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Produção TCCs 1962 a

3.3.2 Limites para a atuação do Serviço Social no EMAJ

Na análise, encontramos como principais limites para a atuação do Serviço Social no EMAJ os seguintes pontos:

 Falta de instalações adequadas e materiais de trabalho para o Serviço Social: Conforme Souza (2010), um dos primeiros limitespara as Assistentes Sociais e estagiários no início da terceira inserção em 2009 foia falta de ambiente adequado e de materiais básicos e de escritório para o desenvolvimento das atividades do Serviço Social.

Quando se refere a essa questão, julga-se pertinente sinalizar que, conforme Resolução CFESS nº 493/2006 – que dispõe sobre as condições éticas e técnicas do exercício profissional do assistente social – “Art. 1º: é condição essencial, portanto obrigatória, para a realização e execução de qualquer atendimento ao usuário do Serviço Social a existência de espaço físico, nas condições que esta Resolução estabelecer” (CFESS, 2006, p. 1). Ou seja:

Art. 2º - O local de atendimento destinado ao assistente social deve ser dotado de espaço suficiente, para abordagens individuais ou coletivas, conforme as características dos serviços prestados, e deve possuir e garantir as seguintes características físicas:

a- iluminação adequada ao trabalho diurno e noturno, conforme a organização institucional;

b- recursos que garantam a privacidade do usuário naquilo que for revelado durante o processo de intervenção profissional;

c- ventilação adequada a atendimentos breves ou demorados e com portas fechadas d- espaço adequado para colocação de arquivos para a adequada guarda de material técnico de caráter reservado (CFESS, 2006, p. 1)

Souza (2010) se refere acima da falta de instalações adequadas no início da terceira inserção do Serviço Social no EMAJ em 2009, neste período foram disponibilizados pelo Departamento de Serviço Social para uso do Serviço Social do EMAJ equipamentos como computador, mesas e arquivos, porém até a saída do Serviço Social do EMAJ em 2012/1 não

havia as condições necessárias para o atendimento adequado conforme a Resoluçãonº 493/2006, neste período ainda faltavam arquivos adequados, ou seja, com o sigilo, as salas não tinham ventilação adequada, também as mesas e cadeiras não eram suficientes para o atendimento aos usuários.

 A falta de dados históricos sobre a atuação do Serviço Social no EMAJ:

Para Souza (2010, p.35) “a pouca sistematização da prática e da documentação dos procedimentos, gera um imenso vazio no percurso histórico da atuação de Serviço Social no EMAJ”. Sobre isto Costa (2010, p.77), afirma que “muitos dos Trabalhos de Conclusão de Curso elaborados por estagiários do Serviço Social do EMAJ, já não se encontram disponíveis, e os TCCs encontrados não trazem informações históricas completas”.

 A dificuldade para a atuação dos estagiários do Serviço Social na Instituição: Sobre isso, os estagiários da terceira inserção do Serviço Social no EMAJ relatam a dificuldade para executar os projetos de intervenção, foi avaliado por Souza (2010, p.46), que há uma limitação com relação à atuação dos estagiários do Serviço Social no que diz respeito à implementação dos projetos de intervenção, visto que, “nenhum deles [referindo-se aos projetos de intervenção] ocorreu da maneira esperada, outros nem saíram do papel, estão presos à burocracias e possibilidades institucionais”

 A falta de produção sobre o Serviço Social no campo sociojurídico:

Outro desafio identificado por Souza (2010) e Carvalho (2011) diz respeito à escassa produção sobre o Serviço Social no campo sociojurídico, que seriam fundamentais para o aprimoramento acadêmico e profissional. Segundo Fávero (2003, p.10), “ainda que o meio sociojurídico tenha sido um dos primeiros espaços de trabalho do Assistente Social, só muito recentemente é que particularidades do fazer profissional desse campo passaram a vir a público”.

 A dificuldade de realização da Interdisciplinaride no EMAJ:

No que diz respeito à ação interdisciplinar, Behr (2010, p.48), relata que há uma dificuldade de realizar um trabalho interdisciplinar no EMAJ “o maior conflito entre as equipes, se dá exatamente quando os estudantes do Direito descobrem que os critérios para o atendimento foram extrapolados, a partir daí, o atendimento é negado a estes usuários,”.

OServiço Social ao realizar o cadastro sócio econômico busca observar outras questões além do critério de renda determinado pela instituição, observa também questões como: despesas com moradia e gastos com medicamentos de uso contínuo. Desta forma, podemos perceber que há divergências sobre o critério de renda para o atendimento entre o Direto e o Serviço Social gerando assim, dificuldades na realização de um trabalho interdisciplinar. Cabe lembrar, que o critério citado acima se refere a renda máxima para o atendimento no EMAJ que é de três salários mínimos. Sobre isso, Behr (2010, p.30) avalia que os demais profissionais que atuam no EMAJ, “entendem que o Serviço Social deveria de certa forma controlar o acesso dos usuários, porém o Serviço Social têm outra visão com relação aos usuários pois de acordo com o projeto profissional devem lutar, a favor da universalização dos direitos.”

Para Costa (2010) e Melo (2011), a dificuldade de um trabalho interdisciplinar entre Serviço Social, Direito e Psicologia se refere ao pouco diálogo entre os profissionais do EMAJ o que acarreta, consequentemente, numa solução parcial ou individualizada das demandas. A dificuldade de desenvolver um trabalho interdisciplinar no EMAJ é antiga, sobre isto, encontramos em um TCC de 1985, a seguinte afirmação:

Quanto as dificuldades de um trabalho interdisciplinar, foi possível perceber que as situações existenciais problema, se apresentam de forma fragmentada, visto que o atendimento focalizava uma situação problema imediata de caráter jurídico, limitando assim, a efetivação da interdisciplinaridade, que por outro lado, ainda é agravado, com a desproporcionalidade de estagiários de direito, nº de 180 por semestre, enquanto que o Serviço Social possui apenas 04 (RIBEIRO,1985, p.95).

Segundo Ribeiro (1985), além do atendimento ser realizado de forma individualizadaum dos problemas que contribui para a dificuldade de um trabalho interdisciplinar na instituição naquele período, se refere a desproporcionalidade na quantidade de estagiários do curso de Direito que variavam em torno de180 para quatro(04) estagiários do Serviço Social. Neste sentido, constatamos,portanto, na terceira inserção do Serviço Social na instituição em 2009,a situação é semelhante, pois neste período a instituição contava em média com 370 estagiários do curso de Direito e oito (08) estagiários do curso de Serviço Social.E, conforme já enfatizado, em 2010 se manteve o mesmo número de estagiários de Serviço Social e Assistentes Sociais. Em 2011/2 o Serviço Social no EMAJ contava com 08 estagiários, 02 Assistentes Sociais. Em 2012/1 eram somente 04 estagiários e 02 Assistentes Sociais e, em 2012/2 os profissionais e estagiários passaram a integrarum projeto junto ao NECAD.

A interdisciplinaridade entre as equipes é uma nova tendência,porém na prática é pouco conhecida e por vezes confundida com Multidisciplinaridade, Transdisciplinaridade e Pluridisciplinaridade. Segundo Vasconcelos (1997) e Ely (2003), a Multidisciplinaridade é um sistema em que o trabalho ocorre de forma isolada, com pouca cooperação entre as disciplinas, a Transdisciplinaridade é um sistema de trabalho em que as disciplinas atuam com objetivos múltiplos, com cooperação entre si e coordenação de todas as disciplinas, já a Pluridisciplinaridade é um sistema de trabalho em que as disciplinas têmobjetivos múltiplos, comcooperação entre si,mas sem coordenação.

Para Vasconcelos, (1997),há duas concepções para interdisciplinaridade: a Interdisciplinaridade Auxiliar e a Interdisciplinaridade. A interdisciplinaridade auxiliar, é um sistema de trabalho em que várias disciplinas atuam num mesmo local sob domínio de uma disciplina específica, já a Interdisciplinaridade é um sistema de trabalho em que as disciplinas cooperam entre si, são coordenadas por uma das disciplinas, mas com tendência a horizontalidade.

Como podemos perceber, este é um tema bastante complexo e recente, visto que, somente no final da década de 1990, passou a ser reconhecido no meio institucional, meio este, que caminha cada vez mais para a especialização dos profissionais em suas áreas. Entretanto, esta forma de trabalho tem se tornado uma necessidade entre as instituições, pois além de proporcionar a troca de conhecimentos entre as mais diversas áreas, possibilita mais qualidade aos serviços prestados à população. Neste sentido Ely, (2003, p.115) afirma: “o Serviço Social ao buscar novas formas de executar seu trabalho, se compromete com a qualidade dos serviços prestados a população e com o aprimoramento intelectual”.

 Divergências entre o curso de Direito e o Serviço Social:

Outro limite para a atuação do Serviço Social no EMAJ diz respeito às divergências entre os cursos de Serviço Social e Direito. Divergências estas, relacionadas ao atendimento, pois as equipes Direito entendem que o Serviço Social deveria fazer somente o preenchimento do cadastro socioeconômico e que o atendimento deveria ser somente para aqueles que comprovarem a renda mínima de três salários mínimos. Porém, o Assistente Social busca promover o acesso a justiça e, para isso, observa outros aspectos que envolvem a realidade social de cada indivíduo.

Para Fávero (2012, p.127) “os desafios postos ao exercício profissional são muitos, especialmente em espaços sócio ocupacionais vinculados à instituições, em que muitos de seus agentes primam pelo apego a ritos, normas e burocracias”.

Ainda com relação às condições Institucionais, para além das questões já mencionadas no que concerne à falta de condições físicas, e de materiais para trabalhar, pode-se verificar que as relações de poder onde estão inseridos os Assistentes Sociais muitas vezes reafirma certa subordinação em relação ao Direito “[...] a condição de trabalhador subordinado se torna complexa para o trabalho do profissional do Serviço Social à medida que os procedimentos burocráticos estabelecem um roteiro rígido de atuação” (BEHR, 2010, p. 30).

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