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A

SPECTOS

H

ISTÓRICOS

Olinda Das perspectivas estranhas Dos imprevistos horizontes. Das ladeiras, dos conventos e do mar.

Joaquim Cardozo2

Para os olindenses, as lembranças sobre a história antiga de sua cida- de permanecem na memória e no imaginário; são traços identitários que circulam de geração a geração. Destacam-se, nas narrativas, as representa- ções sociais sobre sua longa história e seu período colonial, principalmen- te as influências e as marcas deixadas pelos colonizadores portugueses, pelos holandeses que a invadiram e a ocuparam, também pelos índios, primeiros habitantes da terra, e ainda pelos negros escravizados. Isso é percebido nos relatos apresentados, principalmente em relação à trans- missão da fé católica e de seus rituais, da cultura e dos costumes. Como isso foi transmitido através das gerações? Rosa Maria Assis dos Santos descreve sua cidade em seu depoimento, destacando, na história de Olinda, a importância da arquitetura e da infraestrutura urbana que os portugue- ses trouxeram para a cidade, bem como sua localização:

Ela foi colonizada pelos portugueses e eles colocaram a infraestrutura europeia em muitas casas e as ruas são calçadas ainda da maneira europeia; as ruas estreitas que ainda têm na minha memória, as senhoras sentadas nas portas conversando e isso dá um ar de interior, ao mesmo tempo, a um pulo do centro de Recife. Estamos dentro do Sítio Histórico, e bem próximo de outro centro, o de Recife.

Já Sandra Maria Maia e Silva percebe a história da cidade por sua relação com a religiosidade, algo muito pregnante em Olinda. Ressalta a importância da religião católica que os portugueses trouxeram para o Novo Mundo e divulgaram junto aos primitivos habitantes da região, os índios, e também junto aos negros. Importante destacar que os aspectos da evangelização católica permanecem até hoje e tiveram grande influência na formação da população brasileira e nordestina em particular.

Viver em Olinda é muito gratificante, você se reporta muitas vezes à história antiga da cidade; você revive, embora algumas coisas tenham mudado, mas esse ar, esse clima de religiosidade, é muito atraente como a gente vive aqui. A gente é

católica praticante mesmo, acho que isso me liga muito à cidade de Olinda, a ponto de eu não querer sair dela. Isso me atrai muito; as igrejas, as ladeiras, as histórias dos santos, como chegaram aqui e toda essa tradição portuguesa, me atraem. A construção da civilização, a evangelização, a preocupação das pessoas conhecerem a Deus, toda essa cultura portuguesa que veio transformando toda a cidade. A Igreja, quanto à cultura religiosa católica nesta tradição, tudo me atrai.

O depoimento da Carlos Ivan de Melo3 reflete também a influên-

cia da religiosidade católica na vida cultural e artística de Olinda, pela identificação com a fé trazida pelos portugueses colonizadores, por meio de sua vivência dos rituais religiosos e também profanos:

Então surgiu minha curiosidade por tudo que Olinda tem, principalmente na parte religiosa da cidade. Eu me criei num mundo de artes e no mundo cultu- ral, principalmente no mundo da igreja. Daí surgiu a minha curiosidade pela parte decorativa, que me deixava fascinado. Eu ia às igrejas e via as pessoas ornamentarem os altares, ornamentarem as procissões, que é uma tradição trazida pelos portugueses colonizadores e que se perpetua aqui entre nós. É uma tradição da cidade.

Esses depoimentos instigam-nos a questionar como se deu a forma- ção do Brasil, os aspectos culturais e religiosos dessa colonização portu- guesa e a importância de Olinda nesse processo. Iremos rastrear a história da fundação de Olinda, inicialmente como vila e depois tornada cidade, durante o período do Brasil Colônia. É necessário voltar ao sécu- lo XV, o chamado “Século dos Descobrimentos”, que vamos apresentar agora, para percebermos como se deram os acontecimentos que culmina- ram com a ocupação, pelos portugueses, do atual território brasileiro.

Antes de fazermos uma costura com os dados da historiografia clás- sica sobre a cidade de Olinda, ao entrarmos na história da chegada dos portugueses às terras do Novo Mundo, é importante observarmos algu- mas pinturas, como as apresentadas no início e no final deste capítulo,

que nos legaram diversos artistas de várias nacionalidades que aqui es- tiveram e vão nos ajudar a entender a evolução de Olinda — sua ocupa- ção e sua importância no período colonial. A iconografia permite-nos perceber os aspectos da geografia física da vila e sua localização geográ- fica que despertaram o interesse do português colonizador, ao escolher a região para a sede da capitania: colinas, istmo, rios e praias.

Com o “descobrimento” do chamado Novo Mundo, a partir de meados do século XV, os registros históricos dão conta da presença do português e do espanhol nestas rotas. Os portugueses e espanhóis, apa- rando divergências, firmaram o Tratado de Alcaçovas (1479), estabele-

cendo princípios sobre demarcação de terras.4

Em 1481, o Papa Inocêncio VII apresentou a bula Aeterni regis, a qual dividia o mundo em dois hemisférios: o do norte, para a Coroa de Castela, e a do sul, para a Coroa Portuguesa. Subsistia, ainda nos fins do século XV, a tradição medieval da supremacia política da Igreja Ca- tólica, e o direito de dispor das terras e dos povos.5

Em 1492, Cristóvão Colombo descobriu as terras americanas e re- clamou oficialmente a América para Isabel, a Católica. Ocorreu uma cri- se diplomática, pois os portugueses acreditavam que a descoberta, de acordo com a bula papal, encontrava-se em terras portuguesas. Os reis espanhóis conseguiram do Papa Alexandre VI , em 3 de maio de 1493, a edição da bula Inter Coetera, que reconhecia a Castela a posse das terras e ilhas já achadas e as por descobrir a ocidente de um meridiano, que pas- saria a cem léguas a oeste das ilhas do Cabo Verde ou dos Açores.6

As autoridades portuguesas e espanholas reuniram-se em Tordesilhas, uma pequena cidade na Espanha, e firmaram, em 7 de junho de 1494, o Tratado, que definia as áreas de domínio no mundo extraeuropeu, dando a Portugal o direito de posse sobre a faixa de terra onde se encontrava o Brasil. Este Tratado estabeleceu que a Coroa por- tuguesa ficaria com as terras localizadas a leste de uma linha de 370 léguas, traçadas a partir dos Açores e Cabo Verde. Para a Espanha, seriam as terras que ficassem no lado ocidental desta linha. Em 1500,

com a descoberta do Brasil, os portugueses expandiram seus domínios para o outro lado do Atlântico. A conquista do Novo Mundo estaria

subordinada politicamente aos termos do Tratado de Tordesilhas.7

Preocupado com as notícias de contrabando de produtos e das incur- sões de franceses, ingleses e holandeses nas terras americanas, o rei João III de Portugal resolveu colonizar o Brasil pelo sistema de Capitanias Hereditárias. O Brasil foi dividido em quinze lotes e doze capitanias que partiam do litoral no sentido oeste, até encontrar a linha imaginária de-

terminada no Tratado de Tordesilhas.8

Entre 1534 e 1536, D. João III procedeu à doação de doze capita- nias a nobres e fidalgos. A Coroa portuguesa expandiu, assim, para além da península ibérica, o exercício de seu novo poder. “A humanidade deve inegavelmente à Península Ibérica o grande sucesso do devassamento dos mares, que caracterizou nos fins do século XV o gran- de ciclo das navegações, cuja epopeia foi o desvendamento da América e da Índia.”9

Segundo Vanildo Cavalcanti10 “Duarte Coelho de lá do alto, pôde

estudar toda a redondeza, inclusive o final do istmo e a desembocadura do rio que passava pelo sul das colinas. Viu também que as redondezas eram habitadas pelos índios”. A presença dos gentios e dos europeus, franceses e espanhóis, antes da chegada de Duarte Coelho nas costas do território recém-descoberto, tem vasta documentação:

Duarte Coelho, desde os primeiros dias, no alto onde depois se edificaram as primeiras igrejas e casas e que o da Sé — “fez huma torre de pedra e cal [...] onde muytos annos teve grandes trabalhos de guer- ra com o gentio e os francezes que em sua companhia andavão e dos quaes foi cercado muytas vezes, mal ferido e muy apertado onde lhe matarão muita gente.11

Era, antes, região ignorada pelo mundo dito civilizado, o europeu, mas já era habitada pelos primitivos moradores — os índios. Os portu- gueses foram implantando feitorias, aldeias, vilas e cidades, em algumas

décadas. Isto de norte a sul da costa do Atlântico. A Duarte Coelho Pereira, guerreiro e fidalgo português, que havia sido um dos ilustres capitães das conquistas das Índias, foi outorgada a Carta Régia de doa- ção da Capitania de Pernambuco, cabendo-lhe iniciar a colonização daquela região.

A chegada dos portugueses colonizadores — por sua superioridade de armamento, desenvolvimento das técnicas de navegação e bélicas, in- clusive com a chegada dos canhões trazidos pelas embarcações — possi- bilitou o domínio dos índios, antigos habitantes. A posse das terras por Duarte Coelho não foi pacífica, tendo o índio resistido muito à presença do invasor-colonizador e vários foram os ataques a ele desferidos.12

Eram os portugueses grandes conquistadores de terras. No caso das terras brasileiras, as aglomerações foram surgindo ao longo da costa de seu imenso e desconhecido território, e Igarassu e Olinda, em Pernambuco, estavam entre as primeiras. A ideia da doação da nova terra em capitanias surgia como uma possibilidade de organização po- lítico-administrativa, para efetivação do povoamento e, principalmen- te, de exploração de seus recursos naturais. Os donatários e seus colo- nos eram figuras importantes nesta tarefa. Os donatários criavam seu próprio esquema administrativo e eram os novos proprietários destas longas faixas de terra e os únicos responsáveis por sua colonização, uma vez que a situação econômica de Portugal não possibilitava grandes recursos para investir nas novas terras:

O difícil panorama econômico de Portugal, pois se tratava de doa- ções de vastas terras a particulares — fidalgos ou não —, que ficariam obrigados a povoá-las e fazê-las render às suas custas. Caracterizam- -se pela cessão de uma Carta de Doação, onde eram indicados os limites e localizada a Mercê Régia, além da concessão de importan- tes atributos da autoridade soberana, e por um Foral que esclarecia sobre os direitos, os foros, os limites e coisas, além dos deveres do beneficiado, e melhores condições da posse [...] Os quase vinte anos de administração de Duarte Coelho foram dos mais difíceis, tendo constantemente enfrentado os indígenas e conquistado, palmo a

palmo, as terras doadas, além de haver permanecido em contínua preocupação contra os piratas franceses e contra os aventureiros lu- sos, acrescidos da escória de degredados do Reino.13

As capitanias de São Vicente e Pernambuco foram as que mais prosperaram. Passada a primeira década da doação, a capitania de Pernambuco era, entre as doze, a única que assinalava uma situação

mais estável.14 A carta de doação descreve a região da Capitania de

Pernambuco, englobando: “60 léguas de costa a partir do Rio São Fran- cisco para riba até encontrar o Rio Jussara que passou a se chamar, de

acordo com este documento, de Rio de Santa Cruz.”15

FORMAÇÃO DA VILA DE OLINDA

Os momentos iniciais da formação da Vila de Olinda estão descri-

tos no Foral de Olinda,16 documento de autoria do Donatário da Capi-

tania de Pernambuco, o fidalgo português Duarte Coelho Pereira, que chegou até nossos dias. Este documento descreve como se deu sua doa- ção. A seguir, sua transcrição:

O Floral de Olinda

Carta de Doação de 1537, Conferida á Câmara da Vila de Olinda, por Duarte Coelho, Donatário da Capitania de Pernambuco. No ano de 1537 deu e doou o Senhor Governador a esta sua Vila de Olinda, para seu serviço e de todo o seu povo, moradores e povoadores, a cousas seguintes:

Os assento deste monte e fraldas dele, para casarias e vivendas dos ditos moradores e povoadores, os quais lhes dá livres, forros e isentos de todo o direito para sempre, e a várzeas das vacas e a de Beberibe e as que vão pelo caminho que vai para o passo do Governador e isto para os que não têm onde pastem os seus gados e isto será nas cam- pinas para passigo, e as reboleiras de matos para roças a quem o

Concelho as arrendar, que estão das campinas para o alagadiço e para os mangues, com que confinam as terras dadas a Rodrigo Álva- res e outras pessoas.

O rocio que está defronte da Vila para o sul até o ribeiro, e do ribeiro até a lombada do monte que jaz para os mangues do rio Beberibe, onde se ora faz o varadouro que em se corregeu a galeota, porque da lombada do monte para baixo, o qual o dito Senhor Governador alimpou para sua feitoria e assento dela, que é do montinho que está sobre o rio até o caminho do varadouro, e daí para cima todo o alto da lombada para os mangues será para casas e assentos de feitorias, até um pedaço de mato que deu a Bartolomeu Rodrigues, que está abaixo do caminho que vai para Todos os Santos.

A ribeira do mar até o arrecife dos navios, com suas praias, até o varadouro da galeota, subindo pelo rio Beberibe arriba, até onde faz um esteiro que está detrás da roça do Brás Pires, conjunta com outra de Rodrigo Alvares, tudo isto será para serviço da Vila e povo dela, até cinquenta braças de largo, do rio para dentro, para desembarcar e embarcar tudo o serviço da Vila e povo dela, e daí para riba tudo que puder ser, demais dos mangues, pela várzea e pelo rio arriba é da serventia do Concelho.

Outrossim, dali mesmo do varadouro rodeando pela praia ao longo do mar até onde sai o ribeiro de Valde Fontes, todo o mato dessa dita praia até cinqüenta braças adentro da terra, tudo será serventia da dita Vila e povo, reservando que se não pode dar a pessoa alguma. E da dita ribeira sainte de Val de Fontes até o rio Doce, que se chama Paratibe, tudo será serventia do povo e Vila até as várzeas, que serão pouco mais ou menos duzentas braças de largo, da praia para dentro das várzeas, porque do rio Doce para banda do norte fica com o termo de Santa Cruz outro tanto ao longo do mar, duzentas braças pela terra adentro, de arvoredo para madeira e lenha do povo da Vila de Santa Cruz, assim como atrás conteúdo é para a Vila de Olinda. O monte de Nossa senhora do Monte, águas vertentes para toda a parte, tudo será para serviço da Vila e povo dela, tirando aquilo que se achar ser da casa de nossa Senhora do Monte, que é cem braças da casa ao redor de toda a parte, e assim o Valinho que é da banda do norte e rodeia todomonte pelo pé, até o caminho que vai da dita Vila para o Val de Fontes, para o curral velho das vacas, que tudo é da dita casa de Nossa Senhora do Monte.

governador a sua feitoria, até o varadouro da galeota, há de se abrir o rio Beberibe e lançar ao mar por entre as duas pontas das pedras, como tem assentado o Senhor Governador; entre o dito rio lançado novamente e as roças da banda de riba, de Paio Correia e da Senhora Dona Brites e o mato que está adiante, que ora é do Senhor Jerônimo de Albuquerque, há de ir uma rua de serventia ao longo do dito rio novo para serventia do povo, de que se possa servir de carros, que será de cinco ou seis braças de largo e rodeada pelo pé do montinho até o varadouro da galeota.

Todas as fontes e ribeiras ao redor desta Vila dois tiros de besta são para o serviço da dita Vila e povo dala; fa-las-a o povo alimpar e correger à sua custa.

Todos os mangues ao redor desta Vila, que estão ao longo do rio Beberibe, assim para baixo como para cima, até onde tiver terra de arvoredo e roças ou fazendas pelo Senhor Governador, todos os di- tos mangues serão para serviço da dita Vila e povo, e assim os do rio dos Cedros e ilha do porto dos navios.

Os varadouros que estão dentro do recife dos navios e os que estive- rem pelo rio arriba dos cedros e de Beberibe e todo o varadouro que se achar ao redor da Vila e termo dela serão para serviço do seu povo. Isto foi assim dado e assentado pelo dito Governador e manda do a mim escrivão que disto fizesse assento e foi assinado pelo dito Go- vernador a 12 de março de 1537 anos.17

O Foral de Olinda, firmado por Duarte Coelho, datado de 12 de março de 1537, é a Carta de Doação que confere à povoação de Olinda o título de Vila e estabelece um amplo patrimônio para seu “Conce- lho”. Trata-se de um dos documentos mais antigos sobre sua formação e revela o período inicial de sua constituição. O Foral, entretanto, não obedece à forma tradicional dos forais portugueses, pois nele não estão explicitadas as normas fiscais, judiciais e penais; constam referências importantes sobre o que já havia em Olinda — a Rua Nova, hoje Bispo Azevedo Coutinho, as fontes de água potável, as famosas bicas de Olinda e dos arrecifes que possibilitaram a chegada de embarcações, o Varadouro da Galeota, que veio dar origem ao porto e à cidade do Recife — e trata ainda da distribuição e utilização das terras para uso da comunidade.

O documento sofreu uma série de dificuldades em relação a sua conservação:

Os primeiros vereadores não conservaram o documento original e em 1550 solicitaram ao donatário uma cópia tirada do Livro do Tombo e matrícula (da Capitania). Com a invasão holandesa em 1630 e o in- cêndio em 1631, novamente o documento existente no Arquivo do Concelho foi perdido. Em 1654, após a restauração do domínio por- tuguês em Pernambuco, o texto foi localizado no Mosteiro de São Bento de Olinda e dele feito um traslado, em 1672. Os vereadores solicitaram ao rei, por ofício de 11 de agosto de 1677, a confirmação da Carta Doação ou Foral. Por provisão datada de Lisboa 14 de julho de 1678, o Rei confirmou o Foral.18

Foi recentemente constituído, pela Prefeitura Municipal de Olinda, um grupo de pesquisa intitulado Projeto Foral de Olinda, na Secretaria do Patrimônio, Ciência, Cultura e Turismo. Os estudos desenvolvidos consideram a interpretação jurídica de que as terras mencionadas no Foral de Duarte Coelho, por Lei, pertencem ao Município de Olinda. A constituição desse grupo objetiva a reabilitação do Município, os di- reitos de senhorio sobre o regime de aforamento.

O Foral estabelece a doação à Vila de Olinda de uma área que se constituiu em patrimônio público. Determina os locais destinados aos casarios e vivendas dos moradores e povoadores e confere outras finali- dades em relação ao uso de seu solo, definindo o traçado de suas ruas, orientando os caminhos para se chegar a determinados lugares. Ele apresenta três pontos principais: o alto da Matriz, hoje Alto da Sé, o Rossio, as terras férteis das várzeas, onde se encontravam as plantações das baixadas, e o Varadouro das galeotas, que servia de porto fluvial para as embarcações que chegavam pelo Rio Beberibe.

O ponto inicial é o alto de Sé, onde se instalou o donatário, no alto da colina e foi, de fato, onde teve início a construção da cidade. A primei- ra rua ligava as duas primeiras igrejas, a da Sé do Salvador e a da Miseri- córdia. Depois, a construção do casario desceu as ladeiras em direção ao

Varadouro, seguindo as determinações do Foral. Ao longo dos anos, en- tre 1537 e 1630, configuraram-se não somente as ruas como as constru- ções dos principais prédios e instalaram-se as ordens religiosas.19

No Foral já estavam também especificadas quais terras deveriam ser destinadas à criação do gado e às pastagens. Destacam-se também no texto os locais de construções destinados às ordens religiosas: os conventos dos franciscanos, dos carmelitas e dos beneditinos.

O Foral define bem o que deveria ser para uso do povo, o pertencente ao Concelho e outros lugares onde os beneficiados estão bem declarados. Na verdade tal forma de doar se faz através de um documento onde o

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