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3.3 Teoria Econômica e a Internacionalização da Firma

3.3.2 Limite organizacional internacional

Diversas são as possibilidades de abordagens, contudo, de acordo com a linha de raciocínio adotada, a extensão da teoria do limite da firma (economia organizacional) (COASE 1937; 1960; NORTH, 1990; WILLIAMSON, 1975, 1985, 1993, 1996) para a firma internacional é neste trabalho considerado devida a trabalhos com o mesmo viés, sobretudo aos estudos de Buckley e Casson (1976), Hymer (1968) e Knickerbocker (1973).

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3.3.2.1 Integração Vertical

Scherer (2007) coloca os estudos de Buckley e Casson (1976) como o marco do macro análise das multinacionais sob o olhar da economia. Para estes autores, a decisão de internacionalizar atividades ocorre quando a empresa percebe que os benefícios se igualam aos custos. Além disso, outros parâmetros são considerados na decisão de internacionalização, são eles:

a) Fatores específicos da indústria: relativos à natureza do produto e à estrutura do mercado externo;

b) Fatores específicos da região;

c) Fatores da nação, incluindo políticas governamentais e relações institucionais; e d) Fatores específicos da firma, com destaque para a habilidade gerencial.

McManus (1972) coloca em seu estudo que a existência de custos de transação torna- se a resposta do motivo das empresas multinacionais estabelecerem subsidiárias no exterior, as quais operam sob integração vertical ao contrário de operar via mercado. Buckley e Casson (1976) continuam a teoria de McManus (1972) a respeito da integração vertical em ambientes internacionais, partem dos seguintes pressupostos:

i) firmas maximizam lucros em contexto de imperfeições de mercado;

ii) quando mercados de produtos intermediários são imperfeitos, existe um estímulo

para desviá-los, criando mercados internos (integração vertical); e

iii) internalização de mercados através dos limites nacionais, geram empresas internacionais.

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Rugman e Verbeke (2003) ressaltam a importância do trabalho de Buckley e Casson (1976), frisando que este fornece uma explicação rigorosa da existência e funcionamento das multinacionais, contudo afirmam a necessidade de modificação de pressupostos, de forma a permitir que uma análise contemporânea seja feita baseada nos custos de transação e mostram a sua importância para adequação de governanças corporativas das multinacionais e a sua funcionalidade na prática.

Utilizando a vertente econômica da internacionalização Hymer (1968), nitidamente influenciado por Coase (1937), autor já comentado que trata da questão do limite organizacional e dos custos de transação, acentua a relevância das imperfeições de transações internacionais ao nível de mercado como a razão para o crescimento interno da firma. Tendo assim, combinação de economias de escala e vantagem comparativa de coordenação da produção via hierarquia interna contra coordenação através do mercado. O autor direciona esforços sobre as vantagens da integração vertical, chegando a antecipar em sua época trabalhos a se tratar de internalização de atividades e competências, que Williamson (1985) retoma e crias novas possibilidades de ação, não correlacionadas apenas a imperfeições de mercado.

3.3.2.2 Barreiras tarifárias e não tarifárias

Aliber (1970), pouco após Hymer (1968), desenvolve uma teoria de investimento direto no exterior (FDI), que tenta explicar os motivos e em que momento os mercados externos são fornecedores, para isso centra o foco de análise em: produção doméstica vinculada à exportação; produção no país hospedeiro pelo meio de acordo de licenciamento envolvendo firmas locais; e produção via planta própria direta no exterior (FDI).

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Sua teoria encontra-se, então, preocupada em explicar todas as principais modalidades de internacionalização na década de 70. Ele toma como ponto de partida que o FDI envolve custos extras e desvantagens relacionadas com a administração da empresa à distância (Custo de Agência de acordo com Besanko et al., 2006), pressionando desta maneira à necessidade de olhar vantagens compensadoras para equalizar a estrutura a nível competitivo de gerenciamento de custos. Para o autor, a teoria de FDI deve analisar a fonte de tais vantagens, e é esta a questão básica de sua análise: “produção doméstica, licenciamento, ou FDI?” A análise trata, então, da contraposição entre economias de escala com produção doméstica e barreiras tarifárias e não tarifárias impostas por mercados importadores. Em suma, era necessário entender o limite organizacional de empresas, assim como Coase (1937) questionava.

3.3.2.3 Estruturas oligopólicas, aprendizagem e incerteza

Knickerbocker (1973) trabalhando na mesma vertente que Aliber (1970) desenvolveu um modelo teórico com base nas barreiras tarifárias e não tafirárias encontradas no comércio e nas estruturas oligopolísticas de mercado que conseguiram explicar as razões que levam firmas norte-americanas a tomar postura de investir diretamente no exterior e como tal comportamento é vinculado ao mercado de escolha. A definição que o autor dá a FDI é relacionada às nuances que o fluxo de capital resultante de investimentos de uma empresa em ativos fora de seu país de origem decorre, a fim de controlar totalmente ou parcialmente a operações relacionadas a esses ativos. Deste modo, Knickerbocker (1973) define como investimento agressivo, o estabelecimento da primeira subsidiária em uma dada indústria e em um dado país e, como investimento defensivo, o estabelecimento das subsidiárias subseqüentes.

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Visto que seu modelo é baseado em estruturas de oligopólio, Knickerbocker (1973) define oligopólio como uma estrutura caracterizada por poucos vendedores, onde existe interdependência de mercado e das políticas dos competidores destas firmas. O equilíbrio para esta estrutura é marcado por um estado cometido de negócios entre os vendedores, tal que todos os jogadores têm aproximadamente as mesmas competências competitivas, existe pouca possibilidade para um novo entrante achar que pode, impune, melhorar sua posição de mercado à custa de outro.

Ainda falando do estudo de Knickerbocker (1973), nota-se que diversas circunstâncias podem ter levado as firmas ao investimento direto no exterior. Mais que exportação e licenciamento, são as barreiras tarifárias/não-tarifárias e a possibilidade de poder oferecer serviços extras (em seu estudo apenas a pós-venda é mencionada) que mais influenciam a decisão.

Na visão do autor, os oligopólios se formam através de três condicionantes: pelo desenvolvimento de novos produtos; por vantagens de escala; pelas vantagens que são adquiridas, como vantagens adquiridas com produção, marketing e administração e que podem gradualmente eliminar os rivais. Caracterizados por diferentes elementos de vantagens sobre a parte do oligopólio em relação aos rivais. Remete aqui uma visão da Organização Industrial, onde estas vantagens podem (e freqüentemente são utilizadas pelos jogadores detentores do oligopólio) atuar como barreiras para entrantes em mercado específicos (FARINA, 2000).

A questão da incerteza e da aprendizagem também é analisada por Knickerbocker (1973), os investimentos em países estrangeiros envolvem uma considerável quantidade de incerteza e onde a firma aprende com cada movimento e melhora sua habilidade para examinar cuidadosamente o mercado focalizado e reduz, assim, as incertezas. Nota-se que na

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parte central da teoria de Knickerbocker (1973) está a estrutura do oligopólio, a incerteza e o risco. Estas condições são os determinantes de FDI.

Deste modo, abordando sobre a ótica econômica da internacionalização de empresas: a integração vertical, as barreiras envolvidas nas transações e as estruturas oligopolísticas de mercado, que associadas as teoria da Nova Economia Institucional e da Economia dos Custos de transação, possibilitaram a configuração das transações entre empresas frigoríficas brasileiras e o mercado russo de carne bovina na internacionalização do seu negócio.

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