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Limites e Possibilidades

No documento Revista Estudos nº 29 | ABMES (páginas 100-103)

• Apesar dos ganhos significativos ocorri- dos no sistema de ensino superior com a nova ordem instalada, persistem estran- gulamentos e comportamentos que con- tradizem o discurso oficial liberalizante, além de provocar dúvidas, apreensões e mesmo choque de opiniões.

• A sistemática de avaliação de cursos de graduação, a partir dos padrões e critéri-

dualizada, pode gerar conseqüências de diversas ordens: primeiro, podem-se per- der os ganhos obtidos ao longo do tempo — no caso das universidades — com a aplicação dos princípios unidade, organicidade, integração, coordenação etc. Já, as funções de ensino, pesquisa e extensão devem ser organizadas e funcionarem de forma integrada, harmô- nica e interdependentes. A visão carreirrocêntrica pode enfraquecer a visão de conjunto das funções de uma universidade que não é uma mera forma- dora de graduados em cursos de gradua- ção e de forma compartimentalizada. À medida que a análise privilegia as par- tes sem o panorama do todo, a universi- dade perde densidade. Tanto isso é ver- dade que os problemas da falta de visão conjunta causa sérios prejuízos funcio- nais às universidades. Como administrar cursos que começam a se tornar estrutu- ras independentes? A pesquisa deixa de ser pensada em linhas prioritárias da uni- versidade para descolar-se para cada curso; os periódicos a serem publicados também deixam de representar a visão conjunta da produção da Universidade para enfatizar um curso e assim por dian- te. O quadro docente é contratado para atuar na instituição e em seus diferentes serviços e não apenas para um curso.

de qualidade, tudo favorece a melhoria do sistema. Porém, quando entra “ava- liação para recredenciamento”, a pos- sibilidade ainda que remota de rebaixa- mento nas categorias institucionais, pu- nição, ou mesmo descredenciamento, tudo isso ofusca a avaliação e a trans- forma, mesmo, em controle para o exer- cício do poder.

• Quando a avaliação não vê um plano de horizonte de pelo menos cinco anos; quan- do não examina o cronograma de metas graduais; quando exige que todo curso te- nha um mínimo de professores titulados e em tempo integral muito maior que a LDB exige; quando só o público pode avaliar o particular com olhos estatais, alguma coi- sa, com certeza não vai bem.

• Ademais, fica no ar a pergunta: Quem avalia o trabalho das Comissões de Es- pecialistas? O CNE, a SESU ? Quem avalia os avaliadores?

Sugerindo....

Dentro do terreno das possibilidades, é pos- sível sugerir, entre outras medidas:

• Seminários regionais e nacionais para discussão ampla, aberta e participativa dos indicadores e padrões mínimos de

qualidade dos cursos de graduação, para sua validação. Não é possível continuar admitindo-se que cada Comissão atue de forma isolada e independente. São necessários indicadores, critérios, parâmetros mínimos que possam ser aplicados a todos os cursos como regra geral e somente os específicos seriam objeto de sinalização à parte. Ninguém questiona a necessidade da existência de padrões mínimos que possam evoluir e serem aplicados de forma diferencia- da e gradual. Não se pode esquecer de que, além da função credencialista, fiscalizatória, avaliativa, há uma função não menos importante que é a pedagógi- ca, de análise da proposta, de quem con- duz, de que forma conduz, com que âni- mo, com que diretrizes e perspectivas de tempo e espaço.

• O período de transição dos oito anos previsto pela LDB poderia merecer ori- entações, por parte do CNE às Comis- sões de Especialistas. E mais, se ao CNE cabe deliberar em muitos assun- tos, nos termos do poder conferido pela Lei n.º 9.131/95, a ele cabe fixar orien- tações para que as Comissões de Espe- cialistas possam melhor exercitar suas competências de forma mais produtiva e adequada sem os laivos de certos sur- tos de corporativismo inadmissíveis na sociedade de hoje. Avançou-se muito,

mas ainda há resquícios esquisitos po- luindo a boa atmosfera do trabalho edu- cacional.

• As IES que não tiveram oportunidade de cumprir o que determina o artigo 19 do Decreto n.º 2.306/97 ( Art.19 - No prazo de um ano, contado da publicação da Lei n.º 9.394, de 1.996, as universidades apresentarão à Secretaria de Educação Superior do Ministério da Educação e do Desporto plano de cumprimento das dis- posições constantes do artigo 52 da mencionada Lei, com vistas aos disposto no §2 do seu artigo 88), talvez, pudes- sem enviar à SESU seus planos de qua- lificação docente e de regime de traba- lho. É preciso ter um horizonte de como cada instituição pretende cumprir os “mínimos” que são mesmo mínimos pre- vistos na LDB. Esperar o oitavo ano é decisão arriscada, pois as experiências passadas de prazos foram sempre de- sastrosas.

• Do mesmo modo que os padrões míni- mos devem merecer amplo debate na comunidade acadêmica, e mesmo fora dela, assim também e de modo conjunto, deve-se discutir a implantação das dire- trizes curriculares no ensino superior, tendo presente a flexibilidade por elas proposta e a forma de atuação das Co- missões de Especialistas. Por certo, não

resistência de algumas Comissões acos- tumadas a impor seus pontos-de-vista. Por isso, esses estudos devem caminhar de forma conjunta e paralela para har- monizar posições e legitimar socialmen- te sua adoção.

• Como fica a Universidade no sistema de avaliação, atualmente implantado? A vi- são profissionalista e carreirocêntrica que esconde o processo de avaliação de cada curso não deve prevalecer sobre o papel maior da Universidade. Neste ter- reno, todo o cuidado é pouco. Do con- trário, estar-se-á abastardando o papel da Universidade. Alguém disse num dia desses: “Para que Universidade? Acho que ser Centro Universitário é menos oneroso”. Será esse o destino de nossas Universidades?

• Sugere-se que a SESU/MEC explicite nas Portarias que nomeiam Comissões de Verificação suas funções para evita- rem-se conflitos e exorbitância de com- portamentos, pressões, exigências, ame- aças. Com relação aos prazos para visi- tas às IES e apresentação de relatórios. Muitas Comissões marcam, desmarcam, estouram prazos e as con- seqüências ficam com as IES.

• Exame do Projeto Pedagógico em ter- mos de coerência, fundamentação, cumprimento das diretrizes curriculares e previsão de cumprimento dos padrões mínimos de qualidade.

• Exame da infra-estrutura existente e prevista em termos de recursos materi- ais e humanos e factibilidade dos cronogramas.

No documento Revista Estudos nº 29 | ABMES (páginas 100-103)