5 M ODELAGEM DO CICLO DE ABSORÇÃO
5.1 A TECNOLOGIA DE CICLO DE ABSORÇÃO
5.3.2 E LEVAÇÃO DO PONTO DE EBULIÇÃO
A temperatura e a pressão do vapor de água gerado (ponto 7) correspondem à condição de saturação da solução no interior do gerador. No condensador, como não se considera perda de carga, a pressão na qual o vapor condensa é a mesma da solução saturada de H2O-LiBr.
Porém, como o vapor encontra-se praticamente puro, a condensação ocorre a uma temperatura inferior à temperatura de saturação da solução, pois a introdução do brometo de lítio na água eleva o ponto de ebulição da solução para um nível superior ao da água pura. Dessa forma, o estado termodinâmico do vapor gerado pode ser visto de duas perspectivas, embora o seu estado termodinâmico seja exatamente o mesmo em ambas as situações. Se for visto como substância pura, o vapor é considerado superaquecido. Se for visto como o componente de uma mistura bifásica na qual a solução no gerador é a fase líquida, o vapor é considerado saturado. Ambas as perspectivas são úteis para este
114 5 Modelagem do ciclo de absorção
estudo. No entanto, especificamente para a definição do estado termodi nâmico do fluido dentro do sistema de equações do ciclo, aplica-se, por simplificação, a condição de saturação para o ponto 7.
5.3.3 HIPÓTESESSIMPLIFICATIVAS
São admitidas as seguintes hipóteses simplificativas: a operação do ciclo ocorre sob regime permanente; não há variação da energia potencial e da energia cinética do fluido de trabalho ao longo do ciclo; não há perda de carga ao longo das tubulações e dos trocadores de calor e consequentemente o ciclo opera em apenas dois níveis de pressão; não há perda de calor para o ambiente nas tubulações, na bomba, nas válvulas de expansão e nos trocadores de calor; as condutâncias térmicas produto UA para os quatro trocadores externos são constantes; a efeti vidade do trocador de calor intermediário é constante; e a vazão da bomba da solução também é constante. As hipóteses para a perda de carga, para as condutâncias térmicas dos trocadores externos, para a efetividade do trocador de calor intermediário e para a vazão da bomba são justificadas pela insuficiência de informações a respeito do equipa mento.
No caso da bomba, toma-se como referência a modelagem de Herold et al. (1996), na qual se admite vazão constante independente mente das condições de operação do ciclo (inclusive para carga parcial). No caso do trocador de calor intermediário, destaque-se também que é mais simples estimar valores para a sua efetividade que para a sua área de troca. No caso dos trocadores externos, embora não se possa calcular precisamente o coeficiente de transferência de calor por correlações apropriadas devido ao desconhecimento da geometria e da natureza dos escoamentos, a sua variação com a vazão mássica dos fluidos poderia ser estimada. No entanto, além da complexidade dos escoamentos bifásicos observados no condensador e no evaporador, existe ainda a complexidade dos fenômenos de transferência de calor e de massa envolvidos nos processos de geração e de absorção de vapor, os quais dificultam o desenvolvimento de uma expressão para a correção do valor do coeficiente de transferência de calor em função da vazão. Portanto, por simplificação, opta-se pela adoção de coeficientes de transferência de calor constantes para todos os trocadores externos. Embora não se conheça o erro associado a cada um dessas hipóteses, avalia-se posteriormente a capacidade de aderência deste modelo teórico às curvas de desempenho dadas pelo fabricante.
5 Modelagem do ciclo de absorção 115 5.3.4 BALANÇOSDEMASSAEDEENERGIA
Determina-se nesta seção um conjunto de equações a partir da imposição de balanços de massa e de energia para cada um dos compo nentes. Em regime permanente, a soma das vazões mássicas que entram em um componente deve ser equivalente à soma das vazões mássicas que saem do componente, conforme:
∑
entrada ˙ mj−∑
saída ˙ mj=0 (5.3)onde ˙m é a vazão mássica do fluido de trabalho e o índice j distingue as diferentes correntes de fluido associadas a cada componente.
Observando-se que existem duas espécies no sistema (brometo de lítio e água) e admitindo-se ausência de reações químicas, conclui-se também que a vazão mássica de uma determinada espécie entrando em um componente deve ser equivalente à vazão mássica dessa mesma espécie saindo do componente. Em seguida, são dadas as equações para o brometo de lítio e para a água, respectivamente:
∑
entrada ˙ mjxj−∑
saída ˙ mjxj=0 (5.4)∑
entrada ˙ mj1−xj−∑
saída ˙ mj1−xj=0 (5.5)onde x é a fração mássica de brometo de lítio no fluido de trabalho. Nota-se que somente duas entre as Equações 5.3, 5.4 e 5.5 são realmente necessárias para a solução do problema, uma vez que qualquer uma delas pode ser deduzida a partir da combinação linear das outras duas.
Admitindo-se que não ocorra perda de calor para o ambiente, o calor transferido ˙Q em cada um dos trocadores de calor (gerador, absorvedor, condensador, evaporador e trocador de calor intermediário) pode ser relacionado com as entalpias por meio da seguinte expressão:
˙Q=
∑
saída ˙ mjhj−∑
entrada ˙ mjhj (5.6)onde h é a entalpia do fluido. Aplica-se a Equação 5.6 tanto para o lado quente quanto para o lado frio do trocador, sendo que os resultados obtidos para ambos os lados devem ser iguais em magnitude, porém com sinais opostos.
116 5 Modelagem do ciclo de absorção
Admitindo-se compressão adiabática para a bomba, o trabalho realizado ˙Wbomba pode ser relacionado com as entalpias por meio da
seguinte expressão: ˙
Wbomba= ˙m h2−h1 (5.7)
Finalmente, admitindo-se expansão adiabática para ambas as válvulas do ciclo, as entalpias do fluido de trabalho na entrada e na saída de cada válvula tornam-se iguais, ou seja:
h6=h5 (5.8)
h9=h8 (5.9)