• Nenhum resultado encontrado

2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 PROTEÇÃO LEGAL À MULHER TRABALHADORA QUE AMAMENTA

2.1.1 Licença Maternidade

A licença maternidade permite que a mulher trabalhadora tenha o direito de se ausentar do serviço, mantendo o seu salário e tendo a garantia de retorno ao trabalho. Ela proporciona à mãe estabelecer cuidado integral ao seu filho nos primeiros meses de vida e a se dedicar ao AM exclusivamente. No Brasil, ela é garantida por lei para toda trabalhadora formal.

A CF em seu artigo 7, inciso XVIII, assegura à gestante licença maternidade com duração de 120 dias, sem prejuízo do seu emprego e salário. Ou seja, este é o período mínimo estabelecido por nossa carta magna para que a gestante goze de sua licença, o que deve ser respeitado por todas as leis e normas infraconstitucionais (BRASIL, 1988).

Acompanhando a CF, a CLT também fixa o direito à licença maternidade em 120 dias, nos artigos 392 e 392-A, tanto para a empregada gestante, quanto para a empregada que adotar ou obtiver guarda judicial para fins de adoção de criança (BRASIL, 1943).

Ainda no artigo 392 da CLT, § 2º, consta o item sobre a prorrogação da licença maternidade, em que os períodos de repouso, antes e depois do parto, poderão ser aumentados de duas semanas cada um, mediante atestado médico (BRASIL, 1943).

Como benefício às empresas de médio e grande porte, a Lei 11.770/08 criou o Programa Empresa Cidadã. Trata-se de uma lei facultativa que concede a prorrogação do prazo de 60 dias na duração da licença maternidade, ou seja, garante direito a 180 dias de licença às empregadas das pessoas jurídicas que aderirem ao programa que, como estímulo, ganharão a concessão de incentivos fiscais (BRASIL, 2008a).

Além disso, a lei do Programa Empresa Cidadã pode-se estender ao poder público. A prorrogação do prazo da licença maternidade por 60 dias não é obrigatória na Administração Pública direta, indireta ou fundacional. A lei apenas autoriza o benefício. A tese foi discutida no julgamento de um recurso especial interposto por uma servidora de um Município brasileiro. Os magistrados entenderam que a lei permite a ampliação da licença mediante concessão de incentivo fiscal à empresa que adere ao programa, não sendo autoaplicável aos entes públicos (SILVA NETO, 2011).

Uma das estratégias utilizadas em prol do aumento do período de licença maternidade é o projeto de lei, PLS 201/12, que almeja exigir das empresas participantes de editais de licitação pública a comprovação que sejam empresas adeptas ao Programa Empresa Cidadã (CALIL, 2014).

As mulheres servidoras públicas federais, lotadas nos órgãos e entidades integrantes da Administração Pública Federal direta, autárquica e fundacional, também foram beneficiadas pelo Programa de Prorrogação da Licença à Gestante e à Adotante, através do Decreto 6.690/08. De acordo com o decreto, à gestante fica concedida prorrogação da licença maternidade pelo período máximo de 180 dias. Já às adotantes, fica estabelecida a prorrogação da licença de acordo com a idade da criança adotada, ou seja, quanto mais nova, maior o período de prorrogação concedido pela lei, contudo o artigo 2°, § 3°, estabelece que o período máximo de prorrogação só possa atingir 180 dias na soma total da licença (BRASIL, 2008).

Já para as servidoras públicas estaduais e municipais, não se trata de uma lei específica. A CF constitui a norma máxima do país, a lei infraconstitucional não poderá prejudicar direito adquirido, como trata o artigo 5º, inciso XXXVI (BRASIL, 1988). Nesta perspectiva, cada Estado e Município têm o poder de formular seus estatutos próprios, podendo aprovar o período da licença maternidade que desejar, desde que não diminua o prazo já instituído pela CF. Neste sentido, também não há qualquer vedação na CF para que o poder legislativo local também aumente o período para estas servidoras.

Em nosso país, a maioria dos Estados já aprovou os 180 dias de licença maternidade, totalizando 24 Estados, sendo esta conquista estendida a 154 Municípios em todo o Brasil. Nos Estados faltantes e em alguns outros Municípios estavam tramitando projetos nos poderes legislativos correspondentes, portanto estes números já podem ter sido elevados até o momento. Os dados no setor privado mostram que cerca de 10.500 (dez mil e quinhentas) grandes empresas oferecem o benefício - 6,7% das 160 mil existentes, segundo estimativa da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP, 2010).

Em relação aos Estados pode-se ser otimista, mas com relação aos Municípios não consideramos um grande avanço, pois o número não é expressivo em relação ao número de Municípios existentes no nosso país, que até o momento somam 5.570 (IBGE, 2013).

No Estado de Santa Catarina, a licença maternidade é assegurada no artigo 1º por um período de 180 dias consecutivos (GOVERNO DE SANTA CATARINA, 2009). Já no Município de Florianópolis, conforme o artigo 100 do estatuto do servidor será concedido licença à servidora gestante, por 120 dias consecutivos, sem prejuízo de remuneração. Contudo, no artigo 102, à servidora lactente, mediante comprovação médica de estar amamentando, será assegurada licença de 60 dias a ser usufruída ao término da licença gestação,

independentemente da idade do filho. Tal fato que foi alterado pela Lei Complementar nº291/2007 (PMF, 2011). Que estabelece que a servidora municipal possa usufruir de 180 dias de licença ao total.

Projetos nesta área divergem entre os Estados brasileiros. Um exemplo de avanço nesse sentido encontramos na capital do Rio de Janeiro, onde, em seu estatuto, além da conquista da licença maternidade de 180 dias, são somados com a licença amamentação por mais 180 dias, totalizando um tempo de duração média de um ano a favor da amamentação. Desta forma, a servidora pública municipal do Rio de Janeiro poderá ser beneficiada com essa licença até a criança completar um ano de idade. O Município também proporciona licença para as avós e avôs, mães ou pais de gestantes, de sete dias, para acompanharem seus netos recém-nascidos. Já a licença paternidade, numa duração de oito dias consecutivos, maior que do que consta na CF, mas ainda menor ao que já instituído em alguns Estados e Municípios (PMRJ, 2013).

No âmbito nacional, movimentos são realizados para ampliar as licenças maternidade e paternidade, com a tramitação de projetos de lei. A PEC 30/2007 e a PEC 64/2007 foram aprovadas em duas votações no Senado. As duas foram unidas, gerando a PEC 515/2010, que foi encaminhada à Câmara Federal, ainda não aprovada. A PEC 24/2013 tramita no Senado, que aumenta a licença maternidade para 180 dias e a licença paternidade em 15 dias, recebendo parecer favorável em 2014, mas ainda não aprovada. Já a PL 6998/2013, pretende ser o marco legal da primeira infância, pois aumenta a licença maternidade para um ano e a paternidade para um mês. Esta também não foi aprovada ainda (CALIL, 2014).