.2 ESTRANGEIRISMO E EMPRÉSTIMO...23 3.3 ORIGENS...26

3.4 CRÍTICAS AO USO DE ESTRANGEIRISMOS...27

4 ESTRANGEIRISMO NA PRÁTICA PUBLICITÁRIA ...30

4.1 ESTRANGEIRISMOS NA PUBLICIDADE...33

4.2 LEIS DE USO DE ESTRANGEIRISMOS NA PUBLICIDADE BRASILEIRA...35 4.2.1 LEI N° 5033/09...36 4.2.2 LEI N° 156/2009...37 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS...40 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...44 ANEXOS...46

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1 INTRODUÇÃO

O presente trabalho de pesquisa estuda o uso de estrangeirismos na língua portuguesa falada no Brasil, na publicidade e duas leis que determinam quando devem ser usados esses termos na publicidade brasileira.

Nosso idioma carrega a herança de vários outros que foram de suma importância para a formação das palavras e significados. Esses inúmeros empréstimos fazem parte da língua portuguesa desde sua formação até seu atual desenvolvimento. (WEG, 2009)

O emprego de estrangeirismos se tornou ainda mais frequente na língua portuguesa falada no Brasil. A língua brasileira vem sofrendo inúmeras mudanças ao longo do tempo, devido à globalização e interação entre nações. Essas mudanças estão cada vez mais visíveis, aumentando o léxico pelo contato de diferentes culturas, assim a língua segue em evolução.

Os Estados Unidos da América é o país historicamente conhecido como uma das maiores potências econômicas e, consequentemente, a língua inglesa falada neste país vem cumprindo o papel de mundial. (FARACO, 2001)

O avanço tecnológico facilitou a comunicação entre povos em massa, provocando assim, o maior uso do idioma estrangeiro. O uso de estrangeirismos se tornou e tem se tornado essencial em diversas áreas para que haja compreensão e comunicação, fazendo com que as culturas do mundo inteiro se encontrem e se misturem. Contudo, para que haja entendimento e esses termos não interfiram no significado, devem ser empregados de forma que não prejudiquem a compreensão, tornando assim, seu uso uma expressão de enriquecimento e cultura. (FILHO, 2000)

A publicidade tem alcance nacional e internacional, é muito influente na atual sociedade em que vivemos, por isso foram criadas leis na publicidade brasileira que especificam o uso de estrangeirismos, com a intenção de igualdade de compreensão para todos os falantes do português brasileiro que residem nos estados onde essas leis foram propostas.

Este trabalho tem como objetivos: refletir o modo como os estrangeirismos estão sendo usados e criticados, compreender as leis que determinam o uso desses termos na publicidade brasileira e entender como a globalização e o avanço tecnológico interferem juntamente com a publicidade das mídias na evolução da língua portuguesa falada no Brasil.

O presente trabalho de pesquisa pode contribuir com a reflexão do uso de estrangeirismos através da análise pratica do uso, como têm aparecido e como estão sendo colocados em diversas situações na mídia e em diversos lugares do Brasil.

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Com base no estudo do uso de estrangeirismos na língua português, este trabalho possibilitará ao leitor o maior entendimento do uso e da evolução natural da língua, pois pretende trabalhar com as questões da formação do léxico estrangeiro na língua portuguesa, conseguindo, assim, transpor como esses termos emprestados de outros idiomas passaram a ser parte da língua e o que a globalização, através das novas tecnologias, tem provocado na língua portuguesa falada no Brasil. Esclarecendo, assim, a importância de conceitos básicos da importante equação linguística de comunicação humana.

Para este saber científico, partimos de conceitos de gramáticos, linguistas, dicionários especializados, gramáticas, jornais científicos, mídias, propagandas, leis na íntegra e livros especializados e específicos.

O interesse sobre o assunto (leis acerca de estrangeirismos na publicidade brasileira) surgiu através da vivência e das observações feitas pela dupla em suas próprias rotinas. Percebemos a importância de compreender o surgimento, as origens, as características, os estudos e as perspectivas futuras desses léxicos tão usados no passado, no presente e que certamente continuarão sendo usados cada vez mais por questões globais.

A oportunidade de desenvolver conhecimento acerca da língua/linguagem, origens, definições, variações, estudos e formação também faz parte dessa interessante pesquisa que nos entusiasmou do início ao fim e que certamente não se esgota neste trabalho de pesquisa.

O assunto abordado nesse trabalho envolve incessante pesquisa, análise e entendimento do próprio uso de nosso idioma e a adaptação que este sofre acerca de estrangeirismos dentro da publicidade e as leis de uso. A partir do momento em que estamos tratando de um sistema organizado, vivo, suas variações dentro do mesmo circuito, suas influências e suas mudanças. A linguagem é viva e se modifica por si só com o passar do tempo, o que indica que a pesquisa abordada nesse trabalho só trabalha uma pequena parte da compreensão das variações da língua portuguesa falada no Brasil.

Apesar disso, a presente pesquisa conceitua diferentes definições acerca da linguagem/ língua; diferenciações, origens, estudos e definições de linguistas e gramáticos, formação de palavras, variação linguística, lexicologia, lexicografia, formação do léxico, definições e características dos estrangeirismos, diferenciação entre estrangeirismo e empréstimo, origens, críticas de uso, até que por fim, chegaremos aos estrangeirismos na prática publicitária, duas leis de uso, que são: Lei 5033/09 do Rio de Janeiro e a Lei 156/2009 do Rio Grande do Sul e suas respectivas justificativas.

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Tem-se então o cronograma de estudos que serão vistos durante o presente trabalho de pesquisa:

Os tópicos abordados no primeiro capítulo têm como essência trazer conhecimento a respeito da formação de palavras. Como a linguagem foi evoluindo, através da formação dos léxicos, até se tornar uma língua. Toda língua falada evolui através de variantes, dessa forma, a língua passa por constante variação e continua seguindo rumo a evolução de seus falantes, se adaptando da melhor maneira possível a realidade da sociedade a que pertence.

No segundo capítulo, vamos entender o que são estrangeirismos, suas definições e características através de conceitos de gramáticos e estudiosos nas áreas de linguagem. Veremos um pouco mais sobre essa influência de palavras de outros idiomas na língua portuguesa, a diferenciação que existe entre empréstimo e estrangeirismo, as formas de estrangeirismos de acordo com suas origens e, por fim, as críticas do uso de estrangeirismos em nosso idioma.

Já no terceiro capítulo veremos os estrangeirismos na prática brasileira, onde estão sendo aplicados e seus devidos exemplos reais e atuais, (anexos, jornais, televisão e propagandas) assim como também, os estrangeirismos na publicidade e as duas leis acerca do uso, que são: Lei 5033/09do Rio de Janeiro e a Lei 156/2009 do Rio Grande do Sul.

Iniciaremos nosso trabalho acadêmico com a percepção de que ainda há muita divergência quando o assunto é o emprego de estrangeirismos na língua portuguesa em diversas áreas, quanto mais na publicidade que tem alcance internacional e que influencia até a fala das pessoas. (FARACO, 2001)

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2 LINGUAGEM E LÍNGUA

O presente capítulo visa esclarecer a importância dos conceitos básicos da linguística como comunicação humana. Visando entender melhor o tema abordado, partimos de conceitos, dicionários, gramáticas e livros especializados.

Nessa nova era de globalização e de contatos com novas mídias, se faz necessário compreender como os falantes ou qualquer comunicador chegaram e chegam ao processo de comunicação dos seres humanos, pois o uso de palavras não foi a primeira forma de linguagem utilizada pelo ser humano para se comunicar.

Antes mesmo da formação de palavras, os povos antigos usavam gestos e movimentos para passar ideias e serem compreendidos. Essa linguagem foi evoluindo, através da formação dos léxicos, até se tornar uma língua. Toda língua falada evolui através de variantes, dessa forma, a língua passa por constante variação e continua seguindo rumo a evolução de seus falantes, se adaptando da melhor maneira possível a realidade da sociedade a que pertence. Pretende-se com esse capítulo conceituar as diferentes definições acerca da linguagem e língua; diferenciar as origens e definições de linguistas e gramáticos sobre o tema e expor o resultado dos estudos sobre a formação de palavras, variação linguística, lexicologia,lexicografia, até que por final, chegaremos a formação do léxico.

Os tópicos abordados nesse primeiro capítulo têm como essência trazer conhecimento a respeito da linguagem e língua, para que se possa compreender o sistema evolutivo que resulta das variações linguísticas e, posteriormente, em estrangeirismos. O resultado da evolução da língua portuguesa falada no Brasil, cada dia mais globalizada, que segue em constante mudança de seus falantes.

2.1 ORIGENS E DEFINIÇÕES

Desde os primórdios da humanidade, o ser humano já sentia a necessidade de se comunicar, mesmo quando ainda não existiam palavras formadas. A emissão de sons vocálicos demonstrava a maneira como viam o mundo, assim como suas expressões demonstravam suas sensações e sentimentos. Desta forma, a língua/linguagem não é consequência de longos anos de pesquisa, mas sim, algo que o homem nasce tendo como instinto e habilidade racional; o que o diferencia claramente dos outros seres vivos. A partir do momento em que a língua passou a ser desenvolvida - com expressões sonoras que representassem elementos - foram formados nomes que tinham a simples missão de nomear

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objetos e seres, iniciando, consequentemente, a associação dos significados lexicais das palavras à unidade física referida. (MURRIE, 1995)

As palavras carregam um conhecimento histórico vasto, passaram por diversos processos de transição, adaptações e mudanças. A língua é um produto cultural e um instrumento de manifestação da mesma, que se modifica conforme as necessidades e condições de seus falantes. Fazendo o uso da linguagem, que é essencialmente humano, o homem é capaz de interagir, exercer atividade sobre o outro, sobre si mesmo e sobre o mundo. (MURRIE, 1995)

É através da linguagem que consegue-se comunicar, entender e ser compreendido, tanto na escrita quanto na fala, consequentemente, a língua é mais do que essencial para a relação entre seres humanos. Mas afinal, qual é a diferença entre linguagem e língua? Embora as pessoas se refiram a esses dois termos com a mesma definição, existem aspectos diferentes fundamentais para cada um deles segundo a linguística, pois se trata de um processo amplo que é a comunicação humana.

Segundo Ernani Terra (2008), linguagem é a expressão do pensamento e instrumento de comunicação, já língua é o conjunto de códigos pelo qual se estabelece a comunicação entre um emissor e um receptor, a língua é abstrata e só se concretiza com a fala. Entende-se que mesmo que os dois termos (linguagem, língua) estejam interligados no mesmo sistema de comunicação, cada um tem um papel diferente dentro do idioma português, um pode depender ou não da emissão de som e o outro necessita unicamente da fala, sem cujo ato se torna inexistente e depende exclusivamente do aparelho fonador, que é o conjunto de órgãos adaptados ao ato da fala (pulmões, brônquios, traqueia, laringe, faringe, boca e fossas nasais). (TERRA, 2008)

Já Charaudeau (2008) apresenta a linguagem como um caminho simétrico de comunicação que o receptor deve percorrer no sentido inverso ao da fala para encontrar a intencionalidade do emissor. Assim, ele apresenta que a linguagem é “um objeto transparente”, ou seja, “ato da linguagem se esgota em si mesmo”, quando por exemplo “dizemos „fecha a porta‟, não queremos dizer nada além de „fecha a porta‟. (CHARAUDEAU, 2008, p. 16). O que foi dito pelo emissor basta para ser entendido pelo receptor, que escutará as palavras e entenderá o sentido, ou seja, a linguagem também depende da língua, que é transmitida através da fala.

Bechara (2009) define linguagem e língua de uma maneira mais fracionada, em vários níveis e planos que podem ou não se complementar, sendo dependentes ou autônomos. Primeiramente, o gramático Bechara (2009) define Linguagem basicamente como: “qualquer

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sistema de signos simbólicos empregados na intercomunicação social para expressar e comunicar ideias e sentimentos, isto é, conteúdos da consciência. ” (BECHARA, 2009, p. 28)

A partir da ideia de que a linguagem é a expressão de ideias e sentimentos vindos da consciência, Bechara (2009) ainda define de maneira mais específica a linguagem. Afinal, o que é preciso para se obter linguagem? Bechara (2009) fragmenta linguagem em cinco dimensões universais: “criatividade (ou enérgeia), materialidade, semanticidade, alteridade e historicidade.” (BECHARA, 2009, p. 16, 17).

Ou seja, criatividade porque é a partir da forma de cultura que se manifesta uma atividade livre e criadora, algo que vai além do que foi aprendido; materialidade porque a linguagem depende dos órgãos de fonação e da atividade condicionada fisiológica e psiquicamente e a produção de signos fonéticos articulados, que são os fonemas, grafemas etc. que estabelecem diferentes significados, enquanto o ouvinte deve receber, captar e compreender o conteúdo configurado pelo falante mediante aos signos fonéticos articulados.

Essa dimensão para Bechara (2009, p. 16): “é o nível biológico da linguagem”; semanticidade, porque cada forma corresponde a um conteúdo significativo, na linguagem tudo tem significado, tudo é semântico; alteridade, porque o significar é originariamente e sempre um “ser com outros”, a natureza da linguagem depende de mais de uma pessoa, falantes e ouvintes, que para o autor são cofalantes e coouvintes; e por último a historicidade, pois a linguagem se apresenta sempre em forma de tradição linguística de uma comunidade histórica. Não existe língua desacompanhada de sua referência histórica: língua portuguesa (Portugal), língua francesa (França), língua inglesa (Inglaterra) etc. (BECHARA, 2009).

Bechara (2009) divide linguagem em três planos autônomos: linguagem universal (ou do falar em geral), que é a que todos os homens adultos e normais falam; linguagem histórica (ou da língua concreta) que é a que a que ocorre mediante a uma língua já concreta, como por exemplo, a língua portuguesa; ea linguagem individual, já que o indivíduo fala por si em determinadoidioma e situação. Ou seja, ele classifica e diferencia a linguagem de maneira a selecionar a que deve usar todos os dias em ocasiões casuais, a que se fala (o próprio idioma concretizado) e a linguagem de cada pessoa, pois cada indivíduo é único em sua forma de agir, pensar e falar em diversas ocasiões que podem ocorrer em diversas circunstâncias. (BECHARA, 2009)

Já em outro momento, em seu livro Ensino da Gramática. Opressão? Liberdade? Bechara (2006) divide língua em quatro tipos: 1.língua culta/padrão que é a escrita; 2. Língua familiar/coloquial que é especialmente oral e espontânea entre pessoas escolarizadas que não mantém coerência e fixidez de formas gramaticais; 3. Língua funcional, que é a que se

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delimita dentro da língua histórica e se caracteriza por ser um corpus homogêneo e uniforme; 4. Língua histórica, que é um conjunto constituído historicamente. (BECHARA, 2006, p. 71,72)

Agora, para Rocha Lima (2013) linguagem, num sentido mais amplo, pode ser entendida como qualquer processo de comunicação, como mímica (libras e até mesmo gestos usados por estrangeiros que não sabem o idioma); semáforo (sistema de sinais por cores, que dão avisos de ações e até mesmo direção, no caso de aeroportos e costas); mensagens por bandeiras, espelhos ao sol etc. (LIMA, 2013)

O gramático Lima (2013) faz questão de diferenciar a visão da linguística quanto ao assunto em sua obra - já que existem diferentes estudos sobre a linguagem, e a respeito disso Lima (2013) ressalta que a linguística só apresenta interesse por “aquele tipo de linguagem que se exterioriza pela palavra humana, fruto de uma atividade mental superior e criadora.” (LIMA, 2013, p. 35). Ou seja, para a linguística, a linguagem depende completamente da mente humana para ser desenvolvida, construída e aplicada, de maneira criativa e inovadora, dentro do meio existente, acrescentando à sociedade mais formas de comunicação. Lima (2013, p. 35, 36) ainda apresenta que:

(...) há dois tipos de expressão linguística: a falada e a escrita (...) na comunicação escrita, os sons da fala passam a ser evocados apenas mentalmente por meio de símbolos gráficos (...) é preciso partir da fala para se examinar a escrita (LIMA, 2013, p.35,36).

Conclui-se que apesar de todas as diferentes definições apresentadas por diferentes linguistas e gramáticos, a linguagem resulta de toda forma de comunicação em que haja compreensão do que está sendo transmitido e que mesmo com as diferenças entre escrita, gestos, sinais e fala, a língua acontece do contato entre seres humanos e que cada indivíduo carrega consigo sua própria forma de se expressar, comunicar e falar, de acordo com as diferentes ocasiões que podem ocorrer ao longo de sua vida. (BECHARA, 2009).

Mas como esse processo começou? Por que houve a necessidade de surgirem as primeiras palavras? De que maneira se iniciou o processo de necessidade de comunicação e de formação de significados para objetos e pessoas?

Vejamos a seguir os diferentes conceitos apresentados por linguistas e gramáticos que resultam de pesquisas feitas por especialistas e estudiosos da evolução da língua portuguesa falada no Brasil.

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2.2 VARIAÇÃO LINGUÍSTICA

Sabendo que cada indivíduo produz de maneira diferente através da linguagem a forma como vê o mundo e em diferentes ocasiões, o que é chamado de linguagem individual por Bechara (2009). Entende-se então que pessoas que vivem em lugares diferentes, em tempos diferentes e em meios sociais diferentes têm uma linguagem característica formada de acordo com o convívio social, estudo e localidade. A linguagem individual é facilmente diferenciada e reconhecida por se tratar da linguagem única de um indivíduo e suas características pessoais expressas do pensamento para a fala. (BECHARA, 2009).

Para Lima (2013), cabem vários aspectos dentro da coesão de uma mesma língua, dessa forma, cabem várias variações dentro do mesmo instrumento de comunicação, que é a língua, e ainda segundo Lima (2013), esses aspectos influenciam mutuamente e não são determinados apenas pela situação cultural ou psicológica dos que usam dela, senão também pela ação de fatores geográficos e sociais. (LIMA, 2013).

A língua é um sistema vivo e com isso está em constante mudança. Os falantes de uma determinada língua, de acordo com o meio social, cultural, histórico e econômico, acabam criando novas formas de se expressar, fazendo arranjos de palavras, criando novas e aderindo palavras de outros estados e países. Isso é a variedade linguística, na qual há diferentes formas de se expressar em um mesmo idioma. (MOLLICA, 2010)

Mollica (2010) apresenta a utilização da variação linguística em seu estudo sociolinguístico e define o termo em seu simples conceito que: “A variação linguística constitui fenômeno universal e pressupõe a existência de formas linguísticas alternativas denominadas variantes.” (MOLLICA, 2010, p. 11).

O que quer dizer que as variações linguísticas acontecem no mundo inteiro, a todo momento e sabe-se que há variantes surgindo a qualquer instante. Mollica (2010) também se preocupa em evidenciar como a variação é concebida e relata:

Uma variável é concebida como dependente no sentido que o emprego das variantes não é aleatório, mas influenciado por grupos de fatores (ou variáveis independentes) de natureza social e estrutural. Assim, as variáveis independentes ou grupos de fatores podem ser de natureza interna ou externa à língua e podem exercer pressão sobre os usos, aumentando ou diminuindo sua frequência de ocorrência. (MOLLICA, 2010, p.11).

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O convívio social é o maior fator que influencia a variação linguística, por questões sociais e estruturais, e esse fator também influencia no esquecimento da variação, pois pode cair em desuso. (MOLLICA, 2010)

Já Taralo (2010) faz uma descrição das variações de forma diferenciada, comparando o assunto a uma partida de futebol ou a um jogo. Segundo o autor, não existe “caos linguístico” sem variantes. Essas variações podem ir e voltar do passado e ele demonstra os resultados da análise sincrônica. Taralo (2010, p.88) define as variantes como:

Várias maneiras de se dizer a mesma coisa, com o mesmo valor de verdade. Conjunto de formas linguísticas que compõem uma variável; podem ser: padrão, não padrão, conservadora, inovadora, estigmatizada e de prestígio. (TARALO, 2010, p.88).

O que indica que as variações linguísticas são variações dentro da mesma língua, ou seja, podem ser influenciadas por fatores externos, como por exemplo, outros idiomas. Dessa forma, as variantes de uma comunidade de fala estão sempre em relação de concorrência: padrão vs. não-padrão; conservadoras vs. inovadoras; de prestígio vs. estigmatizadas. Assim, a variante considerada padrão é, ao mesmo tempo, conservadora e que tem prestígio na comunidade. As variantes inovadoras são, quase sempre, não-padrão e estigmatizadas. (TARALO, 2010)

Para Fiorin (2013), a variação linguística é fato observado nos diferentes subsistemas da língua. A variação fonética/fonológica de vogais, por exemplo, quando se pronuncia uma vogal diferente da escrita, mais aberta ou fechada, como nas palavras “menino”, “preciso” e “peludo”, a vogal [e], [i] (mais fechadas) podem ser pronunciadas como a vogal [é] (mais aberta). (FIORIN, 2013)

A pronúncia dessas diferentes vogais é então uma variável, então, pode-se dizer que em português “é indiferente dizer pr[u]dução ou pr[ó]dução”. (FIORIN, 2013, p. 114). Trata-se da mesma palavra falada um pouco diferente, o significado permanece intacto e idêntico nas diferentes formas de dizer a mesma palavra, esse aspecto é facilmente observado em sotaques de diferentes lugares do Brasil. (FIORIN, 2013)

Todavia, como se pode ter certeza das variações linguísticas recorrentes durante a história de um país? Que ciência identifica essas novas palavras e evoluções? Como esses novos termos passam a fazer parte dos dicionários?

Existem sim ciências que estudam vocabulário e variações do léxico. Vejamos a seguir quais são e suas respectivas definições por gramáticos e linguístas, para compreender melhor o

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sistema de mudança da língua portuguesa falada no Brasil, processo que envolve especificamente novas palavras estrangeiras em nosso vocabulário.

2.3 LEXICOLOGIA E LEXICOGRAFIA

Tanto há séculos atrás quanto agora, palavras são compartilhadas, modificadas e adaptadas para facilitar o entendimento e para suprir, em alguns casos, a falta de tradução. Todo esse processo linguístico natural é estudado e analisado. O estudo dos lexemas, das variedades e relações com os significados de uma língua é chamado de lexicologia, e mais: “Entende-se por lexema a unidade linguística dotada de significado léxico, isto é, aquele significado que aponta para o que se apreende do mundo extralinguístico mediante a linguagem.” (BECHARA, 2009, p.39)

O que chama-se lexema é toda unidade linguística com significado léxico, aquele significado que se pode imaginar o significado. A tarefa da lexicologia é o estudo dos lexemas que tem significado, como por exemplo, segundo Bechara (2009, p. 39): “em amor, amante, amar, amavelmente o significado léxico écomum a todas as palavras da série.” (BECHARA, 2009, p 39).

Esse estudo também é definido de outra maneira pelos linguistas, já que Bechara é um gramático, temos então a visão de Gil (2009), que define Lexicologia como uma disciplina da linguística que visa estudar as palavras da língua, tendo o “ponto de vista da sua origem (etimologia), formação (morfologia), relações combinatórias (sintaxe), significado dos sons (fonologia) e principalmente, do sentido (semântica)”. (GIL, 2009, p. 80,81). O que quer dizer que, ainda segundo Gil (2009), o estudo dos lexemas tem em sua base a importância, ou seja, a definição varia de acordo com a etimologia, morfologia, sintaxe, fonologia e semântica, o que para o gramático Bechara não deixa de ser importante, porém não é visado dessa maneira.

Podemos observar que existe uma diferença na definição, visto que estamos tratando de um estudo linguístico discutido também por um gramático. Gil define lexicologia em diferentes campos, como etimologia, morfologia, sintaxe, fonologia e semântica. Mesmo que todos estejam interligados dentro da mesma língua e do mesmo sistema e Bechara define através das variações existentes entre significante e significado, o que veremos abaixo.

O estudo dos lexemas não se aprende apenas ao simples significado de toda e qualquer unidade linguística, há várias áreas diferentes dentro do estudo e Bechara (2009) divide a lexicologia em quatro disciplinas subsidiarias, que são: lexicologia da expressão; lexicologia

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do conteúdo; semasiologia; onomasiologia. Vejamos então a seguir suas respectivas definições segundo Bechara (BECHARA, 2009, p. 39,40):

a) lexicologia da expressão: estudo das relações entre os vários significantes

léxicos enquanto tais, por exemplo, amar <--> amante, falar <--> falante ao lado de saltar <-> saltador.b) lexicologia do conteúdo: estudo das relações entre os significados léxicos enquanto tais: salário, ordenado, provento, honorário, soldo, mesada; ou sair x chegar, etc. (sinônimos, antônimos).c) semasiologia: estudo da relação entre os dois planos partindo da expressão para o conteúdo: o significante hóspede com os significados de „aquele que dá a hospedagem‟ e„aquele que recebe a hospedagem‟; nora „esposa de filho em relação aos pais dele‟, e nora „aparelho para tirar água de poço, cisterna‟. Tradicionalmente é este estudo que se reconhece em geral como a disciplina semântica ou semântica lexical. d) onomasiologia: estudo da relação dos dois planos, partindo do conteúdo: para o significado „dinheiro‟ há os significantes prata, massa, erva, caraminguá, arame, mango (quase todos populares ou familiares). (BECHARA, 2009, p. 39,40)

Entende-se que lexicologia não é apenas um estudo que envolve os lexemas, léxicos, significantes e significados da mesma maneira, pois cada um tem sua função e seu lugar determinante na atividade da língua portuguesa. Bechara (2009) leva em consideração a diferença entre significante e significado, que segundo ele se diferenciam porque o plano da expressão é o significante e o plano do conteúdo é o significado. (BECHARA, 2009) Em outras palavras, significante é a forma como o significado é expressado e significado é o conteúdo bruto em si, onde se quer chegar através do significante.

David Crystal (2000) também define lexicologia, contudo, o autor define lexicologia de imediato diferenciando de lexicografia: “Lexicologia se refere ao estudo global do vocabulário de uma língua (incluindo sua história); distintamente de lexicografia, que é a arte e a ciência da confecção de dicionários.” (CRYSTAL, 2000, p. 156)

Pode-se perceber que ele faz questão de imediatamente diferenciar lexicologia de lexicografia para que não haja confusão de significado entre os dois termos. Apesar de já ter definido lexicografia distintamente de lexicologia, o autor ainda esclarece mais pontos a serem refletidos a respeito de lexicografia. (CRYSTAL, 2000)

Para David Crystal (2000) “lexicografia pode ser considerada um ramo da “lexicologia aplicada”. (CRYSTAL, 2000, p. 156) Ou seja, após de diferenciar lexicografia de lexicologia o autor também mostra um ponto em comum, já que de certa forma uma ciência completa a outra. Ainda de acordo com Crystal (2000), a pessoa que se interessa por vocabulário é raramente chamada de “lexicologista”, normalmente essa pessoa é chamada de semanticista. (CRYSTAL, 2000)

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Os dicionários brasileiros já registram termos como “smartphone” e “tablet”, sem adaptações para o português, diferentemente do que ocorre com tecnologias mais antigas, como televisão (que vem de “télévision”, em francês, e “television” em inglês) e computador (“computer” em inglês). 1

A partir dessa reportagem da Folha de São Paulo: “Fábrica de Palavras”, pode-se perceber como o conceito de nova palavra estrangeira mudou com o passar dos anos. Antigamente tentava-se encontrar algum relativo na língua portuguesa para nomear as novas tecnologias que estavam chegando, o que hoje em dia não acontece, o nome vai para o dicionário da maneira que chega ao Brasil, no seu idioma, sem alterações.

O lexicógrafo ou dicionarista seleciona as palavras, ou seja, faz toda reflexão da forma que a palavra foi formada, lembrando que palavras que tem tradução não podiam fazer parte do nosso dicionário.Modismos não entram e por isso, o uso da palavra deve ter entre 5 e 10 anos para que esta possa ser incluída, que é o tempo de se analisar e ter certeza que a palavra se consolidou e não caiu no desuso.

Com isso tem-se que o trabalho desse profissional é de extrema importância para o registro de novas palavras e termos da língua portuguesa, assim como para a formação de dicionários que devem estar sempre atualizados deacordo com os léxicos que vão surgindo naturalmente e se mantêm na língua de forma permanente, não apenas como modismos.2 Vejamos a seguir como se formam esses novos termos na língua portuguesa falada no Brasil.

2.4 A FORMAÇÃO DO LÉXICO

A formação do léxico se deu pela necessidade de comunicação dos seres humanos e tornou possível a elaboração das primeiras palavras até então formar um sistema, chamado de língua, como já foi dito anteriormente no início deste capítulo. (MURRIE, 1995)

Em seu sentido mais geral, léxico é sinônimo de vocabulário, ou seja, o vocabulário da língua portuguesa inicialmente se deu pela necessidade de comunicação e, posteriormente pela necessidade de aprimoramento de termos e materiais já existentes ou novos. (CRYSTAL, 2000)

1

Fonte: Folha de São Paulo. Fábrica de Palavras. Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/tec/130370-fabrica-de-palavras.shtml#_=_

2

Fonte: Folha de São Paulo. Saiba como um termo vira verbete de dicionário. Disponível em:

(19)

Contudo, esse complexo processo de formação de palavras e sentidos deve ser estudado com cuidado.Gil (2009, p. 80,81) relata como se inicia o processo de formação do léxico:

À medida que conhece seres e objetos, o homem tem a necessidade de categorizá-los e nomeá-los, construindo para isso um sistema classificatório; o léxico. Acumula, então, signos lexicais e desenvolve modelos categoriais de geração de novas palavras para ampliar seu repertório e designar novos aspectos da realidade dos quais se apropria.” (GIL, 2009, p. 80, 81).

Foi através desse sistema classificatório que o ser humano deu início à língua, tendo em mente sempre os léxicos formados essencialmente em sua forma mais básica, que foram evoluindo até chegarmos onde estamos e que seguem evoluindo para cada dia mais usar estrangeirismos.

Engana-se aquele que pensa que nos dias atuais esse processo está mais lento, a linguagem/língua está em constante evolução e por isso Gil (2009) ainda explica que o conjunto de unidades lexicais de uma língua espelha a experiência humana acumulada e traços das práticas sociais e culturais.

Com todo o processo tecnológico, científico e de globalização que estamos passando, a língua portuguesa ganhou novos léxicos e signos lexicais, ou seja, novas palavras em seu vocabulário e novos termos que podem ser materializados. (GIL, 2009)

Com o decorrer de todos os estudos linguísticos o termo palavra ficou ambíguo, mesmo que tão dito por nossos gramáticos, já que uma palavra pode representar vários signos ou um signo pode representar diversas palavras. Assim, os signos lexicais têm valor de designação do mundo dos seres vivos. (TURAZZA, 2001)

Para entender melhor uma língua e suas variantes, é preciso conhecer sua estrutura, mesmo que em sua forma mais básica, de léxicos e lexemas ou, até mesmo de forma mais completa, observando também todos os fatores externos, como o encontro com outros idiomas – o que indica também o contato com diferentes culturas, afinal língua também é sinônimo de cultura. (TURAZZA, 2001)

Tem-se nesse capítulo que é através da linguagem e sempre foi através da linguagem que o ser humano se comunica, mesmo nos tempos mais remotos, a racionalidade já tornava possível que houvesse compreensão de um emissor para um receptor, mesmo que ainda não houvesse uma língua concretizada. A língua/linguagem surgiu através do instinto e da habilidade racional do ser humano que tem a necessidade de se comunicar. Esse processo se iniciou com a emissão de sons vocábulos, que demonstravam como o ser humano via o mundo, da mesma forma que as expressões demonstravam sensações e sentimentos, o que diferencia o ser humano de outros seres vivos. Ou seja, a formação da língua/linguagem teve

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sua iniciação da associação dos significados lexicais das palavras à unidade física referida. Fazendo uso da língua, o ser humano nomeia seres e objetos, interage e exerce atividade sobre o outro, sobre si mesmo e sobre o mundo. A língua/linguagem é um produto cultural e um instrumento de manifestação de cultura que se modifica de acordo com a necessidade e condições sociais, históricas e geográficas de seus falantes, dessa forma, o contato com outros idiomas e culturas acaba modificando a língua portuguesa falada no Brasil com cada vez mais palavras estrangeiras em seu novo vocabulário, ou seja, léxico. (MURRIE, 1995). Vimos que existem ciências especializadas no estudo e seleção desses novos léxicos: lexicologia e lexicografia, e o que o léxico pode ser chamado de vocabulário (CRYSTAL, 2000)

O tempo fez com que a linguagem evoluísse e se tornasse a língua concreta, através da significação de palavras que foram mudadas e adaptadas durante os anos por seus próprios falantes, se adaptando ainda melhor a cada realidade de cada época. O que vemos hoje é nada mais que o resultado de uma sociedade globalizada, que tende a cada vez mais ter contato direto com outras culturas e absorver de certa forma a cultura de outro país, que possui outro idioma, na forma de palavras. (TERRA, 2008)

Existem várias maneiras de se dizer a mesma coisa, com o mesmo valor de verdade, porém as ideias criativas e novas são as que tornam a língua muito mais interessante e um objeto de muito mais prestígio. (TARALO, 2010)

Vejamos a seguir como esses novos léxicos estão sendo definidos na língua portuguesa falada no Brasil por linguistas e gramáticos, suas características, diferenciações, origens e também, como estão sendo vistos por especialistas das áreas de linguagem e língua portuguesa brasileira.

(21)

3 ESTRANGEIRISMOS

Nesse segundo capítulo vamos entender o que são estrangeirismos, suas definições e características através de conceitos de autores e estudiosos nas áreas de linguagem. Aprenderemos um pouco mais sobre essa influência de palavras de outros idiomas na língua portuguesa, a diferenciação que existe entre empréstimo e estrangeirismo, as formas de estrangeirismos de acordo com suas origens e, por fim, as críticas do uso de estrangeirismos em nosso idioma.

No primeiro capítulo entendemos um pouco do que é língua, linguagem, como surgiu e como vem evoluindo. Pudemos perceber que a língua é construída também de acordo com a cultura do país, estado, região, e com a globalização. A língua está a todo tempo sofrendo influências também de outras culturas. Com isso, a nossa língua ganha novas palavras vindas de outros idiomas que são somadas ao léxico da Língua Portuguesa; essas novas palavras são chamadas de estrangeirismos- ou empréstimos.

Esse capítulo conceitua as diferentes definições acerca de estrangeirismos - e empréstimos, diferencia as classificações de gramáticos e linguistas sobre o tema, expondo os resultados dos estudos sobre a formação dessas novas palavras, assim como, as críticas de uso na Língua Portuguesa falada no Brasil.

3.1 DEFINIÇÕES E CARACTERÍSTICAS

Os estrangeirismos surgiram do convívio cultural entre os povos, que com o passar dos anos dividiram várias questões linguísticas, culturais e sociais. Segundo Filho, essas palavras e expressões imigrantes seguem rumo ao progresso e são indispensáveis na área tecnológica. A língua falada é viva e, por isso, muitos desses termos são esquecidos e acabam não passando de modismos. Contudo, outros permanecem e são até símbolo de elegância. (FILHO, 2000). Mas afinal, o que são estrangeirismos?

Estrangeirismo é o uso de termos ou expressões tomadas por empréstimos de outras línguas. Este pode ter várias origens como: anglicismos (inglês), latinismos (latim), arabismos (árabe), galicismos (francês), grecismos (grego), castelhaníssimos (espanhol) e italianismos(italiano) ” (WEG, 2011, p. 26).

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Através desse conceito entende-se que estrangeirismo é termo ou palavra vinda de outro país e que passa a fazer parte do nosso idioma. Esses empréstimos são aplicados na língua pelos próprios falantes do idioma e passam a ser parte do sistema.

Um conceito mais amplo do que é estrangeirismo através de que “estrangeirismo é uma forma de empréstimo, é a utilização de elementos de outras línguas na "nossa nacional". No caso brasileiro, seria o uso de palavras e expressões, do inglês, francês, espanhol... no português” (FARACO, 2001, p. 94). A diferença entre os dois termos para o autor é que empréstimo se refere a uma das formas de empréstimo, quando se pega uma palavra de outro idioma e se usa no português, o que para o autor seria um “novo estrangeirismo”, já estrangeirismo seria aquela palavra que já está inserida na língua portuguesa falada no Brasil, palavra que já faz parte do nosso vocabulário cotidiano e não é uma mais novidade que ainda deva ser analisada ou questionada em questões de significado.

Tal processo de novos empréstimos e ainda mais novos estrangeirismos é consequência da evolução da sociedade. A globalização tornou ainda mais intenso o uso de palavras estrangeiras em idiomas ao redor do mundo inteiro, contudo, a maior potência econômica é a que tem maior influência externa, é a que mais interage culturalmente e diretamente. Os Estados Unidos da America é o país mundialmente e historicamente conhecido como uma das maiores potências econômicas, o que faz com que o idioma desse país cumpra o papel de mundial. (FARACO, 2001)

No português, muitos desses termos passaram por aportuguesamento e se tornaram parte integrante do idioma. Porém, não é um assunto tão simples a ser tratado, afinal, sempre gera divergência e debates entre puristas, linguistas, gramáticos e curiosos (FARACO, 2001). O uso de estrangeirismos vem gerando debates a anos, a questão do uso ou não uso dessas palavras novas (que fazem parte do processo de formação de palavras por neologismo), da mesma forma que acorrem debates sobre o distanciamento da língua falada à norma culta, os estrangeirismos são vistos como fonte de enriquecimento, mesmo que aportuguesados.

O aportuguesamento pode mexer com a estrutura escrita e fonológica da palavra, modificando sua forma escrita e entonação fonética, transformando tal palavra em uma palavra basicamente nova em um idioma diferente.

O desenvolvimento que a língua segue livremente através de milhares de anos de aplicação de seus falantes, incluindo não apenas a transformação da palavra em si, como também a escrita e a entonação não tem devido controle, pois estamos tratando de um

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sistema vivo e que continuamente é alterado e adaptado por seus atuais falantes, que modificam utilizando vários recursos e vícios de linguagem, para Câmara Jr, (2009, p. 106):

Adaptação fonológica e morfológica dos estrangeirismos lexicais ao português. Exs. Bife (ing. beef), confeti (it. confetti). O aportuguesamento integral atinge também a grafia, como em "bife", mas mesmo com a grafia estrangeira pode dar-se o aportuguesamento fonológico pela mudança de leitura. (CÂMARA JR, 2009, p. 106).

A palavra não deixa de ser um estrangeirismo mesmo que aportuguesada, tendo sua grafia e fonética alteradas, porque o radical continua basicamente o mesmo.Para Ieda Maria Alves (2007, p.72), em sua obra Neologismo: Criação Lexical,estrangeirismo é:

o elemento estrangeiro, empregado em outro elemento linguístico, é sentido como externo ao vernáculo dessa língua. É então denominado estrangeirismo, ou seja, ainda não faz parte do acervo lexical do idioma. (ALVES, 2007, p. 72)

Já para Antônio Geraldo da Cunha (2003), que em sua obra Os estrangeirismos da língua portuguesa: Vocabulário histórico-etimológico, define que: “palavra estrangeira é aquela palavra que, embora usada por alguns dos nossos escritores e (...) na linguagem da imprensa, ainda não foi completamente adaptada ao nosso idioma". (CUNHA, 2003, p. 6).

Entende-se então que, para Cunha (2003), palavras estrangeiras são aquelas que são usadas por algumas pessoas e são ainda mais usadas na imprensa, e são chamadas assim porque ainda não foram completamente adaptadas ao nosso idioma.

Bechara (2009) define de outra forma, pois o processo se inicia quando a palavras ainda é definida como estrangeira. Depois é que a palavra é pega como um empréstimo e posteriormente a isso se torna parte da língua como um estrangeirismo. Bechara (2009) define estrangeirismo como o emprego de palavras, expressões e construções alheias ao idioma que a ele chegam por empréstimos tomados de outra língua. (BECHARA, 2009)

Para Cunha (2003) o estrangeirismo só ocorre quando a palavra é perfeitamente adaptada a língua que entrou. A palavra não pertencia ao léxico original e passa a fazer parte do léxico, se tornando assim, parte da língua, vejamos a definição de Cunha (2003): “Consideramos então, que estrangeirismo é aquela palavra que proveio de uma língua estrangeira (palavra esta que não pertence ao nosso léxico) e que foi introduzida em português e nele perfeitamente adaptada”. (CUNHA, 2003, p. 5)

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Podemos observar que estrangeirismos são palavras emprestadas de outros idiomas, ou seja, palavras que foram “pescadas” de outras culturas. (CÂMARA JR, 2009). Entretanto, também temos o termo empréstimo em nossa língua e que,para alguns autores, se diferencia de estrangeirismo.Vejamos melhor a seguir as diferenças entre estes dois termos de acordo com os gramáticos e linguistas que definiram diferentes conceitos.

3.2 - ESTRANGEIRISMOS E EMPRÉSTIMOS

Há diferentes definições para estrangeirismo como pudemos perceber ao longo de nosso estudo, alguns autores diferenciam suas definições não apenas no ponto de vista na tentativa de esclarecer o que são essas palavras estrangeiras em nosso idioma, de onde vem, porque usamos, como entram, como passam a fazer parte da nossa língua, quando deixam de ser parte, quando são apenas modismos etc.

Para Câmara Jr. (1999), em seu Dicionário de Linguística e Gramática referente à Língua Portuguesa, estrangeirismos são palavras emprestadas de outros idiomas que se integraram na língua nacional, “... revelando-se estrangeiros nos fonemas, na flexão e até na grafia, ou os vocábulos nacionais empregados com a significação dos vocábulos estrangeiros de forma semelhante”. (CÂMARA JR., 1999, p. 111)

Entende-se então que para Câmara Jr (1999) os estrangeirismos são palavras de outros idiomas que são emprestadas e que se integram a nossa língua, estas palavras emprestadas podem manter sua forma estrangeira de pronuncia, flexão e escrita ou podem ser adaptadas com o uso de vocábulos nacionais semelhantes. O que indica que Câmara (2009) não diferencia estrangeirismo de empréstimos, já que considera estrangeirismo uma palavra estrangeira emprestada que pode ou não necessariamente se adaptar para fazer parte da nossa língua.

Bechara (2009) tem uma visão mais abrangente de diferentes concepções a respeito dos conceitos de estrangeirismos, palavras estrangeiras e empréstimos. O autor diferencia ainda pontos culturais e históricos quando o assunto é empréstimo dentro da formação de palavras da língua portuguesa. Segundo Bechara (2009, p. 351):

Empréstimos são palavras e elementos gramaticais (prefixos, preposições, ordem de palavras) tomados (empréstimos) ou traduzidos (calcos linguísticos) ou de outra comunidade linguística dentro da mesma língua histórica (regionalismos, nomenclaturas técnicas e gírias) ou de outras línguas estrangeiras – inclusive grego e latim –, que são incorporados ao léxico da língua comum e exemplar.Temos por definição de empréstimo

(25)

linguístico quando um sistema “A” utiliza e acaba por integrar uma unidade ou um traço linguístico que existia antes num sistema linguístico “B” e que “A” não possua. A unidade ou o traço tomado como empréstimo são eles próprios chamados empréstimos. (BECHARA, 2009, p. 351)

Percebe-se que Bechara (2009) fala dos empréstimos, que são palavras ou elementos gramaticais traduzidos (e também são conhecidos como calcos linguísticos), tomados de outra comunidade dentro da mesma língua de origem ou de outras línguas.

O autor ainda conclui seu pensamento falando da relação que uma língua tem pela outra, no caso Bechara chama uma língua de “A” e outra de “B” para exemplificar tal influência que acontece, ou seja, podemos dizer que o sistema “A” é a língua portuguesa e o sistema “B” é a língua inglesa, a partir desse entendimento visto na definição de Bechara (2009), pode-se dizer que a língua portuguesa pega emprestado e passa a usar uma palavra de origem do sistema “B”, ou seja, inglesa, tal palavra não tinha outro significante na língua portuguesa e passa a ser usada pela falta desse termo.

Porém Alves (2007) difere a frequência que a palavra é usada para determinar a adaptação que a mesma tem, o que inclui a consideração dessa palavra no acervo da língua portuguesa. Para a autora, as definições de estrangeirismo e empréstimo se misturam, pois é difícil falar de estrangeirismo sem refletir a análise de que uma palavra estrangeira que entra em nossa língua primeira foi pega emprestada, muitas delas não passam de modismos. Se a palavra se mantém em uso por muito tempo, pode-se dizer então que já é parte integrante da língua portuguesa.

Alves (2007) traz critérios fundamentais para a análise ampla do conceito estrangeirismo, levando em consideração os níveis de aplicabilidade das palavras estrangeiras. Alves (2007, pag. 79), em sua obra Neologismo - Criação Lexical indica que:

O emprego frequente de um estrangeirismo constitui também um critério para que essa forma estrangeira seja considerada parte componente do acervo lexical português. Jeans, unidade lexical tão usada contemporaneamente parece-nos já adaptada à língua portuguesa e manifesta-se por isso, como um empréstimo ao nosso idioma. (ALVES, 2007. p.79)

O estrangeirismo exemplificado por Alves (2007) foi jeans, esse termo já está a muito tempo na língua portuguesa.Sabe-se que é uma palavra estrangeira por sua forma de escrita, sua entonação e pronuncia que é extremamente diferente em vários sentidos de outras palavras da língua portuguesa. Ainda assim, Alves (2007)no final de sua definição o classifica

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como empréstimo por se tratar de uma palavra que não foi alterada, nem abrasileirada, apenas foi pega e aplicada na ausência de um termo correspondente da própria língua.

Bechara (2009) define ainda os estrangeirismos léxicos se repartem em dois grupos de como são identificados através de seu conhecimento histórico; ou seja, aqueles que conhecem os fatores históricos que resultaram no uso de um novo termo estrangeiro têm a visão de que se trata de um empréstimo, pois sabem que a palavra foi tirada de outro idioma, há outros estrangeirismos que não se parecem tanto com as palavras do vocabulário da língua, mas que apesar disso não sofrem estranheza, por isso são chamados simplesmente de estrangeirismos. Vejamos o que diz Bechara (2009, p. 599) a respeito dessas diferenças:

Os que se assimilam de tal maneira à língua que os recebe, que só são identificados como empréstimos pelas pessoas que lhes conhecem a história (guerra, detalhe, etc. – a esses os alemães chamam Lehnwörter, “empréstimos”); mas há os que facilmente mostram não ser prata da casa, e se apresentam na vestimenta estrangeira (maillot, ballet, feedback, footing, etc.) ou se mascaram de vernáculos, como maiô, abajur, tíquete, etc. (são os, em alemão, Fremdwörter, “estrangeirismos”). O termo empréstimo abarca estas duas noções e se aplica tanto aos estrangeirismos léxicos quanto aos sintáticos e semânticos. (BECHARA, 2009, p. 599).

Pode-se perceber então que para Bechara (2009) os estrangeirismos de diferem de empréstimos, pois são considerados empréstimos palavras que se mantém com a mesma grafia, o que não acorre com os estrangeirismos já que passam pelo processo de aportuguesamento e não carregam mais em sua forma a identidade cultural total do país que foram capturados. Tem-se também a especificação de algumas nacionalidades, afinal, ainda Bechara (2009), as palavras são pegas de outros idiomas, os estrangeirismos ou empréstimos se originam de um idioma estrangeiro. Veremos a seguir as possibilidades de origem de um estrangeirismo empregado na língua portuguesa.

3.3 ORIGENS

Em relação a mudança da língua em questões de adaptação da língua, influência da linguagem e sobretudo as alterações sofridas pelo idioma no conceito estrangeirismos, tem-se a definição de que as línguas seguem de acordo com as necessidades culturais, mudam para se adaptar à nova realidade vivida pelos seus falantes.Os estrangeirismos na língua portuguesa são parte desta, já que a mesma é resultado de outras línguas e culturas, tratando-se assim de uma língua miscelânea (FILHO, 2000).

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Trazendo esse ponto de forma mais clara e coesa, ainda segundo Filho (2000), tem-se o entendimento que a cultura brasileira é formada de diversas culturas, por questões histórico-sociais, que envolvem influências portuguesas, espanholas, italianas e indígenas, africanas, tanto em questões culturais quanto na língua falada. A globalização interfere diretamente na evolução de uma língua, pois palavras são cultura e o contato direto de várias culturas resulta na miscigenação de palavras entre diversas línguas.

Weg (2009) fala também dos estrangeirismos e suas diversas origens, que podem ser resultado de vários processos de formação de palavras (sufixação, prefixação etc.) e que podem descender de várias origens variadas, ou seja, outras diversas línguas. Vejamos a seguir esta definição segundo Weg (2009, p. 26):

Os estrangeirismos passam por vários processos de formação, e podem ser de várias origens. Anglicanismos, ou anglicismos: provenientes do inglês (futebol/shopping/happy-hour); Arabismo: proveniente do árabe (bazar/Beirute); Galicismos oufrancesismos: provenientes do francês (matinê/toalete); Italianismos: provenientes do italiano (pizza/fogazza/muçarela/mozarela); Germanismo: provenientes do alemão (chope); Grecismo: proveniente do grego (olímpico); Latinismo: provenientes do latim (currículo). (WEG, 2009. p.26)

Com essa definição vem a diferenciação e os nomes específicos de origens que ainda segundo Weg (2009) são apenas algumas das origens, as mais usadas pela língua portuguesa em sua estruturação e evolução que segue até os dias atuais em constante mutação. (WEG, 2009)

Sabendo disso, Bechara (2009) define que os estrangeirismos de dividem em várias formas, o que vai depender e vai de acordo com o idioma que pega a palavra estrangeira na atualidade de globalização que vivemos, os contatos culturais estão abertos e disponíveis em diversos modos diferentes, a internet é apenas um desses meios de contato cultural. Tem-se segundo Bechara (2009, p.599) que:

(...)os estrangeirismos interpenetram-se com muita facilidade e rapidez. Para nós, brasileiros, os estrangeirismos de maior frequência são os francesismos ou galicismos(de língua francesa), anglicismos(de língua inglesa), espanholismos ou castelhanismos(de língua espanhola), italianismos(de língua italiana).(BECHARA, 2009, p. 599).

Percebe-se então que Bechara (2009) faz uma pequena lista daslínguas mais influentes na língua portuguesa. Inicialmente o francês, depois o inglês, seguidos do espanhol e o italiano. Sabe-se que atualmente por questões tecnológicas e de globalização que esses são os mais influentes na língua portuguesa, porém em relação a formação da língua portuguesa, tem-se com mais influentes o latim e o grego. (BECHARA, 2009).

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O uso de estrangeirismos dentro e fora da formação básica da língua é motivo de debate entre estudiosos, independendo da origem que estes vêm, são motivo de discussão entre especialistas, pois o seu uso gera dúvidas do que é correto, levanta ainda a possibilidade de uma língua rica por ser complexa e pobre por ser simples demais. (WEG, 2009). Vejamos a seguir os diferentes conceitos sobre o assunto.

3.4 CRÍTICAS AO USO DE ESTRANGEIRISMOS

Há uma guerra de discussões sobre usar ou não usar os estrangeirismos, quando devemos usá-los, onde ficam mais bem empregados, em que ocasiões são exagero, como devem ser colocados em uma frase para ser símbolo de conhecimento e até mesmo de elegância. (FARACO, 2001).

Muito se fala sobre o uso dos estrangeirismos, poisos puristas (assim denominados por FARACO, 2001) são contra o uso dos estrangeirismos na língua portuguesa, estes acreditam que a mesma deve se manter pura. Já os linguistas discordam, pois defendem a ideia de que a língua é viva, já que está em constante mudança os empréstimos linguísticos acontecem de forma natural e, que da mesma maneira que o mundo avança com toda globalização, a língua também deve avançar. (WEG, 2009)

O processo natural de evolução da língua que acaba por derivar em empréstimos linguísticos (também chamados de estrangeirismos) segue no rumo contrário ao que os puristas extremados insistem em considerar correto para a língua em geral. O contato cultural entre os povos - que na atualidade está ainda mais intenso por questões de globalização e tecnologia, certamente resulta em novas palavras vindas de outros idiomas, esse processo não pode ser controlado e tão menos parado, pois trata-se da aplicação da língua por seus incontáveis falantes que são ao mesmo tempo alterantes e criadores. (BECHARA, 2009). Tem-se a denominação exata do debate de acordo com Bechara, (2009, p.743) em:

Os estrangeirismos léxicos que entram no idioma, por um processo natural de assimilação de cultura ou de contiguidade geográfica, assumem aspecto de sentimento político-patriótico que, aos olhos dos puristas extremados, trazem o selo da subserviência e da degradação do país. Esquecem-se de que a língua, como produto social, registra, em tais estrangeirismos, os contatos de povos. Este tipo de patriotismo linguístico (Leo Spitzer lhe dava pejorativamente o nome de patriotite) é antigo e revela reflexos de antigas dissensões históricas. (BECHARA, 2009, p. 743)

Ou seja, segundo Bechara (2009) os puristas ignoram que a língua revela reflexos de dimensões históricas, tal patriotismo linguístico rejeita a realidade de que há séculos atrás a

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língua portuguesa era falada e modelada conforme a realidade histórica e cultural de seus falantes, os anos passaram e a língua continuou se adaptando às necessidades dos seus falantes natos, a linguagem foi mudando de acordo com as novas possibilidades que apareceram na sociedade dos falantes, tanto em termos culturais geográficos, relacionais com outros idiomas, extra linguais e Inter linguais.

Nesse ponto, Alves (2007) também concorda com o mesmo pensamento crítico avaliativo da situação de discursões debatidas e ainda acrescenta que:“A unidade léxica recebida por empréstimo tende a flexionar-se de acordo com o gênero do idioma doador”. (ALVES, 2007, pag. 81). Que no caso a palavra flexionada “recordo” se flexionou da palavra em espanhol recuerdo. Acaba havendo uma certa organização, mesmo que imperceptível, a maneira como essas palavras são colocadas na língua portuguesa, afinal, em muitos casos se mantêm os radicais intactos.A unidade léxica recebida por empréstimo tende a flexionar-se de acordo com o gênero do idioma doador, que no caso acima foi do espanhol.

Há umacerta organização e coerência nos empréstimos linguísticos, esse é um dos principais fatores que justifica porque a respeito de estrangeirismos a aceitação de puristas (assim denominados por FARACO, 2001) começou a acontecer, porém os puristas extremistas ainda mantêm sua opinião intacta quando o assunto é estrangeirismos que já têm tradução ou correspondente na língua portuguesa, o que faz com que estes puristas considerem o emprego dessas palavras estrangeiras inadequadas e desnecessárias. (BECHARA, 2009). Tem-se ainda segundo Bechara (2009, p.744) que:

Os empréstimos lexicais durante muito tempo sofreram as críticas dos puristas, mas hoje vão sendo aceitos com mais facilidade, exceto aqueles comprovadamente desnecessários e sem muita repercussão em outros idiomas de cultura do mundo. (BECHARA, 2009. p. 744)

Apesar dos debates sobre o uso de estrangeirismos entre gramáticos e linguistas, para Faraco (2001) esses empréstimos não ameaçam a integridade da língua portuguesa. A ideia de purismo se prende a fundamentos que não podem ser considerados, pois a língua portuguesa teve em sua formação a influência de vários idiomas, estrangeirismos que apesar da mudança fonética e escrita e adaptação com aportuguesamento, fazem parte da nossa língua e continuarão sendo usados. (FARACO, 2001)

A língua sofre alterações, mas não perde a estrutura ou identidade; não deixa de ser um circuito que segue o mesmo padrão linguístico. Quanto a questão de aceitação dos gramáticos e puristas:

Embora os puristas se recusem a aceitar o fato, a ciência linguística já demonstrou fartamente que as línguas não se desenvolvem, não progridem,

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não decaem, não evoluem, nem agem conforme qualquer uma dessas metáforas, que implicam um ponto final específico e um nível de excelência: as línguas simplesmente mudam(...) (FARACO, 2001, p. 70).

Através desse conceito, entende-se que para Faraco (2001) a língua muda com o passar do tempo para se adaptar melhor a atual realidade que se passa naquela sociedade. Uma das justificativas dos puristas para defender a ideia de que estrangeirismos não são aceitáveis na língua portuguesa, é a questão da influência extrema de um idioma sobre outro, o que poderia prejudicar a identidade linguística da língua que sobre a influência em demasia. Porém, em relação à influência que um idioma tem perante o outro, sabe-se que uma potência econômica influencia outras potencias menores, a partir deste conhecimento Filho (2000, p. 6) afirma que:

A maior ou menor presença estrangeira na língua vernácula demonstra o quanto a cultura de um país é influente para outro. No português, esses empréstimos nunca ameaçaram sua integridade sistemática, já que a língua é um sistema, ou seja, um conjunto organizado. (FILHO, 2000, p.6)

Para Filho (2000) os empréstimos nunca prejudicaram a identidade cultural de uma língua, o que quer dizer que uma língua não tem o poder de ameaçar a integridade sistemática ou o conjunto sistemático que é aquela língua que está fazendo empréstimos de outras línguas.

Alves (2007) esclarece que as pessoas que empregam estrangeirismos que são facilmente reconhecidos como palavras estrangeiras têm consciência que esta palavra se trata de estrangeira e que a compreensão da aplicabilidade que essa palavra pode ter pelo emissor por seus respectivos receptores pode não ser totalmente clara e que é de conhecimento do emissor não ser interpretado corretamente, por isso em muitos textos a unidade léxica estrangeira vem acompanhada da própria tradução ou significação equivalente a da língua vernácula. (ALVES, 2007)

Considera-se que os tópicos abordados nesse segundo capítulo trouxeram conhecimento a respeito dos estrangeirismos - ou empréstimos, com o intuito de compreender seu processo de formação, suas definições, origens, críticas ao uso, como são discutidos na língua portuguesa e a diferenciação que ocorre de alguns estudiosos entre estrangeirismo e empréstimo. Vimos também que muitos estrangeirismos também passam por aportuguesamento, carregando não só uma identidade estrangeira, como também a identidade da nossa própria língua portuguesa falada no Brasil. (FARACO, 2001)

Vejamos agora como estão sendo inseridos os estrangeirismos na língua portuguesa falada no Brasil de forma prática, tanto na mídia como a televisão, quanto em termos de diálogo, música e propagandas. Teremos a seguir, também, estrangeirismos na prática

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publicitária, o artigo 5° da Constituição Brasileira e as leis de uso de estrangeirismos da publicidade brasileira.

4 ESTRANGEIRISMOS NA PRÁTICA PUBLICITÁRIA

Os estrangeirismos estão cada vez mais presentes na sociedade em diversas áreas por consequência da globalização. Muitas profissões usam com cada vez mais frequência, porém, em muitos desses usos, poderia ter sido usada a própria tradução ou equivalente da língua portuguesa falada no Brasil. Um dos debates mais frequentes é sobre como esses estrangeirismos estão sendo usados, se são necessários ou não, e como o uso desses empréstimos tem influenciado a sociedade. (FARACO, 2001)

Já há algum tempo vemos que essas palavras emprestadas estão em toda a sociedade, através de propagandas, músicas, redes sociais etc. Através dessas áreas os estrangeirismos estão presentes cada vez mais no nosso idioma. Podemos perceber isso através da seguinte canção do Zeca Baleiro, frequentemente usada para exemplificar estrangeirismos.

Samba Do Approach Zeca Baleiro

Venha provar meu brunch Saiba que eu tenho approach

Na hora do lunch Eu ando de ferryboat...

Eu tenho savoir-faire Meu temperamento é light

Minha casa é hi-tech Toda hora rola um insight

Já fui fã do Jethro Tull Hoje me amarro no Slash

Minha vida agora é cool Meu passado é que foi trash...

(...)

Fica ligado no link Que eu vou confessar my love

Depois do décimo drink Só um bom e velho engov Eu tirei o meu green card E fui prá Miami Beach Posso não ser pop-star Mas já sou um noveau-riche...

(...)

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