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CAPÍTULO I – GABRIEL O PENSADOR E A MÚSICA POPULAR

1.3 As Letras de Música e suas Repercussões

O gênero letras de músicas reproduz, na verdade, um recorte da identidade de um sujeito revestido de valores que representam historicamente uma tendência ideológico-cultural oriunda das diversas classes, que compõem a sociedade brasileira como forma de resposta aos pensamentos dessas determinadas classes. Esses pensamentos traduzem, de certa forma, anseios, desejos, angústias, ideais políticos, insatisfações, ou seja, mensagens embutidas e outras facetas caricaturadas na cabeça de cada membro que faz parte dessas diferentes classes sociais.

Nossos produtores de letras de certa forma se revestem de várias tendências construídas ao longo dos anos e são influenciados por fatores políticos, sociais e econômicos, responsáveis sobremaneira pela autenticidade das composições,

considerando que o sujeito compositor/escritor faz parte de uma sociedade que vive intensas transformações sociais.

A globalização acelerada gera em todas as instâncias da sociedade conforto e desconforto, o avanço tecnológico é aparente e o homem se sente encurralado diante de tantas mudanças o que consequentemente muda suas formas de expressão. E diante de tudo isso, nascem letras de músicas com diferentes abordagens como forma de resposta ao comportamento do próprio homem, ou seja, uma maneira de manifestação do seu próprio eu diante das transformações sociais e do mundo.

A música brasileira é considerada a mais rica do mundo, com uma repercussão imbatível, é reverenciada, imitada e aplaudida em todo o mundo e é resultado da percepção de mudanças radicais em torno de um nacionalismo forte. A história da MPB consagrou nomes representativos do universo musical como Noel Rosa e outros que retratavam em suas letras os problemas sociais e políticos vigentes numa mistura de letra e música que legitimam épocas de contínuas mudanças em todos os setores da sociedade articulando-se a favor das invenções e inovações artísticas. Embora esteja no auge de criações inovadores e com ritmos cada vez mais diversificados, é notória certa falta de qualidade nas composições musicais contemporâneas.

As letras que compõem o repertório da música popular brasileira são reverenciadas, imitadas e aplaudidas em todo o mundo e é resultado da percepção de mudanças radicais em torno um nacionalismo forte. A história da música consagrou nomes representativos do universo da MPB como Noel Rosa e outros que retratavam em suas letras os problemas sociais e políticos vigentes numa mistura de letra e música

que legitimam épocas de contínuas mudanças em todos os setores da sociedade articulando-se a favor das invenções e inovações artísticas.

Segundo Sant‟Anna, (2004:13)

Diante de uma sociedade em contínuo avanço percebe-se que toda essa evolução marca, no entanto, uma crescente transformação da música popular brasileira num fenômeno não apenas sonoro, mas num produto escrito. O que era apenas voz tanto na música quanto na poesia, se converte em grafia marcando o ponto máximo desses movimentos de equivalência e identidade. Por isto, críticos e professores universitários começam a se interessar pela letra da música popular, surgindo daí uma ensaística a ela dedicada que não é apenas o texto jornalístico das crônicas de ontem ou das necessárias histórias da música popular. Com isto se estende não apenas o conceito de música popular, mas o de literatura e, consequentemente, o de interpretação de texto. A literatura segue um caminho mais nítido depois do século XVIII, que é deixar de ser um produto elitista, afastando-se do conceito de “belas artes”, para se converter cada vez mais numa prática semiológica que procura interpretar todos os signos escritos e produzidos pelo homem.

Com isso, em meio a uma sociedade evoluída e em um contexto totalmente globalizado a música se estendeu abrindo possibilidades a partir de todas as fronteiras que cercam o universo do conhecimento humano. Com a globalização homogênea, encontramos uma produção musical cercada de uma multiplicidade de valores que tentam atender variados gostos, reflexos de culturas também diferentes, mas que diante dos avanços das redes tecnológicas propiciaram numa rapidez imbatível a manifestação da expressividade e a produção de letras descontraídas carregadas de infinidades de informações, às vezes melancólicas, outras com uma carga de humor, além daquelas

que traduzem de um modo sério o grito do homem contemporâneo diante da sociedade atual.

Segundo Sant‟Anna (2004:40), A partir da forte contribuição de Mário de Andrade durante o Modernismo, houve uma relevante aproximação entre música popular e literatura o que significa um crescimento significativo nas produções de letras de música. Para o autor esse caminho direcionou uma contribuição que manifestou no início da “Bossa Nova”, mudança no ritmo, no arranjo, na letra, mais direta e elaborada, e na própria voz do cantor, que não era segundo ele mais operística e sim com um novo estilo de comunicação sonora mais sofisticado. Dessa forma, seguem-se gêneros variados com várias direções e tendências que tentam de maneira simples traduzir de certa forma a verdadeira música brasileira.

Os manifestos musicais vão se expandindo a cada dia e com isso revelando compositores que através do jogo de palavras vão construindo uma identidade espontânea motivada por sentimentos diversos os quais traduzem de certa forma pessoalidade ou impessoalidade diante dos fatos ou diante da realidade. Dessa visão de mundo um tanto política e alicerçada por uma geração oriunda das universidades vai nascendo e se expandindo a chamada música de protesto, juntamente com a literatura que traz recortes irônicos traduzindo criticamente a ideologia das classes dominantes.

As letras de protesto reproduzem uma linguagem que nasce do cruzamento com a literatura e outras artes, todas movidas por interesses sociais e ideológicos quebrando e rompendo até mesmo com determinados padrões estéticos cultivados anteriormente. Mas com o objetivo de desencadear a cultura engajada através de letras de conteúdo

político e social como instrumento de conscientização da juventude da época, sobretudo, das classes populares. Suas letras traziam um conteúdo de denúncias que traduziam o recorte social da época além de serem consideradas inéditas.

Para Sant‟Anna, (2004:167),

Os textos de música popular brasileira passaram a ser estudados rotineiramente nos cursos de literatura de nossas Faculdades de Letras. Isto se deve a uma expansão da área de interesse dos professores e alunos, e a uma confluência entre música e poesia que cada vez mais se acentua desde que poetas como Vinícius de Moraes voltaram-se com força total para a música popular e que autores como Chico e Caetano se impregnaram de literatura.

Para o autor percebe-se aí uma forma de construir uma linguagem musical que se reveste de literatura e que ao mesmo tempo cria-se uma identidade “cantor-autor- crítico”, buscando de certa forma manter um diálogo crítico, dando novas dimensões aos textos produzidos e, além disso, criando possibilidades de interpretações (ou prevista interpretação).