• Nenhum resultado encontrado

4.5 DO EXAME E LESÕES APURADAS

4.5.2 Lesões corporais

Atinente à violência sexual, destaca-se a lesão corporal que foi estudada no capítulo 3 desta monografia, sofrida pela vítima em conjunto ao crime, que ocorre de diferentes formas, dependendo do autor.

Gráfico 10 - Lesão corporal sofrida por crianças e adolescentes em conjunto com o crime de violência sexual

Fonte: Pesquisa de levantamento (Autora), através de dados estatísticos do IML, 2017 e 2018.

Nos anos de 2017 e 2018, além do crime de violência sexual e ameaça, há casos em que as crianças e adolescentes são agredidos fisicamente pelos autores.

O conceito adotado pelo Código Penal de lesão corporal é lato sensu: lesão corporal é todo e qualquer dano ocasionado à normalidade funcional do corpo humano, quer do ponto de vista anatômico, quer do ponto de vista fisiológico ou mental (SANTOS, 2014, p. 2).

Dos 37 casos de violência sexual estudados, 6 vítimas foram diagnosticadas com algum tipo de lesão, escoriação, equimose ou marca devido à agressão, sendo estes 16% dos casos registrados.

SIM NÃO

6

A pesquisa aqui apresentada, ainda que bastante restrita, permite visualizar a situação da violência sexual em crianças até 12 anos, e adolescentes 12 a 18, sendo estudados os vulneráveis até os 14 anos, crimes estes ocorridos nos dois últimos anos na cidade de Tubarão/SC, abrangendo a totalidade de laudos periciais realizados no Instituto Médico Legal. Segue-se com a conclusão.

5 CONCLUSÃO

Ao iniciar-se o projeto desta monografia, buscou-se pesquisar acerca do crime de estupro de vulnerável ocorrido na cidade de Tubarão/SC, entre os anos de 2017 e 2018. Assim, estabelecendo parâmetros a fim de limitar a pesquisa, cujo principal objetivo foi analisar à violência sexual sofrida por crianças e adolescentes através de dados estatísticos do Instituto Médico Legal de Tubarão/SC.

Os objetivos específicos foram instruídos no decorrer da monografia, sendo estes o conceito da violência sexual e sua evolução histórica, o estudo da Lei 12.015/2009 que trata dos crimes contra a dignidade sexual, bem como o perfil de crianças e adolescentes abusadas sexualmente na cidade de Tubarão/SC, através de registro de dados estatísticos do IML, comparando os anos estudados, através dos seguintes dados: dos fatos (mês, dia da semana e hora), do local (bairro, se na residência ou rua); das vítimas (idade, sexo, naturalidade e parentesco com o possível agressor); dos agressores (grau de escolaridade, profissão e estado civil), através dos boletins de ocorrências.

No decorrer deste trabalho houve a preocupação em abordar como noções introdutórias a evolução da violência sexual no Brasil e no mundo, observando-se que a violência sexual não é uma invenção moderna, estando presente na história da humanidade desde o seu princípio.

No entanto, a atuação em prol do combate de tal violência não ganhou tanta importância desde o início, passando por um longo processo para chegar a um nível razoável de proteção.

No Brasil, as modificações inseridas na ordem penal com a introdução do ordenamento da Lei 12.015/2009 foram importantes, pois criaram tipos específicos e importantes para o tema, entre os quais: o estupro de vulnerável (art. 217-A) do Código Penal (BRASIL, 1940), que ampara o menor de 14 (catorze) anos, bem como as demais pessoas em que se encontram em situação transitória ou permanente de vulnerabilidade. O ECA (BRASIL, 1990) complementou, em grande medida, o Código Penal (BRASIL, 1940) nos aspectos referentes aos crimes sexuais e a Constituição Federal (BRASIL, 1988), em seu artigo 277, também ampara os direitos da criança e o adolescente, e o dever da família e do Estado.

Muito embora diversas pessoas acreditem que o dever de coibir e impedir a violência sexual praticada contra crianças e adolescentes seja somente do Estado, este dever é de todos: sociedade, família e Estado.

Mesmo sendo inúmeros os avanços para coibir estes atos de violência, a violência sexual no âmbito familiar ainda é algo demasiadamente complicado de lidar e principalmente de combater, revestida de diversos aspectos que muitas vezes não são abordados e, portanto, não são efetivamente combatidos, sendo que, esta forma de violência é extremamente silenciosa e degradante, que envolve a família, aqueles que deveriam estar engajados com a sociedade e o Estado para combater os atos.

Com o engajamento de todos, sociedade, família e Estado, os meios de prevenção do abuso sexual tornam-se mais eficazes, trazendo à luz famílias e possíveis vítimas deste tipo de violência o que faz com que, em alguns casos essas crianças/adolescentes e suas famílias consigam sair das situações de risco, antes de se tornarem de fato vítimas da violência sexual. Nos dias atuais, os meios de prevenção mais eficazes configuram-se através da troca de informações adulto/vítima, sensibilização dos familiares quanto à gravidade do assunto, fortalecendo uma relação de confiança com os mesmos, e o treinamento de educadores para a identificação de casos. Através disto, com uma forte legislação para prevenir essas condutas, haverá a diminuição dos casos desta violência.

A sociedade não pode se omitir nem silenciar diante de fatos tão graves e o Estado deve proporcionar meios para que a película que envolve o corpo familiar possa ser perpassada, de uma forma que o poder desempenhado pela família não venha a sobressair-se ao poder do Estado, pessoa jurídica incumbida de manter a ordem, não podendo permitir que a família resolva investir na elaboração de seus próprios conceitos e razões de existência, dado o motivo de estar se tratando de crianças e adolescentes, pessoas frágeis com necessidade de atenção e cuidados especiais.

Em que pese à insistência de muitos desafios para a superação das violações de direitos de crianças e adolescentes, deve ser considerado que é preciso intensificar ações específicas e continuadas de enfrentamento à violência sexual por meio de mobilização e sensibilização cada vez maiores dos diversos setores da sociedade, de visibilidade, de ações preventivas, de identificação e notificação dessas situações para se viabilizar o acesso à rede de promoção e proteção social, visto que, analisando o subitem 4.2.2 deste trabalho monográfico, nota-se a idade das vítimas abusadas sexualmente, demostrando a necessidade de se ter ações preventivas, repressivas, e uma forte legislação ao combate desse crime.

Nesse sentido, torna-se mister a defesa de um modelo de sociedade baseado no respeito à vida, na coesão e participação social, na cidadania, na inclusão e no acesso e respeito aos direitos humanos e sociais como forma de investimento na prevenção e na superação das diversas manifestações de violência contra crianças e adolescentes.

E por fim, existem algumas formas de denúncia, sendo estas: o Conselho Tutelar da cidade; o Disque 100 (por telefone ou pelo e-mail disquedenuncia@sedh.gov.br) – canal gratuito e anônimo; ou delegacias especializadas ou comuns.

REFERÊNCIAS

ADED, Naura Liane de Oliveira Ade et al. Abuso sexual em crianças e adolescentes: revisão de 100 anos de literatura. Revista de Psiquiatria Clínica: Rio de Janeiro, v. 33, n. 4, p. 204-213, nov. 2006.

ARIÈS, Philippe. História social da criança e da família. 2. ed. Rio de Janeiro: LTC, 1981. AZAMBUJA, Maria Regina Fay de. Inquirição da criança vítima de violência

sexual: proteção ou violação de direitos? Rio Grande do Sul: Livraria do advogado, 2011.

AZEVEDO, Maria Amélia; GUERRA, Viviane Nogueira. Pele de asno não é só história: um estudo sobre a vitimização de crianças e adolescentes em família. São Paulo: Roca, 1988. BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de Direito Penal. 17. ed. São Paulo: Saraiva, 2011.

BITTENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de Direito Penal. 25.ed. São Paulo: Saraiva, 2019.

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado, 1988. BRASIL. Constituição da Republica Federativa do Brasil. Emenda Constitucional nº 65 de 13 de julho de 2010. Brasília, DF: Senado, 1988.

BRASIL. Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940. Código Penal. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/CCIVIL_03/Decreto-Lei/Del2848.htm. Acesso em: 10 ago. 2019. BRASIL. Lei n° 8.072 de 25 de julho de 1990. Dispõe sobre os crimes hediondos, nos termos do art. 5º, inciso XLIII, da Constituição Federal, e determina outras providências. Acesso em 02 de ago. 2019.

BRASIL. Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990. Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente e dá outras providências. Disponível em:

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8069.htm. Acesso em: 20 maio 2019.

BRASIL. Lei n° 12.015 de 07 de agosto de 2009. Altera o Título VI da Parte Especial do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal. Acesso em: 10 de ago. 2019.

BRASIL. Lei n°13.718 de 24 de setembro de 2018. Altera o Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), para tipificar os crimes de importunação sexual e de divulgação de cena de estupro. Acesso em: 22 de Nov de 2019.

BRASIL. Ministério da Saúde. Prevenção e tratamento dos agravos resultados de

violência sexual contra mulheres e adolescentes: normas técnicas. 2 ed. Atual. Ampl.

BRASIL. Ministério da Saúde (MS). Linha de cuidado para a atenção integral à saúde de

crianças, adolescentes e suas famílias em situação de violências: orientação para gestores e

profissionais de saúde Brasília: MS, 2010.

DELMANTO, Celso. Código Penal comentado. 8.ed. São Paulo: Saraiva, 2010.

DINIZ, Maria Helena. Dicionário Jurídico Universitário. 3. ed. São Paulo: Saraiva, 2017. DIREITOS Humanos e Fundamentais e o Código Mello Mattos de 1927. Portal Educação, 2013. Disponível em: https://www.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/direito/direitos- humanos-e-fundamentais-e-o-codigo-mello-mattos-de-1927/29166. Acesso em: 25 ago. 2019. FUHRER, Maximiliano Roberto Ernesto. Novos crimes sexuais: com feição instituída pela Lei n° 12.015 de 07 de agosto de 2009. São Paulo: Malheiros, 2009.

GOMES, Luiz Flávio. Presunção de violência nos crimes sexuais. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2001.

GONÇALVES, Victor Eduardo Rios. Direto Penal Esquematizado: Parte Especial; 1º ed. São Paulo – SP: Saraiva, 2011.

GRECO, Rogério. Código Penal Comentado.6.ed. Rio de Janeiro: Impetus, 2012.

GRECO, Rogério. Curso de Direito Penal – Parte geral. 16.ed. Rio de Janeiro: Impetus, 2014.

GUERRA, Viviane Nogueira de Azevedo. Violência de pais contra filhos: a tragédia revisada. 3.ed. São Paulo: Cortez, 1998.

ISHIDA, VálterKenji. Estatuto da criança e do adolescente: doutrina e jurisprudência. 13. ed. São Paulo: Atlas, 2011.

JESUS, Damásio. Código de processo penal anotado. 25. ed. São Paulo: Saraiva, 2012. LEONEL, Vilson, MOTTA, Alexandre de Medeiros. Ciência e Pesquisa: livro didático. 2. ed. rev. e atual. Palhoça: Unisul Virtual, 2007. Disponível em: https://pt.slidshare.net/JASFARIAS/ciencia-e-pesquisa. Acesso em: 02 de abr de 2019.

LABADESSA, Vanessa Milani; ONOFRE, Mariangela Aloise. Abuso sexual infantil: breve histórico e perspectivas na defesa dos direitos humanos. Revista Olhar Científico, Ariquemes, v. 1, n. 1, jan./jul. 2010.

LANDINI, Tatiana Savoia. Violência sexual contra crianças na mídia impressa: gênero e geração. Campinas: Cadernos Pagu, 2006.

LIBÓRIO, Renata Maria Coimbra. Desvendando vozes silenciadas: adolescentes em situação de exploração sexual. 2003. Tese (Doutorado) - Universidade de São Paulo, São Paulo, 2003.

LORENZI, Gisela Werneck. Uma breve história dos direitos da criança e do adolescente

no Brasil. 2007. Disponível em: http://www.promenino.

org.br/Ferramentas/Conteudo/tabid/77/Conteudold/70d9fa8f-1d6c-4d8d-bb69- 37d17278024b/Default.aspx. Acesso em: 20 maio 2019.

MARCÍLIO, Maria Luiza. História social da criança abandonada. São Paulo: ed. Hucitec, 1998.

MAXIMILIANO, Carlos. Comentário à Constituição Brasileira de 1946. 2.ed. São Paulo: Saraiva, 2018.

MIRABETE, Júlio Fabrini; FABRINI, Renato N. Manual de direito penal: 25. ed. rev. atual. São Paulo: Atlas, 2012.

MONTEIRO, Lauro. Abuso sexual contra crianças. Rio de Janeiro: Editora autores & agentes & associados, 2002.

MOTTA, Alexandre de Medeiros. Metodologia da pesquisa jurídica: o que é importante saber para elaborar a monografia jurídica e o artigo científico? Tubarão. Copiart, 2012. NUCCI, Guilherme de Souza. Crimes contra a dignidade sexual. São Paulo: RT, 2011. Poddar, Prem e SrinivasanJain. "O secularismo como uma ideia mudará: Entrevista com HomiBhabha", The Book Review, janeiro de 1995. Republicado em The Hindu, 1995.

O Guia como instrumento de proteção à infância. Criança Mppr, 2011. Disponível em: www.crianca.mppr.mp.br › guia_como_referencia_de_protecao_a_infancia. Acesso em: 20 de abr. de 2019.

POTTER, Luciane.Vitimização secundária infanto juvenil e violência sexual intrafamiliar

por uma politica pública de redução de danos. 2. ed. Salvador: Ed. Juspodivm, 2016.

RAMIDOFF, Mário Luiz. Direito da criança e do adolescente: teoria jurídica da proteção integral. Curitiba: Vicentina, 2008.

RIBEIRO, Marisa Marques. Violência doméstica contra a criança e o adolescente. 1. ed. 5 reimp. Curitiba: Juruá, 2008.

ROSSATO, Luciano Alves; LÉPORE. Paulo Eduardo; CUNHA. Rogério Sanches. Estatuto

da criança e do adolescente comentado. 6. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2014.

SANTIAGO, Mayane Alves Silva. O sistema de garantias de direitos de crianças e

adolescentes e as dificuldades enfrentadas pelo conselho tutelar. Disponível em:

https://www.conteudojuridico.com.br/open-pdf/cj046792.pdf/consult/cj046792.pdf. Acesso em: 5 nov. 2019.

SANTOS, Cláudia Fernandes dos. O princípio da insignificância e lesões corporais leves sob a ótica funcionalista. Revista Jus Navigandi, Teresina, ano 9, n. 187, 9 jan. 2004. Disponível em: http://jus.com.br/artigos/4707. Acesso em: 6 out 2019.

SCHIMIDT, Michele. A violência contra criança e adolescente e a ausência de estrutura

do estado. 2013. 102f. Trabalho de Monografia de Direito da Faculdade de Ciências Jurídicas

da Universidade Tuiuti do Paraná. Curitiba, 2013.

SILVA, Maria Liduina de Oliveira. Artigo: O estatuto da criança e do adolescente e o

código de menores: descontinuidades e continuidades. Revista Serviço Social e

Sociedade. São Paulo, n. 83, Ano XXVI, 2005.

SPOSATO, Karyna Batista. O direito penal juvenil. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2006. World Healht Organization – WHO & International Society for Prevention of Child Abuse and Neglect – ISPCAN (2006).Preventing child maltreatment: a guide to taking action

and generating evidence. Suíça. Disponívelem:

http://whqlibdoc.who.int/publications/2006/924159365_eng.pdf. Acesso em: 20 de mar. de 2019.

World Healht Organization – WHO. (1999). WHO recognizes child abuse as a major

public health problem. Disponível em:http://www.who.int/inf-pr-1999/en/pr99-20.html.

Documentos relacionados