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3.2 A LICITAÇÃO DISPENSADA

3.2.1 Licitações Dispensadas para Bens Imóveis

Para alienar seus bens imóveis, a Administração dependerá da autorização legislativa – apenas no caso de órgãos da administração direta e entidades autárquicas e fundacionais – da prévia avaliação de perito, da existência de interesse público e será dispensada do procedimento licitatório, nos seguintes casos:

a) Dação em pagamento – Alínea “a”

De acordo com o art. 356 Código Civil de 2002, a dação em pagamento ocorre quando o credor consente em receber coisa diversa do que lhe é devida. Dessa forma, como ensina NIEBUHR (2008, p. 66), “a Administração Pública pode liberar-se de dívida pecuniária, efetuando o adimplemento mediante a transferência ao credor de bem imóvel, sem que seja necessário recorre à licitação pública.”.

b) Doação – Alínea “b”

A doação, de acordo com o Código Civil de 2002, em seu art. 538, é o contrato que uma pessoa, por liberalidade, transfere do seu patrimônio bens ou vantagens para o de outra.

No presente caso, a doação de imóveis poderá ser feita pela Administração, dispensada a licitação, somente para outro órgão ou entidade da Administração, de qualquer esfera de governo – ressalvando os casos das alíneas “f”, “h” e “i”. Os imóveis doados com encargos, com base nesta alínea, cessadas as razões que justificaram a sua doação, reverterão ao patrimônio da pessoa jurídica doadora, vedada a sua alienação pelo beneficiário, de acordo com o § 1º do art. 17.

A permuta, outro instituto do Direito Civil, é a troca de bens entre os contratantes, como ensina o art. 533 do Código Civil de 2002.

Neste caso, a Lei de Licitações torna dispensada a licitação para a permuta de imóveis, quando o negócio atender as finalidades precípuas da Administração e cujas necessidades de instalação e localização condicionem a sua escolha, desde que o preço seja compatível com o valor de mercado, segundo avaliação prévia.

d) Investidura – Alínea “d”

Entende-se por investidura, de acordo com o § 3º, art. 17 da Lei nº 8.666/93:

I - a alienação aos proprietários de imóveis lindeiros de área remanescente ou resultante de obra pública, área esta que se tornar inaproveitável isoladamente, por preço nunca inferior ao da avaliação e desde que esse não ultrapasse a 50% (cinqüenta por cento) – R$ 40.000,00 (quarenta mil reais) – do valor constante da alínea "a" do inciso II do art. 23 desta lei;

II - a alienação, aos legítimos possuidores diretos ou, na falta destes, ao Poder Público, de imóveis para fins residenciais construídos em núcleos urbanos anexos a usinas hidrelétricas, desde que considerados dispensáveis na fase de operação dessas unidades e não integrem a categoria de bens reversíveis ao final da concessão.

e) Venda a outro órgão ou entidade da Administração Pública – Alínea “e”

Conforme esta alínea, é dispensada a licitação para a venda de imóvel a outro órgão ou entidade da Administração Pública, de qualquer esfera do governo, respeitando o interesse público a avaliação do perito, que definirá o valor do imóvel, e lei autorizadora, no caso de o órgão vendedor for pessoa jurídica de direito público.

Autoriza-se, dispensada a licitação, a alienação gratuita ou onerosa, aforamento, concessão de direito real de uso, locação ou permissão de uso de bens imóveis residenciais construídos, destinados ou efetivamente utilizados no âmbito de programas habitacionais ou de regularização fundiária de interesse social desenvolvidos por órgãos ou entidades da administração pública.

De acordo com Jacoby (2009, p. 269), o interesse social, o interesse público, voltado à melhoria da qualidade de vida da população sustentam a juridicidade dessa norma, de acordo ainda com o art. 23, IX da Constituição Federal.

São requisitos para a contratação direta, dispensada a licitação, a avaliação do perito, lei autorizadora, no caso de alienação por órgão da administração direta, autarquia ou fundação pública, que a operação a ser contratada seja alienação gratuita ou onerosa, aforamento, concessão de direito real de uso, locação ou permissão e que o uso seja voltado a programas habitacionais de interesse social ou de regularização fundiária.

g) Ocupantes de terras devolutas – Alínea “g”

Esta alínea torna dispensada a licitação para a alienação de bens imóveis, visando procedimentos de legitimação de posse ,de que trata o art. 29 da Lei no 6.383, de 7 de dezembro de 1976, mediante iniciativa e deliberação dos órgãos da Administração Pública em cuja competência legal inclua-se tal atribuição.

h) Imóveis de uso comercial para regularização fundiária – Alínea “h”

De maneira análoga, autoriza-se, dispensada a licitação, a alienação gratuita ou onerosa, aforamento, concessão de direito real de uso, locação ou permissão de uso de bens imóveis de uso comercial de âmbito local com área de até 250 m² (duzentos e cinqüenta metros quadrados) e inseridos no âmbito de programas de regularização fundiária de interesse social desenvolvidos por órgãos ou entidades da administração pública.

Entende-se que, de acordo com o ilustre jurista Jorge Ulisses Jacoby (2009, p. 276), que o texto desta alínea “h” “revela a intenção do legislador em favorecer o combate a pobreza promovendo o desenvolvimento local com novos investimentos que garantam a efetividade dos programas”.

São requisitos para esta contratação direta, dispensada a licitação, a avaliação do perito, lei autorizadora, no caso de alienação por órgão da administração direta, autarquia ou fundação pública, que a operação a ser contratada seja alienação, gratuita ou onerosa, aforamento, concessão de direito real de uso, locação ou permissão e que o uso seja voltado a programas de regularização fundiária de interesse social, desenvolvidos por órgãos ou entidades da administração pública.

i) Terras públicas rurais da União na Amazônia Legal – Alínea ï”

Por fim, esta alínea autoriza, sem a necessidade de licitação, a alienação e concessão de direito real de uso, gratuita ou onerosa, de terras públicas rurais da União na Amazônia Legal onde incidam ocupações até o limite de 15 (quinze) módulos fiscais ou 1.500ha (mil e quinhentos hectares), para fins de regularização fundiária, atendidos os requisitos legais.

j) Concessão de direito real de uso de imóveis – § 2º, art. 17

Esta normatização autoriza, dispensada a licitação, a Administração a conceder o direito real de uso ou o título de propriedade para outro órgão público ou para área rural, situada na Amazônia Legal, conforme o § 2º e seguintes dos art. 17:

§ 2º A Administração também poderá conceder título de propriedade ou de direito real de uso de imóveis, dispensada licitação, quando o uso destinar-se:

I - a outro órgão ou entidade da Administração Pública, qualquer que seja a localização do imóvel;

II - a pessoa natural que, nos termos da lei, regulamento ou ato normativo do órgão competente, haja implementado os requisitos mínimos de cultura, ocupação mansa e pacífica e exploração direta sobre área rural situada na Amazônia Legal, superior a 1 (um) módulo fiscal e limitada a 15 (quinze) módulos fiscais, desde que não exceda 1.500ha (mil

e quinhentos hectares);

§ 2º - A. As hipóteses do inciso II do § 2o ficam dispensadas de autorização legislativa, porém submetem-se aos seguintes condicionamentos

I - aplicação exclusivamente às áreas em que a detenção por particular seja comprovadamente anterior a 1o de dezembro de 2004;

II - submissão aos demais requisitos e impedimentos do regime legal e administrativo da destinação e da regularização fundiária de terras públicas;

III - vedação de concessões para hipóteses de exploração não-contempladas na lei agrária, nas leis de destinação de terras públicas, ou nas normas legais ou administrativas de zoneamento ecológico-econômico; e

IV - previsão de rescisão automática da concessão, dispensada notificação, em caso de declaração de utilidade, ou necessidade pública ou interesse social.

§ 2º - B. A hipótese do inciso II do § 2o deste artigo:

I - só se aplica a imóvel situado em zona rural, não sujeito a vedação, impedimento ou inconveniente a sua exploração mediante atividades agropecuárias;

II – fica limitada a áreas de até quinze módulos fiscais, desde que não exceda mil e quinhentos hectares, vedada a dispensa de licitação para áreas superiores a esse limite; III - pode ser cumulada com o quantitativo de área decorrente da figura prevista na alínea g do inciso I do caput deste artigo, até o limite previsto no inciso II deste parágrafo.

k) Venda direta de imóveis residenciais - Amazônia Legal (Lei 11.952/09)

De acordo com o autor ALEXANDRINO (2011, p. 647), faz-se necessário ainda registrar a Lei nº 11.952/09, que em seu art. 38 autoriza a União e as entidades da Administração Indireta Federal a efetuarem a venda direta – sem licitação – de imóveis residenciais, nas condições específicas:

Art. 38. A União e suas entidades da administração indireta ficam autorizadas a proceder a venda direta de imóveis residenciais de sua propriedade situados na Amazônia Legal aos respectivos ocupantes que possam comprovar o período de ocupação efetiva e regular por período igual ou superior a 5 (cinco) anos, excluídos:

I - os imóveis residenciais administrados pelas Forças Armadas, destinados à ocupação por militares;