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6. EXAME MICROSCÓPICO

6.4 MORFOLOGIA DAS ESTRUTURAS DO SEDIMENTO URINÁRIO

7.4.2 LEUCÓCITOS

Os leucócitos tem, aproximadamente 12 μm de diâmetro, seu citoplasma apresenta granulações finas e o núcleo é lobulado. As granulações podem se apresentar mais densas quando já se verifica certo grau de degeneração dos leucócitos. Essa degeneração é comumente observada em urinas diluídas e alcalinas e em aproximadamente 50% das amostras que são examinadas 3 horas depois de realizada sua colheita caso a mesmas não tenham sido submetida à refrigeração.

A observação de poucos leucócitos no sedimento urinário (< 5 por campo) em aumento de 400X, quando a amostra é concentrada 10:1, é considerado normal. Entretanto, esses valores de referência dependem da padronização empregada na execução do exame de urina. Os leucócitos observados no sedimento urinário são, geralmente, polimorfonucleares neutrófilos, mas, a verificação da presença de linfócitos, eosinófilos e monócitos também ocorre e é de grande importância no diagnóstico. Contudo, através da realização do exame microscópico sem a utilização de métodos de coloração esta identificação e/ou diferenciação não é possível.

A observação de leucocitúria no exame microscópico do sedimento urinário constitui em indicação de ocorrência de patologia inflamatória do trato urinário ou mesmo do trato

genital. No caso de doença inflamatória do trato urinário a leucocitúria verificada é, geralmente, acentuadamente menor que nos processos infecciosos.

Nos processos infecciosos do trato urinário alto (pielonefrite) a leucocitúria observada é geralmente mais intensa que nas infecções do trato urinário baixo (cistite). Essa diferença é decorrente, pelo menos em parte, pelo fato de os rins serem órgãos, extremamente, mais vascularizados que a bexiga, pois a migração dos leucócitos para o espaço tubular ou para a bexiga ocorre por diapedese.

Nos processos infecciosos os leucócitos podem ser observados distribuídos de forma dispersa nos campos microscópicos ou na forma de aglomerados. As aglomerações de leucócitos são associadas com infecções agudas do trato urinário.

Embora, nos processos infeciosos do trato urinário, a bacteriúria sejam freqüentemente acompanhados de leucocitúria, nas infecções do trato urinário baixo causadas por Chlamidia

trachomatis é freqüente se verificar pacientes com disúria cujo exame de urina revela a

ocorrência de leucocitúria ou leucocitúria e hematúria estéreis, isto é sem bacteriúria (Magot, 1992). Além disso, também se tem verificado casos de pacientes que apresentam sintomatologia de infecção do trato urinário em que se verifica intensa bacteriúria sem leucocitúria (Ringsrud e Liné, 1995).

O exame de urina permite diferenciar as pielonefrites das cistites. As pielonefrites são caracterizadas por se verificar, geralmente, além de leucocitúria, proteinúria moderada (++), bacteriúria e cilindrúria (cilindros granulosos, hialinos e leucocitários). Nas cistites, por sua vez, se verifica apenas leucocitúria variável e bacteriúria, podendo, eventualmente, se verificar leve proteinúria (vestígios)), embora ocorrência desta última seja por vezes contestada. Nas pielonefrites se verifica, também, freqüentemente, que as amostras de urina apresentam densidades próximas do limite inferior de normalidade, ou mesmo inferiores ao normal> A diminuição da densidade é decorrente do comprometimento da reabsorção tubular renal de água. Nas cistites não se verifica o comprometimento da reabsorção tubular de água, por isto, a densidade das amostras de urina é freqüentemente superior a 1.020. Contudo é importante ressaltar que a densidade da amostra de urina é, em condições normais, reflexo da hidratação do paciente.

Os leucócitos presentes no sedimento urinário podem apresentar movimento browniano de inclusões citoplasmáticas e são denominados de células de Sterheimer-Malbin ou células brilhantes. Leucócitos com essas características são observados em urinas hipotônicas e por isto observação era, antigamente, relacionada à pielonefrite.

Em urinas hipotônicas os leucócitos absorvem água e aumentam de volume em conseqüência da expansão do citoplasma. A expansão do volume citoplasmático tem como conseqüência, no início, a desestabilização das inclusões citoplasmáticas. Com a contínua absorção de água, os leucócitos podem até triplicar o seu volume e se observam espaços vazios no citoplasma dos mesmos (falta a fotografia).

A verificação da presença de eosínófilos no sedimento urinário se constitui em prova confirmatória, importante. da evidência clínica de nefrite intersticial aguda (NIA), com valor preditivo de 38%. O teste considerado padrão ouro para diagnóstico é a biopsia renal com achados histológicos de infiltrados de células plasmáticas e linfócitos peritubulares intersticiais. As NIA podem ser induzidas por medicamentos, infecções renais, e processos auto imunes sistêmicos (Kodner, 2003), mas pode, também, ser observada em amostras de pacientes submetidos a transplante de rins e de pâncreas que apresentam rejeição do órgão transplantado (Zamora, 1993).

Nas NIA se verificam outras alterações no sedimento urinário como: proteinúria <1g/24 horas, leucocitúria, cilindrúria (cilindros leucocitários), hematúria, níveis séricos elevados de uréia e creatinina, anemia, níveis sericos elevados de IgE, AST e ALT. A verificação de cilindros hemáticos é rara nas NIA (Kodner, 2003).

A presença de número elevado de células mononucleares no sedimento urinário, principalmente linfócitos, é verificada em pacientes nefrite lúpica e seu número apresenta elevada correlação com o índice de atividade da doença do Lupus eritematoso sistêmico (SLEDAI) (Chan, 2006), mas é, também encontrado no sedimento urinário de pacientes submetidos a transplante que apresentam rejeição (Murphy, 1973). Entretanto, a identificação de linfócitos e monócitos no exame microscópico do sedimento urinário em microscopia de campo claro ou mesmo em microscopia de contraste de fase é bastante difícil. Nestas modalidades de exame microscópico essas células são facilmente confundidas com hemácias. Os linfócitos e os monócitos são células mononucleares com diâmetro de 6 a 9 μm e 20 a 40 μm respectivamente

Os monócitos/macrófagos são células fagocitárias e sua observação no sedimento urinário ocorre em amostras de pacientes que apresentam alterações tubulares renais decorrentes de infecções ou reações imunológicas. A atração dessas células ocorre por quimiotaxia. Os monócitos/macrófagos encontrados no sedimento urinário são denominados de histiócitos. Os histiócitos que fagocitaram lipídeos e células renais que absorveram gorduras são denominados de corpúsculos ovais graxos encontrados em amostras de pacientes com proteinúria maciça resultante de doença glomerular e são indicativo de doença renal policística autossômica dominante (Duncan, 1985) mas podem também ser observados em amostras de pacientes com proteinúria moderada que apresentam doenças não glomerulares como nefrite intersticial aguda, nefrite intersticial crônica e uremia pré renal (Braden, 1988).

As identificações de eosinófilos, linfócitos e monócitos no sedimento urinário são mais fáceis em um citocentrifugado é corado com corante de Wright ou Papanicolaou.

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