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4. REFLEXÕES SOBRE LEITURA NA ALEMANHA POSTULADAS POR ESTUDIOSOS

4.3 M ELHORA NA MOTIVAÇÃO DA LEITURA E NO POSICIONAMENTO PARA LER

4.3.1 A PERSONAGEM LITERÁRIA

4.3.1.1 Leitores precisam de personagens

Como um autor consegue transportar o leitor para um mundo fictício, feito de palavras, e lá mobilizar seus sentimentos" É através da personagem literária. Compartilhamos as emoções das personagens e vivenciamos suas experiências sem que tenhamos de agir. Envolver-se com a personagem e com o seu destino é o que desperta no leitor os sentimentos durante a leitura. Por isso ela é elemento estrutural do texto.

As personagens aparecem nos dramas, nos textos épicos e nas narrativas. Elas têm a função de realizar a ação, modificar uma situação. Sofrem e reagem, têm um objetivo e agem.

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x Er soll zeigen, dass die Kontaktaufnahme zu den Figuren der „Königsweg“ motivierten literarischen Lesens ist.

x Er wird aber auch zeigen müssen, wie vage die Begriffe sind, mit denen wir diese Prozesse beschreiben („Identifikation“).

x Er wird schließlich die Notwendigkeit betonen, eine alltagsweltlich- „identifikatorische“ Orientierung der Lesenden an den Figuren im Literaturunterricht sukzessive durch diskursspezifisch-literarische Kontextuierungen zu relativieren.

Nem sempre as conhecemos detalhadamente, com precisão, mas as evidências deixadas no texto são suficientes para que as entendamos.

A personagem se organiza, segundo uma visão estrutural e por sua representação textual e um repertório histórico de técnicas de caracterização.

A escolha proveniente de um desses repertórios é determinada historicamente, isto é, depende da formação do homem e do desenvolvimento de convenções literárias. As possibilidades de concepções de personagens são descritas por Pfister (1994, p.240), por exemplo, para o drama, baseado em quatro pares de oposições centrais: estática versus dinâmica, unidimensional versus multidimensional, fechada versus aberta e transpsicológica versus psicológica. (HURRELMANN, 2003, p.6).44

Apesar de essas categorias serem originalmente para personagens no drama, nada impede que elas também sejam aplicadas para as da narrativa.

Vladmir Propp apresenta outra organização da personagem. Ao analisar os contos de fadas russos, Propp caracterizou as personagens de acordo com sua função, “baseadas nas ações dos protagonistas, que caracteriza a história do ‘herói’. Os principais são o ‘adversário’, o ‘presenteador’, o ‘ajudador’, o ‘procurado’, e o ‘falso herói’ (Propp 1972)”.45

As personagens de Propp também podem ser encontradas fora dos contos de fadas, ou seja, nas narrativas e dramas, desde que nos preparemos “para ir além das apresentações concretas”.

O conhecimento estrutural da personagem é importante, entretanto o que motiva a leitura é a personagem em si e o desejo do leitor de vivenciar com ela a história. Assim como as narrativas e dramas precisam das personagens, o leitor também precisa delas. “Para os leitores, as personagens são a porta de entrada para o mundo ficcional, quem os ajuda a dar a verossimilhança ao texto” (Ibidem, p. 6)46

. O leitor se orienta na narrativa através das personagens e com elas vivem o mundo ficcional como se real.

Estudos47, dentro de uma abordagem da estética da recepção, revelam que se envolver com a personagem é o que mais motiva o leitor e traz estabilidade à leitura. Leituras orientadas na personagem preparam o leitor para necessidades sócio-emocionais melhor que qualquer outra comunicação do dia-a-dia.

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Die Auswahl aus diesem Repertoire ist historisch bestimmt, das heißt abhängig von Menschenbildern und der Entwicklung literarischer Konventionen. Die Möglichkeiten der Figurenkonzeption beschreibt beispielsweise Pfister (1994, S. 240 f.) für das Drama über vier zentrale Oppositionen: statische vs. dynamische, ein- vs. mehrdimensionale, geschlossene vs. offene und transpsychologische vs. psychologische Figurenkozeption.

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Ibidem p.6 46

Für Leser sind literarische Figuren die „Türöffner“ zu fiktionalen Welten, da sie ihnen helfen, die Textwelt als eine reale zu imaginieren.

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x O leitor encontra as personagens literárias liberado de suas próprias obrigações de agir;

x ele pode visualizar diretamente o interior da personagem, como sendo um parceiro real de interação;

x quanto a compreensão das personagens, ele, em grande parte, não trata apenas com o outro, mas também consigo mesmo. (HURRELMANN, 2003, p.7).48

A criança, acostumada com a mídia que apresenta uma personagem pronta, muitas vezes não sabe como construir uma personagem através das palavras. É função de a escola ensiná-la através de aulas apoiadas no “estímulo à leitura” e “orientadas para ação e produção”.

O estímulo à leitura é um apoio a essa aprendizagem implícita. Para esse aprendizado, concorrem adicionalmente, todos os métodos que auxiliam a desenvolver a construção mental da personagem: que permitem sua visualização (como, por exemplo, através de desenhos, pinturas, brincadeiras de encenação), que lhe dão a palavra (como nos diários, cartas, diálogos), que permitem mostrá-la na percepção ficcional de outro (como em co-ator, ou do leitor, que pode se misturar com a personagem) – ou que possibilitam imaginá-la como um amigo real. (HURRELMANN, 2003, p.7).49

Uma aula orientada, que ofereça a possibilidade de questionamento da personagem, de transformação e até uma interpretação da cena, capacita os leitores a aprender e a:

[...] compartilhar a realidade da personagem literária por um longo tempo, sem que eles e seus mundos se fundam com suas próprias experiências, é provavelmente um recurso importante para ambos: diferenciação da própria subjetividade e desenvolvimento de capacidade de julgamento. (HURRELMANN, 2003, p.10).50

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x Der Leser begegnet literarischen Figuren entlastet von eigenen Handlungsverpflichtungen, x er kann in ihr Inneres unmittelbareren Einblick nehmen als bei realen Interaktionspartnern,

x er hat es beim Verstehen der Figuren zu einem erheblichen Teil nicht nur mit Fremdem, sondern auch mit sich selbst zu tun.

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Leseförderung ist eine Unterstützung solchen impliziten Lernens. Dem dienen außerdem alle Methoden, die helfen, Vorstellungen von den Figuren zu entwickeln: sie zur Anschauung zu bringen (z.B. durch Zeichnen, Malen, szenischens Spiel), sie zu Wort kommen zu lassen (z.B. in Tagebuch, Briefen, Dialogen), sie zu zeigen in der Wahrnehmung fiktionaler anderer (z.B. der Ko-Akteure oder der Leser, die sich unter die Figuren mischen können) – oder sie zu imaginieren als leibhaftige eigene Freunde.

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Dass Leser lernen, literarischen Figuren eine Zeit lang „Wirklichkeit“ zu erteilen, ohne sie und ihre Welten mit der eigenen Erfahrung schlicht in eins zu setzen, ist wahrscheinlich eine wichtige Ressource für beides:

Hurrelmann finaliza o artigo destacando a importância de desenvolver e exercitar a competência entre “um equilíbrio de envolvimento e distanciamento” na relação com a personagem. As ofertas da mídia, que posicionam a personagem no centro da ficção, a trazem para um âmbito da realidade do receptor devido a um “envolvimento emocional” com ele. Este envolvimento emocional do receptor, “que tem uma predisposição ingênua do mundo” gera uma diminuição entre a fronteira da ficção e da realidade e uma “tendência em transformar personagens reais em personagens de ficção estilizados”. A literatura é a forma ideal para se ensinar esta competência “sem renegar o prazer estético”.

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