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4. Desmaterialização de processos de urbanismo

4.2. Enquadramento jurídico: Regime Jurídico de Urbanização e Edificação

4.2.1. Breve descrição da evolução

4.2.2.2. Licenciamento

A atualização do RJUE em termos de procedimento de licenciamento sofreu grandes alterações nos últimos tempos, como no caso do Decreto – Lei 555/99, o qual estabelece o procedimento regra para as operações urbanísticas, a nível da autorização, como consta na alínea g) do nº 3 do artigo 4º do mesmo diploma. No entanto, a Lei nº 60 de 2007 alterou esse âmbito, colocando como procedimento padrão o de licenciamento, com o nº1 e a alínea g) do

nº2 do artigo 4º, onde refere que – as demais operações urbanísticas que não estejam isentas de licença, nos termos do presente diploma, regem-se pelo procedimento de licenciamento. Contudo, esta alínea voltou a ser alvo de legislação, com o Decreto - Lei 26/2010, o qual revoga a alínea anterior, havendo desta forma uma maior especificação das operações sujeitas a este tipo de procedimento e, também, aumentando o âmbito das comunicações prévias, que falaremos em seguida (Oliveira 2010).

O licenciamento define-se como sendo um processo que engloba vários tipos de requerimentos associados (anexo II), ou seja, os requerentes recorrem ao processo de licenciamento, com o intuito de aprovarem um projeto de arquitetura. Caso o projeto seja admitido, o requerente terá que apresentar as especialidades num prazo de 180 dias e, de seguida, pedir a emissão de licença de construção no prazo de um ano, sendo que, após o objetivo ter sido cumprido, o requerente poderá pedir a licença de utilização quando assim o desejar. Segundo a Lei 60/2007 (nº 2 do artigo 4º), a qual aplica algumas alterações ao Decreto-Lei 26/2010, o conjunto de operações urbanísticas sujeitas ao procedimento de controlo prévio de licença administrativa são as seguintes:

I. As operações de loteamento;

II. As obras de urbanização e os trabalhos de remodelação de terrenos em área não abrangida por operação de loteamento;

III. As obras de construção, de alteração ou de ampliação em área não abrangida por operação de loteamento ou por plano de pormenor que contenha os elementos referidos nas alíneas c), d) e f) do n.º 1 do artigo 91.º do Decreto -Lei n.º 380/99, de 22 de setembro, que estabelece o regime jurídico dos instrumentos de gestão territorial;

IV. As obras de reconstrução, ampliação, alteração, conservação ou demolição de imóveis classificados ou em vias de classificação, bem como dos imóveis integrados em conjuntos ou sítios classificados ou em vias de classificação, e as obras de construção, reconstrução, ampliação, alteração exterior ou demolição de imóveis situados em zonas de proteção de imóveis classificados ou em vias de classificação;13

13Segundo Fernanda Paula Oliveira (2010) – …sempre que esteja em causa qualquer das situações referidas nesta alínea, ainda que o procedimento fosse, nos termos do artigo 6º, o de comunicação prévia, passará a ser o de licenciamento. Assim o determina o corpo do nº1 do artigo 6º, que dada a sua integração sistemática, é de aplicação imediata a todas as situações aí referidas. Pelo que, embora as situações mencionadas neste artigo 6º se encontrem sujeitas ora a comunicação prévia

V. As obras de reconstrução sem preservação das fachadas;

VI. As obras de demolição das edificações que não se encontrem previstas em licença de obras de reconstrução.

4.2.2.2.1. Autorização de utilização

Apesar do requerimento de autorização de utilização estar inserido no processo de licenciamento, muitas vezes este não resulta de um novo projeto de arquitetura, ou seja, o requerente dirige-se à Câmara apenas para pedir o Alvará de licença de utilização, uma vez que já existe um edifício, o fim para que foi criado é que muda.

Como já foi referido anteriormente, a Lei 60/2007 estabeleceu uma substituição do procedimento padrão da autorização para o licenciamento, através da alínea g) do nº3 do artigo 4º, revogada pela Decreto- Lei 26/2010. Tendo esse fator em conta, a autorização de utilização passou a destinar-se a verificar a conclusão da operação urbanística, no todo ou em parte, e a conformidade da obra com o projeto de arquitetura e arranjos exteriores aprovados e com as condições do licenciamento ou da comunicação prévia (nº 1 do artigo 62º do Decreto- Lei 26/2010). Por outro lado, a autorização de utilização não antecedida de obras sujeitas a controlo, ou a alteração de uso, destina-se a verificar a conformidade do uso previsto com as normas legais e regulamentares aplicáveis e a idoneidade do edifício ou a sua fração autónoma para o fim pretendido (nº2 do artigo 62 da Lei 60/2007).

O pedido de autorização de utilização (anexo III) deverá ser acompanhado com termo de responsabilidade de subscrito pelo diretor de obra ou diretor de fiscalização de obra, no qual aqueles devem declarar que a obra está concluída e que foi executada de acordo com o projeto de arquitetura e arranjos exteriores aprovados e com as condições da licença ou da comunicação prévia e, se for caso disso, que as alterações efetuadas ao projeto estão em conformidade com as normas legais e regulamentares que lhe são aplicáveis (nº 1 do artigo 63 do Decreto- Lei 26/2010). Por sua vez, o nº1 do artigo 64º da Lei 60/2007 determina que a aceitação da autorização de utilização deverá ser emitida no prazo de 10 dias a contar da receção do requerimento, sendo que, este prazo poder-se-á alargar aquando da não existência dos termos de responsabilidade exigíveis, a violação do projeto, ou quando o edifício ou fração

ora isentas de controlo, passarão a ficar submetidas ao procedimento de licenciamento se estiverem verificadas as circunstâncias referidas na alínea d) do artigo 4º.

não sejam adequados para o fim inicialmente pretendido, sendo necessário, neste caso, proceder-se a uma vistoria.

A vistoria, normalizada no artigo 65º do RJUE, é desencadeada num prazo de 15 dias, a contar da decisão do Presidente da Câmara, sendo composta por três técnicos designados pela Câmara Municipal, sendo que o particular tem a possibilidade de se fazer acompanhar pelos autores dos projetos, além do técnico responsável pela direção técnica da obra. As suas conclusões deverão ser obrigatoriamente seguidas pela decisão que vier a ser formulada sobre o pedido de autorização, segundo o nº4 do artigo 65 do RJUE. Uma alteração bastante pertinente que se verificou, relativamente a este assunto, é a introdução do nº3 do artigo 64º do Decreto- Lei nº26/2010, no qual se atribui a hipótese ao particular de não sendo determinada a realização de vistoria no prazo referido no n.º 1, o requerente pode solicitar a emissão do alvará de autorização de utilização, que deve ocorrer no prazo de cinco dias, mediante a apresentação do comprovativo do requerimento da mesma nos termos do artigo 63.º .