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Foram identificadas no remanescente 45 espécies de mamíferos, divididas em 8 ordens e 18 famílias. Para o grupo de pequenos mamíferos, ordens Didelphimorphia e Rodentia (exceto Hydrochaerus hydrochaeris, Dasyprocta croconota, Cuniculus paca, Myoprocta pratti), foram amostradas 16 espécies (ni=45) e três famílias. Para os mamíferos de médio e grande porte, obteve-se uma riqueza de 29 espécies, agrupadas em 6 ordens (Quadro 2).

Quadro 2 – Mamíferos registrados para o remanescente estudado.

Táxon Nome popular Regist. Vegetação

Status

Reg. Nac. IUCN CITES

ARTIODACTYLA

Cervidae

Mazama americana Veado-mateiro Pg F.O.D.D.U. - NA -

Mazama nemorivaga Fuboca Pg, Tr F.O.D.D.U. - Di -

Mazama gouazoubira Veado-catingueiro Pg, Af F.O.D.D.U. - NA -

Tayassuidae

Pecari tajacu Catitu Pg, Tr, Af F.O.D.D.U. - NA - II

Tayassu pecari Queixada Pg, Tr F.O.D.D.U. - NA QA -

CARNIVORA

Canidae

Cerdocyon thous Cachorro-do-mato Pg, Tr, Af F.O.D.D.U. - NA PP II

Felidae

Leopardus pardalis Jaguatirica Pg, Af F.O.D.D.U. - VU NA I

Leopardus tigrinus Gato-do-mato-pequeno Pg F.O.D.D.U. - VU VU I

Leopardus wiedii Gato-maracajá Pg, Af F.O.D.D.U. - VU QA I

Puma concolor Onça-parda Pg, Af F.O.D.D.U. VU NA NA I

Puma yagouaroundi Jaguarundi Pg, Af F.O.D.D.U. - NA NA II

Phantera onca Onça-pintada Pg F.O.D.D.U. - VU QA I

Procyonidae

Nasua nasua Quati Pg, Tr, Af F.O.D.D.U. - NA PP -

Procyon cancrivorus Mão pelada Pg, Tr F.O.D.D.U. - NA PP -

Eira barbara Irara Pg F.O.D.D.U. - NA PP III

CINGULATA

Dasypodidae

Dasypus novemcinctus Tatu galinha Tr F.O.D.D.U. - NA MP -

DIDELPHIMORPHIA

Didelphidae

Didelphis marsupialis Saruê Tm F.O.D.D.U. - NA PM -

Marmosa murina Cuíca Sh, Pt F.O.D.D.U. - NA PM -

Marmosops parvidens Cuíca Sh, Pt F.O.D.D.U. - NA PM -

Marmosops pinheroi Cuíca Pt F.O.D.D.U. - NA PM -

Philander opossum Cuíca-de-quatro-olhos Tm F.O.D.D.U. - NA MP -

PERISSODACTYLA

Tapiridae

Tapirus terrestris Anta Pg, Tr, Af F.O.D.D.U. - NA VU -

PILOSA

Bradypodidae

Bradypus variegatus Preguiça-comum Tr F.O.D.D.U. - - MP -

Myrmecophagidae

Myrmecophaga tridactyla Tamanduá-bandeira Pg, Tr F.O.D.D.U. - VU QA II

Táxon Nome popular Regist. Vegetação

Status

Reg. Nac. IUCN CITES

PRIMATES

Aotidae

Aotus infulatus Macaco-da-noite Tr F.O.D.D.U. - NA NA -

Atelidae

Alouatta sp Guariba Tr F.O.D.D.U. - NA EP, VU -

Cebidae

Cebus apella Macaco-prego Tr F.O.D.D.U. - NA - -

Mico sp Mico Tr F.O.D.D.U. - NA DI -

Saguinus niger Sagui Tr F.O.D.D.U. - NA EP -

RODENTIA

Cavidae

Cavia aperea Preá Pt F.O.D.D.U. - NA NA -

Hydrochoerus hydrochaeris Capivara Pg, Tr F.O.D.D.U. - NA NA -

Cricetidae

Euryoryzomys aff. emmonsae Rato de espinho Pt F.O.D.D.U. - NA NA -

Neacomys paracou Rato Pt F.O.D.D.U. - NA NA -

Oecomys sp Rato pequeno Pt, Tm F.O.D.D.U. - NA NA -

Oxymycterus amazonicus Rato Pt F.O.D.D.U. - NA NA -

Rhipidomys leucodactylus Rato Pt F.O.D.D.U. - NA NA -

Rhipidomys sp Rato Pt F.O.D.D.U. - NA NA -

Cuniculidae

Cuniculus paca Paca Pg F.O.D.D.U. - NA NA -

Dasyproctidae

Myoprocta pratti Cotiara En F.O.D.D.U. - NA NA -

Dasyprocta croconata Cutia Pg, Tr F.O.D.D.U. - NA NA -

Echimydae

Echimys sp Rato de espinho Pt F.O.D.D.U. - NA NA -

Echimys chrysurus Rato de espinho Pt F.O.D.D.U. - NA NA -

Mesomys sp Rato de espinho Pt F.O.D.D.U. - NA NA -

Proechimys sp Rato de espinho Pt F.O.D.D.U. - NA NA -

Legenda:

Registros: Re = rede, En = entrevista, Tr = transsecto, Pt = pitfall, Sh = sherman, Tm = tomahawk, Pg = pegada, Af = armadilha fotográfica

Vegetação: F.O.D.D.U. = Floresta Ombrófila Densa de Dossel Uniforme

Status: NA = não ameaçado, EP = em perigo, DI = dados insuficientes, VU = vulnerável, QA = quase ameaçados,

MP = menor preocupação, PP = pouco preocupante, PM = preocupação menor

Quando se analisa a riqueza esperada com a observada no remanescente percebe-se que as ordens Cingulata, Dudelphimorphia, Lagomorpha e Primates foram amostradas em menos da metade, sendo as ordens Carnivora e Rodentia as ordens mais amostradas (Figura 13).

Figura 13 – Comparativo da riqueza esperada com a inventariada no remanescente, classificadas por ordem.

Das espécies inventariadas, apenas Puma concolor (onça-parda) possui registro de ameaça regional (COEMA, 2007), sendo classificada como Vulnerável. Com exceção do tamanduá-bandeira (Myrmecophaga tridactyla), todas as outras espécies classificadas como Vulnerável na Lista da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção pertencem a família Felidae (MACHADO et al., 2005). Apresenta ainda, Mazama nemorivaga como espécie Deficiente em Dados. Pela Lista Vermelha mundial da IUCN (IUCN, 2010) foram registradas duas espécies Vulneráveis: Leopardus tigrinus e Tapirus terrestres. Outras quatro espécies foram consideradas como Quase Ameaçadas, a citar: Panthera onca, Myrmecophaga tridactyla, Tayassu pecari e Leopardus wiedii.

Quanto as formas de registros, verificou-se uma heterogeneidade muito grande nas amostras, nas quais o número de indivíduos registrados em rastros, para médios e grandes, e Pitfall trap, para pequenos, foram consideravelmente maior do que para transectos e Live trap, respectivamente. O comparativo foi trabalhado tanto em número de indivíduos, quanto por espécies capturadas. Tal diferença também prevaleceu no número de espécies registradas em Pitfall e Live trap, porém em uma proporção menor (ni 13;5). Em contrapartida, a riqueza amostrada nas duas técnicas para o levantamento de médios e grandes mamíferos mostrou-se homogênea, com ni=17, para transectos, e ni=21, para rastros. Desta vez com um número maior de registro em rastro (Figura 14).

Figura 14 – Comparativo da eficácia das técnicas de amostragem utilizadas para o levantamento dos mamíferos na área do estudo. Gráfico esquerdo para o grupo de médios e grandes mamíferos e gráfico superior direito para os mamíferos de pequeno porte. Ni representa o número total de indivíduos levantados, enquanto Ne mostra o número total de espécies.

Para discutir a eficácia do levantamento de médio e grandes mamíferos, foi calculado a representatividade ou percentagem em que as ordens foram amostradas. Para isso, trabalhou-se com a proporção das espécies inventariadas na ordem, em relação a totalidade das espécies esperadas nessa mesma ordem. Para melhor compreensão, tomemos como exemplo a ordem Artiodactyla na figura 15. Para o Brasil são descritas atualmente 11 espécies de veados, queixadas e caititus, sendo que apenas cinco destas espécies possuem suas distribuições para a área. Das cinco prováveis ocorrências na área, foram inventariados as cinco. Sendo assim, a percentagem seria de 100%, logo a representatividade da ordem também foi de 100%. A exemplo dos artidactilos, duas outras ordens tiveram a sua representatividade também em 100%, Rodentia e Perissodactyla. Isso se deve ao fato, na primeira ordem, de ter sido consideradas apenas quatro espécies de porte médio e grande. Já a perissodáctila alcançou a sua totalidade pelo fato desta ordem ser formada por uma única espécie. A baixa representatividade de amostragem da ordem Cingulata pode ser justificada

pelos hábitos crípticos de suas espécies. As espécies de cingulatos possui hábitos fossoreais. Somado as características de seus nichos, tem-se, ainda, a questão da densidade relativa destes animais na floresta, quando comparado aos roedores, por exemplo.

Figura 15 – Representatividade de amostragem, individualizados por ordem, dos mamíferos de médio e grande porte. A representatividade mostra a percentagem em que a ordem foi contemplada, ou seja, a relação das espécies inventariadas e as espécies esperadas.

Foram identificadas 16 espécies de mamíferos de pequeno porte (ni = 45), divididas em duas ordens e duas famílias. A ordem Rodentia foi a mais representativa (Figura 16), principalmente em espécies, colaborando em maior grau para a diversidade da área. Na ordem Rodentia, a proporção das duas famílias foi basicamente a mesma, com Echimydae um pouco mais representativa, 55,55% (Figura 17). Tal proporção se manteve no quesito abundância, na qual foram registrados 13 indivíduos de Echimydae, contra 11 de Cricetidae, mantendo uma variação apenas de apenas 8,33%.

Figura 16 – Abundância absoluta, riqueza e representatividade das ordens de mamíferos de pequeno porte. Legenda: R2 = representatividade das ordens em riqueza, Nte = total de espécies identificadas na área, Ne = total de espécies identificadas na ordem, R1 = representatividade das ordens em abundância, Nti = total de indivíduos identificados na área, e Ni = total de indivíduos na ordem.

Figura 17 – Representatividade, em riqueza e abundância absoluta, das famílias de Rodentia identificadas na área do estudo. Legenda: R2 = representatividade das famílias em riqueza, Nte = total de espécies identificadas na área, Ne = total de espécies identificadas na família, R1 = representatividade das ordens em abundância, Nti = total de indivíduos identificados na área, e Ni = total de indivíduos na família.

Para se estimar a proporção das espécies presentes na área do estudo, bem como a sua dominância no meio, foi calculado índice de frequência (Pi). O índice consiste na diferença existente entre o número de indivíduos registrado para a espécies e o número total de indivíduos registrado na área. Para classificar as espécies em dominantes ou não

dominantes, faz-se necessário dividir 1 pelo número de espécies inventariadas para a área. Aquelas espécies que possuírem sua frequência maior que este resultado é considerada dominante na área. A frequência e a dominância refletem a abundância da espécie, ou o tamanho da população, ou ainda o número de populações.

Com relação aos mamíferos de pequeno porte observou-se uma homogeneidade no que se refere a frequência das espécies (Figura 18), com muitas espécies consideradas dominantes, ou seja, com alta abundância para a área. Entre as espécies mais frequentes estão: Didelphis marsupialis (saruê), Mesomys sp (rato de espinhos) e Philander opossum (cuíca-de- quatro-olhos). A maior frequência destas espécies no ambiente pode estar relacionado com hábito de forrageamento e preferencias de hábitat, o que favorece a sua captura e registro. Por outro lado, a baixa frequência de Echimys sp e Marmosops pinheroi, pode estar relaciona aos seus hábitos arborícolas (Tabela 1).

Tabela 1 – Cálculo de frequência (Pi) e dominância (Do) para os mamíferos pequeno porte inventariados.

Espécie pi Do

Didelphis marsupialis 0,155555556 Não dominante

Echimys chrysurus 0,066666667 Dominante

Echimys sp 0,022222222 Não dominante

Euryoryzomys aff. emmonsae 0,022222222 Não dominante Marmosa murina 0,133333333 Dominante

Marmosops parvidens 0,044444444 Não dominante

Marmosops pinheroi 0,022222222 Não dominante

Mesomys sp 0,111111111 Dominante

Neacomys paracou 0,066666667 Não dominante

Oecomys sp 0,088888889 Dominante

Philander opossum 0,133333333 Dominante

Proechimys sp 0,088888889 Dominante

Rhipidomys leucodactylus 0,022222222 Não dominante

Figura 18 – Comparativo de frequência para os mamíferos de pequeno porte inventariados e a proporção de dominância na área do estudo.

Ao contrário do observado para os mamíferos de pequeno porte, os mamíferos de médio e grande porte possuem populações marcantemente dominantes (Tabela 2 e Figura 19), como é o caso do Alouatta sp (guariba), dos roedores Dasyprocta croconata (cutia) e Hydrochoerus hydrochaeris (capivara), do procionídeo Nasua nasua (quati) e do perissodáctilo Tapirus terrestres (anta).

Verificou-se nesta área de estudo um maior registro de médios e grandes mamíferos por meio de pegadas e demais rastros. Ressalta-se novamente a correlação existente entre a frequência e a facilidade de registro do animal. A cutia apresenta uma grande abundância na área estudada, uma vez que apresenta uma alta frequência e a presença de um caráter dominância na comunidade. Esta constatação pode ser confirmada com o grande número de rastros e avistamentos ocasionais.

Outro ponto a se considerar é a posição na cadeia alimentar que os mamíferos de médio e grande porte se encontram. Quanto maior o nível trófico, menos abundante tende ser a população.

Tabela 2 – Cálculo de frequência (Pi) e dominância (Do) para mamíferos de médio e grande porte inventariados por transectos.

Espécie pi Do

Alouatta sp 0,133333333 Dominante

Aotus infulatus 0,033333333 Não dominante

Bradypus variegatus 0,033333333 Não dominante

Cebus apella 0,033333333 Não dominante

Cerdocyon thous 0,033333333 Não dominante

Espécie pi Do Dasyprocta croconata 0,233333333 Dominante

Dasypus novemcinctus 0,033333333 Não dominante

Hydrochoerus hydrochaeris 0,1 Dominante

Mazama nemorivaga 0,033333333 Não dominante

Mico sp 0,033333333 Não dominante

Nasua nasua 0,066666667 Dominante

Pecari tajacu 0,033333333 Não dominante

Procyon cancrivorus 0,033333333 Não dominante

Saguinus niger 0,033333333 Não dominante

Saimiri sciureus 0,033333333 Não dominante

Tapirus terrestris 0,066666667 Dominante

Tayassu pecari 0,033333333 Não dominante

Figura 19 – Comparativo de frequência para os mamíferos de médio e grande porte inventariados por meio de transectos e a proporção de dominância na área do estudo.

Para aquelas espécies de mamíferos de médio e grande porte não inventariados por meio de transectos, e sim por registros de pegadas, não foram realizados os cálculos referentes a frequência e dominância. Porém, foi calculado o Índice de Densidade (ID) para maior

conhecimento das populações levantadas (Tabela 3). O calculo do índice se dá pela divisão do número de registro (pegadas) da espécie estudada pela área amostral (38.000 m2).

Tabela 3 – Índice de Densidade (ID) para os mamíferos de médio e grande porte inventariados na área de estudo por meio de registros de pegadas.

Espécie ID Leopardus pardalis 0,157894737 Leopardus tigrinus 0,105263158 Leopardus wiedii 0,05263 Puma concolor 0,05263 Puma yagouaroundi 0,131578947 Phantera onca 0,02632 Cerdocyon thous 0,236842105 Nasua nasua 0,131578947 Procyon cancrivorus 0,684210526 Eira barbara 0,052631579 Tapirus terrestris 1,289473684 Pecari tajacu 2,157894737 Tayassu pecari 0,210526316 Mazama americana 0,473684211 Mazama nemorivaga 0,842105263 Mazama gouazoubira 0,05263 Hidrochoerus hydrochaeris 0,605263158 Dasyprocta sp 2,421052632 Cuniculus paca 1,026315789 Myrmecophaga tridactyla 0,07895 Dasypus sp 1,421052632 Total 12,21052632

Três espécies se destacaram quanto a sua densidade na área: Dasyprocta sp (cutia), Pecari tajacu (catitu) e Dasypus sp (tatu), com 92, 82 e 54 registros, respectivamente (Figura 20). Por outro lado, poucos foram os registros para Panthera onca (ni=1), Mazama gouazoubira (ni=2), Leopardus wiedii (ni=2), Puma concolor (ni=2) e Eira barbara (ni=2). Ressalta-se a dificuldade em registrar os rastros daqueles animais que, além de pequenos, são característicos do interior da mata, em um ambiente com grande presença de folhiço no substrato.

Figura 20 – Índice de Densidade para os mamíferos de médio e grande porte inventariados na área do estudo. Índice variando de 0,026 a 2,42.

O Índice Pontual de Abundância (IPA) foi obtido pela diferença entre o número total de registros para a espécie nos transectos (visualização e vocalização) e o número de amostra (111 pontos). Apenas duas espécies se destacaram na amostragem (Tabela 4): Dasypus sp (cutia) e Alouatta sp (guariba), com 0,063 e 0,036, respectivamente.

Tabela 4 – Índice Pontual de Abundância (IPA) dos mamíferos de médio e grande porte inventariados por meio de transectos.

Espécie IPA Alouatta sp 0,036036036 Aotus infulatus 0,009009009 Bradypus variegatus 0,009009009 Cebus apella 0,009009009 Cerdocyon thous 0,009009009 Cuniculus paca 0,009009009 Dasyprocta croconata 0,063063063 Dasypus novemcinctus 0,009009009 Hydrochoerus hydrochaeris 0,027027027 Mazama nemorivaga 0,009009009 Mico sp 0,009009009 Nasua nasua 0,018018018 Pecari tajacu 0,009009009 Procyon cancrivorus 0,009009009 Saguinus niger 0,009009009 Saimiri sciureus 0,009009009 Tapirus terrestris 0,018018018

Espécie IPA

Tayassu pecari 0,009009009

Além destes dois, a capivara (Hydrochoerus hydrochaeris), o quati (Nasua nasua) e a anta (Tapirus terrestris) se destacaram na amostragem, com uma abundância superior a média encontrada (Figura 21). Percebe-se que a apenas duas amostras distoaram da média, representadas por Dasypus sp (cutia) e Alouatta sp (guariba).

Figura 21 – Média dos IPAs calculados para os mamíferos de médio e grande porte.

Conforme já analisado e discutido, nos itens anteriores, as ordens que se mostraram menos representativas na área foram: Rodentia e Didelphimorphia. Excetuando estas duas ordens, a riqueza local se mostrou alta, com quase todas as espécies de possíveis ocorrência para a área inventariadas. A curva de incremento de espécies mostrou-se favorável a assíntota com os sete dias de levantamento, validando o esforço amostral empregado e descartando a necessidade de complementações na amostra (Figura 22).

Figura 22 – Curva de incremento de espécie para a área estudada. Canto superior esquerdo, pequenos mamíferos; canto superior direito, médios e grandes mamíferos.

Para se chegar a diversidade alfa da área, calculou-se o índice de Shannon-Wiener (H), no qual mede a ocorrência proporcional das espécies em determinada área. O valores obtidos por este índice variam de zero a um valor máximo qualquer. Na prática, raramente ultrapassa o valor de 4,5 e normalmente situam-se entre 1,5 e 3,5. O índice H será igual a zero somente quando houver uma única espécie na amostra e assumirá seu valor máximo, somente quando todas as espécies existentes na amostra apresentarem o mesmo número de indivíduos. Para determinar o grau de igualdade das comunidades estudadas foi calculado o índice de equitabilidade de Pielou (E). Este índice reflete a forma através da qual os indivíduos encontram-se distribuídos entre as espécies presentes na amostra. O índice varia de 0 a 1, conforme a homogeneidade da amostra.

O levantamento gerou índices de diversidade nos valores de 2,47, para os pequenos mamíferos; e 2,67 para os médios e grandes mamíferos (Figura 23). Embora a diversidade não seja apenas um comparativo quantitativo de espécies, pois considera também a proporção na qual estas se encontram na área amostrada, o valor acima da média, dos mamíferos de médios

e grande porte, se justificada em primeiro plano por sua alta riqueza (ni=29;16). Logo, a diferença na diversidade entre estes dois grupos está em maior grau associado a riqueza, mas sim, ao conjunto da diferença quantitativa das espécies somado a distribuição dos indivíduos na comunidade.

Figura 23 – Comparativo dos índices de diversidade de Shannon-Wiener (H) e Equitabilidade de

Pielou (E) encontrados na área do estudo.

5.3 AVALIAÇÃO DE HÁBITAT

Para se avaliar o uso dos hábitats pelas espécies inventariadas foi calculada a frequência de ocorrência das espécies nos três ambientes. O cálculo consiste em se dividir o número de registro de dada espécie no hábitat específico pelo total de registro da espécie nos três ambientes, mostrando, assim, a frequência de uso. O resutado das frequências individualizadas por hábitat e espécie pode ser conferida na tabela 5.

Tabela 5 – Frequência de uso de hábitat dos mamíferos inventariados no remanescente. MPF = Mata preservada fechada; MFT = Mata fechada de transição; MDA = Mata de dossel aberto.

Táxon Nome Popular

Frequência

MPF MFT MDA

ARTODACTYLA

Mazama americana Veado-mateiro 0,37 0,32 0,32

Mazama nemorivaga Fuboca 0,30 0,33 0,37

Mazama gouazoubira Veado-catingueiro 0,32 0,37 0,32

Pecari tajacu Catitu 0,18 0,45 0,36

Tayassu pecari Queixada 0,60 0,40 0,00

CARNIVORA

Cerdocyon thous Cachorro-do-mato 0,13 0,35 0,52

Eira barbra Irara 0,26 0,40 0,34

Leopardus pardalis Jaguatirica 0,38 0,25 0,38 Leopardus tigrinus Gato-do-mato-pequeno 0,36 0,27 0,36 Leopardus wiedii Gato-maracajá 0,43 0,57 0,00

Nasua nasua Quati 0,28 0,31 0,41

Phantera onca Onça-pintada 0,50 0,50 0,00

Procyon cancrivorus Mão pelada 0,27 0,32 0,41

Puma concolor Onça-parda 0,25 0,44 0,31

Puma yagouaroundi Jaguarundi 0,33 0,40 0,27

CINGULATA

Dasypus novemcinctus Tatu galinha 0,31 0,39 0,30

DIDELPHIMORPHIA

Didelphis marsupialis Saruê 0,24 0,26 0,50

Marmosa murina Cuíca 0,27 0,33 0,40

Marmosops parvidens Cuíca 0,40 0,27 0,33

Marmosops pinheroi Cuíca 0,45 0,27 0,27

Philander opossum Cuíca-de-quatro-olhos 0,13 0,35 0,52 PERISSODACTYLA

Tapirus terrestris Anta 0,44 0,22 0,33

PILOSA

Bradypus variegatus preguiça-comum 1,00 0,00 0,00

Myrmecophaga tridactyla Tamanduá-bandeira 0,25 0,50 0,25

Tamandua tetradactyla Tamanduá-mirim 0,27 0,33 0,40 PRIMATES

Aotus infulatus Macaco-da-noite 0,25 0,38 0,38

Alouatta sp Guariba 0,28 0,31 0,41

Cebus apella Macaco-prego 0,25 0,25 0,50

Mico sp Mico 0,27 0,27 0,45

Saguinus niger Sagui 0,25 0,25 0,50

RODENTIA

Cavia aperea Preá 0,22 0,44 0,33

Táxon Nome Popular

Frequência MPF MFT MDA

Dasyprocta croconata Cutia 0,33 0,38 0,29

Echimys chrysurus Rato de espinho 0,75 0,25 0,00

Euryoryzomys aff. emmonsae Rato de espinho 0,00 1,00 0,00

Hydrochoerus hydrochaeris Capivara 0,17 0,33 0,50

Mesomys sp Rato de espinho 0,33 0,33 0,33

Myoprocta pratti Cotiara 0,00 0,67 0,33

Neacomys paracou Rato 0,25 0,75 0,00

Oecomys sp Rato pequeno 0,50 0,00 0,50

Oxymycterus amazonicus Rato 0,67 0,33 0,00

Proechimys sp Rato de espinho 0,29 0,43 0,29

Rhipidomys leucodactylus Rato 0,50 0,50 0,00

Rhipidomys sp Rato 0,33 0,67 0,00

Total 14,73 16,52 12,75

Não se obteve um resultado expressivo de uso e ocupação dos hábitat pelo mamíferos, com valores bem próximos da média de 14,68 (Figura 24). Ainda assim, a mata de transição (MFT) obteve uma maior frequência de uso, seguida da mata mais preservada e úmida (MPF). A borda do remanescente, aqui representada pelo hábitat (MDA), foi de menor ocorrência de registros, sendo mais evidente naquelas espécies consideradas oportunistas, de nicho mais amplo e estratégia de forrageamento mais generalista. Caso, por exemplo, do Didelphis marsupialis e Philander opossum, ambos com maior registro em regiões de borda.

Por outro lado, muitas espécies tiveram registros apenas na parte de transição e no interior da mata, com nenhum registro na região da borda, como, por exemplo, Bradypus variegatus, Panthera onca e Leopardus wiedii.

Figura 24 – Frequência de uso de hábitat de todas as espécies de mamíferos presentes no remanescente.

6 DISCUSSÃO

No estudo da mastofauna várias espécies de mamíferos foram consideradas acidentais nas amostragens, o que pode indicar certo grau de regionalismo ou endemismo nas amostragens. Por outro lado, algumas espécies, como Dasyprocta croconata, Mazama americana e Alouatta sp apresentaram uma constância máxima (n=100). Esse dado somado ao hábitat generalista destas espécies indica uma possível distribuição abundante destes animais no estado do Pará.

Para os médios e grandes mamíferos a família com menor registro foi Mustelidae, com ausência da espécie Galictis vittata e Mustela africana. Embora a primeira tenha ocorrência preferencial na região norte, sua distribuição sul e leste n país ainda é incerta e existe a possibilidade do animal não ocorrer na área do estudo. A Mustela africana apesar de possuir registros em floresta de terra firme em áreas de remanescentes florestais no nordeste do estado do Pará (STONE et al., 2009), esta espécie habita preferencialmente florestas ripárias úmidas. Fiofisionomia essa não encontra nos módulos. Tem-se ainda o fato de que o registro deste animal se daria por encontros eventuais na área de amostragem, uma vez que o estudo não apresentava armadilha adequada para a captura deste animal. Ainda assim são duas espécies não ameaçadas.

As outras duas espécies de mustelídeos não registradas são Lontra longicaudis e Pteronura brasiliensis. O possível motivo são os seus hábitos semi-aquáticos. A ariranha é um animal que busca cursos d’água de maior porte, condição esta não encontrada no remanescente. Por outro lado, o não registro da lontra se deve ao maior enfoque no meio terrestre, uma vez que não foi realizada nenhuma excursão aos córregos inseridos nos remanescentes para a busca direta ou indireta do animal.

Bradypus tridactylus ou preguiça-de-garganta-amarela, considerada endêmica da região amazônica também não foi registrada no levantamento. Isso devido, possivelmente, ao seu hábito arborícola. Por se alimentar das folhas mais altas do dossel, o que direciona seu nicho ecológico para o extrato mais superior do dossel, sua visualização no transecto trona-se

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