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2  , temos |N (u) ∩ N (v)| − n k − 1 ! p2 < δ n k − 1 ! p2.

3.3 Lema de Extensão e corolários

Nesta seção, enunciamos e provamos um resultado que chamamos de Lema de Extensão. Desse lema, derivamos dois corolários, essenciais para a prova do Lema 3.7.

3.3.1 Lema de Extensão

Primeiramente, definimos alguns conceitos e enunciamos o lema. Feito isso, provamos dois resultados que, juntos, compõem a prova do Lema de Extensão, que é apresentada no final desta subseção.

Considere hipergrafos k-uniformes G e H. Dadas sequências F = (f1, . . . , f`) ∈ VH` e X = (x1, . . . , x`) ∈ VG`, defina I(H, G, F, X) como o conjunto das imersões f ∈ I(H, G) tais que f (fi) = xi para todo 1 ≤ i ≤ `. Ademais, escrevemos Ycon = {y1, . . . , y`} para o conjunto dos vértices que fazem parte da sequência Y = (y1, . . . , y`). Dizemos que um subconjunto V0 ⊂ VH é estável se não existe aresta de H completamente contida em V0, i.e., E(H[V0]) = ∅.

Seja H um hipergrafo com m vértices. Uma ordenação de VH é simplesmente uma sequên-cia (v1, . . . , vm) ∈ VHm. Dizemos que H é d-degenerado se existe uma ordenação (v1, . . . , vm) de seus vértices de modo que dHi(vi) ≤ d para todo 1 ≤ i ≤ m, onde Hi = H[{v1, . . . , vi}]. Nesse caso, dizemos que (v1, . . . , vm) é uma ordenação d-degenerada dos vértices de H. Dada uma sequência F ∈ V`

H, denotamos por ω(H, F ) a quantidade de arestas de H que não estão contidas em Fcon, isto é, ω(H, F ) = |EH| − |E(H[Fcon])|.

Lema 3.13 (Lema de Extensão). Sejam G e H hipergrafos k-uniformes, onde H é linear,

|VH| = m, |VG| = n e p = p(n) = e(G)/nk. Suponha que 0 ≤ ` ≤ max{k, dH}, e sejam F ∈ VH` e X ∈ VG` fixos. Considere uma constante C > 1 e suponha que G ∈ LMTk(C, DH). Então

|I(H, G, F, X)| ≤ Cm−`nm−`pω(H,F ).

Em particular, se Fcon⊂ VH é estável, então |I(H, G, F, X)| ≤ Cm−`nm−`pe(H).

As seguintes duas afirmativas compõem a prova do Lema 3.13. O Lema 3.14 é seme-lhante ao Lema 3.13, com a suposição adicional de que existe uma ordenação DH-degenerada (v1, . . . , vm) de VH tal que Fcon = {v1, . . . , v`}. Já o Lema 3.15 confirma que tal ordenação existe.

20 LEMA DE CONTAGEM PARA HIPERGRAFOS PSEUDOALEATÓRIOS 3.3

Lema 3.14. Sejam G e H hipergrafos k-uniformes, onde H é linear, com |VH| = m, |VG| = n e p = p(n) = e(G)/nk. Suponha que 0 ≤ ` ≤ max{k, dH}, e sejam F ∈ VH` e X ∈ VG` fixos. Considere uma constante C > 1 e suponha que G ∈ LMTk(C, DH). Se existe uma ordenação DH-degenerada v1, . . . , vm de VH tal que Fcon = {v1, . . . , v`}, então

|I(H, G, F, X)| ≤ Cm−`nm−`pω(H,F ).

Visão geral da demonstração. Utilizamos indução em h, com ` ≤ h ≤ m, para provar que |I(Hh, G, F, X)| ≤ Cm−`nm−`pω(H,F ), onde Hh = H[{v1, . . . , vh}], de acordo com uma ordenação DH-degenerada {v1, . . . , vm}. Assim, como dHh(vh) ≤ DH, podemos usar o fato de G ∈ LMTk(C, DH) para limitar a quantidade de imersões I(Hh, G, F, X) obtidas pela extensão de imersões em I(Hh−1, G, F, X), que sabemos não ser um conjunto muito grande, por conta da hipótese indutiva.

Demonstração. Considere hipergrafos k-uniformes G e H, onde |VH| = m e H é linear, |VG| = n e p = p(n) = e(G)/nk. Fixe 0 ≤ ` ≤ max{k, dH}, F ∈ VH` e X ∈ VG`. Considere uma constante fixa C > 1 e suponha que G ∈ LMTk(C, DH).

Suponha que existe uma ordenação DH-degenerada L = (v1, . . . , vm) de VH tal que Fcon = {v1, . . . , v`}. Vamos provar por indução em h que, para todo ` ≤ h ≤ m, temos

|I(Hh, G, F, X)| ≤ Ch−`nh−`pω(Hh,F ), (3.17) onde Hh = H[{v1, . . . , vh}]. Se h = `, o resultado é trivial. Suponha que ` < h ≤ m e que (3.17) é verdade para valores menores de h. Note que dHh(vh) ≤ DH, dado que L é DH-degenerada. Mas sabendo que G ∈ LMTk(C, DH), qualquer imersão de a Hh−1 pode ser estendida para uma imersão de Hh de, no máximo, CnpdHh(vh) maneiras diferentes. Como ω(Hh, F ) = ω(Hh−1, F ) + dHh(vh), aplicando a hipótese indutiva, concluímos que

|I(Hh, G, F, X)| ≤ CnpdHh(vh)|I(Hh−1, G, F, X)| ≤ CnpdHh(vh)Ch−1−`nh−1−`pω(Hh−1,F )

= Ch−`nh−`pω(Hh,F ). Tomando h = m, a prova está terminada.

Seja H um hipergrafo linear k-uniforme com m vértices e considere uma ordenação L = (v1, . . . , vm) dos vértices de H. Dado um conjunto W ⊂ VH, escrevemos L \ W para a ordenação de VH \ W obtida de L após a remoção dos vértices de W . Por exemplo, se W = {v1, v3, vm}, então L \ W = (v2, v4, v5, . . . , vm−1). Dada uma sequência de vértices Y = (vi1, . . . , vi`) ∈ V`

H, escrevemos a sequência L0 = (vi1vi2. . . . .vi`.{L \ Ycon}) para denotar a ordenação L0 de VH obtida quando removemos Y e a colocamos antes dos elementos de L.

3.3 LEMA DE EXTENSÃO E COROLÁRIOS 21

Lema 3.15. Seja H um hipergrafo linear k-uniforme tal que existe uma ordenação dH -degenerada dos vértices de H. Suponha que 0 ≤ ` ≤ max{k, dH}. Se F ∈ VH`, então existe uma ordenação DH-degenerada (v1, . . . , v|VH|) com Fcon = {v1, . . . , v`}.

Demonstração. Por simplicidade, defina d = dH. Se DH = ∆(H), então qualquer ordenação dos vértices de H é DH-degenerada. Assim, suponha que DH = kd. Note que o resultado é trivial se F = ∅. Desta forma, assumimos que 1 ≤ |F | = ` ≤ max{k, d}.

Seja L uma ordenação dH-degenerada de VH. Tome L0 = (F.{L \ Fcon}). Dado um vértice x de H, definimos o grau à esquerda de x em L0 como a quantidade de arestas tal que x é o elemento mais à direita da aresta, levando em conta a ordenação L0. Deste modo, note que o grau à esquerda de cada vértice de H em L0 é no máximo |F | + d, pois L é uma ordenação d-degenerada e, pela linearidade de H, tal vértice pode estar presente em no máximo |F | arestas que contêm vértices de F .

Suponha que d > k. Assim, |F | ≤ d e o grau à esquerda de qualquer vértice de H em L0

é no máximo 2d ≤ kd = DH, pois |F | ≤ d. Assim, L0 é uma ordenação DH-degenerada de VH.

Suponha que 2 ≤ d ≤ k. Logo, |F | ≤ k. Portanto, o grau à esquerda de cada vértice de H em L0 é no máximo k +d ≤ kd = DH, pois k ≥ 2. Assim, L0 é uma ordenação DH-degenerada de VH.

Por fim, seja d = 1. Aqui, temos |F | ≤ k. Note que a única possibilidade de algum vértice x ter grau à esquerda maior que kd = k em L0 é se x pertencer a uma aresta que contém um vértice f , para cada vértice f ∈ F , onde |F | = k e f é o elemento que está mais à direita na aresta. Mas assim, só pode existir um vértice x com essa característica, dado que d = 1. Então, considere a ordenação L00 = (F.x.{L \ {Fcon∪ {x}}). Assim, é claro que todo vértice de H possui grau à esquerda no máximo 2 = kd = DH.

Prova do Lema de Extensão (Lema 3.13). Sejam G e H hipergrafos k-uniformes onde H é linear, com |V (H)| = m, |V (G)| = n e p = p(n) = e(G)/nk. Suponha 0 ≤ ` ≤ max{k, dH}, e tome F ∈ V (H)` e X ∈ V (G)` fixos. Seja C > 1 uma constante e suponha que G ∈ LMTk(C, DH).

É fácil ver que existe uma ordenação dH-degenerada L dos vértices de H. Assim, pelo Lema 3.15, sabemos que existe uma ordenação DH-degenerada L0 = v1, . . . , vm de V (H) com Fcon = {v1, . . . , v`}. Então, podemos aplicar Lema 3.14 para concluir que

|I(H, G, F, X)| ≤ Cm−`nm−`pω(H,F ).

3.3.2 Corolários do Lema de Extensão

Dados hipergrafos k-uniformes G e H, escrevemos Ini(H, G) para o conjunto de imersões não induzidas de I(H, G). Ademais, denotamos por Iind(H, G) o conjunto de imersões induzidas

22 LEMA DE CONTAGEM PARA HIPERGRAFOS PSEUDOALEATÓRIOS 3.3 de I(H, G). O seguinte corolário limita superiormente a cardinalidade de Ini(H, G), quando H é linear e G possui algumas propriedades.

Corolário 3.16. Para todos C ≥ 1, m ≥ 1, k ≥ 2, η > 0 e p = p(n) = o(1), existe n0 > 0 tal que, para todos os hipergrafos k-uniformes G e H, onde |VG| = n e H é linear com |VH| = m, se G ∈ LMTk(C, DH), |E(G)| ≤ nkp e n ≥ n0, então

|Ini(H, G)| < ηnmpe(H).

Visão geral da demonstração do Corolário 3.16. Sabemos que qualquer imersão não induzida mapeia pelo menos uma não-aresta de H em uma aresta de G. Assim, aplicamos o Lema 3.13, pondo F como sendo uma ordenação de uma não-aresta de H, e pondo X como sendo uma ordenação de uma aresta de G. Para finalizar a prova, contamos de quantas maneiras podemos escolher tal não-aresta de H e tal aresta de G.

Demonstração. Fixe C ≥ 1, m ≥ 1, k ≥ 2, η > 0 e tome p = p(n) = o(1). Sejam hipergrafos k-uniformes G e H, onde |VG| = n e H é linear com |VH| = m e seja n0um inteiro positivo tal que se n ≥ n0 então p(n) < η(k!)2Cm−km

k

−1

. Suponha que n ≥ n0 e G ∈ LMTk(C, DH) com |E(G)| ≤ nkp.

Se k > m, o resultado segue trivialmente, dado que neste caso o conjunto de arestas de H é vazio. Portanto, assumimos k ≤ m. Fixe uma aresta {x1, . . . , xk} ∈ E(G) e uma não-aresta {v1, . . . , vk} ∈VH

k



de H. Aplicamos o Lema 3.13 pondo F = (v1, . . . , vk) e G = (x1, . . . , xk), obtendo que o número de imersões f de VH em VG tais que f (vi) = xi para 1 ≤ i ≤ k é limitado por cima por Cm−knm−kpEH. Mas note que existem no máximo nkp escolhas para {x1, . . . , xk} em E(G) e no máximomkescolhas para {v1, . . . , vk} emVH

k



. Assim, podemos escolher (x1, . . . , xk) e (v1, . . . , vk), respectivamente, de k!nkp e k!mkmaneiras. Portanto,

|Ini(H, G)| ≤k!nkp k! m k !! Cm−knm−kpe(H) = (k!)2Cm−k m k ! p ! nmpe(H) < ηnmpe(H),

onde a última desigualdade segue da escolha de n0.

Sejam G e H hipergrafos k-uniformes e considere X ⊂ VH

k−1



. Se f é uma imersão de H em G, denotamos por fk−1(X) a família de conjuntos {f (x1), . . . , f (xk−1)}, para todo {x1, . . . , xk−1} ∈ X.

Para 1 ≤ r ≤ k, dado X = {X1, . . . , Xr}, onde Xi = {xi,1, . . . , xi,k−1} ∈VH

k−1



, para 1 ≤ i ≤ r, definimos Xcon = {x1,1, . . . , x1,k−1, . . . , xr,1, . . . , xr,k−1}.

3.3 LEMA DE EXTENSÃO E COROLÁRIOS 23 Seja Gn um hipergrafo k-uniforme com n vértices. Para r ≥ 1 e δ > 0, defina

B(δ, r) = X ∈ VG k−1  r ! : |NGn(X)| − npr ≥ δnpr ,

Em outras palavras, B(δ, r) é composto por famílias X com r membros de VG

k−1



tais que a quantidade de vizinhos comuns dos membros de X não é próxima de npr. Dizemos que X ∈(k−1VG)

r



é δ-ruim se X ∈ Best(δ, r), onde Best(δ, r) = {X ∈ B(δ, r) : Xcon é estável em Gn}. Seja H um hipergrafo com m vértices e seja (v1, . . . , vm) uma ordenação dH-degenerada de VH. Defina Hi = H[v1, . . . , vi]. Dizemos que uma imersão f : V (Hh−1) → V (Gn) é δ-limpa se o conjunto fk−1(NHh(vh)) não é δ-ruim. Isto é, fk−1(NHh(vh)) /∈ Best(δ, dHh(vh)). Se f : V (Hh−1) → V (Gn) não é δ-limpa, dizemos que f é δ-poluída. Denotamos o conjunto das imersões f ∈ I(Hh−1, Gn) tais que f é δ-poluída por Iδ−pol(Hh−1, Gn). Similarmente, denotamos por Iδ−limpa(Hh−1, Gn) o conjunto das imersões f ∈ I(Hh−1, Gn) tais que f é δ-limpa.

Corolário 3.17. Sejam δ > 0, C > 1 e m ≥ 4 constantes fixas. Considere um hipergrafo

linear k-uniforme H livre de conectores com m vértices e seja (v1, . . . , vm) uma ordenação dH-degenerada de VH. Suponha que 1 < h ≤ m e defina r = dHh(vh). Se Gn é (C, DH, dH, δ)-pseudoaleatório, então

|Iδ−pol(Hh−1, Gn)| ≤ δr!((k − 1)!)rCh−1−r(k−1)nh−1pe(Hh−1), onde p = e(Gn)/nk.

Visão geral da demonstração do Corolário 3.17. Se uma imersão f ∈ I(Hh−1, Gn) é δ-poluída, então fk−1(NHh(vh)) é δ-ruim. Mas podemos limitar a quantidade de conjuntos δ-ruins utilizando a propriedade CGkδ(dH). Desta forma, finalizamos a prova utilizando o Lema 3.13, não esquecendo que H é linear e livre de conectores, para estimar de quantas maneiras podemos realizar a imersão da vizinhança de vH em conjuntos δ-ruins de G.

Demonstração. Fixe constantes δ > 0, C > 1 e m ≥ 4. Seja H um hipergrafo linear k-uniforme livre de conectores com m vértices e considere uma ordenação dH-degenerada (v1, . . . , vm) de VH. Considere 1 < h ≤ m e defina r = dHh(vh). Suponha que Gn∈ CGk

δ(dH) e Gn∈ LMTk(C, DH).

Sabemos que uma imersão f : V (Hh−1) → V (Gn) é δ-poluída se fk−1(NHh(vh)) ∈ Best(δ, r). Fixe uma sequência F = (T1, . . . , Tr) composta de r conjuntos de k − 1 vértices de H tal que {T1, . . . , Tr} = NHh(vh) e seja Ford = (u1,1, . . . , u1,k−1, u2,1, . . . , u2,k−1, . . . , ur,1. . . , ur,k−1) uma ordenação de tais vértices tal que Ti = {ui,1, . . . , ui,k−1} para todo 1 ≤ i ≤ r. Portanto,

Iδ−pol(Hh−1, Gn) =[ X [ Xord

I(Hh−1, Gn, Ford, Xord)

24 LEMA DE CONTAGEM PARA HIPERGRAFOS PSEUDOALEATÓRIOS 3.4 onde a primeira união é sobre todas as famílias X = {S1, . . . , Sr} ∈ Best(δ, r) de r conjun-tos de k − 1 vértices e a segunda união é sobre todas as possíveis ordenações de Si, para 1 ≤ i ≤ r, e toda ordenação de X. Portanto, podemos limitar a quantidade de imersões |Iδ−pol(Hh−1, Gn)| como segue.

|Iδ−pol(Hh−1, Gn)| ≤X

X

X

Xord

|I(Hh−1, Gn, Ford, Xord)|.

Dadas Ford e Xord, como Ncon

Hh(vh) é estável em Hh (isso é verdade, uma vez que Hh ⊂ H é livre de conectores e linear) e Gn∈ LMTk(C, DH), sabemos, pelo Lema 3.13, que

|I(Hh−1, Gn, Ford, Xord)| ≤ Ch−1−r(k−1)nh−1−r(k−1)pe(Hh−1),

pois |Ford| = r(k − 1). Como r = dHh(vh) ≤ dH, podemos concluir da propriedade CGkδ(dH) que |Best(δ, r)| ≤ δnr(k−1). Assim, a primeira soma possui no máximo δnr(k−1) termos. A segunda soma é sobre não mais que r!((k − 1)!)r termos. Portanto,

|Iδ−pol(Hh−1, Gn)| ≤ δr!((k − 1)!)rCh−1−r(k−1)nh−1pe(Hh−1).

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