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Preço social do capital

4. Limites da metodologia do BANCO MUNDIAL

Alguns limites e críticas da metodologia tem sido manifestadas na literatura. As principais são aqui apresentadas, não no sentido de discutir sua validação, senão, procurando mostrar a necessidade de ser complementada e relacionada com outros fatores específicos do

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país ou da região em que se implementará o projeto.

0 método do BANCO MUNDIAL não contempla as particularidades individuais dos países e regiões em desenvolvimento e nem sempre consegue medir em termos monetários custos e benefícios importantes do ponto de vista da sociedade. Isso porque envolve em sua maioria fatores intangíveis tais como problemas de distribuição, nível de emprego, independência nacional, assuntos regionais, tecnológicos, ecológicos e ambientais, entre outros; que na realidade, são de

difícil valorização para ser introduzidos no fluxo de caixa

convencional, mas, são importantes para a tomada de decisões.

Por outra parte, tanto o método de Squire & van der Tak como o

método custo-benefício de Little & Mirrlees e da ONUDI, foram

fortemente criticados por suas raízes neoclássicas que estiveram inspirados no conceito de equilíbrio social de Pareto. Como esta análise "para a coletividade" va mais longe do simples critério de

compensação, a incorporação do critério de eqüidade provocou críticas quanto à seleção da função de bem-estar, principalmente, sobre o parâmetro n ou ainda sobre o nível médio do consumo c.

Segundo Powers4 6 , a função da utilidade marginal decrescente

como função do bem-estar social pode gerar controvérsias porque as opiniões das pessoas variam em relação à elasticidade da utilidade

marginal do consumo (n) . Ademais, a utilização do método está

limitado pelo número de objetivos que são considerados. O método provavelmente seria mais preciso se a ponderação fosse não somente sobre a renda, senão também, sobre o emprego.

Outro conjunto de críticas diz respeito daqueles aspectos práticos de implementação da metodologia para a determinação do preço social. A estimativa dos parâmetros de referência nacionais e sua aplicação, nos países em desenvolvimento, é muito difícil porque além dos elevados custos que implica o levantamento e análise da informação, requer uma sólida compreensão do método e uma adequada capacidade de planejamento.

Segundo [LEFF, 1986] , os responsáveis pelas decisões nos países em desenvolvimento raramente utilizam a ACBS para selecionar e/ou priorizar investimentos, porque acreditam que os custos da aplicação desta metodologia excedem os benefícios gerados pelo projeto. No entanto, supondo-se que os fatores de conversão a nível nacional

sejam conhecidos e adequadamente atualizados, a dificuldade de

estimar os preços sociais provoca o abandono desta prática. Por isso, o enfoque do BANCO MUNDIAL tem sido pouco utilizado de maneira sistemática.

Outra crítica, segundo Bussere & Chartois, refere-se ao

conceito "para a coletividade" indicando que este poderia conduzir a obter resultados contrários aos esperados. Às vezes quando os coeficientes de ponderação são atribuídos inadequadamente, podem-se

distorcer os benefícios líquidos que o projeto gera para a

sociedade. Por isso, ao comparar projetos, recomenda-se que as

estimativas dos pesos sejam dependentes da natureza dos mesmos.

5. Conclusão

Apesar das dificuldades descritas em relação ao enfoque do

BANCO MUNDIAL, este parece ser um dos melhores em termos de

estrutura para resolver o problema da avaliação social de projetos. Devido as melhorias introduzidas na técnica, através de aplicações e experiências adquiridas na realização de vários trabalhos em países

em desenvolvimento, o método consolidou sua relevância e

reconhecimento como enfoque modelo na área.

Assim, eliminaram-se todos os pagamentos de transferência que não representavam um custo ou benefício real, bem como as distorções no sistema de preços dos insumos e produtos. Posteriormente, criou- se um o enfoque tradicional ou de eficiência, cujo único objetivo era a maximização da renda nacional, argumentando que adoção de uma adequada política monetária e fiscal redistribuiria melhor a renda

gerada. No entanto, foi questionado porque as limitações dos

instrumentos fiscais são bem conhecidos (eles são caros e

distorcidos), e porque a análise incorporou, de fato, julgamentos de

valor muito severos, principalmente, no que respeita ao ótimo

crescimento e à distribuição da renda.

Já no novo enfoque de Squire & van der Tak4 7 esses julgamentos

de valor podem ser interpretados como um caso particular da

estrutura mais geral da análise social. A junção dos interesses de eficiência e distribuição fazem deste enfoque um instrumento capaz

de fornecer informações técnicas e objetivas, permitindo que

analistas de projetos e órgãos de governo tomem decisões racionais durante a seleção e priorizaçâo de projetos públicos ou privados. Uma correta aplicação da metodologia em projetos públicos ou de

desenvolvimento, bem como produtivos pode levar a uma melhor

alocação de recursos do país, e portanto, contribuir para um maior crescimento econômico e uma melhor alternativa de redistribuição da renda gerada pelo governo.

Deve ficar claro que ao definir o objetivo de distribuição como prioridade básica de um país não significa que o crescimento

econômico seja ignorado pela análise social. Pelo contrário, a

metodologia permite manejar ambos objetivos quando são

estabelecidos, adequadamente, os valores dos pesos distributivos tanto para o consumo como para o investimento.

Apesar dos custos da avaliação social serem relativamente elevados, como foi mencionado anteriormente, não deveria impedir sua avaliação já que os benefícios serão sempre compensadores desde que esteja favorecendo ao desenvolvimento em termos de melhor alocação de recursos e contribuindo para uma melhor qualidade de vida das regiões ou setores mais desfavorecidos. Portanto, embora as decisões de levar adiante projetos públicos estejam apoiados em preferências setoriais, políticas ou pessoais dos atores envolvidos, a avaliação social do projeto sempre servirá para impedir que sejam tomadas decisões equivocadas.

Deve-se destacar também, que a análise custo benefício social é importante para indicar o valor do projeto a preços de mercado, de eficiência e sociais. A primeira avaliação corresponde à avaliação

financeira do projeto. A segunda diz respeito da avaliação de eficiência, onde todas as rendas são consideradas do mesmo valor, e

cujo custo de oportunidade é o principal elemento de medida dos diferentes fatores. A terceira é a avaliação social que mede o impacto do projeto sobre o crescimento e a distribuição usando julgamentos de valor para diferentes grupos de renda.

Contudo, a restrita preferência deste método pelos analistas deviu-se, fundamentalmente, a dificuldades de implementação tais como a pouca disponibilidade de dados e relatórios dos órgãos governamentais e instituições financeiras, a demora no levantamento de dados e, por conseguinte, a falta de subsídios para o cálculo dos principais parâmetros de avaliação social.

Assim, com as ferramentas apresentadas no próximo capítulo, é possível formular um modelo suficiente e adequado para levantar as informações pertinentes em relação aos parâmetros de referência da avaliação social, bem como responder a todas as questões referentes ao mérito do projeto.

SUMÁRIO

1. Técnicas de abordagem de grupo a) Brainstorming

b) Técnica Nominal de Grupo

2. Método de Consenso Delphi a) 0 processo Delphi

b) Enfoque teórico para o processo de agregação

3. Vantagens e limites do Método Delphi

4. Análise Multicrítério

a) Conceitos e definições gerais b) Teoria da Utilidade Multiatributo c) Programação Matemática Multiobjetivo d) Métodos Interativos

e) Métodos "Outranking"

Por várias décadas, organizações diversas tentaram reunir o

"know-how" de grupos de indivíduos num esforço para combinar suas

habilidades individuais e melhorar a tomada de decisões. Assim, as opiniões e/ou decisões de um grupo de especialistas são necessárias quando um problema é muito complexo e um indivíduo não tem a

suficiente capacidade (conhecimento e experiência) como para

executar uma solução adequada. De fato, qualquer tipo de busca de informação em pró de melhores alternativas de solução não é uma tarefa fácil. Isso implica cumprir uma série de passos que vão desde a concepção da própria idéia até a fase de exploração e seguimento do processo.

Nesse sentido, há necessidade, de descrever um conjunto de características, meios e atividades envolvidas na concepção da idéia

do método ■ de consenso. 0 presente capítulo dedica-se,

fundamentalmente, a estudar o alcance do método de consenso Delphi em concomitância com a análise multicritério para auxiliar analistas de projetos e órgãos de governo na estimativa dos principais parâmetros subjetivos que são necessários para a operacionalização da metodologia de avaliação social de projetos do BANCO MUNDIAL.

Inicialmente, apresenta-se um resumo sobre as técnicas de grupo para, em seguida, estudar a origem, as principais definições, as

características e aplicabilidades do método Delphi, bem como

discutir a estrutura do processo. Mostra-se o enfoque teórico de agregação dos julgamentos individuais descrevendo-se as principais

medidas de estatística descritiva utilizadas para manipular a informação e interpretar os resultados obtidos. São apresentadas as principais vantagens e limites desse método e as conclusões sobre sua importância no contexto da avaliação social de projetos.

Na sequência, apresenta-se, os principais conceitos e métodos envolvendo múltiplos critérios, destacando-se a classificação mais citada da literatura. Em seguida, mostra-se a importância de sua

integração com o método Delphi na tentativa de superar as

dificuldades do método de avaliação social do BANCO MUNDIAL.

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