Observa-se que as pessoas c o ns tr óe m o seu isolamento a t ra v és do trabalho, no âmbito da família.
Tanto p a r a a m ulher s ol te ir a como p a r a a m ul h er c a s a - ,da, a atividade d o mé st ic a é c o n s tr u í d a como u m a t en dê n ci a i n s
tintiva da mulher:
" ...€ u
nao con4Íg.o {LÍ-Cga. ionge do meu can t o ..."" ... quando eAtou em caAa cAtou Aemp/ie iim pan
do, cozinhando, coAtunando,
íaao
me f.a^ /lecu
peA-OA. o tempo que paAAO {Lo/ia... "
".. .eu dou. m uito vaion. a mÀnha atividade pr,.o (J^Aionai, goAto de. ien., me atua-ii-^aA. moA o ACAviço da cjoAa eu nao di^pe/zAO. €u meAma (.a qo iudo: JJjupo, iavo /loupa, copjxho, etc.^A- Ao me da muiio pAa^eji".
d e s s a s m ul h e r e s , q u e r s e j a m s o l t e i r a s , q u e r s e j a m c a s a d a s e p a r e c e m se e x p r i m i r n o f i m d a a t i v i d a d e p r o f i s s i o n a l ou o c u p a c i o nal, isto q u a n d o s u r g e a e x p e c t a t i v a c r i a d a e m t o r n o d a v i d a p r i v a d a , ou seja, o d o m í n i o d a casa. A q u i se o b s e r v a : d o i s a s p e c t o s i m p o r t a n t e s : p a r a ás m u l h e r e s que a t u a m e m a t i v i d a d e s d o s g r u p o s II e III o d i s c u r s o do t r a b a l h o tem u m a s e q ü ê n c i a re p r e s e n t a d a p o r d u a s fases: a p r i m e i r a q u e m a r c a o i n g r e s s o n a emp r e s a , c o n f o r m e v i u - s e ^ n o d e p o i m e n t o já m e n c i o n a d o , è q u e se d á p o r con v i t e , o que s i g n i f i c a r e c o n h e c e r os m é r i t o s p e l o b o m d e s e m p e n h o p r o f i s s i o n a l , p o r p r e s t í g i o , i n f l u ê n c i a do p a i , o u d a f amília. N e s t e m o m e n t o , d e p e n d e n d o d a f o r m a ç ã o e das c a r a c t e r í s t i c a s do cargo, o i n í c i o m a r c a t a m b é m a c a r r e i r a (funcional •j q u e n a s m u l h e r e s se d á m a i s r a p i d a m e n t e do que n o s h o m è n s . P r i m e i r o p o r q u e as a t i v i d a d e s o c u p a c i o n a i s que são c a r a c t e r i z a d a s p e l a m ã o - d e - o b r a f e m i n i n a e s t ã o r e l a c i o n a d a s a u m c o n j u n t o de r e q u i s i t o s c a l c a d o s em p a d r õ e s de v a l o r e s como: j u v e n t u d e , s e r a p r e s e n t á v e l , etc., a l é m do que a p e r s p e c t i v a de ascerisão f u n c i o n a l d a m u l h e r é b a s t a n t e r e s t r i t a se c o m p a r a d a á d o s h o m e n s .
Q u e r a t i n j a o e s t á g i o m á x i m o d a c a r r e i r a d u r a n t e os prl_ m e i r o s anos de s er vi ç o , o u não, suas p o s s i b i l i d a d e s de p r o g r e s so e s t ã o de q u a l q u e r f o r m a l i m i t a d a s à c u r t a c a r r e i r a , n o c a s o de m u l h e r e s que a t u a m e m a t i v i d a d e t é c n i c a de n í v e l m é d i o . P o r o u t r o lado m e s m o n u m c a r g o de p r e s t í g i o , o f at o de s e r m u l h e r c o m o mo*stra as i n f o r m a n t e s , já c o n s t i t u i u m f a t o r r e s t r i t i v o .
"... FlcL c.om/Ãjiada pana impZaatcui o ■óqm.vLç o de. acx>mpanhmaeM.to e, com a expan^ao do 4 /seji-
vLç o4, coraeceU.. a peA.cebeji que teAÀ.a que lu-
toM. po/i eApaço, rao/i cheg,a-4e a ujn ponto que
nao 4eÁ. 4e vais. a pena..."
.. a muJJieji mio tem miLÍta charLce. Depot/i o
cojigo de eACJÜJutA.anú.o, ^io tem ü e ÜO e ^e quiyieA. meMmmm tenho que f-a^eM. cjoncmi/io e,
ao4 60 anoój u s m p0440, entao o meJJio/i e í a . pcuia ^a coAa..»
U m a v e z que e s s a s m u l h e r e s c o m s t r ó e m s e u s p a p é i s e m r e l aç ão ao t r a b a l h o e f u n d a m e n t a l m e n t e íím) d o m i n l o d o m é s t i c o as ex
pllcaçÕes ou justificativas p ar a o fato de não serem i n d i c a d a s para funções de. relativo p r e s tí g io ou m e sm o sererti l e m bradas para u m a promo ç ã o p e l o s . c h e f e s , se o r g a n i z a m d e ntro do discurso do desejo de "■íyi pcuia coAa", "aao ve^o fwA.a de. me aposentem,
q/j.eA.o c.om.pen^a.'i todo o tempo que vtvL maúi ^o/ia do que deiitÆO de coAa".
"Que/io me apo-ientcui pana dedicoM. a minha, cjo^a ao4 meuA iJiiho4 e ao moAido".
0 discurso da f amília é o que mais rompe o d i sc u rs o da a p o s e n t a doria. A p r e s e n t a r - s e - á n a s eq üê nc ia que o p ró p ri o grupo c o n s trói os focos mais marcantes, ou seja, que exprime a r e p r e s e n t a ção das altera ç õ es da c onstrução da v i d a como um conjunto de p a péis que vão progre s si va me nt e se esvaziando, como o b s e r v a r - s e - á
na maneira como o h om em constrói o trabalho. Não observa-se fa
tores de v ar ia çã o n a c onstrução do discurso do trabalho e n t r e
os homens, exceto nos m ot ivos que eles atrib ue m à decisão de
aposentar-se. .
Para os homens, a p osentados e a p osentaveis o t r a b a l h o constitui a base mais importante da c on s tr uç ão da identidade, e através d esta c onstrução se estabelece u m a assoc ia çã o entre os papéis e o trabalho. P ri meiro como p ro visão a u xiliar do pai ou da mãe no papel de filhos, depoiá, como p r o v e do r absoluto n o p a pél de pai e chefe da sua p r ó p r i a faraília q u ando é a c r e s c e n t a d o à provisão física, o compr om is so de dar estudo, casa, e ■ o u t r o s bens convencionados pe]os v al ores morais e que p o r sua' v e z v a o
constituir a base da c onstrução da identidade dos filhos e d a
-esposa.
"...meu pai tinha condiçoe/i de mate- a ^œni- iia, moA aa^e.À.e tempo, fJJho tinha que t/ia- boÀhaji. O m&uL p/iimei^io emp/ieg.o fioi no c.omeA. oLo, o CMÆyio de. contabiAJjiade ejia muito vaio AÍ.^ado entao nuo me gaitava empjiego. Nao f.oi fxLCÀJ. apeAon. diáAO, po/iqjue emp/ieg.o no oomeÆ-
cio yiabe, nao e eAtaveÀ. e o que ganhava eyia
tombem payia apMtoM. meu pai. Cie ; contíotava
o meu yioiaAÁjo”.
"Quando meu pal f.aiec.eu ( J l c o u minha mae c.om
7 fXihoyi poAO. CÆicuL, eju eA.a o moÍA veJho e
decide peqjueno tudo o que ganhava, e/ia pcuia o
"Eu comeceU. a minha vijda como ajudante. de. padn.elA.o, tudo o que.^g.anhava ia pofia ca/ia. 0 que. minha m.ae ganhava na Zavaçao mat dava pa yia comeyi... " E s t a s e x p r e s s õ e s e s t ã o r e l a c i o n a d a s à i n i c i a ç ã o ao t r a b a l h o e m a rc am , b a s i c a m e n t e , a p a s s a g e m d a a d o l e s c ê n c i a p a r a a i d a d e adulta. E s t a p a s s a g e m é d e f i n i d a p e l a i d ade do c a s a me nt o. A s r e f e r ê n c i a s ao t r a b a l h o -sempre t i veram, n a n a r r a t i v a d e s s e g rupo, u m p r e c e d e n t e : a f a m í l i a . E m g e r a l ele a p a r e c e : r e l a c i o n a d o à p r o v i s ã o d a f a m í l i a e m c o n d i ç Õ e s s e m p r e d r a m á t i c a s : a m o r
te do pai, d o e nça, m o r t e d a m ã e o u b a i x a renda. M a s o; t r a b a l h o c o n s t i t u i r e f e r ê n c i a f u n d a m e n t a l p a r á d e f i n i r o m o m e n t ò de c a sar:
"...dai consegui, com um tio um empíego aqui.
como J.eJJiuJLL4ta. Nao ganhava muito ma-ó a
vi^ta do que ganhava como ajudante de peda.ei /lo eA.a muüto, OaL /le^oh/i ca^aa.",
.. tA.abaÂheÁ. muito tempo na Ca^ia CapLta-L, de poiyi fui poma a Caix.a Economlca ma^i 0^3 emp/ie
gado4 nao ejiam. e^tavel/i. Nem pensava em
cxjyiOA., namon.ava ma^i c0mpa.0mJÍ4A0 meAmo a o ola-
■óunnuiia Ae ti-veAAe' um empnego cAtavet. Quan
do j.a tinha 33 anoA o gerente da Caix-a Econo mi.ca que conhecia o meu tA.abaÁho, me falou:
vou te a/L/LumoM. um emp/iego de contadon na
(...) conheço o chefe da contabilidade. Vim
paÁa ca impixmiei. o Ai^tema flnancel/io e fi
quei. po/L aqui. Ai Aentl conagem pan.a ca-
AOJl. .
N e s t a fase o t r a b a l h o m o b i l i z a u m a s é r i e de n o ç õ e s v a l o r a t i v a s que d e t e r m i n a m a c o n c e p ç ã o do c o r p o n o que c o n c e r n e ao c o n c e i t o de v i g o r f l s l c o e c a p a c i d a d e m e n t a l , como- a c a p a c i d a d e p a r a d e t e r m i n a d a s a t i v i d a d e s .
".. . naquele tmmpo a vida da gente eyia malA
n.eApejJio.
Nao4e.
fjjjnava,donmLa-Ae.
cedo,eA.a maÍA AoudaveÁ.
t^íe. lembrocyxe.
p.cava atetojide.
da noLte. (Labendo a eAcnüJLa, No oat/io dLia, cedo estava depe pn.o
tyiabaJJwe
naome
Aervtia cangado"."Nao
tenho medo de
tA.abaÂha/Lcom ninguém; a em
pn.e fiU. cump/LÃjdo/L do meu deveji e po/i
í a a o ,(julL eleJ-to opeA.QAÀ.o-padjiao duoA ve^eA. i
O s v a l o r e s m o r a i s se f u n d e m à r e p r e s e n t a ç ã o do v i g o r f ^ s i c o com.o a t r i b u t o d a ordem.
E s s e s a t r i b u t o s t ê m c a r a c t e r í s t i e a s ■h o m o g ê n e a s q u e se e x p r i m e m a t r a v é s d a c a p a c i d a d e i n t e l e c t u a l , c o m o e l e m e n t o s v a l o r a t i v o s das a t i v i d a d e s 't é c n i c a s . A h a b i l i d a d e m a n u a l t e m c o n o t a ç õ e s de "tA.aboL.ih.0 b/iaçat, de pouco p/LeAtÁ.gÀ.o".
Ha, t a m b é m , e v i d ê n c i a d a c o n s c i ê n c i a do v i g o r a s s o c i a d a à s a úde c o m o e l e m e n t o v i t a l e s e l e t i v o . E s s a r e p r e s e n t a ç ã o vai se e x p r e s s a r de m a n e i r a m a i s n í t i d a q u a n d o os f i l h o s já n a i d a de a d u l t a n ã o c o n s e g u e m l e v a r a d i a n t e s e u s p r o j e t o s de v i d a , c o m o p'or e x e m p l o o f a t o de n ã o ter c o n s e g u i d o e mp re go . P o r o u t r o lado o t r a b a l h o é p e n s a d o c o m o a lg o q u e d e s g a s t a o corpo, que p r e j u d i c a a s a úd e e o v i g o r d o s ó r g ã o s . O b - serva-sfe c o m o os i n f o r m a n t e s n o d e c o r r e r do d i s c u r s o do t r a b a lho m o b i l i z a m é s s e s c o n c e i t o s : .
" . . . o tA.abaÀho deAg.aAta o con.po da g,ente, De polA que come.ceÁ. a tA.abaihaA. de eJ.etM.i.cÍAta
^ poAAei. a teyi pn.obi.ema de coluna... "