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Quantificação dos Diferentes Parâmetros

No documento Avaliação de ambientes térmicos quentes (páginas 84-87)

4. PRINCIPAIS REFERÊNCIAS NORMATIVAS

5.3. Quantificação dos Diferentes Parâmetros

5.3.1. Medição E Quantificação Dos Parâmetros Característicos Do Ambiente

Os parâmetros necessários para a determinação do Índice WBGT foram medidos recorrendo ao Monitor de Stress Térmico 1219 da Brüel & Kjær, cujas especificações se encontram descritas no Anexo A. Ao monitor foram conectados sensores de temperatura de bolbo seco, temperatura de bolbo húmido e temperatura de globo, utilizando um transdutor de referência MM0030.

Nos casos onde foi verificada a existência de estratificação térmica no local, o registo dos diferentes parâmetros foi efetuado aos três níveis de referência e em simultâneo. Assim cada conjunto de sensores foi colocado à cota indicada pela Norma, correspondente à altura da cabeça, abdómen e tornozelos, dependendo se a atividade é desenvolvida de pé ou sentada.

Nos casos em que o ambiente térmico apresentava uma uniformidade (heterogeneidade inferior 5%) as medições foram efetuadas apenas ao nível do abdómen. No entanto, sempre que exista dúvida relativamente à heterogeneidade térmica do local em estudo, realizou-se o procedimento normal (medição aos três níveis).

Nas situações onde foram efetuadas medições a três níveis, o valor final a considerar para cada parâmetro é uma média ponderada segundo a expressão 4.3.

Para medir a velocidade do ar foi utilizado um anemómetro de copos da Testo (Figura 5.1a) e para medir a humidade relativa do ar foi utilizado um sensor de humidade relativa também da

Testo (Figura 5.1b). Ambos os sensores foram conectados ao data-logger Testo 400 (Figura

5.1c).

Figura 5.1 - a) Anemómetro de copos Testo; b) Sensor de temperatura Testo; c) Testo 400. Na maioria das situações os parâmetros medidos não têm um valor constante no tempo, pelo que é determinado um valor médio. As razões destas variações são as constantes flutuações nas condições do ambiente, sejam elas interiores ou exteriores ao local de trabalho. Paralelamente é necessário considerar as alternâncias do posto de trabalho e das tarefas desenvolvidas pelo trabalhador, normalmente associadas a especificidades dos processos produtivos.

Em determinadas situações os equipamentos de registo foram posicionados em diferentes locais de forma a ficarem submetidos sob a mesma influência que o trabalhador.

A Norma ISO 7243 recomenda que os cálculos dos valores médios se baseiem num período de uma hora. Assim sendo, o período de análise estabelecido para registo foi uma hora de atividade. Nos casos em que não foi possível efetuar medições durante esse período, estas foram efetuadas num período suficiente para a estabilização de todos os sensores de temperatura.

O valor médio ponderado de um determinado parâmetro (Ȳ) é assim determinado a partir da seguinte expressão:

Ȳ = (Y1 × T1) + (Y2 × T2) + … + (Yn × Tn)

T1 + T2 + … + Tn (5.1)

onde, Y1, Y2, …, Yn, são os parâmetros obtidos durante os períodos T1, T2, Tn, respetivamente.

5.3.2. Quantificação Dos Parâmetros Individuais

Os parâmetros individuais quantificados no decorrer de uma análise são a idade, altura, massa corporal, sexo, estado de aclimatação, taxa metabólica e isolamento térmico do vestuário usado. Para simplificar a análise e possibilitar cruzar resultados entre diferentes estudos, utiliza- se como referência as características de um “individuo padrão”, pelo que é apenas necessário quantificar a taxa metabólica e o índice de isolamento térmico do vestuário.

A determinação da taxa metabólica obedece a Norma ISO 8996:2004. Devido à natureza do Índice WBGT é suficiente estimar a taxa metabólica a partir de tabelas com valores de referência, baseados num “individuo padrão” (Anexo B). Assim, a sua quantificação assenta na observação in situ da atividade desenvolvida pelos trabalhadores, cruzando depois essa informação com os valores de referência da Norma.

Quando várias atividades são executadas pelo mesmo trabalhador durante o período de análise, o valor médio da taxa metabólica (Mm) é conseguido usando a seguinte expressão:

Mm =

(M1 × T1) + (M2 × T2) + … + (Mn × Tn)

T1 + T2 + … + Tn (5.2)

onde, M1, M2, ..,Mn são os valores medidos ou estimados durante o tempo T1, T2, .., Tn, respetivamente.

Nem sempre é possível diferenciar os vários tipos de atividade desenvolvidos pelo trabalhador. Nessas situações a quantificação da taxa metabólica foi medida diretamente no trabalhador, através de um dispositivo de medição da frequência cardíaca.

O Quadro 5.1 define a classe de metabolismo consoante a taxa metabólica média considerada.

O isolamento térmico do vestuário foi obtido com o somatório dos isolamentos parcelares de cada peça de vestuário (cálculo em série), usada pelos trabalhadores nos diferentes postos de trabalho analisados. Deste método de cálculo resultam maiores valores de isolamento térmico (Oliveira et al., 2008), analisando para este parâmetro a situação mais crítica. A informação do índice de isolamento térmico de cada peça de vestuário encontra-se referida na Norma ISO 9920:2007 (Anexo C do presente trabalho). Importa referir que em algumas situações o índice de isolamento térmico ultrapassou os 0,6clo, que foi o valor utilizado, na determinação dos valores de referência propostos pela Norma ISO 7243:1989 para o Índice WBGT. Nessas situações foram adotados os mesmos valores de referência.

Quadro 5.1- Classificação dos níveis de metabolismo (adaptado da ISO 7243:1989).

Classe Taxa metabólica (M) Exemplo

[W/m2] [W]

0 (Repouso) M < 65 M < 117 Situação de repouso;

1 (Ba ixa T axa M etabólic a) 65 < M < 130 117 < M < 234

Sentado: trabalho manual leve (escrever, escrever á máquina, desenhar, costurar, organizar livros); Trabalho de mãos e de braços (manusear ferramentas, inspeção, montagem ou classificação de materiais leves);

Trabalho de braços e pernas (conduzir um veiculo em condições normais, acionar botões ou pedais) Em pé: operar com berbequim, fresadoras, laminadoras, bobinadoras, deformação de pequenas armações de madeira; operar com ferramentas de baixa potência, caminhar (velocidade até de 3,5 km/h) 2 (T axa Me ta bóli ca Mode ra da ) 130 < M < 200 234 < M < 360

Trabalho contínuo de mãos e braços (martelar, movimentar objetos);

Trabalho de braços e pernas (equipamento de construção, tratores, condução de camiões); Trabalho de braços e tronco (com um martelo pneumático, trabalho manual intermitente com material moderadamente pesado, colocação de reboco, apanhar fruta ou vegetais, cavar); caminhar a uma velocidade entre 3,5 e 5,5 km/h; trabalho de forja 3 (T axa Me ta bóli ca Ele va da ) 200 < M < 260 360 < M < 468

Trabalho intenso de braços e tronco; carregar material pesado; manusear uma pá, um martelo de forja; serrar, desbastar ou trabalhar madeira dura; ceifa manual; cavar; caminhar a velocidade entre 5,5 e 7 km/h;

Puxar ou carregar carros de mão cheios; cinzelamento de peças de fundição, colocação de blocos de betão 4 (T axa Me tabólica Muit o Ele va da ) M > 60 M > 468

Atividade muito intensa com um ritmo rápido próximo do máximo; manusear um machado; cavar ou manusear uma pá em ritmo acelerado; subir escadas, rampas ou ladeiras; andar rapidamente com passos curtos; correr; caminhar a velocidades superiores a 7 km/h.

No documento Avaliação de ambientes térmicos quentes (páginas 84-87)

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