6 Usando dados do Fermi-LAT para V´ıncular a Sec¸˜ao de Choque de
6.5 Limites sobre a Sec¸˜ao de Choque de Aniquilac¸˜ao
Nas Figs.(6.4)-(6.9), mostramos o fluxo-PS-Disco-ME para diferentes modelos de halo de ME (discutidos no Apˆendice A.7) para diferentes regi˜oes de energia. Nas Figs.(6.4)-(6.9) es- tamos utilizando a abreviac¸˜ao fluxo-PS-Disco-ME para nos referir ao fluxo ap´os subtrair as contribuic¸˜oes das fontes pontuais, do disco e da aniquilac¸˜ao de ME.
A diferenc¸a entre os pain´eis de mesma energia ´e o fator de normalizac¸˜ao (N) usado no c´alculo do fluxo dado por,
N= σ v MDM Z dEγ dNγ dEγ. (6.6)
O que fizemos foi multiplicar esse fator de normalizac¸˜ao por 1.4 (da esquerda para direta) nas Figs.(6.4)-(6.9), at´e chegar o ponto em que o fluxo-PS-Disco-ME comec¸asse a se tornar negativo. Ou seja, at´e o ponto que as contribuic¸˜oes das PS, disco e ME somadas fossem superior ao fluxo observado pelo Fermi-LAT com 95% de confianc¸a. No momento que isso ocorre estabelecemos o valor m´aximo para N.
Tais v´ınculos est˜ao exibidos na tabela 6.1. Desta forma o valor mostrado na coluna da direita na tabela 6.1 ´e a normalizac¸˜ao usada nos pain´eis `a direita das Figs.(6.4)-(6.9). Com
Figura 6.8: Mapas do fluxo-PS-Disco-ME para o modelo NFW (γ = 1) + Halo constante de raio 100 pc.
Figura 6.9: Mapas do fluxo-PS-Disco-ME para o modelo NFW (γ = 1) + Halo constante de raio 1 kpc.
Modelo de Halo
Energia
Normalizac¸˜ao (N)
NFW (γ = 1)
(0.3 − 1) GeV
1× 10
−28cm
3s
−1GeV
−2NFW (γ = 1)
(1 − 3) GeV
3.6 × 10
−29cm
3s
−1GeV
−2NFW (γ = 1)
(3 − 10) GeV
7.9 × 10
−30cm
3s
−1GeV
−2NFW (γ = 1)
(10 − 100) GeV 9.5 × 10
−31cm
3s
−1GeV
−2NFW (γ = 1.2)
(0.3 − 1) GeV
4.6 × 10
−29cm
3s
−1GeV
−2NFW (γ = 1.2)
(1 − 3) GeV
1.5 × 10
−29cm
3s
−1GeV
−2NFW (γ = 1.2)
(3 − 10) GeV
2.8 × 10
−30cm
3s
−1GeV
−2NFW (γ = 1.2)
(10 − 100) GeV 3.4 × 10
−31cm
3s
−1GeV
−2NFW (γ = 1.4)
(0.3 − 1) GeV
9.0 × 10
−30cm
3s
−1GeV
−2NFW (γ = 1.4)
(1 − 3) GeV
2.4 × 10
−30cm
3s
−1GeV
−2NFW (γ = 1.4)
(3 − 10) GeV
4.2 × 10
−31cm
3s
−1GeV
−2NFW (γ = 1.4)
(10 − 100) GeV 6.4 × 10
−32cm
3s
−1GeV
−2Einasto (γ = 1)
(0.3 − 1) GeV
5.9 × 10
−29cm
3s
−1GeV
−2Einasto (γ = 1)
(1 − 3) GeV
2.3 × 10
−29cm
3s
−1GeV
−2Einasto (γ = 1)
(3 − 10) GeV
5.2 × 10
−30cm
3s
−1GeV
−2Einasto (γ = 1)
(10 − 100) GeV 5.2 × 10
−31cm
3s
−1GeV
−2Cored (R
c= 100 pc)
(0.3 − 1) GeV
1× 10
−28cm
3s
−1GeV
−2Cored (R
c= 100 pc)
(1 − 3) GeV
3.6 × 10
−29cm
3s
−1GeV
−2Cored (R
c= 100 pc)
(3 − 10) GeV
7.9 × 10
−30cm
3s
−1GeV
−2Cored (R
c= 100 pc) (10 − 100) GeV 9.5 × 10
−31cm
3s
−1GeV
−2Cored (R
c= 1 Kpc)
(0.3 − 1) GeV
1× 10
−28cm
3s
−1GeV
−2Cored (R
c= 1 Kpc)
(1 − 3) GeV
3.6 × 10
−29cm
3s
−1GeV
−2Cored (R
c= 1 Kpc)
(3 − 10) GeV
7.9 × 10
−30cm
3s
−1GeV
−2Cored (R
c= 1 Kpc)
(10 − 100) GeV 9.5 × 10
−31cm
3s
−1GeV
−2Tabela 6.1: Limites superiores com 95% de confianc¸a sobre o fator de normalizac¸˜ao dado em Eq.(6.6), para diferentes modelos de halo e regi˜oes de energia.
estes resultados, podemos determinar qual deve ser o fluxo m´aximo oriundo da aniquilac¸˜ao de ME, para cada modelo de halo com 95% de confianc¸a. Como este fluxo depende do canal de aniquilac¸˜ao, da sec¸˜ao de choque de aniquilac¸˜ao e massa da ME, podemos escolher um canal de aniquilac¸˜ao e obter um v´ınculo sobre a raz˜ao sec¸˜ao de choque de aniquilac¸˜ao pela massa da ME, de tal forma que o fluxo gerado de f´otons n˜ao exceda em 95% o fluxo observado.
rentes canais de aniquilac¸˜ao, usando os modelos de halo NFW comγ = 1, 1.2, 1.4, Einasto e Cored com Rc= 100 e 1000 pc e todos co um branching ratio de 100% nos canais exibidos nas Figs.(6.10)-(6.12). Fomos conservativos e usamosρ⊙= 0.28 GeV/cm3nos gr´aficos superiores
Figura 6.10: Limites com 95% de confianc¸a sobre a sec¸˜ao de choque de aniquilac¸˜ao de ME para os modelos NFW (comρ⊙= 0.28 GeV/cm3) e Einasto (ρ
⊙ = 0.25 GeV/cm3).
eρ⊙= 0.25 GeV/cm3nos inferiores da Fig.(6.10). Usamosρ⊙ = 0.25 GeV/cm3 (superior) e ρ⊙ = 0.22 GeV/cm3 (inferior) na Fig.(6.11) e ρ⊙= 0.28 GeV/cm3 em ambos os gr´aficos na Fig.(6.12). Estes valores usados paraρ⊙ s˜ao obtidos de forma a reproduzir a curva de rotac¸˜ao da Via L´actea [90].
Caso tiv´essemos usados um valor maior para a densidade local de ME conforme ´e indicado por recentes observac¸˜oes (ver Apˆendice A.3.1), v´ınculos um pouco mais poderosos seriam de- rivados.
Figura 6.11: Limites com 95% de confianc¸a sobre a sec¸˜ao de choque de aniquilac¸˜ao de ME para os modelos NFW comγ = 1.2 (ρ⊙= 0.25 GeV/cm3) eγ = 1.4 (ρ
⊙ = 0.22 GeV/cm3).
Analisando as Figs.(6.10)-(6.12) conclu´ımos que usando os modelos NFW e Cored com Rc= 0.1 Kpc, somos capazes de derivar aproximadamente os mesmos v´ınculos sobre a sec¸˜ao de aniquilac¸˜ao de ME. Entretanto o modelo Cored com Rc= 1 Kpc nos possibilita excluir uma maior regi˜ao de massa em comparac¸˜ao a estes. Segundo que os limites derivados dos modelos Einasto e NFW s˜ao semelhantes (diferem de um fator menor que 1.5 nas massas).
A raz˜ao pela qual os modelos de halo Cored com Rc= 0.1 Kpc e NFW serem praticamente indistingu´ıveis, deve-se a pobre resoluc¸˜ao do Fermi-LAT para ˆangulos de observac¸˜ao (ψ) pe- quenos conforme podemos ver na Fig.(A.8).
Agora que exibimos nossos v´ınculos para diferentes modelos de halo, iremos adiante inves- tigar que limites extraimos sobre a linha de raios gama vinda do GC, observada nos dados do
Figura 6.12: Limites com 95% de confianc¸a sobre a sec¸˜ao de choque de aniquilac¸˜ao de ME para os modelos Cored com Rc= 100 pc (gr´aficos superiores) e Rc= 1 Kpc (inferiores). Usamos ρ⊙ = 0.28 GeV/cm3.
Fermi-LAT for diferentes grupos independetemente.
6.6
V´ınculos sobre a Linha de Raios Gama
V´arios grupos independentemente tˆem observado com mais de 4σ a presenc¸a de uma linha de raios gama com energia de 130 GeV [91]. De acordo com estes grupos, esta linha estaria vindo de uma regi˜ao localizada em l= −1.5oe b= 0, podendo ser explicada pela aniquilac¸˜ao de ME usando-se um modelo de Einasto.
Motivados por estas observac¸˜oes, realizamos uma an´alise dos nossos dados para um modelo de Einasto centrado em l = −1.5o e b= 0, e encontramos na verdade que de forma a n˜ao
ultrapassar o fluxo de ME observado pelo Fermi-LAT o fator de normalizac¸˜ao (N) dever ser menor que 2× 10−31cm3s−1GeV−2com 95% de confianc¸a.
Este v´ınculo sobre o fator de normalizac¸˜ao se traduz num v´ınculo 2.5 vezes mais forte sobre a sec¸˜ao de choque de aniquilac¸˜ao exibida nos gr´aficos inferiores da Fig.(6.10). Consequente- mente excluindo ou tornando no m´ınimo tornando improv´avel a possibilidade dessa linha de raios gama ser oriunda da aniquilac¸˜ao de ME pois exige que MW IMP> 300 GeV.
6.7
Comparando Nossos Resultados e Conclus˜oes
Na Fig.(6.13), exibimos os nossos v´ınculos derivados de nossas an´alises para os modelos NFW e Cored com Rc = 1 Kpc, assim como outros v´ınculos j´a encontrados na literatura a respeito da sec¸˜ao de choque de aniquilac¸˜ao de ME. Como podemos observar para um modelo tipo NFW nossos v´ınculos, com WIMPs se aniquilando em bb, s˜ao os mais poderosos j´a obtidos. Mais fortes at´e mesmo que os limites obtidos pela pr´opria colaborac¸˜ao do Fermi-LAT.
Portanto, conclu´ımos que o GC serve como um ´otimo laborat´orio para testar a hip´otese de WIMPs como ME, e que uma an´alise sobre o fluxo observado de raios gama oriundo do GC nos possibilita obter v´ınculos importantes sobre a sec¸˜ao de choque de aniquilac¸˜ao de ME semelhantemente `a aquelas provenientes de gal´axias an˜as [66]-[67], aglomerado de gal´axias [68] e de estudos da radiac¸˜ao isotr´opica de raios gama [73].
Figura 6.13: Limites com 95% de confianc¸a sobre a sec¸˜ao de choque de aniquilac¸˜ao de ME para os modelos Cored com Rc = 1 Kpc e NFW obtidos em nosso trabalho em comparac¸˜ao com v´ınculos anteriores vindos de galaxias an˜as, aglomerados de gal´axias [68] e de estudos da radiac¸˜ao isotr´opica de raios gama [73].