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CAPÍTULO 3 MODELO DE ANÁLISE DA DISSERTAÇÃO

3.4 Fontes de Capacidades Tecnológicas

3.4.3 Ligações entre as Empresas e as Demais Organizações do Sistema de Inovação (OSIs)

A terceira fonte para construção de capacidade tecnológica examinada aqui se refere às ligações estabelecidas entre as empresas da amostra e os demais tipos de organização do sistema nacional de inovação. Tais tipos envolvem, por exemplo, universidades públicas ou privadas; centros de treinamento; institutos de pesquisa, laboratórios públicos e privados; clientes; fornecedores; entre outras. Para o exame de tais ligações utiliza-se aqui uma adaptação do modelo desenvolvido em Vedovello (1995).3 Este modelo examina as ligações entre as empresas e as demais OSIs a partir de duas perspectivas, a saber: a partir da perspectiva das empresas, que em ligações com as demais OSIs buscam acumular capacidade tecnológica, e também a partir da perspectiva das demais OSIs que em ligações com as empresas buscam melhorar aspectos da infra-estrutura tecnológica do sistema de inovação, por exemplo, reestruturação de infra-estrutura laboratorial e capacitação de profissionais e estudantes de universidades.

A natureza das ligações são estabelecidas desde interações informais que não envolvem pagamentos financeiros, com organizações de ensino, pesquisa, clientes e fornecedores, até as atividades mais formais como projetos, pesquisa e desenvolvimentos de produtos. Além de examinar as ligações de acordo com sua natureza, o modelo adaptado de Vedovello (1995) permite o exame ao longo do tempo da ocorrência destas ligações por natureza.

Adicionalmente também é analisada a natureza dos resultados que emergem destas ligações com as demais OSIs, em termos de inovação, por exemplo, em geração de

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Muito embora o modelo tenha originalmente sido concebido para examinar a relação entre universidades e empresas (ver Vedovello, 1995), este modelo tem sido adaptado no sentido de torná-lo apto a examinar fontes a natureza das ligações estabelecidas entre várias organizações do sistema de inovação. Ver recentes adaptações e aplicações desse modelo, em sua versão ampliada, em Figueiredo et ali (2005) e Vedovello & Figueiredo (2006).

protótipos e patentes. Por fim também é analisada a natureza dos benefícios gerados em termos de melhoria em indicadores técnicos, econômico e de mercado para as empresas (a partir da perspectiva das empresas) e para as demais OSIs (a partir da perspectiva das OSIs).

Outro tipo de análise utilizada para examinar as ligações entre as empresas e as demais OSIs é o exame destas ligações pela perspectiva de redes sociais. Em outras palavras, o objetivo deste tipo de análise é verificar o comportamento e a complexidade destas ligações entre empresas e as demais OSIs ao longo do tempo formando assim um sistema com fluxo contínuo de troca de conhecimentos. Para análise das ligações entre as empresas da amostra e as demais OSIs, as evidências serão analisadas através de escalas de valores, e posteriormente representadas graficamente com o auxilio dos software UCINET 6 e NetDraw 2.055.

A Figura 3.3 a seguir resume o modelo adotado nesta dissertação para exame das evidências acerca das ligações entre as empresas da amostra e a demais organizações do sistema de inovação no Brasil.

Figura 3.3 - Modelo de exame da terceira fonte de capacidade tecnológica: ligações entre a empresa pesquisada e as demais organizações do sistema de inovação

Empresa Demais Organizaçõe s do Sistema de Inovação 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 Natureza das Interações

A partir da perspectiva das empresas

1. Interações informais com organizações de ensino e pesquisa 2. Atividades de treinamento e educação

3. Consultorias

4. Atividades de natureza informal e técnica com Clientes e Fornecedores 5. Atividades de análises e testes em laboratórios

6. Atividades de pesquisa, projeto e desenvolvimento

A partir da perspectiva das demais organizações do sistema de inovação

7. Reestruturação de base laboratorial 8. Atividades de treinamento e educação

9. Atividades de pesquisa, projeto e desenvolvimento

Resultados obtidos em termos de inovação

A partir da perspectiva das empresas

10. Melhorias em funções de apoio à inovação

11. Novos contratos de manufatura e desenvolvimento de peças em parceria com fornecedores

12. Aprimoramento e implantação de técnicas de gestão de projetos

13. Aprimoramento e implantação de processos e organização da produção de hardware

14. Aprimoramento, Desenvolvimento e implantação de softwares

15. Aprimoramento e Desenvolvimento de Produtos

16. Geração de Protótipos

17. Geração de Patentes

A partir da perspectiva das demais organizações do sistema de inovação

18. Reestruturação de Base laboratorial de Universidades e Institutos de Pesquisa

19. Profissionais das demais organizações do sistema de inovação treinados em novas tecnologias

20. Geração de novas aplicações de Softwares para uso de órgãos públicos

21. Publicações Cientificas (Artigos, Livros, Dissertações e Teses)

22. Geração de Metodologia para Ensino à Distância

Benefícios gerados em termos de melhoria em indicadores técnicos, econômico e de mercado

A partir da perspectiva das empresas

23. Econômico

24. Intra-organizacional

25. Mercado

26. Técnico

27. Pioneirismo

A partir da perspectiva das demais organizações do sistema de inovação

28. Infra-estrutura

29. Técnico

30. Profissionais treinados

Fonte: Adaptado de Vedovello (1995) e Vedovello & Figueiredo (2006)

Através dos modelos descritos acima, esta dissertação examinará até que ponto os processos subjacentes de aprendizagem tecnológica contribuem para a acumulação das capacidades tecnológicas da empresa nas funções e níveis descritos, examinando adicionalmente em que direção e a que velocidade essa acumulação se dá na empresa pesquisada. Essa estrutura analítica da dissertação está representada na Figura 3.4.

Figura 3.4 – Estrutura Analítica da Dissertação

Fonte: Adaptado de Figueiredo (2001)

Esta dissertação examinará as fontes de aprendizagem (A) e a acumulação das capacidades tecnológicas (B). Como a acumulação de capacidades tecnológicas contribui para o desempenho operacional (C) não faz parte do escopo desta dissertação.

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