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4 MÉTODO CONCEITUAL PARA AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO EM IES

4.3 Levantamento e manipulação dos dados

Para iniciar o levantamento e a manipulação dos dados foi necessário selecionar os objetos de estudo, tendo sido utilizado como um critério arbitrário o número de pedidos de patentes feitos pela instituição ao INPI. O Ranking Universitário Folha (RUF), apura anualmente esse resultado para 192 IES brasileiras públicas e privadas.

O RUF é uma avaliação do ensino superior do Brasil feita pelo jornal “Folha de São Paulo” com periodicidade anual, a partir de dados coletados em bases de patentes brasileiras, em bases de periódicos científicos, em bases do Ministério da Educação (MEC) e em pesquisas nacionais de opinião. Iniciado em 2012, ele é composto por cinco índices: pesquisa, internacionalização, inovação, ensino e mercado. A classificação é feita na forma de ranking, para cada um dos índices (FOLHA, 2014).

O índice inovação é composto por apenas um indicador, que é o número de pedidos de patentes feitos pela instituição ao INPI. O RUF não considera como indicador a transferência de tecnologia, e portanto trata da capacidade de invenção da instituição e não da inovação, que se dá através da introdução de novidade ou aperfeiçoamento no ambiente produtivo ou social. Além disso, o RUF só considera o depósito de patentes no Brasil, não considera as patentes depositadas em outros países, através de organismos internacionais, e também não considera outros tipos de propriedade industrial a exemplo de marcas, softwares, desenhos industriais, localizações geográficas e proteção de cultivares.

Mesmo reconhecendo as inúmeras fragilidades e vieses apresentados por este ranking, cuja discussão foge do escopo deste trabalho, optou-se por utilizar o resultado gerado pelo RUF devido à sua periodicidade anual, à sua abrangência. Sendo assim, selecionou-se 14 entre as 15 IES melhores colocadas no índice inovação, eliminando a Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS) por ser uma instituição particular, e que portanto não atende aos objetivos deste trabalho de propor um método de gestão para as instituições públicas de ensino superior. A relação de todas as IES selecionadas está representada no Quadro 4.4, incluindo sua classificação no RUF e sua localização nas Unidades Federativas (UF) do Brasil.

Quadro 4.4 – Instituições selecionadas para a pesquisa

RUF Instituição UF

1º Universidade de São Paulo (USP) São Paulo 2º Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) São Paulo 3º Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Minas Gerais 4º Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Rio de Janeiro 5º Universidade Federal do Paraná (UFPR) Paraná

6º Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) Rio Grande do Sul 7º Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (UNESP) São Paulo

8º Universidade Federal de Viçosa (UFV) Minas Gerais 8º Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) Santa Catarina 10º Universidade de Brasília (UNB) Distrito Federal 11º Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) Pernambuco 13º Universidade Federal de São Carlos (UFSCAR) São Paulo 14º Universidade Estadual de Maringá (UEM) Paraná 14º Universidade Federal da Bahia (UFBA) Bahia

A seguir procedeu-se o levantamento dos dados, inicialmente pela leitura dos Relatórios de Gestão das IES selecionadas para este estudo. Tais relatórios integram o processo de controle através do Tribunal de Contas da União (TCU) previsto na Constituição Federal do Brasil, segundo a qual (BRASIL, 1988, p. 43):

[...] prestará contas qualquer pessoa física ou jurídica, pública ou privada, que utilize, arrecade, guarde, gerencie ou administre dinheiros, bens e valores públicos ou pelos quais a União responda, ou que, em nome desta, assuma obrigações de natureza pecuniária.

Os Relatórios de Gestão foram a opção de busca considerada por se tratar de uma obrigação legal das IES federais que configuram a maioria das instituições selecionadas. Mas cabe destacar que os dados referentes às variáveis consideradas neste estudo não são obrigatórios segundo a instrução normativa que direciona a sua elaboração. Nos casos em que não há obrigatoriedade de elaboração do Relatório de Gestão, ou naqueles em que os dados necessários não estavam disponíveis, novas buscas foram realizadas em outras publicações da instituição, a exemplo de relatórios de atividades, anuários estatísticos, relatórios de gestão setorial, entre outros.

Devido ao fato de que a maioria das publicações traz os resultados alcançados pela instituição ano a ano, o período anual também foi considerado neste trabalho. O recorte no tempo foi dado considerando o período mais recente para o qual existiam publicações disponíveis. Sendo assim, foram levantados os dados dos anos de 2008 a 2013. Como não foram localizados os valores para todas as variáveis no período considerado, mesmo após essa busca em publicações da instituição, tentou-se acesso à base de dados do FORMICT. Contudo, segundo a Coordenação de Propriedade Intelectual do MCTI, as informações individuais são sigilosas, sendo públicas somente aquelas que constam nos relatórios consolidados.

Por fim, após esgotadas outras alternativas, os dados foram solicitados às IES através do Serviço de Informação ao Cidadão (SIC), federal ou estadual conforme a natureza da instituição. O SIC é derivado da Lei nº 12.527/2011 que regulamenta o direito constitucional de acesso às informações públicas (BRASIL, 2011). As solicitações foram feitas pela internet, através dos e-SIC. Das 15 instituições para as quais foram feitas as solicitações, a USP e a UEM não responderam, a UNB disponibilizou menos da metade dos dados necessários, a UFRJ, UFRGS, UFV, UFSC, UFPE e UFSCar, não disponibilizaram os dados de transferência de tecnologia. Procedeu-se então a análise das 5 instituições que

estão listadas no Quadro 4.5. Mesmo entre estas instituições, não havia disponibilidade ou existência de todos os dados. Sendo assim, optou-se por obtê-los através de interpolação linear ou da taxa média de crescimento, conforme as características do conjunto de dados existente.

Quadro 4.5 – Instituições analisadas

RUF Instituição UF

2º Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) São Paulo 3º Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Minas Gerais 5º Universidade Federal do Paraná (UFPR) Paraná 7º Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”

(UNESP) São Paulo

14º Universidade Federal da Bahia (UFBA) Bahia Fonte: Elaborado pelo autor

Tais dados foram, então, armazenados em planilhas eletrônicas, manipulados através dos recursos do software Microsoft Excel®, compilados na forma de gráficos e tabelas, e transformados em informação que foi interpretada de acordo com a hierarquia de análise proposta pelo modelo conceitual, conforme descrito mais adiante.

Recomenda-se a manutenção, por parte das instituições, de um banco de dados que precisa ser atualizado ao fim de cada período a ser analisado. Assim, será possível manipular as informações efetuando o cálculo dos indicadores, acompanhar os resultados alcançados e a evolução destes resultados, período a período. Devido à simplicidade dos cálculos (médias, taxas e proporções), é possível utilizar planilhas eletrônicas simples.