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6 DISCUSSÃO

6.2 Limitações do estudo

Nas últimas décadas, houve um crescimento exponencial na produção científica mundial, particularmente na área da saúde, o que motivou a necessidade de se estabelecer hierarquia entre os estudos e os artigos científicos. Muitas vezes, os supostos benefícios de uma intervenção observados na prática clínica pela avaliação de uma série de pacientes podem ser o resultado de observações e conclusões tendenciosas. Portanto, comparar os resultados desta pesquisa com os de outros estudos clínicos de séries de

Discussão 32

casos com intervenção publicados, sem dúvida, é uma das limitações deste estudo. Para Olmos e Martins (2005), na maioria das vezes, o benefício de uma intervenção terapêutica não é tão grande e evidente a ponto de ser consagrado apenas pela observação clínica, sendo necessário que intervenções com benefícios potenciais menos evidentes sejam submetidas ao rigor científico de um ensaio clínico controlado, antes que sejam empregadas de forma disseminada na prática clínica.

A obtenção de correlação significativa entre BCVA e espessura do leito estromal residual, considerada essencial para definição de técnica ideal para realização de transplantes lamelares, também, não foi observada neste estudo. O cálculo do tamanho amostral necessário para correlacionar BCVA e espessura do leito estromal residual foi estimada em 30 pacientes (o estudo foi conduzido com 33 participantes). Mesmo com a utilização de tecnologias crescentes, como o laser de fentosegundo, permanece o questionamento se é realmente necessário a remoção de todo o estroma posterior nos transplantes lamelares anteriores, aumentando assim a chance de micro e macro perfurações que exigem a conversão do procedimento para um transplante penetrante.

6.3 Considerações finais

A facilidade na dissecção do estroma profundo, a regularidade da dissecção, a curva de aprendizado mais veloz e a presença de baixíssimo índice de conversão para transplantes penetrantes na técnica estudada são encorajadores.

Os dados apresentados reforçam que com esta técnica de DALK foi possível obter-se regularidade na dissecção e sugerem que a medida da espessura do leito estromal residual como dado isolado não é suficiente para determinar a função visual nesse grupo.

Conclusão 34

• A espessura média e o desvio-padrão do leito estromal residual central dos pacientes submetidos ao DALK com tunelizador manual e fio foram, respectivamente, 49,18 ± 18,36 µm, sendo inferior a 80 μm na maior parte dos pacientes avaliados.

• A espessura média e o desvio-padrão do leito residual periférico dos pacientes submetidos ao DALK com tunelizador e fio foram, respectivamente, 60,09 ± 17,70 µm. A comparação entre os valores de espessura média central e periférica permite inferências sobre a regularidade da dissecção.

• O mapa paquimétrico fornecido pela tomografia de coerência óptica mostrou o reforço da estrutura corneana nos diâmetros de 0 a 2 mm, 2 a 5 mm, 5 a 7 mm e 7 a 10 mm. • Os olhos submetidos a DALK com tunelizador e fio obtiveram BCVA média de

0,68 ± 0,27 LogMar, o que representa valor superior a 20/40 (Snellen) em 60% da amostra analisada.

• Não houve correlação estatística entre BCVA ou UCVA e espessura do leito estromal residual. Tal fato é consonante com o encontrado na literatura de que a regularidade da dissecção pode ser mais importante do que o valor da espessura residual.

• O valor médio e o desvio-padrão das aberrações de alta ordem pós-operatória em RMS medidos nos 3mm centrais da córnea foram, respectivamente, 1,07 ± 0,51 e o RMS total, respectivamente, 8,81 ± 4,04.

• Houve diminuição na contagem endotelial que partiu de 2702,87 ± 548,87 células por mm2 no pré-operatório para 2282,10 ± 525,66 células por mm2 no pós - operatório. Houve manutenção da transparência corneana em todos os pacientes estudados.

• A apreciação dos resultados desse estudo permite concluir que a técnica utilizada para realização da DALK com tunelizador manual e fio apresentou resultados topográficos e funcionais semelhantes aos de outras técnicas consagradas, divulgados na literatura.

• Não houve micro ou macroperfurações nas córneas dos pacientes estudados, ou seja, não foi necessária a conversão para transplante penetrante em nenhum dos procedimentos realizados.

Anexos 36

Anexo A. Aprovação da Comissão de Ética para Análise de Projetos de Pesquisa do

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