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Lesões traumáticas e dados históricos de soluções reparadoras

1.7 Ligamentos do joelho

1.7.2 Lesões traumáticas e dados históricos de soluções reparadoras

Dentro das lesões traumáticas do joelho podem destacar-se:

1) as do lado interno e externo - provocadas por pancadas violentas no lado oposto do joelho e conduzem a lesões nos ligamentos laterais internos e externos, respectivamente. São mais comuns as lesões traumáticas do lado interno do joelho uma vez que o ligamento lateral externo é mais forte que o ligamento lateral interno;

2) as que conduzem à rotura do menisco – nas lesões traumáticas do joelho, o menisco interno é atingido com uma frequência 20 vezes superior do que o menisco externo. Esta rotura é caracterizada por um “estalo” durante a extensão da perna ou, quando mais grave, um fragmento solto da cartilagem lesada pode interpor-se entre as superfícies articulares da tíbia e do fémur, fazendo com que o joelho fique em lesão parcial – bloqueado;

3) as que levam à rotura do ligamento cruzado posterior (PCL – posterior cruciate ligament) – quando o joelho é forçado a deslizar para trás; e

4) as que conduzem à rotura do ACL – quando há uma rotação interna da tíbia no fémur (representa 80% dos casos de rotura do ACL), uma rotação externa (lesão mais comum em praticantes de ski), uma hiperextensão, ou quando há uma flexão com posterior extensão (típica de impactos que ocorrem em acidentes de automóveis em que o joelho bate no tablier). [167, 177, 179]

Como exemplo de uma lesão traumática encontram-se as lesões futebolísticas, que resultam de um bloqueio ou placagem sobre a face externa do joelho, fazendo com que o joelho se dobre para dentro, abrindo o lado interno da ligação e rasgando o ligamento interno. Frequentemente o menisco interno também sofre rotura nestes casos. Nos traumatismos graves do joelho, o ACL também é atingido, pois o ligamento lateral interno está muito próximo do menisco interno, e o ACL tem inserções nesse menisco (Figura 52).

Figura 52 – Exemplo de ocorrência de uma lesão traumática no ligamento lateral interno após uma pancada no lado externo do joelho direito. [167]

Também são exemplos: a bursite pré-rotuliana subcutânea, vulgarmente designada por “joelho da mulher-a-dias”, pode resultar de um trabalho prolongado apoiado sobre as mãos e os joelhos; e o “joelho sacerdote”, outra bursite, que resulta da estadia de longos períodos de tempo ajoelhado afectando a bolsa infra-rotuliana subcutânea. Este último tipo de bursite é muito frequente em aplicadores de alcatifas e telhados.

Outros problemas frequentes do joelho são a condromalácia, que é um amolecimento da cartilagem e resulta de um movimento anormal da rótula na tróclea femoral; e o “síndroma da almofada adiposa”, que consiste numa acumulação de líquido na almofada adiposa posterior do joelho. Uma tumefacção – inchaço – aguda no joelho que surge logo após um traumatismo traduz habitualmente uma acumulação de sangue na articulação que se designa por hemartrose. A acumulação de líquido mais lenta, “o joelho de água”, pode ser causada por bursite. [167]

No entanto, sendo a rotura do ACL uma das mais comuns no joelho, acontece com uma incidência de 1 para 3000 [4, 180]; deste modo, tem sido exaustivamente estudada por inúmeros

autores e grupos de pesquisa.

O ACL pode sofrer lesão em toda a sua largura ou apenas numa percentagem da mesma (Figura 53); sendo que as lesões parciais são as mais frequentes, pois conduzem a uma incapacidade temporária podendo ser estáveis e não havendo rotura total na sua evolução.[179]

Quando há rotura total, é aconselhado o tratamento cirúrgico para a reabilitação da estabilidade do joelho, uma vez que o ACL tem uma fraca capacidade de auto-cura e uma vascularização limitada. [4, 37]

Figura 53 – Ilustração da lesão parcial ou total do ACL. Adaptada de [181]

Dados estatísticos apontam para 100000 [4] – 150000 [37] reconstruções cirúrgicas do ACL

anuais nos EUA.

As estratégias de reconstrução passam pela utilização de auto e alo-enxertos locais. Estes demonstram ser 90% bem sucedidos em termos de reabilitação da estabilidade do joelho, satisfação final do paciente, e retorno a actividades desportivas. [4] No entanto, questões

como infecções locais, lesões nervosas e fracturas provocadas por problemas anteriores do próprio paciente; ou potenciais transferências de doenças infecciosas, infecções bacterianas, problemas de rejeição do enxerto, reacções imunológicas não pretendidas, para além da escassez de dadores, são levantadas quando se utilizam auto e alo-enxertos, respectivamente. [37]

No sentido de ultrapassar estas dificuldades, desde os anos 70 têm sido estudados enxertos de materiais sintéticos para implementação humana [4]; mas apesar dos excelentes

resultados por estes alcançados num curto espaço de tempo, a longo termo estes revelam incompatibilidades biomecânicas, bioquímicas e biofuncionais [21], um elevado número de

falhas resultantes de desgaste (abrasivo e/ou adesivo), e uma integração pobre/limitada entre o enxerto sintético e o tecido hospedeiro. [37]

A solução posteriormente encontrada, já nos anos 80, foi a utilização de próteses com base de carbono. [4] O desenvolvimento das próteses já tinha em conta as propriedades

químicas e físicas dos seus materiais constituintes e a sua pureza, as suas características de superfície (rugosidades, geometria, carga de superfície), a estrutura 3D do implante, as suas propriedades mecânicas, resistência à fadiga, fractura, fissuração e a sua esterilização.

A própria intervenção cirúrgica era realizada mediante casos de possível sucesso após análise de vários pontos como a idade, o estado de saúde, o sistema imunitário e o metabolismo do paciente; uma vez que este implante poderia causar efeitos locais (reacções inflamatórias, infecções ou reacções imunes), ou sistémicos (embolismo, sensibilização, presença de elementos do implante no sangue, acumulação de partículas de material nos nódulos linfáticos).[19, 180]

Capítulo 2

Materiais e métodos

Neste capítulo inclui-se a descrição dos materiais, métodos, equipamentos e tecnologias utilizados no estudo da degradação por hidrólise de fibras PBG e de compósitos de matriz PLA reforçados com fibras PBG. Descreve-se a evolução da degradação através das propriedades mecânicas em função dos tempos de degradação do PLA, PBG e do respectivo compósito PLA/PBG; da medição da perda da massa das fibras PBG, PLA e compósito, em função dos tempos de degradação; e através da visualização de alterações morfológicas em SEM.

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