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Levantamento da Problemática Observada

PARTE II – ENQUADRAMENTO DA PRÁTICA PEDAGÓGICA

Capítulo 5 – Prática Pedagógica em Contexto de 1.ºCEB

5.5. Levantamento da Problemática Observada

No início da prática pedagógica constatou-se que os alunos não realizavam muitos trabalhos em grupo, embora, durante a realização de atividades, apresentassem grande vontade de ajudar os colegas. Em diálogo com a professora cooperante confirmou-se que a realização de trabalhos em grupo era pouco frequente na sala de aula, no entanto, a mesma manifestou intenção de os desenvolver a longo prazo.

Através de uma pesquisa acerca dos benefícios dos trabalhos de grupo e após o diálogo com a professora cooperante, formularam-se duas questões, as quais se revelaram fundamentais no decurso de toda a prática pedagógica nesta valência, nomeadamente:

Atividades Curriculares

Horas Segunda-feira Terça-feira Quarta-feira Quinta-feira Sexta-feira 08h15m

09h30m

Distribuição das tarefas (15m) / Estudo do Meio

Matemática Matemática Matemática Estudo do Meio 09h30m – 10h30m Estudo do Meio Informática Português 10h30m – 11h00m Intervalo 11h00m – 11h30m Matemática Matemática Ler, mostrar e contar Estudo do Meio Português 11h30m – 12h00m Expressão Musical e Dramática 12h00m 12h30m Português (Melhoramento de texto) Português (Trabalho de texto) Português Matemática 12h30m – 13h15m Educação Física Conselho de turma (15m) 13h15m – 14h00m Almoço

Atividades de Enriquecimento Curricular 14h00m –

15h00m Inglês

Expressão

Plástica Estudo Biblioteca

Componente lúdica 15h00m – 16h00m Estudo Componente lúdica Expressão

Plástica Estudo Biblioteca

16h00m –

16h30m Intervalo

16h30m – 17h30m

Educação Física Informática Inglês Expressão Musical

Informática

17h30m 18h30m

Clube das artes / OTL

Clube das artes / OTL

Clube das artes / OTL

OTL Clube das artes / OTL

- Quais os benefícios que os trabalhos de grupo poderão trazer aos alunos desta turma?

- De que forma o trabalho de projeto com os alunos desta turma poderá ser mediador da aprendizagem?

Assim sendo, todo o estágio desenvolvido nesta turma teve como linha orientadora estas mesmas questões, pelo que foram utilizadas estratégias de intervenção que procurassem dar resposta a estas perguntas, como explanaremos de seguida.

5.5.1. Estratégias de Intervenção

Numa primeira abordagem, foram implementadas atividades que abrangiam os trabalhos de grupo nas diversas áreas curriculares, com vista ao desenvolvimento do trabalho cooperativo. Segundo Burden (s.d., citado por Lopes & Silva, 2009), “(…) a cooperação é a convicção plena de que ninguém pode chegar à meta se não chegarem todos” (p. 3). Numa atividade que envolva trabalhos de grupo, cada grupo atinge os seus objetivos quando todos os elementos trabalham para uma meta em comum. Por este motivo, cada aluno é responsável por ajudar os restantes elementos do grupo, incentivando-os a realizarem as suas tarefas e agindo de modo a que o grupo trabalhe unido para o mesmo objetivo.

É sabido que as crianças possuem um desejo inato de ganhar, qualquer que seja o jogo/atividade. Assim, se cada aluno souber que todos os membros terão de atingir os seus objetivos para que todo o grupo chegue à meta final, torna-se mais um fator para o desenvolvimento da entreajuda e da cooperação no grupo (Lopes & Silva, 2009). Consequentemente, cada grupo deverá compreender que, ao trabalharem cooperativamente, cada elemento do grupo, e o grupo em si, pode mais facilmente alcançar o objetivo comum que todos se propuseram atingir, tornando o trabalho mais vantajoso.

Têm sido vários os autores que desenvolveram as suas investigações no âmbito da aprendizagem cooperativa, tendo como referência a teoria de Vygotsky. Este mesmo investigador acreditava que o conhecimento era construído a partir de vários processos sociais, que envolviam os contextos culturais, sociais e históricos dos alunos. Assim, a interação que se desenvolve entre o professor e o aluno e, do mesmo modo, entre o aluno e os colegas, cria e fortalece um “espaço teórico” que Vygotsky denominava de ZDP (Fontes & Freixo, 2004). Esta zona é desenvolvida a partir das várias interações que

surgem durante os trabalhos em grupos, evidenciando-se no progresso das capacidades de cada aluno. Em grupos ou até mesmo em pares, os alunos revelam os seus conhecimentos sobre um dado problema, descrevendo e explicando os seus pontos de vista ao(s) colega(s) e, deste modo, trocando ideias, partilhando as suas perceções.

É deveras importante que o docente implemente a aprendizagem cooperativa na sala de aula, uma vez que esta apresenta vários benefícios nos mais diversos níveis. Existem vários fundamentos teóricos que apoiam a aprendizagem cooperativa, apoiados por vários autores como Palmer, Peters e Stretman (2003) e Panitz (1996). Estes investigadores, mencionados por Lopes e Silva (2009), sintetizam os diversos benefícios em quatro grandes grupos, sendo eles sociais, psicológicos, académicos e de avaliação. Lopes e Silva (2009) sintetizam estas categorias em várias dimensões, nomeadamente, no que se refere aos benefícios sociais, os autores mencionam o estímulo e desenvolvimento de relações interpessoais, o estabelecimento de uma atmosfera de cooperação e o desenvolvimento de competências alusivas à liderança. Os benefícios psicológicos estão relacionados com o aumento da autoestima, de uma atitude mais positiva relativamente aos agentes educativos e o aumento de expetativas. Por outro lado, a nível académico existe uma maior diversidade de benefícios no que respeita ao estímulo do pensamento crítico, ao desenvolvimento de competências de comunicação oral, à criação de um ambiente onde a aprendizagem seja de caráter dinâmico, envolvente e investigativo. Por fim, e aludindo aos benefícios relativos à avaliação, destaca-se a formação de grupos como uma forma acessível de supervisão e avaliação do grupo em si, do espírito criado e do progresso de cada aluno quando se encontra em interação e cooperação com o colega. Fazendo referência à prática pedagógica no 1.ºCEB, numa fase posterior, os alunos tiveram oportunidade de desenvolver um trabalho de projeto. No entender de Leite, Malpique e Santos (1989), o “Trabalho de Projeto é uma metodologia assumida em grupo que pressupõe uma grande implicação de todos os participantes” (p. 140). Uma vez que o modelo pedagógico desenvolvido nesta turma consistia no MEM, os alunos tiveram oportunidade de escolher o subtema com o qual pretendiam trabalhar. Deste modo, foram criados os grupos de trabalho, não sendo de modo algum imposto aos alunos algum tema. Coube a cada grupo a procura de respostas às suas questões, tendo como suporte alguns livros, que a estagiária e a professora cooperante escolheram para levar para a sala. Por fim, procedeu-se à apresentação dos vários subtemas. É de salientar que este trabalho de projeto não foi concluído durante o tempo em que decorreu o estágio, pelo que a apresentação dos trabalhos se realizou dois meses depois.