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Limites Extremos De Temperatura Toleráveis E Efeitos Do Calor Sobre O Ser

No documento Avaliação de ambientes térmicos quentes (páginas 37-40)

2. BALANÇO TÉRMICO DO CORPO HUMANO E SEUS PRINCÍPIOS

2.4. Limites Extremos De Temperatura Toleráveis E Efeitos Do Calor Sobre O Ser

A tolerância ao calor depende em grande parte do grau de humidade ambiente. Quando o ambiente é completamente seco, o mecanismo de evaporação é eficiente pelo que temperaturas externas de 65,5ºC podem ser toleradas durante várias horas. Se o ar se encontrar saturado, a temperatura corporal começa a subir quando a temperatura externa é superior 34,4ºC. Na presença de humidade intermédia, a temperatura corporal central máxima tolerada é de aproximadamente 40ºC, enquanto a temperatura mínima ronda os 35,3ºC (Magalhães, 2001).

Quando um indivíduo está exposto a ambientes com temperaturas elevadas, os sistemas termorreguladores promovem continuamente ações resistivas à tensão térmica. Estas situações tendem a criar sensações de desconforto levando entre muitos outros aspetos à diminuição de concentração, com a consequência do aumentando da probabilidade de ocorrência de acidentes e redução da produtividade. Em último caso afeta diretamente a saúde do indivíduo.

Os efeitos adversos do calor encontram-se com maior incidência em atividades militares e industriais (Carter, 2007 e Hudson, 2003).

A Figura 2.2 ilustra a influência do stress térmico sobre a sobrecarga térmica. A Sobrecarga Térmica identifica-se com as alterações fisiológicas ou patológicas resultantes do stress térmico, que se traduzem num aumento da temperatura corporal, do ritmo cardíaco, da taxa de sudação, bem como de outro tipo de patologias como sejam a síncope de calor, desequilíbrio no balanço hídrico e salino, entre outros (Oliveira, 1998). Por sua vez, o stress térmico corresponde à quantidade de calor a ser dissipada para manter o equilíbrio térmico do corpo, verificando-se quando o sistema termorregulador deixa de ser eficaz na sua manutenção.

Figura 2.2 - Alterações fisiológicas (adaptado de WHO, 1969).

Foram elaborados diversos estudos com base em medições. Os seus resultados quando confrontados com as respostas fisiológicas ocorridas, mostraram existir uma relação entre as temperaturas elevadas e os níveis ou alterações que possam ser verificadas nas várias funções do corpo. São elas a temperatura da pele ou dos tecidos profundos do corpo (dão a indicação sobre o grau de tensão a que o sistema termorregulador está submetido), o ritmo cardíaco (permite rapidamente indicar o nível de resposta imposto ao sistema circulatório pela carga térmica ambiental ou de trabalho) e por fim a quantidade de suor produzida (reflete a tensão térmica) uma vez que a evaporação do suor é a meio mais eficiente de defesa contra a hipertermia (Oliveira, 1998).

São várias as “patologias” provenientes da exposição excessiva ao calor. Nos parágrafos seguintes apresenta-se uma súmula das patologias descritas na Norma ISO 12894 relativa às alterações fisiologias e patologias derivadas da exposição ao calor.

Cãibras De Calor

As cãibras de calor resultam dum intenso esforço físico em ambientes com temperaturas elevadas. Sendo caracterizadas pela ocorrência de intensos espasmos nos músculos mais solicitados, nomeadamente na zona das pernas, braços e abdómen. Resultam de uma redução de líquidos e sódio e é mais comum ocorrer em indivíduos que não estejam completamente aclimatados.

Esgotamento Por Desidratação

O esgotamento por desidratação resulta de uma carência de água no organismo, provocada pela perda de água por transpiração que não foi compensada pela ingestão de líquidos. Em condições temperadas, um indivíduo pode sobreviver até 7 dias sem ingestão de água, no entanto, em ambientes severos com baixo teor de humidade no ar, onde o suor é rapidamente evaporado da superfície da pele, o ser humano pode desidratar rapidamente sem se aperceber que está a transpirar.

Esgotamento Por Depleção Salina

O esgotamento por depleção salina ocorre quando a ingestão de sal (cloreto de sódio) é insuficiente para repor as perdas. Numa situação de esforço físico intenso, um indivíduo exposto a um ambiente quente, pode perder uma elevada quantidade de cloreto de sódio pela transpiração, levando ao esgotamento por depleção de sal, caso determinados limites sejam ultrapassados. Os limites são menores e as perdas são maiores nos indivíduos não aclimatados, pois os indivíduos aclimatados proporcionam uma dieta que lhes permite a ingestão de quantidades de cloreto de sódio suficientes para colmatar alguma necessidade que possa ocorrer durante a sua atividade.

Síncope De Calor

A síncope de calor é observada após um longo período de imobilização em ambientes quente, levando à concentração sanguínea na circulação venosa da pele e dos músculos. Essa situação leva a que o cérebro não receba oxigénio suficiente devido a uma descida da pressão arterial. Na ocorrência de síncope de calor, é sentida uma debilidade física caraterizada pelas sensações de tonturas, vertigens, náuseas e suores frios.

Golpe De Calor

De todas as consequências para a saúde relacionadas com uma elevada exposição ao calor, o golpe de calor é o problema mais sério. O golpe de calor pode ocorrer em condições de stress térmico severo, quando a um ambiente com temperaturas elevadas está associada uma atividade física considerável. Neste contexto, a capacidade dos mecanismos de termorregulação pode ser atingida, ocorrendo desta forma uma elevação da temperatura corporal acima do nível de perigo.

Outros Efeitos

Para além dos efeitos referidos anteriormente, a deficiência de suor é um outro fenómeno possível de ocorrer. Os sintomas consistem numa sensação de calor, esgotamento e uma aumento repentino do ritmo cardíaco, podendo levar ao colapso. Também os edemas de calor (dilatação dos pés e tornozelos) é outro cenário possível, ocorrendo principalmente em indivíduos não aclimatados. Por fim, as erupções cutâneas podem ocorrer em qualquer zona do corpo, mas preferencialmente nas áreas que se mantêm mais húmidas (virilhas, axilas, entre outros). Nestas áreas o suor não evapora provocando irritações que podem desencadear infeções caso não sejam devidamente tratadas (Carter, 2007).

No documento Avaliação de ambientes térmicos quentes (páginas 37-40)

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