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Encarte 1: Evolução da Cobertura Vegetal no Canal da costeira do Pirajubaé, entre os

3. MATERIAL E MÉTODOS

3.1. Descrição dos métodos propriamente ditos

3.1.2. Levantamento de dados in loco (fitossociologia)

O levantamento de parâmetros fitossociológicos, embora não seja o foco central deste estudo, foram feitos para ajudar na caracterização da estrutura da comunidade vegetal, principalmente em um momento mais atual. Além disso, quando necessário, foram feitas algumas discussões sobre as condições ambientais, de maneira geral. Na verdade, a situação atual da vegetação é reflexo da dinâmica e da interação dos diversos fatores presentes, desde que houve o início da colonização pela vegetação. Estes dados foram confrontados tanto com os resultados decorrentes do mapeamento. Considerações feitas a partir de diversas observações in loco, ao longo de anos anteriores e no momento presente, do processo de colonização e desenvolvimento do manguezal, também auxiliaram a caracterização do ecossistema ali formado.

Para a etapa de coleta de dados fitossociológicos, biométricos e do meio físico, foram estabelecidas estações de coleta. Ficou definido um número total de 02 estações, escolhidas de forma a haver uma representatividade tanto da vegetação com grande desenvolvimento, como na porção em que houve a mortalidade do manguezal. Vale esclarecer que, enquanto a 1ª estação foi implantada na área onde houve a mortalidade do manguezal, dentro do “Setor Norte” (Encarte 1), a 2ª estação foi escolhida aleatoriamente, no entanto fora dos setores Norte e Sul, numa porção mais central da área de estudo.

Para uma caracterização mais completa, visando resultados mais precisos, seriam necessárias no mínimo 10 estações de coleta, com eqüidistância de cerca de 150 metros. No entanto, como o processo de mapeamento exigiu grande parte do tempo despendido a este estudo, optou-se por fazer apenas duas estações, apenas com o intuito de complementar os dados originários das observações e da interpretação dos dados ligados ao mapeamento.

As estações foram dispostas na margem esquerda canal da Costeira, pois ali, como citado anteriormente, a vegetação está mais desenvolvida. A área de cada uma destas estações de coleta era de 100 m2 (10x10m). Para facilitar o levantamento dos dados em cada estação de coleta, estas foram divididas em quatro (04) quadrantes, sempre abordados no sentido horário.

Nelas, foram levantados dados acerca da densidade e estrutura da comunidade vegetal (abundância, altura, espessura do tronco, densidade da copa, estágio de

desenvolvimento e outros) mediante observação direta, na medida em que foram necessários para esclarecer o papel deste na dinâmica vegetacional.

A metodologia utilizada para o levantamento fitossociológico, nas estações de coleta, baseou-se na biometria proposta por Cintrón & Shaeffer-Novelli, (1981) encontrada, por sua vez, em Soriano-Sierra & Ledo (1998), para o manguezal do Itacorubi. A partir desta, estão sendo coletados, para posterior análise, os seguintes dados biométricos: altura de cada indivíduo (ALT – em metros); diâmetro do indivíduo, na altura do peito (DAP, em centímetros – Ø cm); e diâmetro da copa do indivíduo (DC – em metros).

Estes dados fornecem, segundo a metodologia aplicada, a classe de cada um dos indivíduos, ou seja, o seu estágio de desenvolvimento. Temos então as seguintes classes:

- Adulto (Ad): indivíduo com o diâmetro na altura do peito maior que 2,5 cm (DAP > 2,5 Ø cm);

- Jovem (Jv): indivíduo com uma altura maior que 1,37 m e um diâmetro na altura do peito menor que 2,5 cm (ALT > 1,37m e DAP < 2,5 Ø cm);

- Plântula: indivíduo com uma altura menor que 1,37 cm (ALT < 1,37 m).

A mensuração da altura (ALT) foi feita mediante o uso de régua telescópica. Para a medição do diâmetro na altura do peito (DAP), usou-se uma fita métrica calibrada. O diâmetro da copa (DC) é medido com o auxílio da trena.

Os dados biométricos foram inseridos em uma tabela usada durante a coleta em campo. Além desses dados (ALT, DAP, DC, Classe), outros também foram inclusos: - Espécie observada (SP), anotado com a abreviação correspondente ao gênero (Av =

Avicennia; Lg = Laguncularia; e Rh = Rhizophora);

- Situação em que se encontra o indivíduo, ou seja, se ele está vivo (V) ou morto (M); - Observações complementares (OBS), por exemplo, se está infestado por fungos, ou se está com os pneumatóforos soterrados. Estas observações se deram principalmente nos locais onde houve a mortalidade da vegetação.

Como complementação ao levantamento fitossociológico, foi feita uma descrição geral dos componentes da comunidade vegetal, especialmente ao longo da faixa transitória entre o manguezal e a terra firme, através do reconhecimento in loco e levantamento fotográfico, com posterior identificação de algumas das espécies. Neste,

caso, optou-se por observar e anotar apenas as espécies mais representativas, visto que a diversidade de espécies da vegetação de transição (espécies companheiras do manguezal e típicas de restingas, com um substrato predominantemente arenoso) é muito maior que a encontrada no manguezal lato sensu (arbóreas e Spartina). A escolha de se caracterizar a vegetação de transição apenas com as espécies representativas se deu em virtude de que, para caracterizar toda a vegetação, seria necessário fazer um levantamento florístico desta faixa, o que não seria possível devido ao tempo que este trabalho exigiria. Estes dados gerais permitiram, no entanto, fazer uma satisfatória caracterização desta vegetação. Possibilitaram, da mesma forma que os dados do manguezal propriamente dito, serem confrontados com os dados dos mapeamentos para essa faixa de vegetação.

Em todos os casos, há um grande acervo fotográfico, que ilustra não apenas detalhes da vegetação, substrato e outras características da área de estudo, mas também auxilia no entendimento da evolução recorrente ali, visto que há fotografias disponíveis de anos anteriores ao próprio estudo. A ocorrência e abundância das espécies, bem como a zonação, foi determinada, desta maneira, com o auxílio das fotografias.